segunda-feira, 11 de julho de 2011

TETRANETA DE TIRADENTES QUER SOLUÇÃO PARA PROBLEMAS INDIGENAS

No domingo, quando estiver no palanque, recebendo os cumprimentos de autoridades e convidados para o desfile cívico-militar do sete de setembro, uma brasleira vai entregar ao presidente Luís Inácio Lula da Silva uma carta com duas reivindicações: uma pessoal e a outra coletiva.
Trata-se de Lúcia de Oliveria Menezes, carioca, de 63 anos e que vive com uma modestsa pensão, de pouco mais de R$ 700 reais, deixada por seu pai. Até aí nada de extraordinário. Porém, Lúcia é tetraneta do patrono do Brasil, Joquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792), e jamais recebeu a pensão aprovada pelo Congresso Nacional, pela qual luta no Supremo Tribunal Federal.
Se a sentença que condenou Tiradentes e a sua descendência, por tentar fazer do Brasil uma nação livre, ainda valesse, Lúcia, dificilmente, estaria viva, pois ela é a última representante da quinta e execrada geração do “Mártir da Independência”, conforme ela faz questão de mostar na cópia do documento original onde está lavrado castigo imposto ao inconfidente, pela corte portuguesa que colonizava o Brasil.
Lúcia nunca se filiou a nenhum partido político e diz que jamais fez campanhas para algum candidato. Mas, assim como seu tetravô, gostaria de resolver um problema nacional: a questão das terras indígenas. É este o segundo pedido que fará ao presidente Lula – o outro será pela sua intercessão pelo cumprimemto da lei que lhe concede uma pensão, pois alega que é diabética e gasta muito com o seu tratamento.
Para atender ao convite do Palácio do Planalto e se juntar ao presdiente Lula nas comemorações do Dia da Pátria, Lúcia mandou confeccionar um casaco, no qual colocará todas as medalhas recebidas. “Na verdade, as homenagens me prestadas são para o meu tetravô, do qual herdei o grande espírito cívico”, entende a descendente do alferes que foi enforcado e esquartejado, por tentar livrar o Brasil da espoliação de Portugal, em 1789.
A descendência de Lúcia não deixa dúvidas. Desde a certidão de nascimento e batismo de Tiradentes, até a sua sentença condenatória, ele tem cópias dos originais lavrados em cartório. Em um documento fornecido por um instituto genealógico de Minas Gerais, consta que ela é filha de Lucilo Medeiros Menezes, com Isabel de Oliveira Menezes; neta de Sancho de Medeiros Menezes e de Carolina Custódia Beltrão (em solteira, Zica); bisneta de Belchior de Almeida Beltrão e de Maria Custódia Rodrigues Zica; trineta de João de Alemida Beltrão e de Maria Francisca da Silva e tetraneta de Joaquim José da Silva Xavier e de Eugênia Joaquina da Silva.
SEGREDO - Desde garotinha, Lúcia sabia da sua descendência ilustre. No entanto, logo fechou-se para aquela realidade, por não suportar ouvir as colegas de escola chamá-la de mentirosa. “Evitei o assunto, que ficou por um bom tempo na clandestinidade”, brinca uma alegre e sorridente mulher, que herdou do antepassado o timbre forte da voz.
Só em 1969 Lúcia voltou a tocar no “sangue de Tiradentes”, após três trinetos do alferes e que viviam em Dores do Indaiá-MG – Pedro Zoé e Maria – serem levados ao conhecimento do presidente Costa e Silva e do governador mineiro Israel Pinheiro, pelo professor Leonardo Motta de Vasconcelos, embora sem o Xavier no sobrenome. “Os meus antepasassados o excluíram, para escapar da perseguição da Coroa”, lembra ela e confirma a história.
A lei que concede uma pensão estatal a Lúcia foi enviada ao Congresso Nacional, pelo presidente Itamar Franco, que fez questão de chamá-la para comunicá-la, em 1996. Mas o INSS foi contra, citando que nenhum descendente de Tiradentes a recebe e que ela já é pensionista, beneficiada pelo pai. Nessa briga, a Ordem dos Advogados do Brasil lhe auxilia, por intermédio da advogada Sonia Teles de Bulhões, que não lhe cobra nada.
Se um dia vier a receber sua pensão – luta por isso, há 12 anos – , Lúcia não sabe. O que ela diz saber, ver, muito bem, é que seu tetravô está sendo esquecido. “Os jovens não sabem quem foi Tiradentes. A culpa é desse ensino diferente, dos professores de hoje. Vejo, também, muitos adultos sem tal conhecimento e sem patriotismo”, queixa-se a tetraneta do homem que desafiou Império brasileiro.
A primeira homeangem que Lúcia recebeu – ela insiste em dizer que foi para Tiradentes – ocorreu em 1999, quando o então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo, mandou buscá-la, para as comemorações do 21 de abril, em Ouro Preto. No entanto, só três anos depois ela obteve o reconhecimento oficial da sua descendência, quando localizou, nos cartórios de Campos Belos-MG, as certidões de nascimento e casamento do seu pai – até 1937, a genealogia de Tiradentes apontava o pai de Lúcia como solteiro. Ela nasceu em 1945.
VIDA CANDANGA - Lúcia vive em Brasília, desde 1962, quando seu pai engrossou a leva de pioneiros que vieram sevir ao antigo Departamento Nacinal de Estradas de Rodagem-DNER. Solteira, diz que ficou assim por dedicar toda a sua vida a cuidar de sua mãe, após perder o pai. Devido à diabetes – e por falta de dinheiro – ela só sai para visitar as duas irmãs mais velhas, ou para participar – há 26 anos – das programações de um grupo espírita kardecista, na Candangolândia.
Indagada se ela acredita que o presidente Lula seja a reencarnação de Tiradentes, como afirmou, recentemente, uma médium, em Taguatinga, Lúcia foge, indisfarçavelmente, do tema, abrindo a tangente para “os companheiros de um plano espiritual mais elevado”. Mas, deixa escapar: “Acho que não”.
Quem primeiro a convidou para participar das comemorações do sete de setembro foi o Exército, em 1997. Depois, o presidente Fernando Henrique. Nesta semana, ela deparou-se, com um homem, aqui em Brasília, vestido de Tiradentes e pedindo aos brasileiros para não esquecerem do maior herói da pátria. Lúcia relemgra, voltando a brincar: “Saí correndo atrás dele. Corri cinco séculos para trás!”
Matéria publicada no Jornal de Brasília de ...

2 comentários:

  1. Obrigado pelas informações , me ajudaram muito na continuidade do ramo genealógico de Tiradentes. Gostaria que a D. Lúcia entrasse em contato comigo, informando o seu e-mail, pois tenho o ramo genealógico de Tiradentes no meu site de família. e-mail assopmac@ig.com.br

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  2. Obrigado pelas informações , me ajudaram muito na continuidade do ramo genealógico de Tiradentes. Gostaria que a D. Lúcia entrasse em contato comigo, informando o seu e-mail, pois tenho o ramo genealógico de Tiradentes no meu site de família. e-mail assopmac@ig.com.br

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