segunda-feira, 11 de julho de 2011

ROMEU E JULIETA DO SINALEIRO

O que você pensaria, passando, à noite, por um sinaleiro do Setor Comercial Sul e vendo uma linda morena exibindo um enorme coração desenhado em um chocante vermelho? Ou se visse um rapaz, com uma placa, dizendo que cozinha, lava, passa e dá carinho? Com certeza, pensaria que eles estavam sendo mais criativos do que a “concorrência”, não é mesmo?
Se pensou assim, errou! Errou, como erram, inicialmente, os cobradores de ônibus que paravam pelo pedaço. “Eles olhavam e faziamm aquelas caras de quem quer decifrar a cena. Agora, já estão acostumados, até brincam conosco”, conta Mário Luís, de 20 anos, o cara que diz que dá carinho. “Tem gente que grita pra mim: ‘Vem comigo! Vem cá, meu amor. Vem que eu, também, quero lhe dar meu coração’. E outras gracinhas mais”, informa Samara Maia, a morena, de 19 anos, que pinta nas “night” usando um vestido de noiva abandonada.
Pois bem! A dupla que exibe um coração e promete carinho não vai para um sinaleiro em busca de emoções noturnas na horizontal. Nem pensar! É formada por alunos da Faculdade de Teatro Dulcina de Morais, fazendo performances divulgadoras do Grupo do Concreto, para apresentações em uma praça pública da 706 Sul. A rapaziada distribui ingressos às quartas e quintas-feiras, arrebanha público na Estação Rodoviária, lota um ônibus e vai mostrando a sua arte pelas ruas, até chegar ao destino, onde é encanado a peça “Entrepartidas”, às sextas-feiras, sábados e domingos, com texto de Jonathan Andrade, direção de Francis Wilker e participação, também, de alunos da UnB.
Mário Luís já passou por situações inusitadas, durante uma de suas performances no sinaleiro. “Teve gente achando que eu estava ali à cata de um dinheirinho e atirou moedas para mim”. Samara não esquece de uma cena engraçada, envolvendo um motorista de um carro oficial. “Havia uma colega fazendo uma performance, um pouco atrás do local onde eu e o Mário estávamos. O cara achou que ela estivesse passndo mal e ofereceu-se para levála até um hospital”, lembra, sorrindo.
MENSAGEM – Durante as performances no sinaleiro, Mário Luís grita para Sâmara, que fica do outro ladoda pista: “Eu te amo”. Ela respnde: “Não estou lhe ouvindo”. Ele indaga: “Cadê você?” A moça reponde que não o está escutando. E diálogos rolam, até o sinal abrir. “Como a nossa mensagem é o amor, há quem faça cara feia, achando que sou garoto de programa. Mas tudo não passa de metáfora da vida moderna”, define Mário.
A princípio, os pais de Sâmara não consideraram “muito normal” o que ela fazia pelas noites de Brasília. “Mas, depois, ficram sbendo de que era algo muito saudável”. Ela e Mário não são namoados e estão com seus corações livres. “O nosso grande amor é o teatro”, avisam.
A partir desta semana, quem não às apresentações de “Entrepartidas”, gratuitmente, vai ter que mexer no bolso. Inteira a R$ 30 e meia a R$ 15. É só uma forcinha, pra encarar despesas de aluguel de ônibus, montagem da peça, em uma casa da 706 Sul, coisas assim. Mais detalhes sobre o espetáculo no Roteiro do Jornal de Brasília. Sinal aberto!
Obs: texto excrito pro meu marido, Gustavo Mariani, publicado no Jornal de Brasília de 22 de maio de 2010.

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