segunda-feira, 11 de julho de 2011

ADORÁVEIS BANDIDAS

As mulheres saíram de um segundo plano, nos quadrinhos, para uma exposição radical, em que sexo, erotismo e boas doses de banditismos substituíram antigas posturas conservadoras. foi um pulo para as mulheres e para os quadrinhos (ou comics, ou bandes-desinés) que começaram a ser analisados como manfiestações artísticas dentro da cultua de massa dos anos 60. Uma revolução e tanto.
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Bad girl é sinônimo de erotismo indissociável das exigências comerciais da indústria cultural de hoje. Mas, se no renascimento, os pintoras já povoavam suas telas com desejáveis madonas, porque privar o presente e o futuro das deliciosas bandidinhas? Ainda bem que cinema, fotografia e quadrinhos formaram um bem-aventurado inferno para essas pecadoras.
Antes mesmo de completar uma década de funcionamento do Hogan´s Alley (1895),o beco mais imundo do mundo, as bandidas já eferveciam as mentes masculinas, dentro de revistinas em preto e branco, impresas em gráficas de milésima categoria. Foi o tmepo das Tijuanas Bibles ? livrinhos parentes dos catecismos desenhados por Alcides Caminha, o Carlos Zefiro, nas décadas-50 e 60 ? e que ganharam tal denominação porque os norte-americanos viam as suas fronteiras com o México como o típido território que o diabo gosta.
As bad biblias surgiram sacaneando o rádio, o cinema e os quadrinhos, e, em 1952, ionspiraram Harvey Kurtzman a criar Mad. Antes, as bandidas da década-40 já haviam prestado um grande serviço à humanidade, se despindo nas folhinhas e quadrinhos que foraleciam os gloriosos combatentes de guerra. Depois, viraram insunuantes pin-ups, nos anso 50, qiuando até as conservadoras páginas da Esquire se renderam aos seus encantos, como já o haviam feito antes as bragas revistas de terror e os paperbacks policiais.
Na década-60, mudou-se o conceito de quase tudo e as adoráveis bandidas de um mundo que trocara os beatniks pelos hippies, sofisticaram-se, caso de Barbarela, criada por Jean-Claude Forrest, em 1962, capaz de satisfazer o corpo com quem topasse encará-la, fosse deste ou do outro mundo.
Foi por aquele mesmo período que Harvey Kurtzman e Bil Elder criaram, nas páginas da Playboy, a bad danadinha Little Annie Fanny, seguida, em 65, pela mais safadinha aidna Valentina, de Guido Crepax (1965). Na década-70, Ricahrd Crumb e Georges Pichard inventaram as terríveis gordinhas e nos anos-80 vieram mais sensualismo ainda com os italianos Milo Manara (Frederico Felini foi um dos admiradores de sus longilíneas, ingênuas e safadas bad girls) Paolo Serpiere e Giovanna Casotto. Por sinal, Casotto deixou as coisas literalmente da cor do diabo. Inspirando-se nos cineastas Pedro Almodóvar e Russ Mayer, e no escritor Henry Miller, ela produziu quadrinhos loucamente saídos e sua imaginação erótica, com toques de masoquismo. Giovanna, autora e atriz, encontrou terreno fértil par os seus bad sonhos, afinal seu marido - Franco Saudelli - produzia Blonde, uma ladra de jóias, especialista sem despir e amarrar mulheraços. E, com tanta sacanagem no papel, não teve quem se segurasse. Até os conservadores quadrinhos juvenis norte-americanos mudaram.
Na década-90, as bad heroínaspassaram a perder as roupas facilmente e a se meterem em sumaríssimos maiôs. Credita-se a Jim Lee a explosãodo sucesso, principalmente depois do hipersensualismo que ele s os seguidores deram a personagens como Psilocke e Vampira, e do lançamento de novas musas, como Devota e Vodu. No entanto, tudo indica que Elektra, a ninja assassina criada por Frank Miller para dar alento ao Demolidor, tenha sido a primeira bad girldos quadrinhos modernos, com o seu perfil musculoso, mas bandidamente sexy.
O certo é que as bad girl das graphic novelnada acrescentaram aos quadrinhos, a não ser fazê-los vender bem, simplesmente, por causa de suas poses sexy. Foi isso que levou a Penthouse entrar no ramo e lançar a Young Capitain Adventure, desenhada por Adam Hughes, que criou a insaciável Herricane, mestra em aproveitar todas as chances possíveis para tirar a roupa e se dar bem na situação.
Pesquisadores ultrarigorosos conseguem ver nas cavernas peleolíticas as prmeiras manifestações das histórias em quadrinhos. Se estiverem corretos, então não é a partir dr Yellow Kid(16/02/1896) que a mulher pinta nessas histórias, oficialmete, pouco mais de centenárias. Quem há de duvidar que ela não despertava a imaginação de qualquer artista rupestre?
Naquele feveriero de 1896, quando técnicos do jornal New York World sintetizaram a cor amarela no camisoção de um menino careca, o Mick Dugan, criado por Richard Felton Outcault, para a capa do suplemento dominical, a mulher poderia até ser uma das muitas escórias que habitavam o alegre beco Hogan´s Alley. Mas ainda estava longe o tempo em que ela conseguiria a fama de um Yellow Kid, personagem que fez disparar as vendas de um jornaleco.
Desde quando cartunidtas separavam personagens fixos e usavam balões com diálogos, além de imagens sequenciais, o que foi tudo juntado depois por Outcault, tanto nos quadrinhos como nos livrinhos infantis, o homem era sempre dono do pedaço. Com o surgimento dos comics booksnorte-americanos, entre 1933 e 34, no formato meio-tablóide, e contendo histórias completas, a mulher começou a aparecer mais nos quadrinhos. De início, eram as meigas mocinhas capturadas pelos bandidões, para atrair os heróis, o que acontecia tmabém no cinema. Com o passar do tempo, ela até mudou de lado e virou bad girl, muitas delas adoráveis bandidas, com torcida frenética de leitores, desejando vê-las vencedoras no final da história.
Os pesquiadores ultra-rigorosos, que identificam as primeiras manifestações dos quadrinhos "lá para trás", não tinham como ver bad girls nos hieróglifos ou baixo-relevos egípcios, muito menos nas vias sacras católicas, nos trípticos de Bosch e Brughel; nas aventuras seriadas de Goya e Gustav Doré; nos cartazes de espetáculos intinerantes, contando histórias em grandes quadros; nos posters de crimes famosos; nas caricaturas ou nas charges políticas.
No Brasil, que nunca foi um grande consumidor de gibis (generalizaçãodas publicações do ramo, a partir da publicação de uma revista lançada em 1940, com 32 páginas e em papel jornal), as bandidonas ou anti-heroínas viveram o seu grande momento na década-60,quando circularam as supersensuais Mirza, Nádia, Zora e Velta, que deixavam os adolescentes tontos.
A CatwoomanSelina Kyle, a Mulhr Gato, criada por Bob Kane, tendo por modelo uma namorada, foi a primeira bgad girl dos quadrinhos. ex-aeromoça da Speed Airways, Selina sobreviveu a um desastre aéreo, passou por uma longa amnésia, e, quando acordou foi parar na vida bandida. Tudo por falta de emoções no seu pacato dia-a-dia de dona de loja de animais.
Mas foi a sofisticação e a classe bandida que rendeu um fã clube à Mulher Gato. Ele estreou com o Batman, em 1940, o acompanhou nos desenhos animados (Batman: The Animated Series) e com ele chegou às telas (14/03/1968), embora no primeiro ano da série só tivesse aparecido em aventura de duas partes. Na pela da anti-heroína, Julie Newmar (substituída depois pela negra Eartha Kitt) seduzia os homens com as suas roupas colantes, abusadamente sexys, e agradou tanto que o personagem dos quadrinhos passou a ser desenhado tomando por base os seus tributos anatômicos. Mas a Mulher Gato que ninguém deixou de amar foi Ivone Craig, contracenando com Burt Ward, nos seriados das TV dos anos 60.
Em agosto de 1966, quando Batman chegou ao cinema, para salvar os membros do Conselho de Segurançpa das Nações Unida, que seriam raptados e desidratados por todos os vilões da série, coube a Lee Marywether encarnar a adorável bandida, que levou quase 30 anos para voltar à telona. Em Batman, o Retorno, dirigido pro Tim Burton (1992), a apaixonante Catwooman foi Michelle Pfeifer.
A Mulher Gato emplacou tanto que foi preciso criar uma Batgirl de conduta feminina exemplar, para concorrer com ela. Escondendo a identidade de Barbara Gordon, filha do Comissário Gordon, autoridade de Gotham City, a rival Selina foi criada (1967) para a série de TV. No entanto, a princípio, não foi levada a sério. Chamada de Beldade Morcego, A Donzela Mascarada e A Elegante Combatente do Crime, só ganhou importância na década-90.
Entre as brasileiras, o grande fenômeno de criação de heroínas nos últimos tempos foi a Tiazinha, personagem de Suzana Alves, que saiu de um programa para jovens, na TV, para virar heroína encarnando uma bad girl, mas com tendências a fazer ao bem.

Galeria de heroínas

Elektra - Criação de Frank Miller, em 1981. Filha de um diplomata grego, troca de vida e deixa a paixão pelo estudante de Direito Matt Murdock (O Demolidor, figura principal da revista Dardevil) para se tornar uma matadora de aluguel, após o assassinato do seu pai, num atentado terrorista.

Barb Wire - Esperta, malvada e muito amarga foi a definição da atriz Pamela Anderson para a bad girl que ela interpretou no cinema, dirigida por David Hogana e roteirizada por Chuck Pfarrar. Super-sexy e moderninha, Barb Wire cheogu às telas como dona de nightclub e caçadora de recompensa, em Steel Harbour, área neutra no meio de uma guerra divil. Recrutada pela resistência, ela deveria levar um agente, em segurança, até o Território Livre.

Mulher-Hulk - Inicialmente, a versão feminina do Incredible Hulk, inclusive, rasgando roupas. Circulava na revista The Savage She-Hulk, quando Roger Stern a levou para Os Vingadores, uma publicação onde poderia se tornar mais interessante

Voodoo - Inocente personagem desenhada por Jim Lee, para a formação inicial do Grupo Wild Cat, que incluía ainda Zealot e Void, fêmeas arrojadas e violentas.

Thank Girl - Bad girlinglesa criada por Jamie Hewlett e Alan Martin que lhe deram cidadania australiana nas páginas da revista Deadlina (1968). Teve pouca repercussão, mas ganhou uma superprodução cinematográfica, dirigida por Rachel Talalay e estrelada por Lory Pettuy. A DC Comics quadrinizou o filme e ainda dedicou-lhe duas miniséries, The Odissay, escrita por Petr Milligan, e Apocalypse.

Mulher Invisível - Criada em 1961, por Stan Lee e Jack Kirb, como sue Storm, bad girl com poderes próprios, sem representar versão masculina.Dona de casa e mãe, enfrentou a ira das feministas dos anos 70, que não queriam como Invisible Girl. Trocou de nome na década-80.
Mary Jane -Outra bad girlcrida por Stsan Lee, nos anos 70, quando as feministas não aceitavam que os homens decidissem a vida das mulheres. Sem ser superpodedrosa, Jane Watson surgiu decidida, fazendo o que quisesse de sua vida, e sendo capaz de mostrar o caminhodas pedras a Peter Parker, o Homem Aranha.
Druuna -Criação de Paolo Eleuteri Serpieri, em 1985, uma opulenta morena de aterrorizante apetite sexual, proveniente de um mais aterrorizante ainda mundo erótico de ficção científica, onde imperam monstros, mutantes, tarados, etc
Valentina - Criada, em 11965, pelo italiano Gudo Crepax, seria apenas a namorada de Phillip Rembrant, um crítico de artes com poderes psíquicos. Mas, a bad girl, que quase sempre usa apenas sapatos de saltos altos, algemas e um chicote durante as suas aventuas, terminou fazendo o rapaz sumir. Crepaz quadrinizou ainda aoutras bandidas eróticas, como Justine, de Sade; A História de Ó, de Pauline Reage, e Emanuelle Arsan e qye ganhou as telas do cinema no corpo da atriz Sylvia Kristel.
Miss Adventure -Escrita por George Caragonne, uma estonteante loira fatal e virgem vive aventuras que satirizam os super-herós.
Devota - Integrante do grupo Wildcats, usa maiôs que sempre rasgam durante suas aventuras.
Witchblade - Peladona, fora das batalhas usa shortinhos curtos. Investida de supearpoderes, algumas partes do seu corpo são recobertas por placas de metal.
Betty - Sexy-heroína lançada por Dave Stevenson, na metada da década-80, junto com o herói Rockteer, no auge da graphic novel. Foi baseada na pin-up Betty Paige, ícone da década-50.

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