segunda-feira, 11 de julho de 2011

SEU LUISINHO, PAI DA BOLA NO FEMININO

Bola é um substantivo feminino comum. Logo, mulher. Chutada pelo homem, há milhares de ano. Se bem que há masculinos que a acariciam com as duas mãos. Até a agarram. Pulam, se esticam, vão pro alto buscá-la. Caso dos goleiros. A bola faz marmanjos correrem – e muito – se degladiarem por ela.
Exerce bem o seu papel feminino. Um dia, porém, por acaso, por inteiro acaso, as mulheres imitaram os homens e, também, pasaram a chutá-la. Culpa de um masculino. Mais, precisamente, de Aluysio Gomes do Nascimento, o seu Luisinho, um sujeito que mede 1m53 de altura, mais baixo do que Babá, um ex-ponta esquerda do Flamengo, que foi o menor atleta do futebol brasileiro.
Quando estava com 9 anos de díade, no Riode Janeiro, o ainda Aluysio já batia as suas peladas no meio da rua e ouvia os meninos maiores escalando, na ponta da língua, o time do Flamengo de 1939: Valter, Domingos da Guia e Marin; Brito, Volante e Médio; Valido, Valdemar, Leônidas da Silva, Gon zalez e Jabás. Daquele time, Aluysio, que estava virando Luisinho, ficou amigo do goleiro Valter. Muitos anos depois, em 1976, ele estava na Faculdade Dom Bosco de Educação Física, matriculando um dos seus filhos, quando reencontrou o antigo camisa um rubnro-negro, que era um dos diretores do estabelecimento. Enquantose abraçavam, São Pedro resolveu abrir a torneira do Céum, fazendoi um grupo de meninas saírem correndo, de um gramado onde tinham ala, para um ginásio coberto, nde eles estavam.
Ao ver a revoada de garotas chegando correndo e explodindo saúde, Seu Luisinho indagou ao amigo Valter: “Porque não colocamos estas meninas pra correrem atrás de uma bola?”. E sugeriu criar um time com aquela turma. Nasceria ali, o futebol (que não tem gênero) feminino em Brasília. Seu Luisinho formou o primeiro time na Dom Bosco, depois a Aruc o seguiu, mais depois o Minas Braasília Tênis Clube e até o Brasília Esporte Clube, que era bicampeão cadnango, foiu surpreendido, um dia, com o pedido de uma moça que trabalhava no aeroporto, a Dedete, para lhe empretar suas camisas e seu grupo representá-lo na nova onda que rolava pelos campos do DF. No Gama, Seu Luis se encarregava de movimentar as garotas. E o lance não parou mais. Só cresceu.
“Jogamos em várias partes do DF, como time das meninas da Dom Bosco, inclusive no Gama, com a turma do Seu Luis, pra criar rivalidade. O movimento cresceu tanto que, dez anos depois, Brasília já sediava um Campeoanto Brasileiro de Futebol Feminino, que foi disputado no Mané Garrincha”, conta Seu Luisinho, lembrando, também, que a gauchinha Bel, atacante do Internacional, foi o grande sucesso. “Saiu na capa da Playboy”, lembra.
Além de impulsionar o futebol das meninas no DF, Seu Luisinho trabalhava como roupeiro do Brasília Esporte Clube, hoje Futebol Clube. Na década de 1980, ele ficou responável pelos times do Minas e viu o Grêmio Olímpico Tiradentes, liderado pelo hoje coronel da reserva Carlos Fernando Cardoso Neto, conquistar o primeiro campeonato oficial brasiliense da modalidade, promovido pela então Federação Metropollitana de Futebol.
Seu Luisinho chegu a Brasília nos inícios da cidade. Rapidamente, se enturmou com a turma do futebole fez de tudo no Guanabara, campeão candango de 1964. “Fui massagista, roupeiro, motorista, auxiliar técnico, o que desse. O time era rubro-negro e acabou depois da Revolução de 31 de Março. Formamos um timaço, com aquela turma do Elvídio (goleiro), Jair, que jogou no Vasco, Cid, Santiago, Agacir, Lula, Azulinho, Nilson e oturos cujos nomes não me lembro agora”, descculpa-se.
Aos 80 anos, Seu Luisinho está bem de saúde, residindo perto do campo de futebo do Cruzeiro, onde faz, sempre, uma paradinha, para coversar com a rapaziada, nas vezes em que sai fazendo as suas caminhando, “‘para não ficar enferrujado”, brinca. Uma de suas maiors alegrias ´saber que já revelou jogadora para a Seleção Brasileira, a Nildinha.
PONTO ZERO – O primeiro jogo feminino que se tem notícia no Brasil foi em 1913. Atraído por um comercial, segundo o qual as mulheres “poderiam até jogar futebol”, o público foi grande. Mas o machismo de uma época em que só lhes estava reservado o papel de torcedoras, taxou-as de grosserias, malcheirosas e sem classe”.
No Estado Novo, do presidente Getúlio Vargas, entre 1937 e 1945, veio o decreto-lei Nº 3.199, controlando a prática desportiva e empurrando o “sexo frágil” para longe da bola e pra perto dos “sagrados os deveres do lar” . Piorou com o regime militar dos generais-presdidentes. Em 1965, eles criaram um outro decreto-lei, proibindo a mulherada de “adentrar ao tapete verde”. A bola muracha, no entanto, foi revogada, em 1982, pelo já extingo Conselho Nacional de Desportos. Se não fosse isso, não teríamos a genial Marta e medalhas em Olimpíadas e Copa do Mundo.
Obs: texto escrto por meu marido, Gustavo Mariani, para matéria do Jornal de Brasília de..

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