domingo, 28 de março de 2021

BELEZAÇAS COPEIRAS EM FLASH BACK

Em época de Copa do Mundo, além de futebol, rola um grande desfile de mulheres linas, autênticas deusas d beleza. O Kike fez um passeio pelo túnel do tempo de 2014 a 2018 e selecionou estas belas&belas pra você recordar. Esta sorridente brazuca , vista no www.chato.blog.br voltou pra casa mais cedo. Por conta de um  tento belga em cima do goleiro Alisson, em bola chutada de fora da área, nos 1 x 2 Brasil. Quando nada, os russos viram que as nossas belas belas estão entre as mulheres mais lindas do planeta. O Kike reproduz e agradece, em nome do bom gosto dos kikenautas. Valeu!  Em época de Copa do Mundo, além de futebol, rola um grande desfile de mulheres linas, autênticas deusas d beleza. O Kike fez um passeio pelo túnel do tempo de 2014 a 2018 e selecionou estas belas&belas pra você 

Aposte. Pois acertou se palpiteé que ela veio da Bélgica A sua seleção usa as mesmas cores da alemã na farda, mas a sua beleza é indiscutível, como tira as provas esta foto reproduzida de www.melhor do planeta.com.br - valeu!
                                                      PEDIDO DE DESCULPAS 
Matéria assinada por José Edgar de Matos, de www.uol.com.br, de 27.06.2018, e publicada às 14h24, diz que “uma das agências de fotografia de maior representatividade na Copa do Mundo, a Getty Images”, por ser criticada, apagou do seu site uma galeria de “torcedoras mais sexy” presentes nos estádios russos. E pediu desculpas ao seu público por este comunicado:
“São fotos que não atendiam ao princípio editorial ou que de qualquer maneira não atende aos valores e crenças da nossa empresa. Pedimos desculpas por este erro lamentável de julgamento. A história foi removida e abrimos uma investigação interna”, declarou a empresa, acrescentando:  “A Getty Images detém os recursos visuais para incitar a mudança das atitudes e é o que fazemos e continuaremos a fazer este trabalho para promover e criar um envolvimento ainda maior e positivo das mulheres”, acrescenta a agência de fotografia no comunicado.
 Uma das fotos que estavam na galeria é esta abaixo, de uma torcedora alemã.
                                                                            ENQUANTO ISSO....!
A Copa do Mundo é o maior espetáculo de alegria do futebol e do planeta. Basta ver as fotos que os sites e blogs publicam, mostrando gente bonita e saudável, como todos pedem ao seu deus para ser. Veja que portuguesinha bela veio ao Brasil, em 2014, desfraldar a bandeiras do seu país! Ela foi publicada pelo site www.esporte.terra.com.br, ao qual o Kike - blog jamais comercial, só de história no futebol – agradece pela reprodução. 

 

 






                                                             

quarta-feira, 24 de março de 2021

LIVRO: GILBERTO CARDOSO

                                        

Ledrija

 

 

RAPÍDOS NO GATILHO: - Em 1954, a vitória saiu a jato, por 1 x 0, com gol marcado, por Vavá, no primeiro minuto do amistoso, em uma quarta-feira, no mesmo estádio ciado acima. Flávio Costa era o treinador desta moçada: Barbosa, Paulinho de Almeia e Bellini; Ely do Amparo, Mirim e Dario; Sabará, Manec, Vavá, Pingas (Alvinho) e Djayr.

 Artilheiro do Brasileirão da Série-B-2009, com 17 gols, o baiano Ellton era um goleador rapidão, enquanto esteve na Colina. Por exemplo, em Vasco 2 x 0 Atlético-MG, em 16 de outubro, pelo Brasileirão-2011, ele foi às rede aos dois minutos. Dominou a bola no no peito e acertou um chutaço nas redes mineiras.  A rapaziada  era comandada pelo treinador Cristóvão Borges e  venceu com: Fernando Prass; Fágner, Dedé, Renato Silva e Julinho (Diego Rosa); Fellipe Bastos, Nilton, Allan (Chaparro) e Diego Souza; Eder Luis (Bernardo) e Elton.

 

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Mari = Pode ser uma redução de Ademari, Adimari ou Amari  ou ainda se originado do nome Mario.

Maria =  Vem do nome hebraico Miryam (cuja origem, provavelmente, seja egípcia, do verbo ‘mrj’, com o sufixo diminutivo hebraico ‘am’), atavés do aramaico Maryam. Foi latinizado como Maria. O sobrenome recorda o nome da fundadora do tronco familiar.

Mariani = Vem do nome latino Marianus, derivado de Marius.  O sobrenome se define  com filius quondam (expressão clássica medieval que representava a primeira fórmula encontrada para distinguir as pessoas quando ainda não havia sobrenomes. Filius significa filho, em latim, e quondam , também latino, equivale a “outrora” no sentido de que o pai não existia mais. Com esta  expressão (quondam) se fixavam quase todos sobrenomes  indicativos de filiação e que derivavam de nomes próprios. Aos poucos, a expressão foi-se reduzindo a somente quondam  ou sistematicamente  abreviada nos textos como fq ou  simplesmente q. Assim, o sobrenome Mariani vem do filius quondam  Mariani, filho do senhor Marianus. Marianus na língua italiana virou Mariano, que se definia também como habitante de Mariano, uma das duas cidades ou das várias localidades chamadas Mariano, remontando a fundus Marianus, isto é, terras do cidadão Marius, em torno do qual surgiu a povoação.  Na forma dialetal, a redução da palavra  Mariano é Marian. Como derivativo de Mariano  tem-se Marianelli e Marianetti , que é o sufixo plural Marianus mais ‘elli e etti’; Marianini, de Mariano com o sufixo plural ‘ini’ e Marianucci,, de Mariano com o sufixo plural  ‘ucci’. Já o nome Mario tem como derivativos Marielli (Mario com o sufixo plural elli) e Marietto (Mario mais o sufixo singular etto

O Miss Universo não aconteceu em 2020 por causa da pandemia de Covid-19. Julia Gama foi eleita Miss Brasil em agosto de 2020, em uma premiação virtual. As candidatas brasileiras foram avaliadas através de vídeos de desfiles, entrevistas e fotografias antigas. Segundo a organização, Julia foi a brasileira que atendeu a todos os requisitos do maior concurso internacional de beleza.

A cerimônia que coroou Andrea aconteceu no Seminole Hard Rock Hotel & Casino Hollywood, em Miami, nos EUA. Em terceiro lugar ficou a Miss Peru, Janick Maceta. As quarta e quinta posições ficaram com Índia (Adline Castelino) e República Dominicana (Kimberly Jiménez).

Mas quem é a brasileira que conquistou os fãs e jurados? Julia é poliglota e fala fluentemente, além de português, inglês, espanhol e mandarim. Antes de incursionar pelos concursos de beleza, Julia cursou três anos de engenharia química na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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Após participar do Miss Mundo, Gama se mudou para a China, onde trabalha como atriz e modelo. Ela foi eleita Miss Mundo 2014, representando o Brasil no Miss World, o mais antigo concurso internacional de beleza do mundo.

Na etapa final do concurso, quando as 5 primeiras colocadas discursam, Julia falou sobre saúde mental.

“É um tópico ainda bastante estigmatizado e, por isso, não conseguimos falar abertamente. Mas para todos aqui esta noite, eu peço que lembrem disso. Por favor, vamos normalizar conversas sobre ansiedade e depressão. Vamos nos apoiar e compartilhar empatia.”

Julia ainda conversou com seus seguidores no Instagram após chegar ao hotel e falou da importância do concurso em sua vida. “Que noite inesquecível, intensa, que mix de emoções dentro de mim que nunca vou conseguir traduzir. E tenho certeza que muitos de vocês sentiram todas elas junto comigo. Quero que vocês tenham sentido todo meu amor naquele palco e quero dizer que, para sempre, representar o Brasil vai ser uma das maiores honras da minha vida e fiz isso com muito amor”, declarou.

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O Brasil não vence o Miss Universo desde 1968, antes, ganhou também em 1963. E não conquistava o segundo lugar desde 2007, quando a mineira Natalia Guimarães também quase levou o título.


 

 

                                                GILBERTO CARDOSO

1 –

                                        CANDIDATURA GILBERTO

    Gilberto Cardoso era vice de Marcus Vinícius de Carvalho, o diretor do Departamento Médico do Flamengo, entre 1949/1950. O deixava impressionado com o seu empenho pelo clube, sobretudo porque, depois de um dia inteiro de dedicação exclusiva às cores vermelho e preto, saía em seu Cadillac, pela madrugada, comprando leite, queijo e lanches extras para atletas que haviam disputado alguma competição, ou estavam concentrados.

Com Dario de Mello Pinto encerrando o seu segundo mandato presidencial, Alberto Borgerth, Ari Barroso,  Emanuel Lôbo, Fadel Fadel, Gustavo de Carvalho, Hélio Maurício, Hílton Santos, Izion Pontes, José Alvarenga de Moraes, Luiz Moreira, José Lins do Rego, Jurandir Matos, Marcus Vinícius de Carvalho, Moreira Leite, Olavo Palhares, Orsine Coriolano e Reinaldo Carneiro Bastos lançaram a candidatura de Gilberto ao comando rubro-negro, usando por comitê de campanha uma das três salas do consultório dentário de Marcus Vinícius, no prédio de nº 138 da Avenida Rio Branco – trabalho repetido a cada pleito.

 Gilberto Cardoso era o médico chefe da Policlínica do Rio de Janeiro e trabalhava, também, em uma clínica particular. Quando já era viúvo, largou tudo para se dedicar ao Flamengo e ao seu único rebento e xará Gilberto Cardoso Filho, futuro advogado e presidente do Flamengo-1989/1990.

  Bicampeão no futebol carioca de 1953/1954, Gilberto Cardoso iniciou, também, a campanha do segundo tri do basquete dos rapazes comandado por Togo Renan Soares, o Kanela, contando com um dos maiores nomes da modalidade na história do clube, Algodão, participante da campanha de 10 títulos consecutivos, de 1951 a 1961.

 No voleibol, Gilberto Cardoso mostrou-se pé quente, também, começando campeão carioca-1951, na primeira divisão, com times masculino e feminino.

Entre os rapazes, figuravam: Hélio Silva, John Castro O´Shea,  João Câncio Fernandes Neto, Jonas Soares de Sousa, João Baptista de Atahyde, Lúcio da Cunha Figueiredo e WQantuin Costa Coelho. Das moças, constam no caderninho: Carmem Marques Pereira, Carmem Sílvia Cardoso Castelo Branco, Helga Doervall, Leila Fernandes Peixoto, Lyliam Monteiro Colier, Maria Azevedo Pequenina, Marlene Guedes Schenkel e Rosa Maria Teixeira Bastos.

 Sempre prestigiando os times rubro-negros, com a sua presença nos ginásios, Gilberto Cardoso comemorou mais um título dos rapazes do vôlei, que fizeram a dobradinha dos primeiro e segundo quadros, em 1953. Em 1954, as meninas recuperaram o título dos primeiros quadros e chegaram ao bi, em 1955, temporada em que o time masculino, também, levou a taça estadual.

 Ganhador pelo Flamengo, vencedor também irrigando sangue rubro-negro no escrete brasileiro. Exemplo: em 1951, quando o Brasil venceu os Campeonato Sul-Americanos Masculino e Feminino de Voleibol, lá estavam John O´Shea, Carmem Sílvia Castelo Branco, Maria Azevedo Pequenina e Rosa Maria Teixeira Bastos e Jon  O´Shea representando a turma da Gávea.

 Com Gilberto era assim: havia, sempre,  uma taça para carregar e uma faixa a ser colocado no peito de um rubro-negro. Por causa disso e por toda a sua história, pouco depois que ele tornar-se uma pessoa espiritual, o seu amigo Luiz Moreira promoveu campanha junto aos torcedores, arrecadando chaves e outros objetos de metal para homenageá-lo com uma estátua de bronze, que pode ser vista na sede da Gávea, esculpida por Leão Veloso, tendo Genaro Cardoso, irmão, e Emanuel Lobo por modelos. Mereceu!

    

 2 - Até a véspera do pleito presidencial flamenguista de 1950, o candidato Gilberto Cardoso era desconhecido pela maioria dos rubro-negros. Concorria contra Silvano de Brito e Reinaldo Bastos, naquele 11 de dezembro, quando um recorde de conselheiros apareceu na sede do clube, na Gávea para ouvir as plataformas eleitorais e votar. Às três horas da madrugada do dia 12, ele tornava-se o 47º comandante do Clube de Regatas Flamengo, deixando Silvano em segundo e Reinaldo em terceiro lugares, respectivamente.

Ao ser eleito, Gilberto Cardoso herdou um Flamengo muito mal financeira,  social e esportivamente. Nesta último quesito, em sexto lugar no Campeonato Carioca de Futebol, embora fosse o melhor nas arrecadações. O mais chocante, para os torcedores, era ter negociado o meia-atacante Zizinho, eleito o melhor jogador da Copa do Mundo-1950, para o Bangu.   

Para mudar o futuro rubro-negro na tabela classificatória do torneio estadual, Gilberto prometeu contratar um grande treinador e jogadores que pudessem devolver à torcida as glórias comemoradas nos tempos em que fora tricampeão estadual (...). Também, incrementar os esportes amadores, concluir a praça de esportes da Gávea e o edifício onde ficaria a nova sede do clube.

Filho de Thiers Coutinho e de....Gilberto Ferreira Cardoso nasceu em 1º de novembro de 1906, em Campos. Naquela cidade, que pertencia ao então primeiro Estado do Rio de Janeiro, começou a sua ligação com o futebol, jogando pelo Americano e sagrando-se campeão juvenil da terra. Praticou, também, o remo, pelo Clube de Regatas Saldanha da Gama. Os seus estudos escolares passaram pelo Liceu de Humanidades campista, prosseguindo até o antigo curso ginasial na cidade do Rio de Janeiro, onde, em 1925, tornou-se acadêmico da Faculdade Nacional de Medicina.

Graduado médico, em 1931, Gilberto Cardoso arrumou emprego na Policlínica Geral do Rio de Janeiro e chegou a ser seu vice-presidente. Casou-se, com..... em..., ficou  viúvo e teve um filho, que recebeu o nome de Gilberto Cardoso Filho e, em 19.... (VER ANO), também foi eleito presidente rubro-negro. O seu primeiro cargo no Flamengo foi o de vice-presidente do Departamento Médico, em 1950.    (30 linhas).

 

                                                     FESTEIRO

 

 O presidente rubro-negro Gilberto Cardoso não perdia tempo para promover o que o Flamengo participasse. Como aquele Fla-Flu de 14 de outubro de 1951, marcado para o Maracanã, pela nona e penúltima rodada do primeiro turno do  Campeonato Carioca.

Se o Flamengo, com seis pontos perdidos (ainda não se falava em pontos ganhos, o atual critério) vencesse, colaria no Fluminense, que tinha três e cairia para cinco pontos perdidos. Era por ali.

Mestre da emoções, Mário Filho, fazia uma tremenda promoção da partida, pelo seu Jornal dos Sports, inclusive, incitando as duas torcidas a travarem um grande duelo de vibração nas arquibancadas. Era só o que se falava naquele  Rio de Janeiro de uma época em que não conhecia violência de torcedores nos estádios.

 Para garantir a realização de um clássico inesquecível, Gilberto Cardoso e o seu equivalente tricolor Fábio Carneiro de Mendonça foram até o Palácio do Catete convidar o presidente (da república), Getúlio Vargas, para comparecer ao que jornais e rádios passavam aos torcedores como Clássico das Multidões.

 Getúlio estava informado do tamanho do amor de Gilberto pelo Flamengo, bem como ser o doutor Fábio um gentleman da mais fina sociedade carioca – se Cardoso fora médico do Fla, o outro fora atleta do Flu. E o homem saiu da audiência entusiasmado pelo que ouvira dos dois dirigentes.

 Dois dias depois, a alma desportiva do Rio de Janeiro lotava  o Maraca, onde o presidente Vargas chegou distribuindo sorrisos e acenos para o público que o aplaudia.  Sentou-se, entre Cardoso e Mendonça, na tribuna de honra, e gostou do o show das torcidas - a do Fla comandada por Guimarães e a do Flu por Paulista.

 Para os tricolores, era preciso mostrar que o seu clube não era só da elite, mas, também, do povão. Por isso, levou para o estádio uma escola de samba que apresentou-se bem antes de o árbitro Mário Vianna apitar bola rolando. Mais: abriu, no centro do gramado, uma enorme caixa de pó de arroz, da qual saiu a bela tenista tricolor Terezinha del Panta. De sua parte, a rubro-negra charanga de Jaime de Carvalho não deixava a animação por menos.

 O presidente Vargas usava muito os desportos para propagandear o seu regime. Já havia comparecido até a corrida de automóvel.  Se já tinha ido a um Fla-Flu, sem programação de sua assessoria, surpreendendo a imprensa, porque não iria àquele tão promovido?

 Vivo, o Vargas, que não acompanhava resultados do futebol, como a maioria dos torcedores, assim que a banda tocou o hino dos dois clubes – e as respectivas bandeiras foram hasteadas -, indagou a Gilberto Cardoso como andava o Flamengo - vencera Bonsucesso (2 x 1); São Cristóvão (2 x 1) e Vasco da Gama(2x1); empatara com Olaria (2 x 2) e São Cristóvão (1 x 1) e perdera de Botafogo (1 x 2) e Bangu (0x2) -, mesma pergunta feita ao Mendonça – Flu 3 x 0 Canto do Rio; 3 x 1 Bonsucesso; 4 x 0 Madureira; 5 x 0 São Cristóvão; 5 x 3 Bangu; 5 x 1 Olaria; 1 x 1 América e 2 x 4 Vasco da Gama. Sacando que o Flu tinha melhores resultados, ficou na dele, sem fazer nenhum comentário sobre perspectivas para o prélio.

 O máximo que o Vargas fez foi olhar  para Gilberto e Fábio, e dizer-lhe que gostara de ver a torcida tricolor saudando a rubro-negra, por uma faixa onde se lia: “A torcida pó-de-arroz homenageia o Popeye” – este, personagem norte-americanos de quadrinhos e desenhos animados, representando um marinheiro  que o desenhista argentino Molas tornou-o mascote flamenguista.

 Fora uma festa tão bonita, que muitos torcedores não saíram do estádio, imaginando que o presidente Vagas fosse agradecer aos cerca de 130 mil presentes  pela demonstração de brasilidade, do nacionalismo que ele pregava. Mas não estava previsto e o presidente saiu antes que o Jornal dos Sports  levasse para cumprimenta-lo os membros do júri que analisara o duelo das torcidas – Manoel Barcelos (presidente da Associação Brasileira de Rádio); Lourival Pereira (da Associação dos Cronistas Carnavalescos); Canor Simões Coelho (dirigente da Associação Brasileira de Imprensa) e Oduvaldo Cozi  (narrador e representante da ala radiofônica. 

  

         

   

   

   

 

 

2  Gilberto Cardoso começou a deixar o Flamengo no último segundo do primeiro jogo entre Flamengo x Esporte Clube Sírio, em 25 de novembro de 1955, no Maracanãzinho – que passou a ter o seu nome –, decidindo o título carioca de basquetebol, quando a emoção provocou-lhe um infarto do miocárdio. Tinha 49 anos de idade. Entre outras homenagens à ele, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro apresentou projeto colocando o seu nome na praça em frente ao estádio da Gávea, e o idealizador do monumento ao torcedor rubro-negro, Moreira Luz, propôs a fundição de um busto, em bronze, para ser considerado o 12º jogador do time rubro-negro.

Gilberto Cardoso, pór sinal,  é único dirigente rubro-negro a ganhar uma estátua. Está na entrada social da sede da Gávea, homenagem a quem não só dinamizou o futebol do clube, mas, também, outras modalidades, como vôlei,  atletismo – teve José Telles da Conceição trazendo medalha de bonze, no salto em altura, dos Josos Olímpicos-1951, em Helsinque, na Finlândia; basquete – contou com um dos maiores cestobolistas surgidos no país, Algodão, e reforçando bastante o selecionado conquistador do primeiro título mundial para o país, em 1959. Sem esquecer que, ainda, aqueceu a vida social do clube, oferecendo muitas atrações para o quadro associativo, que encontrara com 5.800 sócios contribuintes e o elevou, com 48 dias da primeria fase de uma campanha por aumento, para 23 mil associado.

  Em novembro de 1953, ele inaugurou a nova do Flamengo, com três edifícios de 22 andares e 148 apartamentos, na Avenida Ruy Barbosa, região do Morro da Viúva, em frente à enseada de Botafogo e o Pão de Açúcar. (22 linhas)

 

3 – Corria a noite de 25 de novembro de 1955 e o  time de basquetebol flamenguista, dirigido por Togo Renan Soares, o Kanela, perdia, a três segundos do final, do Sírio, no primeiro jogo da decisão do Campeonato Carioca quando Guguta arremessou a bola, das proximidades da linha divisória da quadra, e virou o placar para 45 x 44, “acertando, também, o “coração vermelho e preto” do dirigente.

Gilberto, que hora antes havia participado de um debate na Federação Metropolitana de Futebol, onde fora feita a sua última foto vivo, passou a sentir-se sem condições de continuar no ginásio. Foi para o seu  Cadillac azul, modelo “rabo de peixe”, mas não deu conta de dirigi-lo até o Hospital Souza Aguiar. Estava pelo meio do caminho, na Praça Onze, quando o taxista José Martins Pimenta atendeu ao seu aceno. Ele o informou de que passava mal e pediu-lhe para avançar o sinal vermelho, pois precisava chegar, rápido, ao Pronto Socorro. Entrou no taxi, deitou-se no banco traseiro e, no hospital, foi logo para a tenda do oxigênio. Sofreu mais um enfarto, fulminante, e encerrou a sua existência por aqui, na madrugada de 26 de novembro de 1955.

 Pelo Nº 922, de 8 de dezembro de 1955, da principal revista esportriva brasileira, “Esporte Ilustrado”, o jornalista Leunam Leite considerou  Gilberto Carodoso “um dos maiores desportistas brasileiros de todos os tempos”  e diz terem todos os que o conhecerem “testemunhado o seu valor, como idealista dos mais sinceros. Enalteceu  “a personalidade marcante...o entusiasmo e a dedicação com que exercia o seu honroso cargo”, chamou-o de “ilustre homem do esporte que ganjeou não somente a admiração no seu clube, mas de todos os verdadeiros  esportistas” e afirmou que todos viam nele uma das figuras mais nobres” entre os dirigentes de clubes cariocas. Por fim, escreveu: “A sua vida foi pautada pelo êxito e, desde o momento que que se tornou dirigente do Flamengo, lhe dedicou todo o amor que um autêtnico líder deve dedicar”.

 O texto lembra, também, que Gilberto Cardoso não era dirigente de ficar só em seu gabinete. Assinala que ele fazia quetão de assistir, de perto, preparativos e competições de seus atletas, parecendo, por vezes, “ter o dom da ubiquidade, pois conseguia ir a dois três locais diferente (de competições) na mesma tarde, ou noite, a fim de dar o seu incentivo à conquista de mais uma vitória do...Flamengo”.  Mais: disse que durante os jogos de futebol, Gilberto preferia ir para o túnel da comissão técnica, em vez de ficar na tribuna de honra dos estádios.

 Elogios idênticos ao de Leunam Leite foram feitos, por Jayme Ferreira, pelo mesmo numero da revista carioca, chamando-o por “Presidente de Honra Perpétuo” e contando isso sobre a sua grandeza: “...da última vez que o vimos (no Palácio do Alumínio, local de lutas de boxe)...ele estava escondido, na geral...sentado no meio do povo...o cronometrista Palazzo Filho...nos chamou a atenção... Fomos busca-lo para a mesa das autoridades e só o conseguimos...depois de prometer nada dizer no microfone a seu respeito. Sim, além de bondoso, ele era de uma modéstia cheia de encantos e de uma distinção simples e natural. Naquela noite, ele deu mais uma proa disso. Um boxeador do Flamengo...sofreu um ferimento profundo no supercílio. Gilberto Cardoso examinou-o e disse: ‘É necessário dar uns pontos. Vou leva-lo ao Pronto Socorro. Vamos embora’. E, juntando ação e  palavra, pegou delicadamente no braço do rapaz e levou-o em seu carro. Fomos com ele e testemunhamos a maneira solícita, amiga e caridosa com que assistiu aos curativos aplicados no lutador. Depois, fez  questão de leva-lo em casa e, ainda, quis dar-lhe dinheiro, só não o conseguindo porque o pugilista, comovido, não quis aceitar”.       

 

                                      VEZ SEM GILBERTO


  A vitória rubro-negra, por 45 x 44 Sírio, no Maracanãzinho, durante a madrugadas de 26 de novembro de 1955, matou, de emoção, o presidente flamenguista Gilberto Cardoso. Ele não suportou a emoção pelos pontos marcados por Algodão (10), Artur (12), Walter (6), Alfredo da Motta (1) e Guguta (16), este o autor da cesta fatal e que que valeu o título carioca do basquete adulto masculino ao Fla – jogaram, ainda, Godinho e Zé Mário, que não pontuaram.

 Após César fazer Sírio 44 x 43, o seu colega Olivieri executou e errou dois lances livres, a nove segundos do final. Guguta pegou o rebote e arremessou de perto da linha divisória da quadra, escrevendo Flamengo 45 x 44 - ainda não havia a cesta de três

Ao sentir-se mal, Gilberto saiu do ginásio, sozinho, em seu próprio carro, mas não cruzou a Avenida Presidente Vargas. Na Praça Onze, sem conseguir mais dirigir, chamou o taxi de José Martins Pimenta (torcedor rubro-negro), e este vendo o seu estado, indagou-lhe se ele passava mal e ouviu: "Estou mal, sim. Avance o sinal (estava vermelho) e leve-me depressa ao Pronto Socorro".

Gilberto entrou no taxi, deitou-se no banco traseiro e, no hospital, foi direto para a tenda do oxigênio. O relógio faziam os seus primeiros giros do dia 26 de novembro de 1955. Uma nova crise cardíaca mais séria levou-lhe ao seu instante fatal.

 Cinco dias antes, Gilberto  vivera as suas últimas grandes emoções no futebol, em Flamengo 5 x 2 Madureira, pelo Estadual, no chamado “alçapão” da Rua Conselheiro Galvão, sob o apito de Antônio Viug e com gols rubro-negros de Índio (3), Paulinho e Joel -   Aníbal, Servílio e Pavão; Jadir, Dequinha e Jordan; Joel, Paulinho, Índio, Dida e Zagallo fora o time escalado por Fleitas Solich.

 Depois, o Flamengo ainda fez 5 x 2 Canto do Rio (30.11); 5 x 1 América (04.12); 2 x 3 Olaria (10.12) e 6 x 1 Fluminense (18.12), tendo, em seguida, o campeonato  sido interrompido, pela Federação Carioca de Futebol, para ser prestada uma homenagem a Gilberto, por meio de torneio quadrangular  com as participações, ainda, dos argentinos Racing e Independiente, e do Vasco da Gama.

                           ...

                                HOMENAGENS A GILBERTO

 

 Quando o coração tirou de cena Gilberto Cardoso, presidente do Flamengo, as homenagens lhe prestadas pelo povo do Rio de Janeiro, pelas ruas da cidade, até a sua última morada, só foram igualadas quando também partiram os cantores Francisco Alves e Carmem Miranda.

 Para a revista carioca “O Mundo Ilustrado” – N 44, de 28 de novembro de 1955 - , Gilberto fora um presidente de clube “sem similar na história do esporte pátrio”, acrescentando-lhe as alcunhas de “dedicado, correto, fidalgo” no trato dos atletas do “seu amado Flamengo”, pelo qual tornava-se, acentuava, um intransigente defensor dos seus interesses.

 A publicação garantia ter Gilberto Cardoso sido simpático até aos clubes adversários, sendo um dirigente que comandava o seu com “sabedoria e raro trato”.

 “O Mundo Ilustrado”, além da capa da edição citada acima, concedeu mais seis páginas às homenagens e despedidas a Gilberto Cardoso, o qual via “vivendo apenas para o Flamengo, vendo só o Flamengo, amando só o Flamengo”. Ressaltava, no  entanto, que, as vezes, o seu “acendrado amor” pelo clube o fazia perder o controle dos nervos, mas sem que ninguém o recriminasse. E ia muito mais além, afirmando que ele partira como sempre desejara, “torcendo com o maior entusiasmo pelo seu Flamengo”, e saindo desta vida como um soldado no campo de batalha.

  - Era um pai para os jogadores. Dava-lhes de tudo para que pudessem...elevar, cada vez mais alto, o pendão rubro-negro.

 Um outro iten lembrado pela revista foi o de que Gilberto Cardoso raramente sentava-se em uma cadeira das tribuna de honra dos estádios, preferindo “sofrer ou exultar” com os seus “meninos”, o que significava ficar perto do gramado, muito comum pela década-1950, quando se viam fotos de dirigentes ao lado do treinador, principalmente, no Maracanã. Lembrou, ainda, que Gilberto, embora fosse cortês com a imprensa, era pouco afeito à publicidade em torno do seu nome.

 Quando o enfarte do miocárdio não permitiu a Gilberto Cardoso sair vivo do Hospital do Pronto Socorro, na madrugada de 26 de novembro de 1955, aos 49 de idade, o Flamengo preparava-se para enfrentar o Canto do Rio, no domingo, pelo Campeonato Carioca de Futebol. De acordo com o treinador Fleitas Solich, o tamanho da comoção fez os dirigentes rubro-negros pensarem em entregar os pontos e retirarem o time da disputa. De sua parte, ele suspendera a concentração e liberara os atletas para prestarem as suas últimas homenagens ao chefe. No entanto, o adversário compreendeu a situação e concordou em passar a partida pra frente.

 Sem a força, a energia e a paixão de Gilberto Crdoso, o Flamengo foi par ao seu jogo 1.492 de sua história, em 30 de novembro daquele 1955, diante do Canto do Rio, no Estádio Caio Martins, a casa do adversário, em Niteroi. Sob o apito de Charles William, nandou 5 x 2, com Dida marcando quatro gols (aos 6, 30, 36 e 38) e Eswquerdinha, aos 90, completando o placar - Aníbal, Tomires e Pavão; Jadir, Dequinha e Jodan; Joel, Paulinho, Índio, Dida e Esquerdinha foi a formação.   

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

 QUADRANGULAR - Era a noite de 27 de dezembro daquele 1955 e os rubro-negros foram ao gramado do Maracanã, encarar o Racing, prometendo dedicar o titulo da competição ao homem que se tornara uma pessoas espiritual. Venceram, por 2 x 1, com gols marcados por Dida, aos 34 minutos do primeiro tempo, e Babá, aos 32 do segundo.

Aquele foi o jogo 1.496 da história rubro-negra, apitado por Charles Williams, com o primeiro Flamengo sem Gilberto Cardoso sendo: Chamorro, Leone (Jorge David) e Servílio; Jadir, Dequinha e Jordan; Joel (Mílton Bororó), Duca, Dida e Esquerdinha (Babá) e Zagallo.

 Três dias depois, sob o apito de Harry Davis, os atletas flamenguistas cumpriram a promessa e saíram do Maracanã campeões do torneio internacional, mandando 3 x 0 Independiente, com gols de Milton Bororó, cobrando pênalti, aos 21 minutos do primeiro tempo; Dida, aos 34, e Duca, aos 40 da etapa final. Eles foram: Chamorro (Aníbal), Leone e Servílio; Jadir, Dequinha e Jordan; Milton Bororó, Duca, Henrique Frade, Dida e Babá.

 

2 – ROLO COMPRESSOR - Com Gilberto Cardoso, o futebol do Flamengo fez surgir um  time que a imprensa carioca apelidou por um apelido amedrontador. Conquistou o segundo tricampeão estadual-1953/54/55 (o anterior havia sido em 1942/43/44), revelando para o país o maior ídolo da torcida rubro-negra, o  alagoano Evaldo Alves da Santa Rosa, o  Dida (257 gols e 364 jogos) –, até Zico (Arthur Antunes Coimbra (508 tentos e 733 prélios) ultrapassar o seu número de tentos, em 197...

 Ao assumir o comando do clube, Gilberto havia promovido a volta à Gávea do treinador Flávio Costa, que estava no rival Vasco da Gama. Era pensamento geral dos rubro-negros que o “Alicate” – apelido dos tempos de atleta rubro-negro – seria o único capaz de fazer do Flamengo, novamente, campeão estadual, o que não ocorria desde 1944. Mas não deu certo e os flamenguistas seguirqam vendo os vascaínos contabilizando cinco títulos, os tricolores dois e os botafoguesnes mais um outro. Era preciso reagir.

 Já que Flávio Costa não conseguira quebrar um tabu, levando o Flamengo, no máximo, ao vice-campeanto carioca-1952, ele voltou para o Vasco da Gama, deixando Gilberto Cardoso e os os auxiliares José Alves de Morais, Fadel Fadel e Aristeu Duarte, principalmente, com a tarefa de substituí-lo e afastar a possibilidade  de o clube passar de nove temporadas em jejum de títulos.

 Gilberto Cardoso agiu rápido. Contratou o treinador paraguaio Fleitas Solich que, naquele 1953, surpreendera os favoviros ao título do Campeonato Sul-Americano, disputado na peruana Lima, levando taças e faixas para o Paraguai. Solich chegou e deu nova estrutura ao time rubro-negro

 

 3 - Seleção nacional que pretendesse conquistar o título continental  teria que se superar, e muito mais, para ultrapassar os grandes favoritos – desde o início da competição, em 1916 – argentinos, com nove, e os uruguaios, com oito títulos, sobrando três para os brasileiros e um para os peruanos.

O Sul-Americano-1953, em sua 22ª edição, no entanto, não teve a participação da Argentina (da Colômbia, tambem). Foram sete selecionados – Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai – competindo em turno único e resultando na decisão entre brasileiros e paraguaios, que haviam empatado em pontos.

Embora os paraguaios tivessem feito boa campanha – 3 x 0 Chile; 0 x 0 Equador; 2 x 2 Uruguai; 2 x 1 Bolívia e 2 x  1 Brasil –, o time brasileiro era mais apostado para vencer o duelo final, pois marcara mais gols do que o adversário (14 x 9)  – Brasil 8 x 1 Bolívia; 2 x 0 Equador; 1 x 0 Uruguai; 0 x 1 Peru; 3 x 2 Chile; 1 x 2 Paraguai.

Veio a decisão, em 1º de abril, no Estádio Nacional de Lima, que recebeu cerca de 35 mil desportistas. Quem esprava por ver o treinador brasileiro Zezé Moreira dando um nó tático no colega Fleitas Solich, viu o contrário. Os paraguaios mandaram 3 x 2, abrindo três gols de frente – Atílio Lóopez, aos 14; Manuel Gavilán, aos 17, e Rúben Fernández, aos 41 minutos –, no primeiro tempo, enquanto os adversário só conseguiram chegar à rede – Baltazar, aos 11 e aos 20  – na etapa final – Riquelme, Olmedo e Herrera; Gavilán, Leguizamón e Hermosilla; Berni, López (Parodi), Fernández, Romero (Lacasa) e Gómez (Martínez) foi o time armado por Solich, tendo Zezé escalado: Castilho, Djalma Santos e Haroldo; Nilton Santos, Bauer e Brandãozinho; Julinho Botelho, Didi, Baltazar, Pinga e Cláudio Pinho. (29 linhas).

                                     O FEITICEIRO PARAGUAIO

  Quem  pesquisar em jornais e revistas da década-1950, com certeza, encontrará fotos de um treinador usando, sempre, calça comprida, barriga avantajada e cabelos nem tanto. Era um sujeito sereno, notável em momentos difíceis, sobretudo corrigindo os erros do seu time. Não era de exasperar-se com os reveses, o que não era suficiente para tirar-lhe o costumeiro sorriso, e não deixava o desânimo nem de longe aproximar-se da sua patota. Só saía da linha se um atleta seu acendesse um cigarro dentro da concentração.

 Candidato a Deus? Não! Simplesmente, o “marechal de campo” do tricampeonato carioca de futebol-1953/54/55, o paraguaio Manoel Agustín Fleitas Solich.

   A chegada de Solich ao Flamengo aconteceu por causa do que o Flamengo considerou uma grande ingratidão, do seu ex-atleta e ex-treinador Flávio Costa, que o trocara , pelo Vasco da Gama, em 1953. Imediatamente, o presidente rubro-negro, Gilberto Cardoso, pensou em substituí-lo pelo paraguaio.

 Para Gilberto, Solich era o “cara”. Menos para parte de sua diretoria, que queria o uruguaio Ondino Viera, alegando ter o paraguaio só dirigido times de baixo nível técnico. E projetavam vê-lo surpreendido pelo maior desenvolvimento do futebol brasileiro.

Estavam errados. Pouco depois, Fleitas Solich ficava treinador campeão sul-americano daquela temporada, inclusive, vencendo a Seleção Brasileira  – 2 x 1 (27.03) e 3 x 2 (01.04 – sem contestações.

  Pelo mesmo período em que o time canarinho disputava o Sul-Americano-1953, o Flamengo participava, na Argentina, do Torneio Quadrangular de Buenos Aires - 24.03 - 2 x 2 San Lorenzo; 26.03 – 1 x 1 Boca Juniors; 28.03 – 3 x 0 Botafogo. Na euforia pela conquista do troféu Presidente Juan Domingos Perón – segundo título internacional flamenguista -,  Gilberto Cardoso mandou, silenciosamente, buscar Fleitas Solich, em Lima, para ir a Buenos Aires assinar contrato com os rubro-negros, durante a noite do domingo 29 de março.           

     Ao ser apresentado aos jogadores rubro-negros, Solich mandou-lhes um tapa na cara:

- Jogador brasileiro não tem garra e nem coração – referia-se ao que vira nos dois recentes jogos contra o considerado super-esquadrão da Confederação Brasileira de Desportos, contando com craques indiscutíveis, como o goleiro Castilho; os defensores Nílton Santos e Djalma Santos; o apoiador Danilo Avim; o meia Didi e os atacantes Julinho Botelho, Zizinho, Baltazar e Pinga, comandados por Aymoré Moreira.

 À revista “O Cruzeiro”, Solich garantiu não ter planejado nada para vencer o time canarinho, a não ser exigir dos seus atletas jogarem com o coração, “um grande coração”, o que explicou assim:

 - A qualidade técnica do jogador brasileiro é muito superior a de qualquer outro craque sul-americano... é quase inútil se planejar táticas para usa-las contra o Brasil.  É preciso ... apelar para  a vontade e a fibra. Foi o que fiz.

Palavras de quem, como atleta, fora um grande apoiador do paraguaio Olímpia, do argentino Boca Juniors e da seleção paraguaia, chegando a ser considerado um dos maiores jogadores sul-americanos do seu tempo.

 A sinceridade de Fleitas Solich, ao falar de um futebol brasileiro que o decepcionara - “muito diferente de outros times brasileiros que tive a oportunidade de ver jogar” – levou o atacante Esquerdinha a reagir:

 - Seu Fleitas,...o jogador brasileiro tem garra, sim, E coração, também. Nós do Flamengo, principalmente.

  Ao que Solich retrucou:

- Que assim seja, Esquerdinha, isto é, Wiliam Kepler Santa Rosa.

   Mesmo esculhambando o jogador brasileiro que enfrentara na disputa continental, no Peru, assim que foi “flamengando”, Solich garantiu ter gostado da sua nova equipe, destacando os zagueiros Dequinha, Jadir e Pavão, e os atacantes Joel,  Rubens e Índio. Não escondeu ter encontrado problemas no grupo, mas garantiu não sê-los de muita importância.

- Baseado nas observações que fiz, espero realizar um bom trabalho.  Tenho a impressão de que o Flamengo dará muitas alegrias aos seus adeptos no decorrer deste ano – previu e acertou.

 Por aquela época, estava em moda nos gramados brasileiros os sistemas táticos da marcação por zona e da diagonal. Solich disse preferir a segunda opção, por acreditar mais “na eficácia da marcação cerrada” do que à distância. Recebendo uma equipe sendo renovada, armou a rapaziada no 4-2-4, com maior velocidade e surpreendendo os adversários, que preferiam tocar a bola e esnobar a força técnica. Ao final da temporada, já tinha uma máquina ajustada, lubrificada, que foi terminar apelidada por “Rolo Compressor”, com três anos de uso.

    Solich estreou como treinador rubro-negro encarando os mais fortes times brasileiros, pelo Torneio Rio-São Paulo. No 11 de abril, diante do Santos, no Maracanã, tendo ao lado Jaime de Almeida, que comandara o time durante o Quadrangular de Buenos Aires, ele recebeu uma prova do que lhe contestara o ponteiro Esquerdinha.

 Até os 40 minutos do segundo tempo, o Flamengo perdia, por 1 x 2. Então, Esquerdinha liderou uma impressionante reação, marcando dois gols, aos 85 e aos 86 minutos, provocando virada de placar: Flamengo 3 x 2 – Joel marcara o primeiro tento, aos 39. Garcia, Leone e Pavão; Jadir, Dequinha e Jordan; Joel, Rubens, Adãozinho (Evaristo) Índio e Esquerdinha foi a escalação.         

   Após a sensacional virada, enquanto Gilberto Cardoso comemorava muito, Soliche foi até Esquerdinha e disse-lhe:

 - Você tinha razão. De hoje em diante, passo a acreditar na fibra dos jogadores brasileiros, muito particularmente  na dos que vestem a gloriosa camisa do Flamengo.   

 Abola rolou. Quando o Estadual-1955 começou, muitos duvidavam de que o bicampeão Flamengo poderia seguir sendo uma “arma de repetição”, pois a disputa teria três turnos e contusões lhe privaram de escalar titulares importantes, como os paraguaios Garcia (goleiro) e Benitez (atacante) e o meia Rubens.  Solich, no entanto, olhou para dentro das águas rubro-negras e pescou  os alagoano Tomires, Zagallo e Dida, e mais o cearense Babá e o pernambucano Duca. E chegou lá.

 Até hoje, pesquisadores se referem a Solich como “O Feiticeiro”, embora ele jamais se ligasse a isso. Mas o que  dizer de um treiandor que vai para o derradeiro jogo de uma melhor de três e surpreende o adversário, com a trocas de duas peças? – Jordan, por Servílio, e Paulinho, por Dida. Resultado: este último destruiu o América, marcando três gols: Fla 4 x 1.

 Nascido na capital paraguaia, Assunção, em 30 de dezembro de 1900, Fleitas Solich foi bom de bola, também, dentro de campo. Como centro-médio (hoje, na linha de contenção, espécie de volante), defendeu a seleção do seu país, entre 1919 a 1926, inclusive no Sul-Americano-1922, no Rio de Janeiro. Fratura de uma da pernas tirou-lhe do lado de dentro e o jogou para o lado de fora dos gramados, a partir de 1931.

 Solich passou pelo Flamengo em mais duas oportunidades: em 1959, quando lançou Gérson de Oliveira Nunes, e em 1971, quando fez o mesmo com Arthur Antunes Coimbra, o Zico. No Brasil, ele treinou ainda Corinthians, Fluminense, Palmeiras, Atlético-MG e Bahia. No exterior, o espanhol Real Madrid, o argentino Boca Juniors e os paraguaios Libertad e Olímpia.  Viveu, no Rio de Janeiro, o seu último dia de vida, em 17 de março de 1984....

 

                                                    MAIS TRÊS

 

Além de Fleitas Solich, o Flamengo de Gilberto Cardoso teve, ainda, Jayme de Almeida, Cândido de Oliveira e Flávio Costa como seus treinadores. O primeiro e o último são muito citados na história rubro-negra, mas Cândido é pouquíssimo lembrado.

 Português, este pegou o comando do time flamenguista após a saída de Gentil Cardoso,  que ficou, entre 1949/1950 - conquistou dois troféus sem muita importância, em jogos amistosos, e venceu 56 dos seus 35 compromissos, com mais 13 empates e oito derrotas. Em um pequeno período de apenas 13 prélios, todos em 1950, Cândido não conseguiu ir muito adiante, devido vencer pouco – quatro vezes – e perder muito – sete quedas, além de mais três empates, representando decepcionantes 35,9% de aproveitamento.  Foi substituído por Jayme, que comando a rapaziada entre 3 de janeiro a 4 de abril de 1951, passando 19 partidas no cargo, com nove vitórias, sete empates e três vezes batido.

 Nascido no 28 de agosto de 1928, em São Fidélis-RJ, ele totalizou sete experiências como treinador rubro-negro, entre 1946 e 1959, algumas vezes acumulando a função com a de atleta. Quando recebeu a equipe da “Era Gilberto”, já havia feito isso em três outras oportunidades, entre 1946 a 1950, totalizando seis vitórias em 13 jogo. Quando substituiu  Cândido, a aposta nele era muito grande, pois o antecessor dirigira a seleção lusitana, de 1926 a 1929, e de 1935 a 1945, além de ter levantado um bi nacional, pelo Sporting-1948/49. Jayme, então, obteve três vitórias, dois empates e só perdeu um prélio.

 Lembrado, também como um dos grandes jogadores do Flamengo, essencial na conquista do título carioca-1944, formando, com Biguá e Bria, a chamada linha média do primeiro tri estadual do clube, Jayme era eficiente na marcação e no apoio ao ataque, não comum na época. Rubro-negrou por 329 vezes, vencendo em 184 delas, além de se igualar ao adversário em 64 e ter passado 81 decepções no placar. Chegou a marcar 25 tentos.

 Nascido em São Fidélis-RJ e revelado pelo Sete de Setembro, de Belo Horizonte, a partir de 1936, ele passou pelo Atlético-MG, antes de chegar ao Fla. Em 1946, foi considerado o melhor lateral-esquerdo sul-americano, tendo feito 14 partidas e um gol pela Seleção Brasileira, pela qual jogou, entre 1942/46, ajudando-a a conquistar a Copa Roca-1945, diante dos argentinos. Marcou um gol nos 3 x 0 Colômbia, de 1945, pelo Campeonato Sul-Americano, e esteve atleta flamenguista de 1938 a 1949.             

 Jayme de4 Almeida foi um dos atletas mais disciplinados do seu tempo, jamais expulso de campo. Em 1949,  torou-se um dos primeiros premiados com o Troféu Belfort Duarte, que homenageava um ex-jogador e destacava atletas com uma década de carreira sem  exclusões de partidas.

 Capitão de várias seleções cariocas da década-1940, ele foi para o futebol do Peru, em 1961, par dirigir o Alianza, de Lima, um dos principais e mais populares clubes daquela terra, o qual levou aos títulos nacionais dede 1962/63/65, atém de ter lançado em sua equipe, em 1966, um dos maiores nomes da seleção peruana, Teófilo Cubillas. Viveu, naquele país,  o seu último dia de vida, em 17 de maio de 1973, quando contava 52 de idade.

 

                                             VARGAS NO FLA-FLU

 Gilberto Cardoso não perdia tempo para promover o que o Flamengo participasse. Como aquele Fla-Flu de 14 de outubro de 1951, marcado para o Maracanã, pela nona e penúltima rodada do primeiro turno do  Campeonato Carioca.

Se o Flamengo, com seis pontos perdidos (ainda não se falava em pontos ganhos, o atual critério) vencesse, colaria no Fluminense, que tinha três e cairia para cinco pontos perdidos. Era por ali.

Mestre da emoções, Mário Filho, fazia uma tremenda promoção da partida, pelo seu Jornal dos Sports, inclusive, incitando as duas torcidas a travarem um grande duelo de vibração nas arquibancadas. Era só o que se falava naquele  Rio de Janeiro de uma época em que não conhecia violência de torcedores nos estádios.

 Para garantir a realização de um clássico inesquecível, Gilberto Cardoso e o seu equivalente tricolor Fábio Carneiro de Mendonça foram até o Palácio do Catete convidar o presidente (da república), Getúlio Vargas, para comparecer ao que jornais e rádios passavam aos torcedores como Clássico das Multidões.

 Getúlio estava informado do tamanho do amor de Gilberto pelo Flamengo, bem como ser o doutor Fábio um gentleman da mais fina sociedade carioca – se Cardoso fora médico do Fla, o outro fora atleta do Flu. E o homem saiu da audiência entusiasmado pelo que ouvira dos dois dirigentes.

 Dois dias depois, a alma desportiva do Rio de Janeiro lotava  o Maraca, onde o presidente Vargas chegou distribuindo sorrisos e acenos para o público que o aplaudia.  Sentou-se, entre Cardoso e Mendonça, na tribuna de honra, e gostou do o show das torcidas - a do Fla comandada por Guimarães e a do Flu por Paulista.

 Para os tricolores, era preciso mostrar que o seu clube não era só da elite, mas, também, do povão. Por isso, levou para o estádio uma escola de samba que apresentou-se bem antes de o árbitro Mário Vianna apitar bola rolando. Mais: abriu, no centro do gramado, uma enorme caixa de pó de arroz, da qual saiu a bela tenista tricolor Terezinha del Panta. De sua parte, a rubro-negra charanga de Jaime de Carvalho não deixava a animação por menos.

 O presidente Vargas usava muito os desportos para propagandear o seu regime. Já havia comparecido até a corrida de automóvel.  Se já tinha ido a um Fla-Flu, sem programação de sua assessoria, surpreendendo a imprensa, porque não iria àquele tão promovido?

 Vivo, o Vargas, que não acompanhava resultados do futebol, como a maioria dos torcedores, assim que a banda tocou o hino dos dois clubes – e as respectivas bandeiras foram hasteadas -, indagou a Gilberto Cardoso como andava o Flamengo - vencera Bonsucesso (2 x 1); São Cristóvão (2 x 1) e Vasco da Gama(2x1); empatara com Olaria (2 x 2) e São Cristóvão (1 x 1) e perdera de Botafogo (1 x 2) e Bangu (0x2) -, mesma pergunta feita ao Mendonça – Flu 3 x 0 Canto do Rio; 3 x 1 Bonsucesso; 4 x 0 Madureira; 5 x 0 São Cristóvão; 5 x 3 Bangu; 5 x 1 Olaria; 1 x 1 América e 2 x 4 Vasco da Gama. Sacando que o Flu tinha melhores resultados, ficou na dele, sem fazer nenhum comentário sobre perspectivas para o prélio.

 O máximo que o Vargas fez foi olhar  para Gilberto e Fábio, e dizer-lhe que gostara de ver a torcida tricolor saudando a rubro-negra, por uma faixa onde se lia: “A torcida pó-de-arroz homenageia o Popeye” – este, personagem norte-americanos de quadrinhos e desenhos animados, representando um marinheiro  que o desenhista argentino Molas tornou-o mascote flamenguista.

 Fora uma festa tão bonita, que muitos torcedores não saíram do estádio, imaginando que o presidente Vagas fosse agradecer aos cerca de 130 mil presentes  pela demonstração de brasilidade, do nacionalismo que ele pregava. Mas não estava previsto e o presidente saiu antes que o Jornal dos Sports  levasse para cumprimenta-lo os membros do júri que analisara o duelo das torcidas – Manoel Barcelos (presidente da Associação Brasileira de Rádio); Lourival Pereira (da Associação dos Cronistas Carnavalescos); Canor Simões Coelho (dirigente da Associação Brasileira de Imprensa) e Oduvaldo Cozi  (narrador e representante da ala radiofônica.  

 

 

 

                                            ANTECIPADAÇAS                                                                                                                         

 São duas histórias monumentais. A primeira aconteceu no 10 de janeiro de 1954, em um domingo, com as bilheterias do Maracanã arrecadando a fabulosa quantia (para a época) de Cr$ 2 milhões, 108 mil, 312 cruzeiros e 20 centavos, pagos por mais de 100 mil pessoas. Ainda valia pela temporada-1953 e o grupo montado pelo presidente Gilberto Cardoso tentava o título que não conquistava há nove disputas. Naquela tarde, o Flamengo não só quebrou tabu, como antecipou a pegada no caneco faltando uma semana para o final do torneio. E em grande estilo: goleando o rivalaço Vasco da Gama, por 4 x 1.

 De outra parte, a segunda epopeia com farra em cima do maior rival  está anotada no 12 de fevereiro de 1955,  por dificílimos 2 x 1 Vasco da Gama, valendo  novo título a uma rodada do encerramento do Campeonato Carioca - da temporada anterior.

Treinado pelo paraguaio Fleitas Solich, o Flamengo dos 4 x 1 começou a mandar o maior rival a buscar a bola no fundo da rede,  aos 12 minutos, por chute de Esquerdinha, desviado pelo lateral-esquerdo  vascaíno Jorge Sacramento, mas com o juiz  Harry Hartles desconsiderando isso. Aos 32, Índio aumentou e, aos 45, Benitez escreveu 3 x 0 no placar. Virar o primeiro tempo com tamanha vantagem, era pra Gilberto Cardoso e toda a sua diretoria acender o charuto e começar a comemorar. Ademir Menezes, reduziu - 1 x 3, aos 15 do segundo tempo -, mas Benitez, cobrando pênalti, aos 44, fechou a conta da indiscutível goelada, mandada por: Garcia, Marinho e Pavão; Servilio, Dequinha e Jordan; Joel Martins, Rubens, Índio, Benitez e Esquerdinha – na última rodada,  Fla 1 x 0 Botafogo, finalizando a conquista com 21 vitórias, quatro empates e duas derrotas.

No 12 de fevereiro de 1955 (por aqui valeu pelo campeonato de 1954), o Flamengo precisou virar o placar - aberto por Ademir Menezes, aos 18 minutos -, para ser o campeão, antecipadamente.  Índio empatou, aos, aos 39 da mesma etapa, e Paulinho, virou, aos 22, do segundo tempo. Aquele clássico da penúltima rodada do Campeonato Carioca foi apitado por Antônio Viug e teve este Flamengo em campo:  Garcia, Tomires e Pavão; Servílio, Dequinha e Jordan; Paulinho, Rubens, Índio, Benitez e Evaristo.

Para o presidente Gilberto Cardoso, além de vencer o grande rival Vasco da Gama e antecipara mais uma conquista, era a confirmação da invencibilidade do seu clube sobre o rival naquele Estadual- 2 x 1, em 17.10.1954 e 0 x 0, em 09.01.1955, nos dois turnos anteriores. Portanto, duas vitórias em situações iguais, no fechamento de duas temporadas, nesta ocasião dentro de um cartel de 20 triunfos, cinco empates e duas escorregadas.  

 

                           OS ARTILHEIROS DE GILBERTO

 Por temporadas na presidência rubro-negra, Gilberto Cardoso teve quatro atacantes sendo o principal levantador da torcida durante o Campeonato Carioca. Em 1951, o artilheiro do time chamava-se Hermes e marcou 10 gols. Em 1952, a honra passou para Adãozinho, saindo 16 vezes para o abraço. Índio ficou com as glórias de 1953 e de 1954, totalizando 43 batidas na rede - 25 em uma e 18 na outra vez -, enquanto Paulinho, em 1955, quebrou o recorde anual, com 26 tentos. Veja a cara desses “matadores”.

 

HERMES – Nascido na gaúcha Taquari, em 19 de dezembro de 1925, esteve flamenguista, entre 1950 a 1955, disputando 68 jogos e marcando 49 gols, em 37 vitórias, 10 empates e 21 derrotas. Hermes Nunes da Conceição foi o nome que ganhou no cartório de registros civis. Atacante com muita fome de gols, Hermes, que havia marcado quatro tentos em Flamengo 5 x 1 Rio Branco-ES, amistosamente, no 28 de abril de 1951, chegou à Suécia, para a primeira excursão rubro-negra à Europa, mantendo o apetite. No segundo prélio do giro, em 10 de maio, fez três, em Fla 6 x AIK. Totalizou sete tentos em 10 compromissos. Se a defesa bobeasse, Hermes intimidava. Em 29 de novembro de 1950, por exemplo, no amistoso Flamengo 9 x 0 Tamoio-RJ, bateu na rede em cinco oportunidades.

 

ADÃOZINHO – Também gaúcho, mas nascido em Porto Alegre, em 2 de abril de 1925. Adão Nunes Dorneles, aos 12 de idade, era juvenil de um time peladeiro chamado Paraná. Aos 15, trabalhava como “contínuo” – hoje, “officeboy” - de um jornal da capital, quando foi convidado pelo Internacional, em 1942. Emplacou, profissionalizou-se e foi tricampeão estadual-1943/44/45. Faturou faixa, também, em 1847/47 e em 1950. Pelo Flamengo, foram 96 partidas e 45 bolas nas redes, entre 1951 e 1953, em 53 vitórias, 24 empates e 19 procuras de explicações para insucessos. Chegou ao escrete nacional, tendo disputado três compromissos, entre 1947 e 1950, com uma vitória, um empate e um  lamento.   

        

ÍNDIO - Paraibano, de Cabedelo, nascido em 1 de março de 1931, ele foi registrado por Aloísio Francisco da Luz. Chegou ao Rio de Janeiro garoto e começou a jogar pelas com a turma do time do Piraquara, do subúrbio de Magalhães Bastos, onde a sua família se fixou. Em 1948, fez teste entre os juvenis do Bangu, agradou e até ganhou emprego como serralheiro da fábrica que mantinha o clube. Com alma de peladeiro, de vez em quanto jogava pelo Piraquara e o Engenhoca, da Ilha do Governador. Numa dessas peladas, pelo time ilhéu, o treinador Togo Renan Soares, o Kanela, gostou de sua bola e o convidou para ir para o Flamengo, em 1951. Chegou às seleções carioca e brasileira, tendo por esta disputado nove jogos, marcando quatro gols, em seis vitórias, um empate e duas quedas.  Pelo Flamengo, foram 202 jogos e 134 gols, em 127 vitórias, 38 empates e 37 escorregadas, entre 1949 e 1957.

 

PAULINHO – Atacante versátil que poderia ser escalado em várias posições. Nascido em Campos-RJ, no 15 de setembro de 1933, foi registrado por Paulo de Almeida e começou a aparecer defendendo o time aspirante rubro-negro de 1953. Na temporada seguinte, ainda atuou por aquela categoria, tendo ficado vice-campeão, e subiu ao time principal, para ajuda-lo a ser bi estadual. Com a mesma estatura de Índio (1m71cm), também chegou à Seleção Brasileira, tendo disputado seis partias, a partir de 1956, com um tento na conta, em duas vitórias, dois empates e duas pancadas. Para o Flamengo, entre 1951 e 1957, fez 127 partidas e 60 gols, em 76 vitórias, 22 empates e 29 choros.      

              

MAIS – Além de Índio, com 47 tentos, e Paulinho, com 26,  a campanha do tri do Flamengo de Gilberto Cardoso teve outros temíveis artilheiros, com mais de 20 gols, casos de Rubens, com 32, Benitez, marcando 31, e Evaristo cravando 27.

                 

RUBENS – Este paulistano, nascido em 24 de novembro de 1928, marcou 82 gols nos seus 170 jogos flamenguistas, com 107 vitórias, 32 empates e 31 perdas. A sua estreia rubro-negra foi gloriosa. Ajudou o Flamengo a mandar 2 x 1 Vasco da Gama, em 16 de setembro de 1951,  quebrando tabu de quase sete temporadas sem bater o maior rival. A sua habilidade no domínio da bola fez a torcida chama-lo por “Doutor Rubis” e leva-lo à Seleção Brasileira, pela qual disputou dois jogos amistosos. Foi rubro-negro até 19576 e viveu até 31 de maio de 1987.       

 

BENITEZ – Paraguaio, nascido em 2 de abril de 1927, em Yaguaron, foi infantil e juvenil do clube do mesmo nome de sua cidade, chegando ao time A aos 17 de idade. Próximo passo, o Nacional, de Assunção. Em 1949, marcou oito tentos para a seleção paraguaia que veio ao Brasil sair vice do Sul-Americano. Na mesma temporada, foi para o argentino Boca Juniors. Gilberto Cardoso pagou a grande soma de 700 mil cruzeiros velhos pelo seu passe, e valeu a pena, pois Jorge Duilio Benitez Candia foi um dos maiores nomes do tri. Esteve rubro-negro por 113 partidas, com 74 gols, atuando em 69 vitórias, 27 empates e 17 derrotas, entre 1952 e 1956. Em 1 de agosto de 1953, marcou todos os gols de Flamengo 4 x 0 Bonsucesso, pelo Campeonato Carioca

 

5 – DIDA – O presidente Gilberto Cardoso o levou para o Flamengo, para ser, por muito tempo,  o maior ídolo de sua torcida: Dida, isto é,  Edvaldo Alves de Santa Rosa, só a partir de 1979, perdeu o “cargo” para Zico – Arthur Antunes Coimbra – , quando o “Galinho de Quintino” ultrapassou o seu número de tentos. Para alguns pesquisadores, isso é discutível. Lembram que nos tempos em que Dida sacudia a torcida rubro-negra jogava-se menos, não havia televisão e a população brasileira era menor.

Discussão à parte, de tão apaixonado que era pelo Flamengo, ao ser informado, por gente do voleibol, pelos inícios de janeiro de 1954, de que, em Alagoas,  havia um terrível goleador, Gilberto Cardoso não perdeu tempo. Enviou-lhe uma carta e uma delegação a Maceió a fim de leva-lo para a Gávea.   

Dida demorou a decidir-se e só em maio deixou as Alagoas, pegando carona em um avião da FAB-Força Aérea Brasileira. Durante a viagem, passou mal e foi preciso a aeronave descer em Salvador, para ele ir ao médico. Diagnosticado com icterícia, quase ficou internado em um hospital da Bahia.

 Ao chegar ao Rio de Janeiro, Dida não foi para o local onde o Flamengo hospedava os seus jogadores solteiros e sem família na cidade. Gilberto Cardoso levou-o para a sua casa, pois principais jogadores rubro-negros excursionavam à Europa e ele não considerava conveniente deixa-lo sozinho em uma cidade turbulenta um rapaz que jamais estivera longe de sua família. Foram três meses de hospedagem e total assistência médica, já que ele era, também, médico. 

 Enquanto recebia aquela ajuda do presidente, Dida treinava, com ex-atletas, que iam sempre à Gávea bater uma bolinha, temendo engordar. Então, quando a delegação rubro-negra voltou ao Brasil, o presidente Gilberto Cardoso permitiu que ele se mudasse para a concentração do clube, que o incluiu entre os atletas aspirantes, categoria abolida na década-1960.

 Em 1954, quando Gilberto Cardoso mandou buscar Dida, o Flamengo estava com um time bem montado pelo treinador paraguaio Fleitas Solich, que havia sido campeão carioca na temporada anterior. E Dida enchia Gilberto Cardoso de satisfação, arrebentando no time dos chamados “esfria sol”, já que os aspirantes faziam os jogos preliminares das rodadas cariocas. O homem sentiu-se mais do que recompensado pelo apoio dado ao jovem alagoano, quando, em 17 de outubro de 1954, Dida foi escalado, por Fleitas Solich, para estrear  pelo time A, que vencera o Vasco da Gama, por 2 x 1, com boa atuação dele.

Em 21 de novembro, depois de ter entrado, também, no 0 x 0 Fluminense, Dida marcou o seu primeiro gol oficial rubro-negro, nos 2 x 1 Portuguesa-RJ, o que valeu uma grande mexida  na cadeira, por parte de Gilberto Cardoso. Naquele lance, ele vira que acertara, no alvo, ao dar ouvidos à sua turma do vôlei.

Mas o que deveria ter sido a emoção maior de Gilberto Cardoso não aconteceu. Quando o Flamengo chegou ao tricampeonato estadual, Gilberto Cardoso não pôde assistir ao show de Dida, na partida final, contra o América, já em 21 de janeiro de 1956. Para a torcida do Flamengo, fora ele que lá do Céu assoprara nos ouvidos de Fleitas Solich para escalar Dida, surpreendentemente, minutos antes da partida. E Dida marcou três gols nos 4 x 1 rubro-negros, saindo do Maracanã como herói e pavimentando a sua caminhada para  chegar à Seleção Brasileira e ser campeão mundial-1958.

 

6 – HENRIQUE -  Gilberto Cardoso era um dirigente atento a tudo. Quando sentava-se para descansar, em casa, nem assim a sua cabeça deixava de girar pelo mundo da bola. Evidentemente, uma bola em vermelho e preto. Em uma dessa ocasiões, ele lembrou-se do grande número de bons jogadores que o futebol carioca fora buscar em Minas Gerais. E pensou em dar um passeio por lá, a fim de pesquisar juvenis que pudessem ser o futuro do Flamengo.

  Aquele era um dia qualquer de 1953, quando ele embarcou para Belo Horizonte. Quando visitou o Cruzeiro e os seus dirigentes o informaram dos garotos promissores, ele foi autorizado a conversar com a molecada e surpreendeu-se com a recomendação de um deles:

 - Doutor Gilberto! Se o senhor quiser levar um craque, leve o meu irmão Henrique.

- Quem é ele aqui? – indagou.

- Ele não está aqui. Está em minha cidade, Formiga. Joga tanto que, desde os 15 de idade, é centroavante titular do Formiga.

- Você não está exagerando não, garoto? Não mesmo, doutor. Leve o Henrique, que o senhor não vai se arrepender.

Gilberto Cardoso assistiu treinos da meninada mineira, autorizou o ponta-esquerda juvenil cruzeirense Hamilton a chamar o seu irmão, para conversar com ele, e o incluiu no grupo de 12 juvenis que levou – entre outros, o próprio Hamilton; o zagueiro central Nozinho; o meio-campista Luís Roberto, e o ponteiro-direito Luís Carlos, os que mais lhe agradaram.

 Henrique não se encolheu ao conversar com Gilberto Cardoso. Contou-lhe:

- Sou campeão dos campeões do interior mineiro, doutor. Goleamos (pelo Formiga Esporte Clube) o União, de Itabirito, por 5 x 0, na final (disputada no Estádio Independência, em Belo Horizonte). Tem muita gente boa daquele time que merece uma chance em um grande clube. Marico, Délio, Nodge, Fone, Guita e Alaor, por exemplo, fariam bonito se saíssem.

 - Ótimo! Mas não tenho tempo para fazer mais observações e nem como levar mais ninguém. A concentração do Flamengo não caberia tanta gente. Quem sabe, futuramente? – deixou aberto a possibilidade.

 No Rio de Janeiro, Gilberto Cardoso acomodou os garotos de Minas na concentração da Rua Marquês de São Vicente, na Gávea. Vendo Henrique com aquele seu jeitão de interiorano espantado com a cidade grande, o zagueiro Pavão, titular do time principal, aproveitou para espantá-lo:

 - Ô sô! Tome cuidado com este casarão, viu? Aqui tem uma assombração que, de vez em quando, só falta nos matar. Dizem que é alma penada de um antigo zagueiro do Flamengo, que fazia muito gols contra. O doutor Gilerto já mandou rezar missas pra ele, celebradas pelo Padre Góes, mas ele não vai embora. Tome cuidado.

 Pavão, isto é, Marcos Cortez, um paulista (de Santos), que se deu bem no futebol carioca, tinha 24 anos, nove a mais do que Henrique, era famoso por ser um terror para os atacantes e titular desde 1951 – em 1953, foi campeão carioca. Pelo respeito que impunha, Henrique não ousava desmenti-lo sobre fantasmas. Tempos depois, já famoso e artilheiro amado pela torcida rubro-negra, ele lembrou-se da sacanagem do colega e contou:

- Morei um bom tempo naquele casarão, achoi que durante os três anos em que fui juvenil, e nunca vi nenhuma assombração por lá. Assombração mesmo era o Pavão, quando eu treinava contra ele.     

  Quando o Flamengo levantou o tricampeonato carioca-1953/54/55, pelo seu ataque passaram jogadores que tiveram o destino da Seleção Brasileira, casos de Joel, Rubens, Índio, Zagallo, Paulinho, Evaristo e Dida. Isso, além de outros atacantes destacados, como o paraguaio Benitez, Duca, Esquerdinha, Babá e Milton Bororó. Arrumar uma vaga naquele ataque, seria difícil para Henrique, que chegou a jogar nenhuma partida da campanha do segundo tri da história do futebol rubro-negro. Não dava mesmo para um aspirante sonhar com briga por vaga contra aquelas feras.

Nascido, em 3 de agosto de 1934, Henrique trouxe consigo o signo da paciência. E ganhou a chance que tanto sonhava quando o Flamengo precisou negociar  o passe de alguns astros. No dia 15 de abril de 1956, os rádios de Formiga foram todos ligados para os moradores escutarem a narração do amistoso Flamengo x Internacional-RS, no Maracanã, valendo a Taça Embaixador Oswaldo Aranha.

Aos 15 minutos, o estreante Henrique marcou o seu primeiro gol pelo time principal da Gávea, nos 4 x 1 sobre os colorados. Durante a alegria da comemoração, ele não esqueceu-se de Gilberto Cardoso, que não estava mais vivo para comemorar com ele, lá de sua cadeira na tribuna de honras. Mas, em seu coração, dedicou o gol ao homem que o levara para o Flamengo.

A partir dali, Henrique foi o dono da camisa 9 rubro-negra em 240 vitórias, 67 empates e 95 quedas –, tornando-se o terceiro maior artilheiro flamenguista, ultrapassado só pelo parceiro Dida – 257 gols (364 jogos) – e Zico –  508 tentos (733 prélios).

As constantes presenças de Henrique nas redes valeram-lhe vestir a camisa da Seleção Brasileira. A primeira vez, em 10 de março de  1959,  formando dupla de área com Pelé, nos 2 x 2 Peru, sem marcar gol, pelo Campeonato Sul-Americano, no Estádio Monumental, em Buenos Aires – Castilho; Paulinho de Almeida, Bellini, Orlando Peçanha e Nílton Santos (Coronel); Zito e Didi; Dorval, Henrique, Pelé e Zagallo foi o time escalado pelo treinador Vicente Feola.

 Cinco dias depois, pela mesma formação, Henrique voltou a formar dupla ofensiva com Pelé, em Brasil 3 x 0 Chile, no mesmo local, ainda sem balançar a rede e sendo substituído, no segundo tempo, por Paulinho Valentim. Passdos dois meses, Feola voltou a convoca-lo.enrique foi  E Henrique marcou o seu primeiro gol canarinho – aos 32 minutos –, diante de 120 mil pagantes, em Brasil 2 x 0 Inglaterra, em 13 de maio, no Maracanã  – Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Orlando Peçanha e Nílton Santos; Dino Sani e Didi; Julinho Botelho, Henrique, Pelé e Canhoteiro foi a equipe.

A quarta e última partida de Henrique pelo escrete nacional foi em 29 de junho de 1961, também no Maracanã, amistosamente e de forme muito comum para o torcedor rubro-negro: formando dupla fatal com Dida, em Brasil 3 x 2 Paraguai, quando o velho parceiro balançou a rede, aos 63, e ele, aos 72 minutos – Gilmar; Djalma Santos, Waldemar, Jadir (Aldemar) e Ari Clemente; Zequinha e Chinesinho; Joel Martins, Henrique, Dida e  Babá foi a formação do treinador Aymoré Moreira, que armou um ataque totalmente flamenguista, aplaudido por 45 mil pagantes.       Henri      

   Em 1963, o Flamengo emprestou o futebol de Henrique ao Nacional, de Montevidéu, que ficou campeão nacional com a sua ajuda. Em 1964, ele voltou à Gávea e, pouco depois, foi para a Portuguesa de Desportos, encerrando a história iniciada por Gilberto Cardoso.

 

 EVARISTO DE MACEDO - Ronaldo “Fenômeno”, Ronaldinho Gaúcho, e Rivaldo e Neymar foram grandes ídolos da torcida do Barcelona. Mas houve um outro brasileiro que fez mais: esteve idolatrado pelas torcidas do “Barça e no Real Madrid, os dois maiores clubes da Espanha. 

Chama-se Evaristo o craque cria do pequeno Madureira, entre 1950/1953, quando o presidente do Flamengo, Gilberto Cardoso, levou-o para ser tricampeão carioca pelos rubro-negros, o que leremos adiante.

Evaristo estava de olho na Seleção Brasileira que disputaria a Copa do Mundo-1958, na Suécia, quando surgiu o interesse do Barcelona pela seu futebol. Entre 1955/1957, ele havia disputado oito jogos,  incluídos os dois contra o Peru que valeram a vaga brasileira no Mundial sueco. Desses, marcara oito gols e tornara-se o maior goleador canarinho em uma só partida, o que prevalece ainda hoje – cinco tentos, em Brasil 9 x 0 Colômbia – 23 de maio de 1957 – no peruano Estádio Nacional de Lima, pelo Campeonato Sul-Americano – Gilmar; Djalma Santos, Edson dos Santos, Zózimo e Nílton Santos; Roberto Belangero e Didi; Joel Martins (Cláudio Pinho), Zizinho, Evarist e Pepe foi o time, escalado por Oswaldo Brandão.

 A ida para o futebol espanhol acenava com a chance de Evaristo fazer a sua independência financeira, mas isso não lhe era suficiente. Queria a certeza de que seria convocado para a Copa, pois a Confederação Brasileira de Desportos não chamava, na época, atletas que estivessem fora do país. Deram-lhe a certeza da convocação, mas não deu certo. O Barcelona só o liberava após o final do Campeonato Espanhol, quando o escrete nacional já estava na Europa, treinando para o Mundial.

 Evaristo – aos 83 de idade, tem boa saúde e reside em Ipanema –, por entrevista ao repórter Almir Leite, de “O Estado de São Paulo”, de 2 de abril deste 2017, contou um fato interessante: “Quando foi a Barcelona tantar a minha liberação, o Carlos Nascimento (supervisor da Seleção Brasileira) disse-me que eu iria fazer uma dupla infernal  com um ‘escurinho’ que estava surgindo”, Ao indagar quem era, ouviu o nome de um garoto chamado Pelé. “Quemmmm?”, indagou. Jamais tivera ouvido alguém falar da fera.

A outra fera do escrete nacional de 1958, o endiabrado Mané Garrincha, Evaristo  conhecia e jogara com o danado durante as duas vezes partidas contra os peruanos, pelas Eliminatórias. Mas, em ambas, Brandão escalara o “Torto” pela ponta-esquerda, pois o titular da direita era o seu colega flamenguista Joel Martins. Por sinal, fora nos jogos contra o Peru que o Barcelona encantou-se por Evaristo, via seu secetário técnico, Josep Samitier.  

  De família classe média, nascido em 22 de junho de 1933, no Rio de Janeiro,  Evaristo de Macedo Filho embolsou a ótima (para a época) grana, de Cr$ 7 milhões de cruzeiros (moeda de então) para trocar de clube, além de um salário impensável no futebol brasileiro (não divulgava). Para um rapaz solteiro, nem se fala – meses depois, voltou ao RJ e casou-se com Norma, que deu-lhe os filhos Evaristo de Macedo Neto, nascido em Barcelona, Maria Marcedes, garota madrilena, e o carioca Luís Augusto, todos registrados como brasileiros.

Foram sete temporadas de brilho (até 1962) pelo Barcelona, conquistando dois campeonatos nacionais,  duas Taças Cidades das Feiras (atual Liga dos Campeões da Europa) e uma Copa da Espanha. Marcou 178 gols, em 226 jogos, dos quais 105  oficiais – por este critério, Rivaldo tem 130. No entanto, Evaristo segue sendo o brasileiro que mais foi ao fundo da rede pelo clube catalão.

Segundo Evaristo, em declaração ao repórter Luís Fernando Teixeiras, de www.jornalismosemfroteiras.com.br,  ele  deixou o “Barça” quando negociava renovação de contrato e queriam que se nacionalizasse espanhol, abrindo vaga para um outro estrangeiro no clube. Como não topou, o Real Madrid entrou na jogada e fez-lhe uma proposta irrecusável. “Eu pretendia voltar ao Brasil, após o final do contrato com o Barcelona, mas apareceu a proposta do Real Madrid que, de jeito nenhum poderia ser recusada. Não  houve remédio, senão pedir que a saudade não apertasse tanto o coração. Valia a pena suportar mais dois anos em benefício de um futuro tranquilo...”... falou a Gérson Monteiro, pelo Nº 299, da “Revista do Esporte”, de 28 de novembro de 1964.

À mesma “Revista do Esporte” citada, Evaristo disse ter saído do Real Madrid porque a saúde do seu pai não era boa e os seus negócios no Rio exigiam a sua presença mais constante. Ao pedir rescisão de contrato, o clube negou-lhe, embora aceitasse dar-lhe licença para vir ao Brasil tratar dos problemas particulares. Depois, o liberou e ainda o premiou, por admiração, com os US$ 20 mil dólares que ele ganharia pelos próximos sete meses de contrato – ele foi  o quarto brasileiro a vestir a sua camisa merengue, depois de Fernando Giudicelli, Didi (Valdir Pereira da Silva) e Canário, e ganhou outros dois títulos nacionais.

Na terça-feira 27 de outubro de 1964, Evaristo voltou a ser rubro-negro, com o aval do treinador Flávio Costa, e contratado pelo presidente Fadel Fadel. Como da primeira vez, começou a treinar entre os aspirantes, para voltar à forma.  Chegara, conforme o treinador Flávio Costa o considerou, falando à ”Revista do Esporte”, sendo um “excelente reforço para as pelejas da Taça Brasil-1964”, que o Flamengo disputaria, pela primeira vez, por ter sido o campeão cariocas-1963.

Evaristo assinou contrato por dois anos  de duração, recebendo luvas de Cr$ 3,5  milhões e salário mensal de Cr$ 150 mil, além de passe livre ao final do vínculo.

JUVA – Evaristo já era fera quando defendia o time do Colégio Felisberto de Menezes. Continuou sendo no juvenil do Madureira e chegou a titular do time A aos 18 de idade. Quando Gilberto Cardoso o entregou ao treinador Flávio Costa, este o colocou entre os aspirantes (categoria extinta, formada por reservas). Com a troca de Flávio pelo paraguaio Fleitas Soliche, passou a entrar no time principal, desde 11 de abril, pelo a Torneio Rio-São Paulo-1553, substituindo Adãozinho, no decorrer de Fla 3 x 2 Santos, no Maracanã. Voltu a entrar em campo durante o decorrer de mais três partidas, até sair jogando como titular no 0 x 0 São Paulo, no Pacaembu-SP, em 31 de maio.

Começava por ali o sucesso rubro-negro de Evaristo, para alegria de Gilberto Cardoso, que apostara em seu futebol, que crescia integrando um ataque em que se encaixava ao lado de Joel, Maurício, Benitez e Esquerdinha. Jogando em várias posições, até pela ponta-esquerda, ele foi uma das peças mais destacadas da campanha do tri rubro-negro-1953/54/55. Pela decisão de 1955, que entrou por 1956, Evaristo marcou o gol do 1 x 0 América, na melhro de três, com u chute quase do meio do campo, pelo alto, quase raspando o travessão.

Como o América mandou 5 x 1 no segundo jogo, foi preciso um terceiro, em 4 de abri de 1956, assistido pelo presidente Juscelino Kubitscheck. Com três gols de Dida, uma outra aposta de Gilberto Cardoso, o Flmengo ficu tri, pro 4 x 1, com seu ataque sendo Joel, Duca, Evaristo, Dida e Zagallo.

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MAIS EVARISTO  (REESCREVER TEXTO) -  Carioca, nascido em 22 de junho de 1933, no bairro de Engenho Novo, jogava atrás, nos times amadores de sua adolescência, no Instituto Grambery, onde estudava, na mineira Juiz de Fora, no Arizona e no Rio City, do bairro do Grajau, quando voltou ao RJ. Foi para o juvenil do Madureira, a convite do treinador Plácido Monsores, em 1951. Na temporada seguinte, disputou as Olimpíadas de Helsinque, na Finlândia. Em 1953, Gilberto Cardoso o levou para a Gávea. Registrado por Evaristo de Macedo Filho, foi rubro-negro entre 1953 a 1957, atuando em 182 partidas e marcando 102 tentos, durante 101 vitórias, 35 empates e 46 placares adversos. Pela Seleção Brasileira, foram 13 jogos e oito gols, em sete vitórias, quatro empates e duas derrotas. Em 23 de março de 1957, em Brasil 9 x 0 Colômbia, marcou cinco tentos, recorde ainda não quebrado em uma só partida canarinha.      

 

MAIOR “MATADOR” -  O Flamengo teve vários atletas que marcaram 3, 4, 5 e 6 gols em uma mesma partida, casos de Jarbas, Sá, Benitez, Hermes, Alfredo, Pirillo, Perácio, Leônidas da Silva, Nélson, Evaristo de Macedo, Índio, Dida e até Zizinho e Gérson, que não eram goleadores. No entanto, ninguém, nem Zico, o maior goleador e maior ídolo da história do clube, que deixou meia-dúzia, em Flamengo 7 x 1 Goytacaz (29.03.1979), pelo Estadual, a maior marca de um prélio no Maracanã, mandou mais bola na rede com a camisa rubro-negra do que Durval, em um só dia: 7.

Durval Correia Nunes, alagoano, nascido em 4 de agosto de 1925, em Maceió, esteve flamenguista, entre 1948 e 1951, disputando 130 jogos e marcando 120 gols, em 73 vitórias, 25 empates e 32 derrotas. Ele aparece, pela primeira vez, em uma escalação, em 14 de janeiro de 1948 – Luís, Nílton, Norival, Biguá, Bria, Jaime, Luisinho, Gringo, Durval, Jair e Esquerdinha –, em Flamengo 3 x 4 Seleção Universitária do Chile, no Estádio Nacional, em Santiago. E prosseguiu até Índio (Aluísio Francisco da Luz) tomar-lhe a posição e tornar-se um dos responsáveis pela classificação da Seleção Brasileira à Copa do Mundo-1958, quando o time canarinho buscou, na Suécia, o primeiro dos seus cinco canecos mundiais.

Durval começou a chamar a atenção ao marcar quatro gols em Flamengo 5 x 3 Olaria, amistosamente –  jogo 1.125 da história do clube –, em 20 de março de 1949, no campo da Rua Bariri. Adiante, deixou três, em  Fla 4 x 4 Brasil de Pelotas-RS, amistoso, em 11 de junho de 1940,  e Fla 6 x 0 Canto do Rio, pelo Campeonato Carioca, em 10 de julho – jogos Fla 1.138 e 1.141, respectivamente. E fechou a temporada-1949 marcando cinco vezes, em Flamengo 6 x 2 Corinthians, em 22 de dezembro – jogo Fla 1.171 – pelo Torneio Rio-São Paulo.        

 O grande feito de Durval, no entanto, aconteceu em 30 de abril de 1950, no caça níquel Flamengo 13 x 1 Campos, na cidade do mesmo nome. Naquele dia,  os rubro-negros jogavam pela 1.191ª vez, reunindo: Garcia, Nilton, Job, Biguá, Bria, Válter, Aloísio, Arlindo, Durval, Beto e Esquerdinha.  Um pouco depois, ele marcou quatro, em Flamengo 6 x 2 São Cristóvão, pelo Estadual, em 2 de setembro – jogo Fla 1.210 –, no Maracanã. Mas foi em 14 de janeiro de 1951, em Flamengo 5 x 2 Fluminense, que viveu a sua maior tarde de glória, autor de três tentos no Fla-Flu  – jogo Fla 1.227 –, no “Maraca”, pelo Campeonato Carioca. Um feito raro, mas que não garantiu-lhe nada. Pouco mais de dois meses depois, exatamente, em 18 de março, ele faria a sua última partida rubro-negra, em Flamengo 4 x 2 São Paulo – jogo Fla 1.235 –, pelo Torneio Rio-São Paulo, no mesmo gramado que o consagrara, tendo por companheiros, entre os mais famosos,  Pavão, Bria, Bigode e Esquerdinha.      

Hoje, Durval está esquecido, perdido na história do Flamengo, ao qual ajudou a levar para a sua galeria de conquistas os Troféus Cezar Aboud-1948 e El Comite Nacional Olímpico da Guatemala-1949; a Taça Cidade de Ilheus-1950; o Tornei Início do Campeonato Carioca-1951 e a Elfsborg Cup-1951. Ele é o 13º maior artilheiro flamenguistga, com os seus 124 gols, em 130 jogos que lhe dão a média de 0,95 por partida. Também, foi o terceiro “matador” da década-1940, com 113 tentos, e o maior goleador das temporadas-1949/1950, respectivamente, com 42 e 44 tentos.

 O mesmo esquecimento ocorre com um outro atacante, Nélson Amorim Magalhães, autor de seis gols, em Flamengo 16 x 2 River, de  14 de maio de 1933, pelo Campeonato Carioca – jogo Fla 476 –, na Rua General Severiano –  Rolim, Moisés, Alemão (Bibi), Rubens, Flavio , Faia,  Marcondes, Nelson,  Caio, Tales e Santana foi a formação de um Flamengo sem ninguém famoso.

Nélson, carioca, nascido em 17 de maio de 1913, não marcou tantos gols por acaso. Era assíduo na rede, até em clássicos, como no Fla-Flu de 3 de julho de 1932, quando marcou três – jogo Fla 445 – em Flamengo 4 x 0, no campo da Rua Paysandu. E, em 19 de junho de 1935, em Flamengo 8 x 0 Modesto – jogo Fla 540 – pelo Torneio Aberto do Rio de Janeiro, no estádio das Laranjeiras, ele compareceu ao filó por quatro vezes. Entre 1931 e 1936,  fez 120 jogos flamenguistas, marcando 84 gols, em 72 vitórias, 26 empates e 42 derrotas.

 Além de Nélson, com seis gols, só Alfredo, em  25 de junho de 1936, em  Flamengo 8 x 2 Estrela do Norte – jogo Fla 587 –, amistoso, em Cacheiro do Itapemirim–ES; Leônidas da Silva – jogo Fla 759 –-  em 4 de setembro de 1940, em Flamengo 9 x 0 Portuguesa de Desportos, no Pacaembu-SP, pelo Torneio Rio-São Paulo, e Dida, em 24 de agosto de 1958 – jogo Fla 1.661 – no Maracanã, pelo Carioca, conseguiram a façanha.

ESTATÍSTICA -  enriqaue Frade, Dida e Babá f Outras marcas de grandes “matadores” rubro-negros em um só jogo:

Alfredo (5) - Flamengo 7 x 0 Bandeirante (05.05.1935), na Rua Campos Sales-RJ, e (5) em Flamengo 8 x 1 Bandeirante (02.07.1936), ambos pelo Torneio Aberto-RJ,  nas Laranjeiras-RJ.

Leônidas da Silva (5) - Flamengo 7 x 0 Rio Branco (25.04.1937), amistoso, em Petrópolis-RJ.  Perácio (5) – Flamengo 8 x 5 América-RJ (13.09.1942), Estadual, no Maracanã; (5) em Fla 12 x 1 Bonsucesso (08.06.1946), Torneio Municipal-RJ; (5) em Fla 8 x 5 Bangu (22.06.1947), Municipal, e (5) em Flamengo 8 x 5 Bangu (22.06.1947), Municipal, nas Laranjeiras.

Hermes (5) - Flamengo 9 x 0 Tamoio (29.11.1950), amistoso, em São Gonçalo-RJ. Evaristo de Macedo (5) - Fla 12 x 2 São Cristóvão (27.10.56), Estadual, no Maracanã. Gérson “Canhotinha de Ouro” (5) -  Fla 6 x 0 Seleção Maranhense (25.01.1960), amistoso, no Estádio Municipal de São Luís-MA

Sá (4) - Fla 9 x 2 Byron (07.04 1935), Torneio Aberto-RJ, nas Laranjeiras. Alfredo (4) - Fla 7 x 1 Bonsucesso (11.06.1936), amistoso, na Rua Campos Sales. Leônidas da Silva (4) – Flamengo 6 x 0 São Cristóvão (15.11.1940), Estadual, na Gávea. 

Pirillo (4) -  Flamengo 7 x 0 Niteroiense (21.04.1943), amistoso, no Caio Martins, em Niterói-RJ; (4) em Fla 7 x 0 Flu (10.06.1945), Torneio Municipal, em São Januário; (4) em Flamengo 10 x 0 Bonsucesso (03.11.1946) Estadual, na Avenida Teixeira de Castro, e (4) em Flamengo 5 x 2 Vitória-BA (24.06.1949), amistoso, Estádio da Graça, em Salvador-BA.

Alarcon (4) – Flamengo 5 x 1 Bangu (06.06.1943), Torneio Municipal, na Rua Figueira de Melo. Vevé (4) – Fla 7 x 1 Bangu (15.10.1944), Estadual, na Rua General Severiano. Adílson (4) – Flamengo 6 x 2 Bangu (05.08.1944), Estadual, na Gávea.  Zizinho (4) -  Flamengo 5 x 4 Madureira (22.08.48),  Estadual, na Gávea.

 Moacir (4) – Flamengo 6 x 1 Fast Clube-AM (31.03.1950), amistoso, no Estádio Parque Amazonense, em Manaus-AM.  Lero (4) – Flamengo 7 x 1 Barra Mansa (18.06.1950), amistoso, em Barra Mansa-RJ. Benitez (4) – Flamengo 9 x 0 São Cristóvão (12.10.1952), Estadual, na Rua Figueira de Melo, e (4) em Fla 4 x 0 Bonsucesso (01.08.1953, Estadual, no Maracanã.

Evaristo (4) -– Flamengo 5 x 0 Madureira (01.11.1954), Estadual,  no  Maracanã. Dida (4) – Flamengo 5 x 2 Canto do Rio (30.11.1955) Estadual, no Estádio Martins, em Niterói; (4), em Flamengo 4 x 1 América-RJ (04.04.1956) Estadual, no Maracanã; (4) em Flamengo 9 x 0 Combinado de Umea-SUE (29. 05.1956), amistoso, em Umea; (4) em Flamengo 8 x 0 Malmoe-SUE (08.05.62), amistoso, em Maolmoe.

Henrique Frade (4) – Flamengo 12 x 1 Brann-NOR (07.06.1956), amistoso, em Bergen-NOR; (4) em Flamengo 7 x 0 Carlos Renaux-SC (01.06.1961), amistoso, no Estádio Augusto Bauer,  em Brusque-SC, e (4), em Flamengo 6 x 3 Palmeiras (23.03.1958), pelo Torneio Rio-São Paulo, no Maracanã.) 

TRÊS GOLS - EM um mesmo “match”, o Flamengo teve vários “matadores”, que fizeram isso por várias vezes, como Leônidas da Silva, Pirillo, Perácio, Dida, Zizinho, Jair Rosa Pinto, Caxambu, Gonzalez, Nandinho, Vevé, Vicente,  Tião,  Vaguinho, Esquerdinha e Moacir, entre outros. O rei desse quesito, porém, é Jarbas Baptista, nascido em Campos-RJ, em 5 de setembro de 1913, e flamenguista entre 1931 a 1946. Em 371 jogos, com 218 vitórias, 62 empates e 97 quedas, ele marcou 141 gols, sendo oito em um mesmo pega.  ..                                               

 

   

                                      TERCEIRA MAIOR GOLEAEDA

 

Entre as três maiores goleadas mandadas por times flamenguistas, a terceira com o maior número de gols aconteceu durante a gestão de Gilberto Cardoso: 13 x 2 Seleção de São Lourenço-MG. 

Era o jogo 1.239 da  história rubro-negra e a rapaziada disputava um amistoso, em 15 de abril de 1951, por gramados mineiros. Índio (4), Hermes (3), Adãozinho (3), Esquerdinha (2) e Nestor foram os impiedosos do dia, a mando do treinador Flávio Costa, que escalou: Garcia (Cláudio); Biguá (Juvenal) e Pavão (Almir); Bria, Dequinha (Válter) e Bigode; Nestor (Aloísio), Hermes, Adãozinho, Índio e Esquerdinha.

  Embora o time do interior mineiro não representasse nenhuma ameaça para os visitantes, a elástica goleada não poderia ser desprezada, tendo em vista que a rapaziada vinha de 6 x 3 Internacional-RS, amistosamente (07.04), no Maracanã, e, após passar por São Lourenço, mandara 5 x 1 Rio Branco (28.04) e 6 x 0 Goytacaz (29.04), ambos de Campos-RJ e fora de casa, igualmente, amistosos. Logo, o “Fla-Gilberto” não perdoava os “pequenos” desafiantes.

 Vale lembrar, ainda, que os inícios da temporada-1951 mostrava um Flamengo com muita sede de rede, vencedor de oito dos seus 15 compromissos, entre os quais os respeitados 5 x 2 Fluminense, pelo Campeonato Carioca;  5 x 2 Portuguesa de Desportos; 2 x 1 América-RJ e 4 x 2 São Paulo, estes três valendo pelo Torneio Rio-São Paulo – empatou três e caiu em quatro oportunidades.

 Com 61 bolas no filó e 35 entradas, o saldo credenciava o time a ter reconhecida as balaiadas pra cima de pequenos desafiantes, o que a torcida rubro-negra não discutia, pois, para ela, o que valia era o anotado no “caderninho”, que ficaria para a posteridade, como as outras pancadas maiorais - 16 x 2 e 14 X 0 Mangueira, respectivamente,  em 3 de maio e 8 de setembro de 1912, ambas pelo Estadual.       

Um dos destaques da balaiada sobre o time de São Lourenço, o gaúcho, de Porto Alegre,  Adão Nunes Dornelles – 02.04.1925 a 06.08.1991 – está na galeria dos grandes atacantes rubro-negros. Chegou ao Flamengo, em 1951 e foi embora em 1953, deixando 49 gols - 16 deles em 1952 -, em um total de 104 partidas. Pena que não viveu  a glória maior da rapaziada do período, o tri da turma de Gilberto Cardoso-1953/5455.

Adãozinho foi cria, em 1938, de um time amador porto-alegrense de nome incomum,  Diário Oficial FC. Em 1943, foi aspirante do Internacional e titular a partir de 1944, fase do "Rolo Compressor Colorado”, uma das maiores formações do clube e quando o multimídia Ary Barroso o chamou por “atacante satânico".

Deveria ser mesmo, pois disputou trinta “Gre-Nal” (Grêmio x Internacional), o maior clássico gaúcho e um dos maiores do Brasil,  vencendo 19 e marcando 16 gols. Campeão estadual gaúcho e municipal porto-aletrense-1944/45/47/48/50, esteve convocado para selecionados brasileiros, entre 1947 e 1950, tendo disputado três jogos, com uma vitória, um empate e uma derrota, sem marcar gols.      

 

                            PRIMEIRA EXCURSÃO À EUROPA-1951

 

Os brasileiro enfrentam times europeus desde 1908, quando houve Fluminense  0 x 4 Percy Acott, no 6 de dezembro,  no carioca estádio das Laranjeiras. Por aquele tempo, o futebol brasileiro ainda era fraco. Tanto que, em 1910, em sua segunda aventura contra a moçada do outro lado do Atlântico (e, novamente, inglêses),  o placar foi  Flu 1 x 10 Corintians Casuals, em 24 de agosto.

 Em 1914, o  Corinthians  tornou-se segundo brazuca a desafiar europeus, daquela vez italianos. Levou 0 x 3 Torino, em 15 de agosto, no já demolido estádio do Parque Antártica, em São Paulo.

Próximo da fila, o Vasco da Gama que, em 22 de julho de 1928, em São Januário, ficou no 1 x 1 Sporting, de Portugal.

 Passadas 21 temporadas, finalmente, uma vitória verde-e-amarela: Atlético-MG  3  x 1 Victória  de Setúbal, no estádio Antônio Carlos, de Belo Horizonte, em 1º de setembro de 1929. E, fechando o grupo da primeira meia-duzia de desafios a times europeus,  em  14 de julho de 1929, no estádio Paletra Itália, em São Paulo, anotou-se Palmeiras  5 x 2 Ferencvaros, da Hungria – todos este jogos foram amistgosos.

 De outra parte, só a partir de 1925, começando pelo  Clube Athlético Paulistano, os times brazucas foram à casa dos europeus. Em 10 jogos,  entre França, Portugal e Suíça, o time paulista obteve nove vitórias e escorregou em só uma refrega.

 Mais uma vez, o próximo da fila foi o Vasco da Gama, em 1931, com 12 jogos – 8 vitórias,  1 empate e 3 derrotas – por campos da Espanha e de Portugal.  Enquanto isso, a Seleção Brasileira só havia aparecido pela Europa, em 1934, para a Copa do Mundo, na Itália, quando levou 1 x 3 Espanha, em Gênova, e 4 x 8, Iugoslávia, amistosamente, em Belgrado. Depois, excursionou por lá, em 1956, venceu três, empatou duas e perdeu outraso duas partidas.

De sua parte, o Flamengo, quando foi à Europa, pela primeria vez,  encantou. Foi em 1951, enviado pelo presidente Gilberto Cardoso, aceitando convite do clube sueco AIK. Os  rubro-negros venceram os 10 jogos disputados, marcando 34 gols e levando apenas quatro.

 A delegação rubro-negra desembarcou, em Estocolmo, a capital sueca, em 9 de maio. No dia seguinte, treinou, no estádio Rasunda, sob a curiosidade de centenas de pessoas, entre jornalistas, fotógrafos, dirigentes de clubes e torcedores.  No dia 16, dirigido pelo treinador Flávio Copsta, estreou, no estádio de Solna, subúrbio da capital, lotado.

 Foi o jogo 1.243 da história flamenguista, sob apito do local Ivan Eklind, e teve vitória do time de Gilberto Cardoso, por 1 x 0 Malmoe, com gol marcado por Esquerdinha, aos 60 minutos – Garcia, Biguá e Pavão; Bria, Válter e Bigode; Nestor, Hermes, Adãozinho, Índio (Aloísio) e Esquerdinha foi o primeiro Flamengo a rolar a bola por gamados europeus.

Quatro dias depois, a rapaziada excedeu: 6 x 1 AIK, em Estocolmo,  mantendo-se Ivan Eklind apitador. Hermes (3), Índio, Adãozinho e Esquerdinha bateram na rede, com o time mantendo a formação da estreia, mas com Dequinha substituindo Bria, no decorrer da partida.              

 O sucesso da moçada levou o Malmoe a pedir revanche. O Flamengo aceitou e foi ao gramado do estádio daquela cidade, da região de Gotalândia, na província de Escânia, do condado do mesmo nome.  Daquela vez, em 23 de maio, Nestor marcou os gols dos 2 x 0, Ivan Ekling seguiu árbitro e, das formações anteriores, a única mudança foi  Dequinha barrando Bria.

 Com três vitórias, nove gols pró e  dois contra, o Flamengo foi desafiado pelo Combinado do Norte da Suécia. O jogo estve duro, no estádio Sundval, apitado Lennart Nyhlen, mas a rapaziada fez 2 x 1, com gols por Índio e, supreendentemente, o zagueiro Pavão. O time foi o mesmo da partida anterior.

  A partida seguinte, no primeiro de junho, valeu a Elfsborg Cup, primeiro caneco carregado pelos rubro-negros de território europeu. Jogada em Boras, da região, também, de Gotolândia, mas da província da Västergötland, no condado de Västra Götland, a partida teve Flamengo 3 x 0 Elfsborg, com tentos marcados por Nestor, Hermes e Larsson (contra). Gosta Lindeberg apitou  e a única modificação rubro-negra de um jogo para o outro foi Aloísio substituindo Hermres, durante o prélio.

  Cinco jogos, cinco vitórias, 14 gols pró e dois contra. O cartel estava ótimo. Despertou o interesse dos dinamarqueses, que formaram um combinado na capital deles, Copenhague, para levarem 2 x 0, no 5 de junho, sob arbitragem de Gunnar Dahlner. Adãozinho e Esquerdinha marcaram os gols do time não mexido, por Flávio Costa, em relação à últgima disputa.

 Em 8 de junho, o Flamengo voltou à Suécia, para escrever  2 x 0 Halmia, no estádio de Halmstad, cidade portuária da costa oeste sueca, ainda da região da Gotalândia, na província de Halland, condado do mesmo nome. Índio e Adãozinho marcaram os gols, e Flávio Costa, durante a partida, trocou Válter, por Dequinha, e Nestor, por Aloísio. Mantinha um quse imutável time-base. A arbitragem foi do sueco Svard.

 Em 10 de junho, o Flamengo despediu-se dos suecos, goleando o Norkopping: 6 x 0, na cidade com mesmo nome do time, coim o árbitro Olle Bjork abusando de autorizar ressaídas de jogo, por conta dos tentgos rubro-negros por  Esquqerdinha (3), Índio (2) e Hermes.

Como pouquíssimo mexia no time, Flávio Costa escalou: Garcia, Biguá e Pavão; Válter, Dequinha e Bigode; Aloísio, Hermes, Índio, Adãozinho e Esquerdinha.

Em 13 de junho, o Flamengo disputou a penúltima partida do giro europeu, mandando nova goleada: 5 x 1 Racing Paris, com Hermes (2), Adãozinho (2) e Esquerdinha (2) sendo os impiedosos artilheiros, no parisiense Estádio Parc des Princes. Em relação à partida passada, só Nestor mudou a cara do time, em lugar de Aloísio.

 Finalmente, no 17 de junho, os rubro-negros encerraram a excursão, com 3 x 0 Belenenses, no estádio português do Restelo, em Lisboa, que teve visitas às redes por parte de Índio, Hermes e Aloísio.  O último Flamengo da excurtsão teve: Garcia, Buguá e Pavão; Válter, Dequinha e Bigode; Nestor (Aloísio), Hermes, Adãozinho, Índio e Esquredinha.                    

Foram 32 gols, em 10 jogos vitoriosos, buscando só quatro bolas no fundo das redes. Esquerdinha (8),  Hermes (7) e Índio (6) foram os principais goleadores.

 

 

                                             GILBERTO 40 GRAUS


 Com as festas de final de 1954 encerradas, no Rio de Janeiro, a torcida do Flamengo só tinha em mente chegar ao bicampeonato estadual. Afinal, com 10 vitórias e um empate, no primeiro turno, além de mais seis triunfos (só uma escorregada) no segundo, o entusiasmo do presidente Gilberto Cardoso, por nova carregada do caneco, era enorme.

 A disputa, em dois turnos, com 11 times, e um de seis, fervia. Chegada a tarde supercalorenta do domingo 9 de janeiro de 1951, com o torneio invadindo a temporada seguinte,  86.379 torcedores chegavam ao Maracanã, pegavam lugar em filas enormes e todos se abandavam desesperadamente contra o clima insuportável. Na tribuna de hora, Gilberto Cardoso sofria tanto quanto os torcedores rubro-negros castigados pelo supercalor. Todos davam tudo por uma vitória sobre o maior rival. Mês de janeiro, no Ro de Janeiro, não era fácil.

 Quando o trinador Fleitas Solich madnodou a sua rapaziada para o gramado,  Gilberto Cardoso sentiu pena dela, Correr atrás de uma boola, naquele momento,  com o termômetro tinindo, só mesmo muito heroísmo.  Mesmo assim, não perdia a fé em sua rapaziada.

O árbitro alemão Josef Gulden apitou e  Gilberto Cardoso pediu proteção ao céu pelos próximos 90 minutos da desgastante vida que os seus meninos encarariam  - Garcia, Tomires e Pavão; Jadir, Dequinha e Jordan; Joel, Rubens, Índio, Benitez e Evaristo. Como o Flamengo tentava alargar a sua vantagem na tabela classificatória, Gilberto esperava um Vasco da Gama mais combativo. Mas o que ele viu foi a sua turma se superando e superando o calor, até mesmo quando perdeu a força do ponteiro Joel Martins.

 Inacreditavelmente, para a sua torcida, o Almirante deixava  seus ofensivos Vavá e Alvinho recuados, mesmo vendo o Fla sem a força de Joel, e mantinha só Sabará e Pinga na frente, esquecendo de mandar pra lá o paraguaio e também ofensivo  Sílvio Parodi.  E a tarde do 9 de janeiro de 1955 chego ao final, no Maraca, com Gilberto Cardoso e os seus colegas de diretoria encharcados de suor, mas comemorando um 0 x 0 muito mais favorável ao seu time. Dali a duas rodadas o seu time conquistaria o returno, com uma vitória e mesmo uma escorregada.

Foram cinco rodadas de expectativa, com Gilberto sofrendo com o calor, mas, mas vendo o seu time chegar ao título do terceiro turno, com, daquela vez mandando  2 x 1 Vasco da Gama, na penúltima rodada, em 12.02. Por fim, no 27 de fevereiro, com 5 x 1 Bangu, não haveria mais super-calor que incomodasse Gilberto Cardoso. O Maracxanã que virasse bicas!      

      

                                     FLACAÇAPADAS x  VSC

                                                            25.01.2021

                                                                                                                               

 Na rivalidade Vasco x Flamengo, iniciada em 1923, nada mais prazeroso do que ser campeão em cima do rivalaço.

  

Neste quesito, os flamenguistas anotam duas grandes cartadas no caderninho.

 A primeira aconteceu no 10 de janeiro de 1954, em um domingo com o torcedor agitando e transpirando emoção em um Maracanã que arrecadou a fabulosa quantia (para a época) de Cr$ 2 milhões, 108 mil, 312 cruzeiros e 20 centavos, pagos por mais de 100 mil almas. Ainda valia pela temporadas-1953 e o grupo montado pelo presidente Gilberto Cardoso (foto/D ao lado do técnico Fleitas Solich) tentava o título que não saía há nove disputas. Naquela tarde, o Flamengo não só o conseguiu, como o antecipou, a uma semana do final do torneio, goleando o Vasco da Gama, por 4 x 1; a segunda epopeia está anotada no 12 de fevereiro de 1955,  com 2 x 1 Vasco e mais um título conquistado a uma rodada do encerramento da competição, igualmente valendo pelo torneio do ano anterior.

Em 1954, foi o primeiro título rubro-negro na Era Maracanã, que já tivera o rival sorrindo por ali, em 1951 - pelo Estadual-1950, em 28 de janeiro de 1951, atrasadamente, devido a Copa do Mundo-1950 – e em 21 de janeiro de 1953, alusivo a 1952. Era pra o Flamengo comemorar mais do que muito, pois a campanha fora dificílimo, tendo disputado três turnos, o terceiro contra os seis times mais fortes dos dois anteriores. Ainda mais porque a sua rapaziada não havia conseguido vencer o Vasco da Gama nos dois turnos anteriores, quando ficaram nos mesmos 3 x 3 de 29 de setembro e de 25 de outubro. 

Treinado pelo paraguaio Fleitas Solich, o time rubro-negro mandou o maior rival buscar a bola no fundo da rede, aos 12 minutos, por Esquerdinha, em chute desviado pelo lateral-esquerdo  vascaíno Jorge Sacramento, mas com o juiz  Harry Hartless desconsiderando isso. Aos 32, Índio aumentou e, aos 45, Benitez escreveu 3 x 0 no placar. Virar o primeiro tempo com tamanha vantagem, era pra Giberto Cardoso e toda a sua diretoria acender o charuto e começar a comemorar. Ademir Menezes, reduziu, para 1 x 3, aos 15 do segundo tempo, mas Benitez, cobrando pênalti, aos 44, fechou a conta dos 4 x 1 indiscutíveis, mandados por: Garcia, Marinho e Pavão; Servílio, Dequinha e Jordan; Joel Martins, Rubens, Índio, Benitez e Esquerdinha – na última rodada,  Fla 1 x 0 Botafogo, fechando  temporada com 21 vitórias, quatro empates e duas derrotas.

No 12 de fevereiro de 1955 (não esqueça que valeu pelo campeonato de 1954), o Flamengo precisou virar o placar, aberto por Ademir Menezes, aos 18 minutos, para ser o campeão, antecipadamente -  Índio empatou, aos, aos 39 da mesma etapa, e Paulinho, virou, aos 22 do segundo tempo. Aquele clássico da penúltima rodada do Campeonato Carioca foi apitado por Antônio Viug e teve este Flamengo em campo:  Garcia, Tomires e Pavão; Servílio, Dequinha e Jordan; Paulinho, Rubens, Índio, Benitez e Evaristo.

Para o presidente Gilberto Cardoso, além de vencer o grande rival Vasco da Gama e antecipara mais uma conquista, era a confirmação da superioridade técnica do seu clube sobre o rival - 2 x 1, em 17.10.1954 e 0 x 0, em 09.01.1955, nos dois turnos anteriores. Portanto, duas vitórias em situações iguais, no fechamento de duas temporadas, agora dentro de um cartel de 20 triunfos, cinco empates e duas quedas.  

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                              OS HOMENS DO TRI DE GILBERTO

 

                                   OS GOLEIROS DO FLA TRI

                                    JBr de 25.09.2020 (sexta-feira)_

 

Durante a campanha do tricampeonato carioca-1953/54/55, o Flamengo montado pelo presidente Gilberto Cardoso  usou  quatro goleiros: Garcia, Chamorro, Ari e Aníbal. Os dois primeiros eram gringos, um paraguaio e o outro argentino, enquanto os outros dois brasileiríssimos.  

Garcia foi o mais escalado durante o tri,  pelo treinador e seu patrício paraguaio Fleitas Solich: 19 jogos durante o primeiro título, 27 no segundo e mais seis partidas do tri.

 Nascido em, Puerto Pinasco, no 22 de agosto de 1924, Sinforiano Garcia ele chamou a atenção do Flamengo durante Brasil 1 x 2 Paraguai, no carioca estádio  de São Januário, pelo Campeonato Sul-Americano-1949. Entre aquela temporada e a de 1958, ele totalizou 261 jogos rubro-negros, vencendo 157 vitórias, empatando 50 e ficando 54 vezes atrás no placar. Pela seleção paraguaia, foram 20 partidas, entre 1945 a 1949.

 Com boa estatura para um goleiro da época -1m82cm – ele demorou a ser um dos ídolos das torcida flamenguista, por conta de grave lesão, em uma das clavículas, sofrido durante amistoso, em 26 de abril daquele 1950 - Fla 2 x 0 Remo -, em Belém do Pará. Mas os trabalhos do médico Paulo de São Tiago o recuperaram, inteiramente.   

 Enquanto o paraguaio Garcia era o dono da camisa 1, durante a campanha de 1953 - encerrada em janeiro de 1954 -  o argentino Chamorro foi quem mais a usou na fase   começada em  1955 e encerrada em abril de 1956, totalizando 20 atuações (8 x 12).

Natural de Rosário, Eusébio Chamorro nasceu em 22 de novembro de 1925. Foi cria do Newells Old Boys, em 1943, tendo-o trocado, em 1951, pelo Boca Juniors. Cotado para a seleção argentina, embarcou em uma aventura na liga pirata da Colômbia, motivo pelo qual foi púnido e passou sete meses esperando por uma anistia, em 1952.

 Chamorro media 1m79cm  e esteve  flamenguista, entre 1953 a 1956, por 55 compromissos, com 32 vitórias, 12 empates e 11 derrotas.

 Dos quatro arqueiros, como a imprensa cinquentista os chamavam, Ary era o mai baixo, medindo 1m73 cm, o que hoje seria inaceitável, pois os goleiros beiram os dois metros de altura.

 Quando era um peladeiro, em sua terra – Campos-RJ -, Ary jogava como centroavante. Mas gostavam também, de jogar no gol. E foi numa dessas que o árbitro Lino Machado o viu defendendo o Onze Cabuloso e o levou para o juvenil do Bonsucesso, em 1951. Sem demora, chegou ao time principal. Em 1955,  o Flamengo o tirou do clube rubro-anil.

Registado por Ary de Oliveira (seu “y” foi trocado pelo “ i”, pela imprensa), ele participou de três refregas da campanha do tri-1955, tendo sido, também, campeão na categoria aspirante.

Nascido carioca, em 27 de junho de 1932, Ari  esteve rubo-negro, de 1955 a 1957, anotando 59 vitórias, 11 igualdades e 18 choros depois das partidas.

 Assim como Ari, um outro que era centroavante  peladeiro chamava-se, Aníbal Saraiva Júnior.  Nascido carioca da Vila Isabel, defendia o Primor, do bairro de Ramos. Em 1949, foi para o juvenil do Olaria, que o viu ganhar a camisa de titular do time A, em 1951, para despertar as atenções flamenguista, em 1954.

 Aníbal, chegado ao planeta no 20 de outubro de 1932,  foi mais um carioca a ajudar o Fla a carregar caneco na fase Gilberto Cardoso.  Tinhatudo para ser campeão e titular em 1955, mas uma contusão, durante o treinamento, lhe fez perder a posição para Chamnrro. Entre 1955 a 1956, Aníbal disputou 23 partidas pelo time da Gávea, vencendo 16, empatando duas e perdendo cinco. Durante a campanha do tri,  atuou em 11 jogos, todos em 1955, medindo 1m75c m de altura – dificilmente, jogaria hoje debaixo do arco.   

 

                                             LINHA MÉDIA FAMOSA

 Pelo final da década-1950, o artista mineiro Alfredo Cesciatti, filho de italianos, nascido em Belo Horizonte e vivo entre 1918 a 1989, entregou ao Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, uma de suas principais criações, o Monumento aos Pracinhas que lutaram durante a II Guerra Mundial. Os representou por um marinheiro, um soldado e um aviador.

 Arte belíssima, aplaudidíssima. No entanto, os malandros trorcedores rubro-negros, rapidamente, apelidaram os três militares por Jadir, Dequinha e Jordan, que formavam uma respeitada linha média flamenguista, o que seria hoje uma esquematização tática com dois zagueiros e um lateral jogando defensivamente.

 Torcedores do Vasco da Gama (campeão carioca-1956/1958); do Botafogo (1957) e do Fluminense (1959) bobearam, deixando que os homenageados fossem atletas do maior rival, um trio que estave junto desde 1953, mas com Jadir só se tornando titular definitivo a partir de 1954, e assim ficando para a conquista do tri, em 1955, no grupo montado pelo presidente Gilberto Cadoso e trabalhado pelo treinador Fleitas Soliche. Quem eram aqueles guerereiros?

Jadir Egídio de Souza nasceu na capital paulista, em 9 de abril de 1930, e jogava pelo Paraguaçu, disputante do Campeonato da Segunda Divisão da Federação Paulista de Futebol. Levado para o Flamengo, em 1951, para substituir o ídolo Modesto Bria, ganhou a vaga de titular na temporada seguinte, mas a perdeu, devido fratura em uma das pernas, na véspera de partida contra o Botafogo. O infortúnio lhe fez participar só de oito dos 27 jogos do primeiro título do tri estadual rubro-negro, quando a linha média teve mais vezes Servílio, Dequinha e Jordan.

 No entanto, quando veio a campanha do bi, Jadir foi titular em 22 dos mesmos 27 compromissos, e na do tri atuou em 30 dos 28 prélios. Entre 1952 a 1962, zagueirou na defesa rubro-negra, por 472 jogos, com 270- vitórias, 91 empates e 101 derrotas. Chegou a fazere cinco gols.

 Marcador firme e muito eficiente nas bolas aéreas, media 1m75cm e jogava pesando 72 kg. Ddisputou seis jogos pela Seleção Brasileira, entre 1957 a 1961, vencendo cinco – 2 x 1 e  3 x 0 Portugal; 2 x 0 Argentina; 3 x 1 Bulgária; 3 x 2 Paraguai – e só perdendo um – 1 x 2 Argentina.

Além do tri estadual-1953 a 1955, o torcedor nunca o esquece em jornadas memoráveis, como do Torneio Início do Campeonato Carioca-1952; do Torneio Rio-São Paulo-1961;  do Torneio Octogonal de Verão do Uruguai-1961 e da Taça Magalhães Piuto-MG-1961Viveu até 1977.

Dequinha tinha por nome de registro José Mendonça dos Santos, segundo certidão de nascimento, datada de 19 de março de 1929, pelo cartório de Mossorá, no Rio Grande do Norte.     

Em 1946, ele começou a mostrar o seu veneno no futebol amador de sua cidade. Em 1947, já estava em um dos maiores clubes do seu Estado, o ABC, de Natal, ajudando-o a ser o campeão potiguaar da temporada. Em 1949, o pernambucano América, de Recife, foi busca-lo. Mas ficou com ele por pouco tempo, pois o Flamengo o carregou, em 1950, para ser um dos grandes astros do futebol brasileiro da década. Exibia estilo clássico, lances de virtuosismos.

Dequinha era baixinho - 1m67cm – e magro – 63 kg. Mas isso não o impediu de disputar oito partidas pela Seleção Brasileira, a qual ajudou a conquistar a Taça Bernardo O´Higgins-1955, contra os chilenos.  Totalizlou oito jogos canarinhos, entre 1955 e 1956,  com quatro vitórias, dois empates e duas derrotas: 2 x 0 Combinado Colombiano; 1 x 0 Ch.ile; 1 x 0 Paraguai; 3 x 2 Áustria; 3 x 2 Tchecoeslováquia; 0 x 3 Itália; 1 x 0 Turquia; 2 x 4 Inglaterra.                          

 Pelo Flamengo, Dequinha disputou 374 jogos, vencendo 234, empatando 20 e caindo em 70.  Marcou oito  gols. Era capaz de roubar a bola e passa-la com a mesma categoria, tendo sido o ponto de equilíbrio da linha média rubro-negra.  Pesquisadores registram mais de 20 títulos  em sua carreira, a maioria flamenguista por torneios rápidos, sendo 10 internacionais.  Incluem, também, os Estaduais-RJ deAspirantes-1955/1956 e fazem questão de citar o Torneio Gilberto Cardoso-1955, contra o Vasco da Gama e os argentinos Independiente e Racing.

 Um outro tri de Dequinha rolou, em -1970/71/72, por campeonatos sergipano, dirigindo o Sergipe Esporte Clube. Treinou, ainda, Desportiva Ferroviária-ES, Uberaba-MG, Comercial, de Ribeirão Preto-SP, Itabaiana-SE e Confiança-SE. Viveu até 23 de julho de 1997.     

Jordan  da Costa não foi só atleta do Flamengo, mas um torcedor apaixonado. Rejeitou várias propostas quando se destacava pelo São Cristóvão, que o revelou, como juvenil, em 1949, por desejar vestir a camisa clube do coração, pelo qual disputou 352 jogos, com 104 vitórias, 104 empates, 133 derrotas  e três gols na conta.

 Em quase 12 temporadas de carreira, Jordan jamais foi expulso de campo e, ainda, era considerado um dos melhoras marcadores do  botafoguense Garrincha, que desmoralizava laterais.

Carioca, nascido em 24 de novembro de 1932, tinha 1m71cm de altura, jogava pesando 72 kg  e viveu até 17de fevereiro de 2012. Totalizou 589 jogos flamenguistas, entre 1952 a 1963, e  tendo ajudado a levar títulos importantes para a Gávea, além do  tri cariooca-1953/54/55, como os dos Torneio Início-1952 e 1959; Rio-São Paulo-1961 e dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo-1965.

 Foi o único da linha média flamenguista a não defender a Seleção Brasileira, embora tenha sido convocado disputar a Taça Oswaldo Cruz, em novembro de 1955, contra o Paraguai. Media 1m71cm e jogava pesando 72kg. Durante a campanha do tri carioca, atuou em todos os 27 jogos de 1953; em 25 dos 27 de 1954 e em todos os 30 de 1955.

 

                                         

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                            O FLA-FLU QUE VALIA VICE

 

No futebol brasileiro, segundo e último colocado são a mesma coisa. Nenhum clube vai a uma disputa pensando em sair vice-campeão.

 Mas não foi que os cartolas da carioca Federação Metropolitana de Futebol fizeram isso, em 1953? Armaram um campeonato estadual, de três turnos, com  a brasa ardendo mesmo só a partir da segunda fase, que classificaria seis times para um turno final. Quem pontuasse mais nesse returno já teria à  disposição o título de vice-campeão da temporada. Quer dizer: se perdesse a melhor de três, contra o campeão do sextagonal, teria consolo garantido.

 Pra a revista semanal carioca O Cruzeiro, seria “um primeiro turno desinteressante,  falta de bom senso dos organizadores, com a etapa só servindo para esgotar os atletas convocados para os treinos das Seleção Brasileira que disputaria a Copa do Mundo de 1954” – na Suíça. 

 Ainda bem que o Flamengo montado pelo presidente Gilberto Cardoso impediu que a maluquice entrasse para a história, vencendo os dois turnos finais e dispensando melhor de três.

A derradeira rodada do segundo turno seria no 6 de dezembro, com o Fluminense indo a campo com sete e o Flamengo oito pontos perdidos (critério da época). Após o clássico, O Cruzeiro estampou na manchete de sua edição de 19 de dezembro: “Um Fla-Flu que valeu título” – Flamengo, 2 x 1 - abaixo, em caixa alta. A cobertura mereceu três páginas escritas pelo repórter Mário de Moraes, ilustradas por fotos de Indalécio Wanderley e de Luciano Carneiro.

 Quis o destino que o Fla-Flu que valia vice-campeonato fosse um dos mais emocionantes dessa história incida em 1912. Muito mais por conta da subida de produção dos rubro-negros, que haviam sido um vexame na etapa inicial, perdendo do mesmo Flu e do Botafogo, e empatando com Vasco da Gama - e até com o São Cristóvão. No returno, no entanto, saíram vencendo geral. Só pararam nos empates com Vasco e Botafogo.

 Com tantas vitórias – quatro goleando Bangu (7 x 2), Portuguesa e Madureira (ambas por 5 x 0) e São Cristóvão (4 x 0) -, a torcida flamenguista fez do Campeonato Carioca-1953 o de maior público – 2. 456.678 - desde a inauguração do Maracanã, em 1950, o que só foi superado, em 1976, com mais de três milhões de pagantes.

 O Fla-Flu que valia vice teve  122.434 presentes, dos quais 101. 217 compraram ingressos. Público maior só em dois jogos contra o Vasco da Gama – 20.09.1953 (3 x 3), com 122.786 presentes e 1000.222 pagantes, e em 10.01.1954 (disputas estavam atrasadas), com Fla (4 x 1) ficando campeão a uma rodada do final, diante de 132.508 desportistas, dos quais 121.007 pagaram pra ver.

 Mesmo com  o encontro de rubro-negros e tricolores, no primeiro turno, pouco valendo, a não ser o orgulho de não perder do rival (Flu 3 x 2), uma multidão -  116.266 mil presentes e 103.132 pagantes correu para o Maracanã. No turno final (Fla 2 x 1), porém, pintou menos gente -  96.064, com as carteiradas, e 84.209 na pagança.

 O surpreendente clássico em que o Fla saiu vice e, pouco depois, unificaria os títulos, teve arbitragem por Mario Vianna e vitória flamenguista (2 x 1), de virada, com Marinho marcando para o Fluminense, e Índio e Rubens para os vencedores, que foram: Garcia, Marinho e Pavão; Servílio, Dequinha e Jordan; Joel, Rubens, Índio, Benitez e Esquerdinha. O Fluminense t

 Era a 16ª vez, naquele Campeonato Carioca – total e 21 vitórias -, em que o presidente Gilberto Cardoso recebia tapinhas nas costas mandados pelos mesmos cartolas que o pressionavam para demitir Fleitas  Solich, durante o turno inicial, quando o paraguaio ainda não havia acertado a equipe.    

 

                     

                                      A DURISSIMA CAMPANHA DO TRI

  Nada melhor para o torcedor do que uma competição com dois, três times disputando, ferozmente, o caneco. Caso do Campeonato Carioca-1955, quando o coração de Gilberto Cardoso explodiu antes de ver o seu Flamengo tricampeão carioca, passando pela mais difícil das três conquistas.

Durante o primeiro turno, Gilberto via o seu time, como em uma corrida de turfe,  disputando cada páreo no corpo a corpo com o seu maior rival, o Vsco da Gama. Briga renhida, até a quinta rodada. Na sexta, o Fla perdeu o Vasco venceu e,uma semana depois,  piorou a situação do rival, mandando-o para a terceira colocação, a três pontos de distância, enquanto o Flu ficava o novo vice-líder.

Gilberto Cardoso confiava em sua rapaziada. Sabia que tinha forças para reagir. E reagiu diante das bobeadas de vascaínos e tricolores. O Fla não só voltara a vencer, como chegara ao título da etapa – Flamengo 3 x 0 Canto do Rio; 5 x 2 Madureira; 4 x 1 Bonsucesso; 5 x 1 Portuguesa; 1 x 0 Botafogo;  1 x 2 Fluminense; 5 x 0 Olaria;  0 x 3 Vasco da Gama; 2 x 1 América; 4 x 0 São Cristóvão; 2 x 0 Bang foram os seus resulados.

 O returno veio com um Flamego marcando sete gols, em dois jogos invictos – durante o turno, fizera oito, na mesma quantidade de de compromissos. Gilberto Cardoso imaginava já ter visto aquele filme. Mas o destino veioa lhe pregar uma peça. Após duas vitórias na nova etapa, seu corção não permitiu-lhe ver a terceira, uma goleada, pelo mesmo placar do jogo anterior. Cinco dias antes parara de bater. Seus rapazes, no entanto, firmaram o pacto de lhe darem o tri, e cumpriram, sob a presidência de José Alves de Morais  – Flamengo 2 x 1 São Cristóvão; 5 x 2 Madureira; 5 x 2 Canto do Rio; 4 x 1 América; 2 x 3 Olaria; 6 x 1 Fluminense; 2 x 2 Bangu; 6 x 0 Portuguesa; 1x 1 Vasco; 4 x 0 Bonsucesso; 2 x 1 Botafogo foram os plcares.

  O Estadual-1955 teve dois turnos para 12 times, além de um terceiro entre os seis melhores das etapas anteriores. Como já tinha duas faturas na conta e perdera três jogos da terceira fase, o Fla ficou de olho nas finais, pronto para dar o bote fatal em quem pegasse pela frente. O currículo de 1 x 3 América; 4 x 3 Bangu; 2 x 3 Fluminense; 2 x 0 Bonsucesso; 1 x 2 Vasco era decepcionante. Melhor, investir para o futuro.

 Como Vasco e Fluminense não deram conta irem à terceira fase, o América, que subiu de produção a partir da reta de chegada da segunda etapa, pontuando mais do que os dois fortes concorretes, foi para  três jogos decisivos com o Fla, que mandou-lhe 1 x 0 e 4 x 1, enquanto os “diabinhos” lavaram a honra, com 5 x 1 no segundo duelo as finais.

 Foi um campeonato disputadíssmo. No somatório geral dos dois prmeiros turnos, o Fla fez só um ponto a mais do que o Vasco: 36 x 35. No terceiro, o América, com nove, distanciou-se dois pontos de Vasco e Flu, e cinco do Fla. No geral, Fla 44; Vasco 42; América 40 e Flu 37.  Embora tivesse pontuado menos do que os cruzmaltinos, os americanos ficaram vices por contada de artimanhas de regulamentos. 

 

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                                         A GOLEADA DO TRI

 

  Flamengo 2 x 1 América (16.10.1955); Flamengo 4 x 1(04.12.1955) e Flamengo 1 x 3 América (19.02,1956)  haviam sido os placares dos jogos entre os dois clubes pelos três turnos disputados do Campeonato Carioca-1955, que invadira a temporada seguinte.

 Com o seu time somando uma vitória a mais e marcando 7 x 5 na soma dos tentos, o presidente Gilberto Cardoso acreditava muito no tri. Mas sem fanatismos.

 Na tarde do domingo 25 de março de 1956, os rubro-negros chegaram ao Maracanã confiantes, mantendo o bom senso e nunca extrapolando otimismos. Afinal, o adversário da melhor de três, o América, era valoroso – 4 x 0  e 5 x 1 Fluminense; 3 x 1 e 4 x 1 Botafogo; 6 x 0 São Cristóvão; 4 x 0 e 4 x 2 Madureira; 3 x 0 Olaria e 5 x 3 Bangu haviam sido os seus melhores resultados nos dois turnos anteriores - e denotava ser concorrente preocupante – e foi!

Assim que o árbitro Frederico Lopes – foi considerado regular - apitou início de decisão, a alma de Gilberto Cardoso viu-se assistindo “jogo renhidíssimo, disputado palmo a palmo,  deixando os nervos da torcida em constante excitação”, como observou a semanária carioca Esporte Ilustra  Nº 941, de 19.054.1956. Com o tempo passando e o placar sem movimentação, ele via os minutos finais se aproximando já admitindo o empate naquele primeiro jogo decisivo. Mas, a um minto do apito final, Evaristo surpreendeu o goleiro americano Pompéia, com um chute da entrada da área. Se estivesse vivo, ao ver a bola balançando a rede, Gilberto não seguraria a emoção, pela vitória conquistada por:   Chamorro, Tomires e Pavão;  Jadir, Dequinha e Jordan; Joel, Duca, Paulinho, Evaristo e Zagallo, comandados pelo treinador paraguaio Fleitas Solich.

Dias depois, era o primeiro de abril e aquele tornou-se um autêntico Dia da Mentira para os torcedores rubro-negros, que esperavam sair do Maraca – após o apito final de Mário Vianna - comemorando um tricampeonato que só acontecera em 1942/43/44. Eles, porém, sabiam que não seria nada fácil. Gilberto Cardoso, em vida terrestres, jamais deixara de reconhecer a pujança demonstrada pelo América, no domingo anterior, e concordaria com Esporte Ilustrado quando este escreveu que os americanos “...atuando com acerto desbarataram por completo a defensiva rubro-negra”. Concordou, também, com mais isso contado pela semanária: “... enquanto o ataque rubro...fazia alarde de grande podre de penetração e de extraordinária visão de goal,  o do Flamengo inteiramente desentrosado parecia impotente para vencer a sóbria barreira que é a defesa americana”.   

Mesmo com o Flamengo goleado, por 1 x 5,  os rapazes de Gilberto Cardoso – os mesmos do 1 x 0 – seguiam com inteira confiança de conquistar o título para o grande chefe que partira. E se prepararam para a noite do quatro der abril de 1956, a da chamada negra - que terminou, predominantemente, rubro-negra.

Onde estivesse, o espírito de Gilberto Cardoso torcia, fervorosamente, para que o seu Flamengo conseguisse, ao menos, o empate em uma eventual prorrogação naquele terceiro jogo, pois ficaria com o titulo, por ter vencido os dois primeiros turnos. Para  isso, Fleitas Solich fez duas modificações táticas em seu time, trocando Jadir e Paulinho, por Servílio e Dida, o primeiro para tomar conta do impetuoso atacante americano Leônidas. Acerto, na mosca e, principalmente, no caso do alagoano Dida, jovem arisco e rompedor, que marcou três dos quatro tentos de Fla 4 x 1. O América chorou ter perdido o atacante Alarcon, machucado, pelos inicios da partida. Realmente,  lhe custou caro e colaborou demais para ter levado 0 x 2 desestabilizantes, no primeiro tempo do jogo apitado por Mário Vianna e que rendeu Cr$ 2 milhões, 492 mil, 334 cruzeiros e 40 centavos,  grande soma para a época.

 Além das três balançadas de redes por Dida, o americano Edson fez um gol contra e os tricampeões ficaram sendo: Chamorro, Tomires e Pavão; Servílio, Dequinha e Jordan; Joel, Duca, Dida , Evaristo e Zagallo.

 Jogo encerrado, titulo no papo, a torcida rubro-negra foi prestar homenagem ao presidente Gilberto Cardoso, junto à sua última morada.Para o colunista Nélson Rodrigues, considerado um dos principais - também, teatrólogo -, havia uma explicação esquisita para o título carioca de 1955 ter terminado daquela forma. Segundo ele, por culpa do próprio América que tentar desmanchar o Flamengo durante o jogo dos 5 x 1. Para ele, “certos escore são proibitivos” e goleadas promovem quem ganha e perde. Para justificar-se, Nélson voltou a Brasil 6 x 1 Espanha, da Copa do Mundo-1950, no Maracanã. Entendia que havíamos vencido o adversário de forma quase imoral e que, se tivéssemos conquistado vitória sóbria, teríamos trucidado o Uruguai no 16 de julho, quando levamos 1 x 2, de virada.

Nélson Rodrigues admitia goleadas contra times fracos, jamais contra o Flamengo, por entender que escores altos geram grandes insatisfações. E defendia, por sua crônica, na semanária carioca Manchete Esportiva  (11.04.1956): “ O América deveria ter parado nos dois ou, no máximo, nos 3 x 1... não sossegou enquanto não viu o Flamengo arrasado... a depressão rubro-negra, naquele domingo, era um precário disfarce dos seus brios enfurecidos. E, ao sair de campo sob o impacto de tantos gols, sangrando de humilhação... já devia leva o estigma, ainda imponderável do tricampeonato. A tragédia do América foi ter dado ao rival...no penúltimo momento, o incentivo final e decisivo”.                 

 Nélson Rodrigues viu, ainda, um inevitável “desarmamento interior” do América diante do Flamengo: “... há de ter experimentado (nos 5 x 1) um sincero ... espanto diante daquela rajada de gols. E, no entanto, não cabia o seu assombro – perdera o campeonato quatro dias antes (do 04.04.1956)”.

 E finaliza a crônica recomendando ao Flamengo “sempre ter pela frente adversário que o goleasse (por 5 x 1), o maior número possível de vezes. E, assim espicaçado, sendo transfigurado, acabaria sendo tricampeão todos os anos”.  

 Crônica muito filosófica, é verdade. Será que um flamenguista máximo, como o presidente Gilberto Cardoso, concordaria com ela? Afinal, ele fazia de tudo para ter, sempre, o seu Flamengo vencendo na bola e na hora. Sem voltas filosóficas.   

 

 

 

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                                               SALA DE TROFÉUS

 

O Flamengo tornou-se o clube com o maior número de torcedores neste planeta – diz que tem mais de 40 milhões -, por meio do futebol. Mas foi pelo remo que tudo começou. Mais precisamente, em novembro de 1895, quando seis garotões remadores - Nestor de Barros, Jose Agostinho Pereira da Cunha, Augusto Silveira, Mario Espínola, Jose Felix da Cunha Meneses e Felisberto Laport – projetaram formar grupo para disputar regatas, durante manhãs de domingos, com a rapaziada dos bairros cariocas.

Esta história começou no Café Lamas, no carioca Largo do Machado, onde a rapaziada decidiu meter a mão no bolso e comprar um barco. Juntou-se  400 réis adquiriu-se um  uma velha embarcação que foi batizada por "Pherusa", mas, de  tão velha que era, precisou de reformas. Pra nada, pois terminou quase engolida por uma tempestade e, depois, foi carregada por ladrões que sumiram com que deveria escrever a primeira parte  da histórias dos confrontos flamenguistas.

Fazer o quê? Comprar um novo barco, evidentemente. O proprietário de um deles, Luciano Gray, venderia o seu, mas cobrando caro  - 500 réis – para entregar a Etoile, que teve a sua graça mudada para Scyra. Compra feita, a rapaziada reuniu mais chegadois e, no 17 de novembro daquele 1895, fundou o Grupo de Regatas do Flamego, o hoje Clube de regatas do Flamengo que, no entanto, lavrou a  certidão de nascimento datada de 15 de novembro, a mesma da proclamação da república brasileira.

Grupo montado e oficializado, braços fortes e vibrantes foram à luta, para a primeira grande participação da rapaziada rolar em uma regata oficial de 1897, promovida pelo Botafogo e a União de Regatas Fluminense. A primeira vitória flamenguista, porém, só pintou no 5 de julho de 1898, pelo torneio náutico do Brasil, e o primeiro caneco só foi para as prateleiras da rapaziada, em 1900, a Jarra Tropon, tirado de regata internacional comemorativa do IV Centenário do Descobrimento do Brasil. E, assim, se conta a história da primeira glória flamenguista - até 2008, o remo rendeu  43 medalhas de ouro, 126 de prata e 141 medalhas de bronze.  

O remo seguiu aprontando e, em 12 de maio de 1912 conquistou a sua primeira regata interestadual, saíndo no braço no paulistano Rio Tietê.  De 1916 a 1920, o Flamengo venceu todos os Campeonatos Cariocas que disputou. Depois, chegou a tri, de 1926 a 1928; hepta, de 1931 a 1937, e tetra, de 1940 a 1943, quando houve um recesso de títulos, até 1963.

 Foi a criação do Departamento de Futebol, em 1911, no entanto, que daria ao Flamengo o seu grande número de torcedores, maior do que a população de muitos países, estimado acima de 40 milhões de apaixonados.

 Até 1944, os rapazes haviam levado para o clube 10 taças do Campeonato Carioca - 1914, 1915, 1920, 1921, 1925, 1927, 1939, 1942, 1943 e 1944. Formaram um time de canecos (11), em 1953, quando Gilberto Cardoso assumiu a presidência rubro-negra. Pela mesma temporada, ele  criou um museu, na sede do Morro da Viúva, para organizar a história das conquistas do Flamengo. Para ele, história tão grande não poderia ficar espalhada por aqui e acolá.

  Hoje, pelo museu do Fla passam, centenas de visitantes semanais, visitando troféus como os do tri de Gilberto-1951/52/53; do Mundial Interclubes-1981; da Taça Libertadores-1981 e 2019;  de 36 Estaduais-RJ; do Torneio Rio-São Paulo-1961 (o Brasileiro da época) e  dos Brasileirões-1982/83/2009/2019, bem como o de muitos outras conquistados em torneios rápidos pelo país e o exterior – haja tempo pra ver tudo e reverenciar as glórias rubro-negras.     

 

                                        GILBERTO CARDOSO FILHO

 Se, filho de peixe, peixinho é,  Gilberto Cardoso Filho encarnou bem o ditado popular. Também, presidiu e foi campeão pelo Flamengo. No comando rubro-negro, esteve entre 1989 a 1990, quando os mandatos eram de duas temporadas, e de 8 de julho a 14 de outubro de 2002, segurando a barra devido ao afastamento de Edmundo Santos Silva.

O primeiro mandato do Gilbertinho foi de sucessos. A rapaziada entregou-lhe dois canecos, das Copas do Brasil e São Paulo Junior-1990, ambos representando a primeira conquista do clube nas respectivas competições. 

A Copa do Brasil estava sendo disputada pela segunda vez e o Fla saiu dela invicto, com seis vitórias e quatro empates, além de mostrar o ataque mais positivo, marcando 20 gols, à média de dois por jogo. Mostrou, então, que o Gilbertinho  sabia, como o pai,  montar grupo para vencer em casa e fora. Confira: 21.06 - 5 x 1 Capelense-AL (c); 05.07 – 4 x 0  Capelense (f); 10.07 – 2 x 0 Taguatinga-DF (c); 15.07 – 1 x 1 Taguatinga (f); 25.07 – 1 x 1 Bahia (f); 1 x 0 Bahia (Juiz de Fora-MG); 13.09 – 3 x 0 Náutico-PE (c); 16.10 – 2 x 2 Náutico-PE (f); 01.11 – 1 x 0 Goiás (Juiz de Fora) e 07.11 – 0 x 0 Goiás (f).  

 Para ser campeão, Cardoso Filho entregou a sua rapaziada ao treinador Jair Pereira, que disputou a finalíssima diante de 45.504 pagantes, no Estádio Serra Dourada, em Goiânia, escalando - Zé Carlos Araújo; Aílton, Vítor Hugo, Rogério Lourenço e Piá; Uidemar, Leovegildo Júnior, Zinho e Bobô (Nélio); Renato Portaluppi e Luís Carlos Tofolli, o Gaúcho, que cedeu vaga, no decorrer da partida, a Marcos Correia dos Santos, o Marquinhos – foi o time, que não pode ter na foto dos campeões o autor do gol do título (saído no jogo de ida), o zagueiro Fernando, expulso de campo, em Juiz de Fora. Nascido no Rio de Janeiro, em 25 de fevereiro de 1980, Fernando Santos, tinha ótima estatura para a sua posição, 1m91cm de altura, o eu lhe permitia ganhar a maioria das bolas aéreas em que intervinha.        

De outra parte, para ganhar a taça do futebol júnior, Gilberto Cardoso Filho confiou nos trabalhos técnicos de Ernesto Paulo, que revelou atletas que chegaram à Seleção Brasileira, casos do zagueiro Júnior Baiano, do atacante Paulo Nunes e dos meias-atacantes Marcelinho Carioca e Djalminha – todo o grupo teve: goleiro: Adriano; defensoresMário Carlos, Júnior Baiano, Tita, Piá, Rogério, Edmilson e Selé; meio-campistas: Marquinhos, Fabinho, Marcelinho Carioca, Luís Antônio, Fábio Augusto e Rodrigo Dias; atacantes: Djalminha, Paulo Nunes, Nélio e William.

 Concidentemente como na Copa do Brasil, o gol campeão foi marcado, também, por um zagueiro, Júnior Baiano, no 31 de janeiro, em Flamengo 1 x 0 Juventus-SP, com a decisão da chamada “Copinha” rolado no estádio do Pacaembu, da capital paulista, na 21 edição da festa da garotada. Júnior Baiano foi titular da zaga da Seleção Brasileira vice-campeã da Copa do Mundo-1990.

Confira a campanha:  1 x 1 Botafogo de Ribeirão Preto-SP; 1 x 0 Nacional; 2 x 0 Central Brasileira; 2 x 1 Criciúma e 0 x 0 Santos, com 5 x 4 nos pênaltis;  3 x 1 Tuna Luso-PA; 1 x 1 Portuguesa de Desportos, com 4 x 1 nos pênaltis; 1 x 2 Juventus; 7 x 1 Corinthians; 3 x 0 Internacional-RS e 1 x 0 Juventus.

Gilbertinho, que perdera a mãe desde um de vida, tinha 16 de idade e ouviu o jogo, em casa, pela Rádio Continental, não tendo podido acompanhar o pai devido ter provas finais, no Colégio São Bento, no dia seguinte. Cursava o quarto período do antigo curso ginasial e recebeu a noticia do infarto por intermédio de tias. Não consegui fazer as provas e caiu para um antigo processo chamado por “segunda época”, isto é, uma segunda chance de ser aprovado nos estudos do período.

O que aliviou mais a alma de Gilberto Cardoso filho foi ver milhares de pessoas – cerca de 50 mil - acompanhando o último trajeto do seu pai, dentre os presentes remadores dos rivais Botafogo e Vasco, o  treinador vascaíno Flávio Costa, que trabalhara com Gilberto Cardoso, no início do seu primeiro mandato no Flamengo, além de gente do futebol, remo, vôlei, e basquete.

 Guguta, que marcou a “cesta assassina” dos 45 x 44 Sírio Libanês da noite do 25 de novembro de 1955, não se sente culpado por nada. Entende que foi causa de muita emoção, conforme disse ao site oficial do Flamengo. De sua parte, o treinador Togo Renan Soares, o Kanela, declarou ao jornal “O Globo” acreditar que, se o Flamengo não tivesse vencido aquele jogo do basquete, talvez,  Gilberto Cardoso, não resistido, da mesma forma.

O basquete pentacampeão carioca da “Era Gilberto”-1951/52/53/54/-55 chegou a deca, diante do mesmo Sírio, em 19 de dezembro de 1961, por 58 x 62, tendo no ato final de 1955,  o capitão do time rubro-negro, Zé Mario, oferecido a vitória ao iniciador daquela história, conforme está em “O Globo” do dia seguinte ao título.

Gilberto Cardoso Filho jamais esqueceu. que, no 4 de abril de 1956, data da decisão do título carioca-1955, seis meses após ficar sem o seu pai, o sucessor dele na presidência rubro-negra, o português José Alves de Morais, e todo o time de futebol rubro-negro foram à chamada última morada de Gilberto, acompanhados por cerca de dois a três mil torcedores “que pularam o muro para colocar a faixa de campeão no meu pai”, lembrou ao site oficial do Fla.

 

                                                  MÁRCIO BRAGA

Após o segundo tri estadual do futebol carioca-1953/54/55, o Flamengo só voltou a “trisar”  entre 1977 a 1979 (*), quando era comandado por Márcio Braga. Sobre tal conquista, este contou sobre a equipe montada por Gilberto Cardoso:

 “...participei como torcedor. Era um time espetacular, com o paraguaio Garcia no gol, talvez, o melhor goleiro do Flamengo de todos os tempos. Tínhamos outro paraguaio, Benitez, grande artilheiro, Rubens, ou “Dotô Rubis”, Dequinha, Jordan, Índio, Joel e uma defesa dura, porém eficiente, com Tomires, Pavão e Jadir. Durante aqueles três anos, se revezaram vários jogadores: Chamorro, Servílio, Evartisto, Duda, Paulinho, Dida, Babá, Zagallo e muitos outros, sem  que o time deixasse de correr e lutar...Iam mudando os nomes sem o Flamengo perder a raça, a vontade de vencer. Dava prazer torcer por aquele time feito por verdadeiros guerreiros que  honravam suas camisas. Ganhamos três anos seguidos contra times muito bons, todos com craques, mas só o Flamengo tinha, além de craques, time, raça  e camisa” – está no livro “Coração Rubro-Negro”, lançado em 2013, pela Daumará Distribuidora de Publicações Ltda.

Márcio Braga lembra mais Gilberto Cardoso, pelo mesmo livro, por um outro motivo e que pode ter-lhe salvo a sua vida. Leia:

Com os seis mandatos - 1977/1980; 1987/1988; 1991/1992 e 2004/2009 -, Márcio Braga é o presidente que mais comandou o Flamengo. Ao lado de Gilberto Cardoso e de José Bastos Padilha é considerado um dos três melhores ocupantes do cargo que já passaram pela Gávea. E o mais vitorioso da história rubro-negra, tendo ganho os Estaduais-1978/1979/1979 (*); os Brasileiros-1980 e de 2009; a Taça Libertadores e o Mundial Interclubes-1981. Evidentemente, favorecido pelo maior número de mandatos

 Se o tri de Gilberto Cardoso revelou o futebolista mais premiado, internacionalmente, do futebol brasileiro, Mário Jorge Lobo Zagallo – atleta bicampeão da Copa do Mundo-1958/62; treinador do chamado tri-1970, e coordenador técnico do “tetra”-1994, o tri estadual de Márcio Braga foi a arrancada do time mais vencedor da história flamenguista, tendo, em 1978/79/79 ganho tudo o que disputou, liderado pelo de Arthur Antunes Coimbra, o Zico, e contando com coadjuvantes de altíssimo nível técnico, casos de Paulo César Carpegiani, Leovegildo Júnior, Raul Plasmann, Tita,  Adílio e Andrade, sobretudo.

Há coincidências nas campanhas do “tri” de Gilberto e de Márcio Braga. Em 1954, o Flamengo ficou campeão, antecipadamente,  mandando 2 x 1, de virada, sobre o seu maior rival, o Vasco da Gama, já em 12 de fevereiro de 1955. O jogo seguinte, diante do Bangu tornou-se “amistoso”, só para cumprir tabela. Em 1978, a taça foi carregada, novamente, em cima dos vascaínos, em 3 de dezembro, por 1 x 0.

Nesse terceiro tri-1979 há um detalhe: os cartolas da Federação do futebol estadual organizaram um campeonato "Especial" que teve os dois turnos  vencidos por um invicto Flamengo. Foram, então,  dois campeonatos estaduais-1979 e um só campeão - o segundo torneio teve três turnos, todos ganhos  pelos rubro-negros, que faturaram cinco turnos, indiscutíveis. 

 

                                              WILSON BAPTISTA

 O fechamento da campanha-1954, com 5 x 1 Bangu, uma semana após o Carnaval, fez o Maracanã viver uma de suas tardes mais inusitadas. Houve desfiles da escola de samba da Mangueira e de blocos que não pararam de sacudir o ânimo de Gilberto Cardoso, que não tinha como não abrir um largo sorriso ao escutar o samba de Wilson Batista: “Flamengo joga amanhã/Eu vou pra lá/ Vai haver mais um baile no Maracanã/ O mais querido Tem Rubens, Dequinha e Pavão/ Eu já rezei pra São Jorge Pro mengo ser campeão/Pode chover, pode o sol me queimar/Que eu vou pra ver/A charanga do Jaime tocar: Flamengo! Flamengo!/Tua glória é lutar/Quando o mengo perde/Eu não quero almoçar/Eu não quero jantar”.

Nascido em Campos-RJ, em 3 de julho de 1913, Wilson Baptista de Oliveira viveu até 7 de julho de 1968, tendo sido o compositor que mais músicas dedicou ao Flamengo – cinco. Em 1955, ao ver o Flamengo novamente campeão, ele, parceiro de Noel Rosa, compôs uma comemorativa ao tri. Assim: “O juiz apitou/Quase sinto uma emoção/Acabado o jogo/Flamengo tricampeão/Chorei/Fui pra casa febril/Nquele 1 de abril/O feiticeiro Solich/Nao bobeou não/E lá na Gávea/Temos mais um tricampeão”.

     Uma outra composição da época não esquecia de citar Gilberto Cardooso em um dos versos: “Mamãe foi seu Cardoso/Que deixou rcordação/Trabalhando por Flamengo/Pra fazer tricampeão”.  Este foi um xote de um baiano conhecido por “Pau de Arara”, compositor de cordeis muito ouvido pelas feiras nordestinas. 

 Gilberto Cardoso não estava mais vivo para ouvir as homenagens, comemorar o tri estadual, a não ser na lembrança dos torcedores e atletas que aparecem nas fotografias usando calções pretos, pela primeira vez, em respeito ao seu desaparecimento.

Após o jogo final, contra o América, torcedores foram, a pé do Maracanã, até a sua última morada, no São João Batista, encararam um vigia armado, acenderam velas e deixaram uma faixa de campeão, em agradecimento.

                                                  TAÇA DO ATLÂNTICO

 Passados alguns meses que o presidente rubro-negro Gilberto Cardoso  tornara-se uma pessoa espiritual, a Federação Carioca de Futebol interrompeu o seu campeonato, pelo final de 1955,  para prestar-lhe uma homenagem. Promoveu um torneio quadrangular, com as participações dos grandes rivais Flamengo e Vasco, mais os argentinos Independiente e Racing. 

Pela primeira rodada, no dia 27 de dezembro, no Maracanã (local de todos os jogos), sob o apito do inglês Harry Davis, os argentinos do Independiente mandaram 4 x 1 Vasco, com gols de Micheli, Bonelli, Barraza e Juárez, contra um de Pedro Bala. Os argentinos tinham um bom time – Abraham, Barraza, Mousegne, Britos, Acevedo (Zorzenón), E.Varacka (Ariste); Micheli, Cervino, Bonelli, Grillo e Cruz (Juárez) – e  o placar foi justo pelo que os dois mostraram, mesmo com os cruzmaltinos contando com equipe forte – Helio, Beto e Coronel; Mirim (Laerte), Orlando e Darío; Pedro Bala, Ademír (Vavá), Zizinho, Pinga (Alvinho), Silvio Parodi (Wilson).

Na outra partida, com gols marcados por Dida e Babá, contra o de Rodriguez, o Flamengo  –  Chamorro, Leone (Jorge Davi) e  Servillo; Jadir, Dequinha e Jordan; Joel (Milton), Duca, Dida, Esquerdinha (Babá), Zagalo – fez 2 x 1 Racing, apitado pelo também inglês Charles William, com o visitante representado por: Domínguez, Anido, García Pérez (Fernández), De Vicente, Cap, Sivo (Gutiérrez), Corbatta, Angelillo (Rodríguez), Blanco, Simes e Signa.

 No penúltim  dia da temporada, 30 de dezembro, Gilberto Cardoso recebeu o seu primeiro presente lá no Céu: o título do torneio em sua homenagem. Para a festa de encerramento ser completa para a torcida carioca, o Vasco da Gama – Helio; Paulinho, Darío; Mirim, Orlando (Laerte), Beto;        Pedro Bala, Zizinho, Vavá, Pinga, Wilson (Ademir) –, recuperou-se, vencendo o Racing, por 3 x 2, com Pedro Bala, Vavá e Pinga comparecendo à rede – Rodriguez e Coprbatta descontaram para Domínguez, Anido e García Pérez; De Vicente (Fernández)(Govero), Cap (Sivo)e Gutiérrez; Corbatta (Cupo), Simes, Blanco (Angelillo), Rodríguez, Signa, em prélio aptiado p0or Charles William.

 No jogo final, a apitado por Harry Davis, o Flamengo, com tentos marcados por Milton, Dida e Duca sapecou 3 x 0 Independiente. E levou para as prateleiras da Gávea a Taça Gilberto Cardoso, do batizado Torneio do Atlântico, conquistada por: Chamorro; Leone, Servillo; Jadir, Dequinha, Jorda; Milton, Duca, Henrique, Dida, Babá, Zagalo – os “Hermanos” foram: Abraham; Barraza (Wrobel) e Mouseguez; Britos, Zorzenón e E.Varacka; Micheli, Cervino (Suárez), Bonelli, Grillo e  Cruz.

 Além da homenagem a Gilberto, o torneio celebrou a continuação da grande amizade entre o ex-rubro-negro Zizinho e o vascaíno Ademir Menezes. Como  “Mestare Ziza” dizia ter grande vontade de voltar a jogar do lado do velho camarada, o Bangu o liberou para vestir a camisas cruzmaltina por aquelas duas partidas. Uma festa do futebol brasileiro no fechamento das cortinas do futebl-1955.

 

 

 

                                 O HOMEM QUE INVENTOU O FLAMENGO

                                       Para o JBr de 30.04.2017

 

Torcedores rubro-negros ficam irritdos quando alguém diz que  eles são filhos dos tricolores. Alegam que, antes de o Flu nascer, o Fla já existia. Realmente: o Fluminense chegou em 21 de julho de 1902 e o Flamengo já estava na praça desde  17 de novembro de 1895. Portanto, sete temporadas antes. Só que, falando-se em clube, vem à mente do torcedor brasileiro, imediatamente, o futebol. Os outros esportes não o comovem tanto. E, neste caso, o Flamengo é, mesmo, filho do Fluminense. Mas nem tanto. Poderia ter sido do Paissandu Cricket Club ou do Botafogo.

 Quando a maioria dos jogadores tricolores solidarizaram-se com Alberto Borghert –  barrado no time – e saíram com ele, o Flamengo não era a primeira opção para uma nova casa. Foi pensado, mas não procurarado o Paissandu, porque o seu ambiente era muito britânico para a convivência de jovens cariocas. No Botafogo, imaginou-se probelmas à vista, que poderia desintegrar o grupo, devido a existência naquela equipe de jogadores “imbarráveis”, como Mimi Sodré.

JOGO DURO - Alberto Borghert, que era remador do Flamengo, enquanto rolava a bola pelo Fluminense, encontrou pedreira pela frente para criar a seção terrestre rubro-negra. A turma da casa achava a proposta mera aventura de garotos que poderiam, de repente, fazer as pazes com os tricolores e deixar-lhes dissidências de lembranças.

 Na década-1950, Borghert admitiu isso à revista “Manchete Esportiva”.  Ainda bem que a autorização saiu, mas com a sua patota se responsabilizando pelas despesas que teriam. Segundo ele, se não fosse o Fluminense, o futebol do Flamengo não teria acontecido. Além de cumprir estágio na Segunda Divisão, era preciso ter um estádio, exigia a Liga Metropolitana de Esportes Athléticos. Foi então que o presidente tricolor, Mário Pollo, deu uma forcinha política aos seus ex-pupilos e ainda lhes arrendou o estádio do Fluminense, para a moçada rubro-negra ter onde mandar os seus jogos. Assim, o Flamengo entrou por cima no Campeonato Carioca e estreou fazendo 16 x 2 Madureira, em 3 de maio 1912, com Borghert marcando dois gols.

 O inventor do Flamengo começou a jogar futebol pelo Rio Football Club, espécie de juvenil do Fluminense, em 1905, como “full back”, istso é, zagueirão. Mas Belfort Duarte o aconselhou a atacar. Ele topou e, quando chegou ao Flu, já era um bom avante, não demorando a formar a linha de frente do segundo  quadro (equipes B), com Haroldo, Peixoto, Gustavinho Carvalho e Francisco Loup. Na estréia, saiu do banco dos reservas para substituir  Costa Santos. Tempinho depois, ssagrou-se campeão carioca na “Bezona- 1908”, marcando 10 gols, em Flamengo 22 x 0 América.

 

TRICOLAGEM - Em 2011, Alberto Borghert ajudou o Fluminense a ganhar o título carioca principal (time A), invicto, sem ponto perdido (critério da época) e levando só um gol, nem imaginava que, no ano seguinte, ele e a rapaziada com a qual jogara pelo Rio FC – exceto Osvaldo Gomes, que não flamengou, em 2011, preferindo ficar tricolor – seriam rubro-negros e estariam enfrentando a antiga camisa – primeiro jogo, em 7 de julho de 1912, com Flu 3 x 2. “Creio que a emçoção derrotou-nos, tínhamos mais time”, afirmou Borghert, ao repórter Ronaldo Boscoli.

 Para ele, o Flamengo encontrou dois motivos para ser poular: 1 – “Por não ter estádio, treinavamos em uma praça pública, no campo do Russel, agradando a população das vizinhanças; 2 – “Muitos rapazes de outros Estados estudavam na Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro, tornavam-se nossos jogadores e espalhavam a fama do clube por suas terras. Eu mesmo arrebanhei muitos jogadores”.

Campeão carioca, pelo Flu, em 1911, Borgerth foi vice, pelo Fla-1912/193, e campeão-1914 – primeiro título estadual flamenguista. “Treinávamos (naquele época) no campo do América, com o América sendo o nosso ‘sparring’ (colaborando com o treinamento, atuando contra), lembrou à revista carioca. Em 1915, com o Fla campeão invicto, ele pendurou as chuteiras. O seu próximo jogo seria no campo da Medicina. Mas ainda teve tempo de ser árbitro durante a Copa Roca-1914, na Argentina, onde foi considerado “Rei do Apito”, por atual tão bem.     

   Borghert participou, ainda, dos jogos internacionais dos inicos do Flamengo, contra ingleses (um deles, contra o Corintians que originou o Corinthians-SP), portugueses e chilenos. O seu melhor Flamengo seria formado (no 3-3-4, sistema tático do seu tempo) por: Marcos ou Amado, Nery e Domingos da Guia; Lagreca, Rubens Salles e Gallo; Julinho, Neco, Welfare, Ademir e Formiga. Ele não escalou-se nesse time, mas o Fla o escalou como seu presidente honorário.

Borghert ainda  foi  membro do Superiro Tribunal de Justiça; presidente da Federação Metropotana  de Futebol (atual FERJ) e diretor da Confederação Brasileira de Desportos-CBD, atual CBF, e do Conselho Nacional de Desportos-CND, extinto ono governo do presidente (da República) Fernando Collor. Como médico,  foi assessor do diretor do Pronto Socorro do Rio de Janeiro, Pedro Ernesto (figura de destaque carioca e patrono de condecoração oferecida pela Assembleia Legislastiva do Estado do Rio de Janeiro); diretor dos hospital Miguel Couto e da Assistência do Meyer ; do Departamento de Assistência Hospitalares; Secretário e Assistência e fundador do Hospital Antônio Pedro. Craque na vida!      

          

                      PRIMEIRO GOL DO FLAMENGO NO MARACANÃ

                                      JBr de 23.07.2017 (domingo)

A perda da Copa do Mundo, em 16 de julho de 1950, para os uruguaios, de virada, dentro do Maracanã, tornara-se a grande trejédia sentimental brasileira do século 20. Como levantar o astral de um povo tão apaixonado pelo futebol? Nada em vista, pelos dias seguinte. Até que  os dirigentes do Flamengo e do Bangu tiveram a ideia de um amistoso, entre os seus clubes, evidentemente, no mesmo local da “catástrofe”.

 Uma temeridade, asseguravam muitos, achando que só compareceriam ao então chamado  Municipal as duas equipes, os seus cartolas e o trio de arbitragem. A torcida do Flamengo, porém, era muito apaixonada para deixar às moscas o estádio onde os seus ídolos estariam preliando. Esqueceu, rapidamente, da pixotadas do escrete nacional e decidiu ajudadar a levantar  moral do povo brasieiro. Saudou, esfusiantemente, Cláudio, Juvenal, Bigode, Biguá, Bria, Válter, Aloísio, Arlindo, Hélio, Lero e Esquerdinha, quando a briosa representação rubro-negra adentrou, pela primeira vez, ao tapete verde do Municipal.

Quem mais precisava daquele agito era o lateral-esquerdo Bigode que, por ser negro, fora acusado de ter sido um dos principais respnsáveis pela derrota ante os uruguaios. Iventaram, inclusive, que o capitão da “Celeste”, Obdúlio Varela, o havia esbofeteado e ele não reagido – Varela desmentiu isso, para o Jornal de Brasília, em 1995. Maldade! 

Era indiscujtível: ninguém lembrava mais das decepções de um domingo antes. E, enquanto, lá dentro das quatro linhas, os atletas posavam para os fotógrafos, batiam bola e concediam entrevistas, a galera rubro-negra, em imenso maior número, fazia a sua festa. Nem  ligou para “sua senhoria, o árbitro” – Mário Gonçalves Vianna –, tirando o “toss”. Só aquietou-se e sentou-se quando foi feito o “kick-off”.

 Rolou a “maricota”, como a bola fora apelidada pelos “speakers” radiofônicos, e a pugna seguia equilbrada. Até que, aos 33 minutos, Aloísio colocou o garoto do placar para trabalhar. Anotou  Flamengo 1 x 0. Era o primeiro tento rubro-negro no Maracanã, futuro e charmoso apelido do Estádio Municipal, onde, aos 43, o mesmo Aloísio repetiu a dose, para o prmeiro “half time” terminar Fla 2 x 0.

Para aumentar a alegria em vermelho e preto, aos seis minutos da etapa final, Lero também compareceu ao “filó”– as redes ainda não eram de nailon. Só aos 73, cobrando pênalti, os banguenses conseguiram o seu tento de hora, marcado pelo ex-vascaíno Djalma. Não importava. Para a torcida rubro-negra, naquele 23 de julho de 1950, sim, estavam inauguradas as redes do maior estádio do mundo – há 67 temporadas. 

 

                                               JAIME DE CAVALHO

Entre 1942, quando o baiano Jaime de Carvalho tornou-se chefe da torcida do Flamengo, o clube rubro-negro teve cinco presidentes – Dario de Melo Pinto (duas ocasiões), Marino Machado de Oliveira, Hílton Gonçalves dos Santos, Orsini de Araújo Coriolano e Gilberto cardoso. Todos foram considerdos bons pelo animador, mas para o último ele separou esta frase: “...penso que a figura de Gilberto Cardoso é imortal”.

  Com Melo Pinto no comando, Jaime embalou a vibração da torcida rubro-negra para chegar ao tri estadual-1942/43/44 e repetiu a dose com Gilberto Cardoso, de 1953 a 1955.

  Nascido, em Salvador, no 9 de setembro de 1909, Jaime de Carvalho viveu até  4 de maio de 1976 , tendo chegado ao Rio de Janeiro em 1927. Quanto mais energia e criatividade ele demonstrava, mais Gilberto o apoiava, pela década-1950 da sua administsração. Em tempos de torcidas que não marcavam brigas pela Internet, como hoje, mesmo assim havia os mais nervosinhos que saíam do comportamento recomendável.

Considerada a primeira torcida organizada brasileira, o grupo musical de Jaime de Carvalho - ficou conhecido por Charanga do Flamengo - estreou em 11 de outubro de 1942, no 1 x 1 Fluminense, que deu ao Fla o seu primeiro tri carioca. A bandinha foi um desespero dos adversários do Flamengo, por causa do do barulho saído da arquibancada. Para o compositor/pianista Ary Barroso, aquilo não era banda aqui e nem no inferno, mas uma charanga, apelido de turmas que desafinassem. E a rubro-negra desafinava até tocando o hino do clube, sem falar de tantas quantas marchinhas. 

Com o crescimentoda violência entre tgorcedors, na década-1980, quando Jaime não era mais vivo,  a charanga rubro-negra afastou-se dos estádios. Em 2004, esteve, pela última vez, no Maracanã. Depois, passou a só comparecer em programações do clube. Em 2008, por conta de  Bolsa Auxílio da Secretaria de Esportes do Estado do Rio de Janeiro, a turma voltou ao Maraca.              

Para evitar brigas e o uso de palavrões, Jaime de Carvalho colocava crianças em seus braços, e comovia os mais exaltados. Mesmo com as partidas daquela época começando por volta das 15h30 – havia preliminares entre times de aspirantes começando às 13h30 -, Jaime de Carvalho começava a arrumar tudo desde as 10 da manhã, pagando uma ou duas pessoas para ajuda-lo. Também, levava bandeiras, sirenes, faixas, cartazes e músicos que, muitas vezes, desafinavam tocando o hino do lcube ou marchinhas.

 Gilberto Cardoso ainda estava distante da presidência do Flamengo, quando a charanga de Jaime de Carvalho protagonizou uma das histórias mais folclóricas do futebolcarioca. Era o 16 de maio de 1943 e o Flamengo mandava 4 x 1 São Cristóvão, no gramado da Rua Generalo Severiano, terreno botafoguense, pelo Torneio Municipal. Para a torcida não parar de vibrar e o time não perder o embalo, os músicos não paravam de tocar. Irritado, o goleiro são-critovense – Veliz- queixou-se ao árbitro Carlos Gomes Potengy, que parou a pugna e chamou a policia. O “Santgo” levou o protesto para o tapetão, mas só perdeu tempo. O cartola maior da então Federação Metorpolitana de Futebol,Vargas Neto, o sobrinho predileto do presidente Getúlio Vargas, mandou dizer ao clube alvo que era impossível evitar o toque da charanga do Flamengo.

 Quando Jaime remomorava, com Gilberto Cardoso, velha histórias, aquela não faltava no papo. Falava-se, mas nunca se soube, verdadeiramewnte, se foi o prestígio de Gilberto Cardoso fez fez a  então Confederação Brasileira de Desportos convidar Jaime de Caralho para ir à Copa do Mundo-1954.

Jaime, no entanto, tinha os seus créditos junto à entidade, pois a Charanga do Flamengo estivera presente durante a tarde de 13 de julho, ajuando mais de 150 mil pagantes a cantar o sucesso carnavalesco Touradas de Madrid, de Braguinha, quando o Brasil mandou  6 x 1 Espanha, da Copa do Mundo-1950. Antes, levara a sua rapaziada a São Januário, em 01.04.1947, para incentivar o time nacional a ganhar a Copa Rio Branco, com 3 x 2 Uruguai – em 1962, a CBD o convidou para ir, tmbém, à Copa do Mundo do Chile.  

Jaime, que arrumou emprego, em 1932, no Rio de Janeiro, como agente de portaria do Ministério da Justiça, ao partir para o mundo espiritual, deixou a  Dona Laura, sua mulher, mantendo a charanga viva, inclusive pela década-1980, fase mais vitoriosa da história rubro-negra. Depois, o comando para a Dona Suely, sua filha. A neta  Renath,  juntamente com Vinícius Félix, diretor da charanga, organizou e digitalizou todo o acervo histórico da primeir torcida organizada do país e que começou com um trombone, dois clarins e 10 instrumentos rítmico-percussivos.


ATLETISMO – O Flamengo de Gilberto Cardoso teve dois grandes nomes nesta modalidade: Sebastião Mendes e  José Telles da Conceição.

O primeiro foi  descoberto pelo capitão Roberto da Gama e Abreu, ao vê-lo em ação no Forte Duque de Caxias, no Leme. Em novembro de 1951, ele estreava como flamenguista, levando a medalha de bronze da prova rústica “Volta de Rocha Miranda”. Oficialmente, estreou, em abril de 1952, vencendo a também rústica “Corrida do Horto Florestal”.

Dado o recado, o Tião, como o chamavam, fez uma grande temporada, para alegria de Gilberto, vencendo os 3 mil metros e ajudando a equipe rubro-negra a conquistar o Campeonato Carioca de Estreantes. E fez muito mais: foi medalha de ouro dos 5 mil metros rasos do Estadual Júnior, batendo o seu primeiro recorde, no tempo de 15min52seg; também saiu dourado da rústica “Corrida do Grajau” e prateado dos 3 mil metros do Carioca de Novíssimos e da rústica “Corrida do Campo de Santana”.

 A boa temporada-1952 fez Gilberto Cardoso esperar por mais medalhas do seu pupilo em 1953, e ele correspondeu. Levou ouro para a Gávea do Campeonato Carioca de Atletismo nos 5 mil metros, correndo entre veteranos, e da rústica “Corrida da Lagoa”, além a prata da idem rústica “Corrida do Grajaú”.

Durante aquela temporada, Gilberto Cardoso enviou Tião Mendes ao Campeonato Brasileiro de Atletismo, em Curitiba. Daquela vez, ele não subiu ao pódio, competindo entre atletas mais experientes, mas ficou em quarto lugar nas duras provas dos 5 e dos 3 mil metros com obstáculos, que passou a adotar como a sua especialidade.

  Em 1954, no entanto, Tião daria emoções mais fortes a Gilberto Cardoso. Mostrou ao seu presidente a medalha de prata do revezamento 4 x 1.500 metros do Sul-Americano de Atletismo, disputado em São Paulo, e o ouro do Troféu Brasil nos: 1.500 metros. No Estadual-RJ, dourou-se em corrida de fundo, 3 mil metros com obstáculos; 5 mil e 10 mil metros rasos. Mais: quebrou o recorde carioca dos  1.500 metros rasos, em 4min02 décimos, e dos 3 mil metros com obstáculos, em 9min18seg.                

 Foi grande a alegria de Gilberto Cardoso ao receber a convocação de Tião Mendes para representar o Brasil durante os Jogos Pan-Americanos-1955, no México. Vibrou ao receber a notícia de que o seu atleta fizera o terceiro melhor tempo nas semifinais dos 1m500 metros -  foi o sexto, na final.

 Naquele 1955, no Brasil, Sebastião Mendes venceu todas as provas de fundo disputadas nos 1.500 e nos 10 mil metros. Faturou, também, o ouro carioca e do Troféu Brasil nos 1.500 e dos 3 mil metros com obstáculos. 

 De sua parte, José Telles da Conceição, carioca, nascido no bairro de Olaria – 23.05.1931 -  foi o símbolo rubro-negro maior da modalidade atletismo da “Era Gilberto Cardoso.

Com 1m86cm de altura, aos 21 de idade, ele foi o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha olímpica: nos Jogos-1952, em Helsinque, na Finlândia, ficando com o bronze no salto em altura, à marca de 1m98cm – Walt David foi ouro, com 2.04 e Ken Wiesner prata, com 2.01, ambos dos EUA.  

 Registrado na Federação Carioca de Atletismo, em 23 de março de 1950, o rapaz pobre que parecia candidato a uma vida duríssima, foi descoberto por um olheiro do Vasco da Gama, mas, em 19 de novembro de 1952, mudou de lado, indo para o maior rival do “Almirante”, o Flamengo.

  Zé Telles foi aos II Jogos Pan-Americano-1955, na Cidade do Méxic0, e trouxe a medalha de bronze do salto em altura, pulando 1m85cm. Poderia tentar melhorar a marca, mas desistiu para correr em uma outra prova. Em 1956, disputou os Jogos Olímpicos de Melbourne, na Austrália, novamente, na prova do salto em altura, além dos 200 metros rasos e o revezamento 4 x 100 metros – pós Gilberto Cardoso, participou, ainda, dos 200 metros das Olimpíadas da italiana Roma.

Era impressionante a facilidade do Zé para competir em várias provas - 100m rasos, 110m com barreiras, 400m com barreiras, salto em distância, salto triplo, salto em altura e até no decatlo. Durante os já citados Pan mexicanos-1955, ele “voou” nos 100 e nos 200m rasos, cravando 10.04 - um segundo acima do recorde sul-americano – na primeira, e 20.08 na segunda prova. Após vê-lo em ação, o treinador norte-americano Don Kinsley declarou e a revista carioca “Manchete Esportiva” – N 20, de 07.04.1956 – reproduziu: “ Tem tudo para ser um dos maiores velocistas do mundo. Basta aperfeiçoar o pique...em corrida de ascensão a sua velocidade é, verdadeiramente, impressionante”.  

Telles tornou-se o maior recordista do atletismo “brasuca”, estabelecendo 21 recordes nacionais, em cinco provas. Alguns pareciam eternos, demorando 19 temporadas para serem batidos. As suas marcas mais importantes, além da olímpica-1952, foram: salto em altura – 02m, do Troféu Brasil-São Paulo-1955; – 200 m rasos - 20s08s de 1955;  1010 m rasos – 10s02, ambas dos Jogos Pan-Americanos-México-1955. Nos 100m/com barreiras, só em 1973 a marca caiu.

Vale ressaltar que o tempo de 20s08 nos 200 m foi apontado como o terceiro do “Ranking-List” mundial-1955 – Bobby Morrow e Heinz Futterer-ALE, ambos com 20s06, e Rod Richards-EUA, com 2007 ficaram à frente. 

 Devido ao seu grande prestígio, dentre 385 atletas brasileiros, ele foi o  escolhido para carregar a pira olímpica dos IV Jogos Pan-Americanos, diante de 40 mil desportistas, no estádio do Pacaembu, em São Paulo-1963. 

Com tanta bagagem, tão logo encerrou a carreira, em 1966, Telles foi convocado pela Confederação Brasileira de Desportos (regia todas as modalidades) para ser  um seu consultor de atletismo. Além disso, esteve professor da modalidade para o antigo estado da Guanabara; também, do SESC-Serviço Social do Comércio, e foi chefe de planejamento do Conselho Nacional de Desportos. Em 18 de outubro de 1974, quando contava 42 de idade, foi assassinado a tiros, dentro do seu carro, no Rio de Janeiro. Era chamado, pela imprensa, por “Homem-Equipe”, por disputar várias provas no mesmo dia, em seus tempos de Flamenguista, honrando Gil de Souza, o primeiro recordista brasileiro reconhecido, nos 200 m, com 23s0, do Campeonato Brasileiro de Atletismo-1925 - hoje, o recorde é do jamaicano Usain Bolt, estabelecido em 20 de agosto de 2009, na alemã Berlim.

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Ler e vê se junta ao texto anterior.

                      JOSÉ TELES DA CONCEIÇÃO

Carioca, nascido no bairro de Olaria – 23.05.1931 - José Telles da Conceição foi o símbolo rubro-negro da modalidade atletismo da “Era Gilberto Cardoso.

Medindo 1m86cm de altura e aos 21 de idade, ele foi o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha olímpica: nos Jogos-1952, em Helsinque, na Finlândia, ficando com o bronze no salto em altura, à marca de 1m98cm – Walt Davisd foi ouro, com 2.04 e Ken Wiesner prata, com 2.01, ambos dos EUA.  

 Registrado na Federação Carioca de Atletismo, em 23 de março de 1950, o rapaz pobre que parecia candidato a uma vida duríssima, foi descoberto por um olheiro do Vasco da Gama, mas, em 19 de novembro de 1952, mudou de lado, indo para o maior rival do “Almirante”, o Flamengo.

  Zé Telles foi aos II Jogos Pan-Americano-1955, na Cidade do Méxic0, e trouxe a medalha de bronze do salto em altura, pulando 1m85cm. PÇoderia teta rmelhora a marca, mas desistiu para correr em uma outra prova. Em 1956, disputou os Jogos Olímpicos de Melbolurne, na Austrália, novamente, naa prova do salto em altura, além dos 200 metros rasos e o revezamento 4 x 100 metros – pós Gilberto Cardoso, participou, ainda, dos 200 metros das Olimpíadas da italiana Roma.

Era impressionante a facilidade do Zé para competir em várias provas - 100m rasos, 110m com barreiras, 400m com barreiras, salto em distância, salto triplo, salto em altura e até no decatlo. Durante os já citados Pan mexicanos-1955, ele “voou” nos 100 e nos 200m rasos, cravando 10.04 - um segundo acima do recorde sul-americano – na primeira, e 20.08 na segunda prova. Após vê-lo emação, o treinador norte-americano Don Kinsley declarou e a revista carioca “Manchete Esportiva” – N 20, de 07.04.1956 – reproduziu: “ Tem tudo para ser um dos maiores velocistas do mundo. Basta aperfeiçoar o pique...em corrida de ascenção a sua velocidade é, verdadeiramente, impressionante”.  

Telles tornou-se o maior recordista do atletismo “brasuca”, estabelecendo 21 recordes nacionais, em cinco provas. Alguns pareciam eternos, demorando 19 temporadas para serem batidos. As suas marcas mais importantes, além da olímpica-1952, foram: salto em altura – 02m, do Trofeu Brasil-São Paulo-1955; – 200 m rasos - 20s08s de 1955;  1010 m rasos – 10s02, ambas dos Jogos Pan-Americanos-México-1955. Nos 100m/com barreiras, só em 1973 a marca caiu.

Vale ressaltar que o tempo de 20s08 nos 200 m foi apontado como o terceiro do “Ranking-List” mundial-1955 – Bobby Morrow e Heinz Futterer-ALE, ambos com 20s06, e Rod Richards-EUA, com 2007 ficaram à frente. 

 Devido ao seu grande prestígio, dentre 385 atletas brasileiros, ele foi o  escolhido para carregar a pira olímpica dos IV Jogos Pan-Americanos, diante de 40 mil desportistas, no estádio do Pacaembu, em São Paulo-1963. 

Com tanta bagagem, tão logo encerrou a carreira, em 1966, Telles foi convocado pela Confederação Braisleira de Desportos (regia todas as modalidades) para ser  um seu consultor de atletismo. Além disso, esteve professor da modalidade para o antigo estado da Guanabara; também, do SESC-Serviço Social do Comércio, e foi chefe de planejamento do Conselho Nacional de Desportos. Em 18 de outubro de 1974, quando contava 42 de idade, foi assassinado a tiros, dentro do seu carro, no Rio de Janeiro. Era chamado, pela imprensa, por “Homem-Equipe”, por disputar várias provas no mesmo dia, em seus tempos de Flamenguista, honrando Gil de Souza, o primeiro recordista brasileiro reconhecido, nos 200 m, com 23s0, do Campeonato Brasileiro de Atletismo-1925 - hoje, o recorde é do jamaicano Usain Bolt, estabelecido em 20 de agosto de 2009, na alemã Berlim.

 

 BASQUETE E VÔLEI - Durante o mandato de Gilberto Cardoso, a sua rapaziada não conquistou só o tri do futebol carioca-1953/54/55, mas incluiu sucesso no basquete e no vôlei.

Na primeira dessas duas modalidades, o time masculino iniciou uma hegemonia que durou por 10 temporadas, cabendo a Gilberto cinco títulos–1951/52/53/54/55, sendo que o último custou-lhe a vida, vivida com tanta emoção, até a última cesta da partida que valeu a conquista.

Além das glórias do time principal masculino, o basquete de Gilberto Cardoso venceu, também, a  terceira divisão do mesmo sexo e o torneio de lances livres, todos de 1952. Em 1953, faturou nos primeiros quadros e nas segunda e terceira divisões masculino. Em 54, nos primeiros quadros e na segunda divisão. E, em 1955, o título dos primeiros quadros que o matou de emoção.

Em homenagem ao grande desportista, o vereador Couto de Souza propôs e o prefeito do Rio de Janeiro, Francisco de Sá Lessa, aprovou a lei municipal  que nomeava o ginásio do Maracanãzinho como Gilberto Cardoso.

Construído em 1953, o prédio tem capacidade para receber até 17 mil torcedores em seus 22 mil metros quadrados de área construída. Em eventos com uso da quadra de jogos, a capacidade sobe para 23 mil pessoas.

           

INDISCUTÍVEIS - Em 1951, o time masculino de basquete de Gilberto Cardoso venceu os 18 jogos disputados. Em 1952, como só houve um turno, ganhou os  11 compromissos. Em 1953, mais 100% de aproveitamento, em 22 partidas, bem como em  1954, quando o clube levou, ainda, a taca da segunda divisão masculina.

 A temporada do tetra-1954, da alegria completa de Gilberto Cardoso com o seu basquete, constou de 21 vitórias, em 22 jogos, e o sensacional total de 1.508 pontos no aro. No dia do título, ele estava lá na quadra, posando para a fotografia do quadro campeão, ao lado dos atletas Dobinha, Artur, Mário Henrique, Algodão, Válter, Luisinho, Alfredo, Godinho, Guta e Zé Mário e do treinador Togo Renan Soares, o Kanela.  

Nas partidas da temporada, o Flamengo só encontrou um pouco mais de resistência em cinco jogos: diante do Fluminense, nos dois turnos; contra o Vasco da Gama, no turno, e encarando o América e o Sírio Libanês, ambos no returno.

Confira a campanha: Flamengo   55 x 38 e 103 x 34 x Carioca Esporte Clube; 79 x 43 e 72 x37 Tijuca Tênis Clube; 67 x 42 e 82 x 55 Grajaú Tênis Clube; 66 x 58 e 75 x 53 Vasco da Gama; 70 x 19 e 75 x 32 Sampaio; 52 x 25 e 73 x 33 Riachuelo Tênis Clube; 70x 48 e 69 x 34 Botafogo; 66 x 41 e 71 x 58 América; 58 x 47 e 50 x 4 Fluminense; 51 x 31 e 45 x 39 Sírio e Libanês. No primeiro turno, marcou 711 pontos, contra 448 dos rivais, e mais 797, no returno, com os adversários, coincidentemente, fazendo os mesmos 448. 

CESTINHAS – Foram estes os marcadores e suas partidas jogadas: Alfredo – 495 pontos em 22 jogos; Algodão – 221, em 21; Mário Hermes – 183, em 20; Godinho – 160, em 20; Artur – 148, em 18; Artur – 144, em 18; Zé Mário – 125, em 21; Dobinha – 84, em 21; Guguta – 40, em 13; Luisinho – 30, em 14; Tião – 24, em 8, e Válter Almeida, 2 pontos em um jogo.

Dessa turma, Alfredo foi o segundo cestinha do campeonato, atrás apenas do vascaíno Édson, que encestou 525 pontos.  Na classificação final, o Fla teve 22 vitórias, em 22 jogos, seguido por: Sírio e Libanês – 18 vitórias e 4 derrotas; Fluminense – 15 x 7; América – 14 x 8; Vasco da Gama – 12 x 10; Atlético Grajaú e Grajaú Tênis – 10 x 11; Riachuelo – 8 x 14; Tijuca 5 x 17; Sampaio – 3 x 19 e Carioca - uma vitória e 21 quedas.           

Em 1955, aconteceu a única derrota flamenguista, em 19 prélios. Tendo por treinador o mesmo Togo Renan Soares, o Kanela, das outas conquistas, entre  os campeões cariocas do basquete de Gilberto Cardoso, de 1951 a 1955, destacaram-se: Algodão, Alfredo da Motta, Artur, Antônio Carlos, Dobinha, Edson, Fernando, Godinho, Guguta, Jairo, Mário Hermes, Miécio, Miltinho, Moacir, Paulão, Paulinho, Simões, Tião Gimenez, Tião Mendes, Válter e Zé Mário.

 

KANELA -   O basquetebol brasileiro tem muitos treinadores importantes. Mas nenhum deles é tão cultuado pela história quanto Togo Renan Soares, certo? Errado! - só a primeira parte está correta. Ele era, só, Togo Soares, pois o padre que o batizou recusou fazê-lo cristão com o nome (Renan) de um filósofo francês que negava a existência de Deus – Togo foi por conta der um almirante japonês que havia vencido os russos. E de nada adiantou os pais discutirem nome com o vigário e nem o garoto ser sobrinho de um ex-governador da Paraíba - Camilo de Camilo. O reverendo fechou questão e arrumou, no futuro, por causa daquilo, um grande inimigo para a Igreja Católica Apostólica Romana. Mas a imprensa carioca resolveu colocar  o Renan na vida do Togo, que virou Canela (depois ele trocou o C pelo K) porque os amigos não o perdoavam por ter canelas muito finas e branquelas.

Nascido paraibano, no 22 de maio de 1906, em João Pessoa, Kanela foi para o Rio de Janeiro, já adolescente, predestinado a revolucionar o basquete brasileiro, criando o arremesso da zona inerte e o jogo à base de contra-ataques. Mas, inicialmente, foi atleta e treinador de pólo aquático do Botafogo, mesmo sem saber nadar. A partir de 1929, virou técnico do futebol do Bangu e do Botafogo. No primeiro, por ocasião de um Bangu x Flamengo, na Rua Payssandu, ele convenceu o então insistente meio-campista Domingos da Guia a ser zagueiro – tornou-se um dos mais completos da história do futebol - por não vê-lo com bom futuro sendo centro-médio do segundo time banguense. Com o Botafogo, Kanela ficou tri campeão carioca amador e chegou a vencer os profissionais de Bangu, Bonsucesso e Madureira. Pouco depois, o presidente do (extinto) Conselho Nacional de Desportos-CND, Vargas Neto (sobrinho predileto do presidente Getúlio Vargas) proibiu jogos entre profissionais e amadores. Em 1929 e em 1936, comandou o time A botafoguense.

O basquetebol entrou na rota de Kanela a partir de 1940 - em 2007,  tornou-se o primeiro treinador brasileiro incluído no Hall da Fama do Basquete Mundial. Ele dividiu a carreira entre o Flamengo e a Seleção Brasileira, levando esta ao bi mundial (1959 e 1963); à medalhas de bronze nos Jogos Olímpicos de Roma-1960 e Tóquio, em 1964; aos vices mundiais (1954 e 1970); ao bronze mundial (1967); à prata (1963) e ao bronze (1951 e 1959) dos Jogos Pan-Americanos, além de ganhar as Copas Américas de 1958, 1960, 1961, 1963 e 1971. Comandou o escrete nacional por 103 jogos, com 87 vitórias e 16 derrotas, em 14 disputas oficiais, em muitas delas contando com os cracaços Wlamir Marques, Rosa Branca e Amaury Passos, entre outros, nas décadas-1950/60

No Flamengo, Kanela esteve treinador do futebol em 1948 e em 1949, mas foi a partir da Era Gilberto Cardoso que ele começou a ganhar tudo no basquete carioca, de 1951 e 1960 (decacampeão), totalizando 12 canecos cariocas.

 Kanela tinhS, também a fama de brigão. Saiu do Botafogo brigado com o presidente Carlito Rocha, por não aceitar que o folclórico homem lhe impusesse a sua vontade. Mas foi com Gerdal Bôscoli, em 1939, a sua maior pendenga. Ela queria ganhar todos os campeonatos cariocas da temporada e só faltava o juvenil. Jogando contra o Vila Isabel, o Botafogo vencia. Quando o adversário passou à frente, pela primeira fez, o árbitro encerrou a partida. Como a mesa tinha um jogador do Vila e ele viu os juízes roubando escandalosamente seu time, chamou o diretor técnico da Federação Carioca de Basquetebol, Carlos Reis, de capanga e o presidente Geradal Bôscoli de chefe da gang.

Carlos Reis eras um armário, campeão de boxe da Marinha. Residia em cima de uma leiteria onde Kanela ia se alimentar, diariamente. Se deixasse de ir comer a sua tradicional média (prato da moda), seria covardia. Então, ele vestia um paletó, colocava em um dos bolsos um revólver, sentava-se à uma mesa ao fundo, de costas para a parede, e não tirava os olhos da porta, se precavendo contra uma possível entrada de Reis, que nunca pintou.Durante o Mundial-1963, no Rio de Janeiro, Kanela invadiu a quadra do Maracanãzinho, no jogo Brasil x União Soviética,  e mandou um tapa na cara do árbitro uruguaio, por este ter marcado falta técnica de Amaury Passos, que ele considerou injustas. O pancadão rendeu uma crônica de Nelson Rodrigues, titulada por “O Tapa Cívico”. Ele era assim.  Bom de títulos e de briga....

 

 

VOLEIBOL – Nesta modalidade, o primeiro período de mandato de Gilberto Cardoso, em 1951, valeu os títulos de campeão do Rio de Janeiro no masculino – por Hélio Cerqueira, John O´Shea, João Fernandes Neto, Jonas de Souza, João Baptista Atahyde, Lúcio Figueiredo e Wantul Coelho –   e o primeiro título feminino na primeira divisão – por Carmem Marques, Carmem Castelo Branco, Helga Doervaff, Leila Fernandes, Lyliam Colier, Maria Pequenina, Marlene Schenkel e Rosa Maria Bastos, que foram bi, em 1952. Nos segundos quadros, o caneco foi, igualmente, para a Gávea.

Em 1953, foi a vez dos rapazes voltarem a ser campeões nos primeiros e segundos quadros. No feminino, foram as moças quem conquistaram o troféu da temporada, e o repetiram, em 1955, quando o time masculino também foi campeão.

 Dos astros e estrelas, entre os mais destacados estava John Castro O´Shea, que foi o descobridor do atacante Dida, que tornou-se o maior ídolo do futebol flamenguista, por 20 temporadas,  até o surgimento de Zico, quando este o superou, em número de gols marcados, na década-1970. John que chegou a praticara várias modalidades, inclusive futebol, e a conquistar títulos em jogos colegiais em várias modalidades. Chegou ao Flamengo, em 1947,

 Entre as mulheres, os grandes nomes do vôlei de Gilberto foram Carmem Marques Pereira, Carmem Sílvia Cardoso Castelo Branco, Leila Peixoto, Rosinha e Marlene.

 Das duas Carmem, a Pereira, bicampeã carioca-1951/52, sob o comando do treinador Zoulo Rabelo, era irmã de Godinho, um dos grandes nomes do basquete campeão da “Era Gilberto”. De sua parte, a Carmem Castelo Branco saiu de Belém do Pará para vestir a camisa rubro-negra, em 1949, logo aparecendo nas quadras como garota prodígio.

 Leila Peixoto começou a sua trajetória nas quadras defendendo o Instituto La-Fayette. Em 1948, quando o Flamengo patrocinou um torneio colegial para descobrir talentos, ela era atleta do Colégio Mallet Soares e foi convidada a ser rubro-negra, juntamente com  Rosinha e Marlene, respectivamente, dos times dos colégios Bennet e Melo e Souza.

 

REMO -  O presidente Gilbrto Cardoso era sujeito sério, que faria qualquer coisa pelo seu Flamengo. Menos malandragens. Mas, as vezes, não tinha como controlar tudo. Caso de uma atitude do danado do Joaquim Moura, às vésperas da primeira regata da temporada-1955, em maio.

 Gilberto vivia recebendo muitas cobrança dos colegas dirigentes sobre a falta de um barco iole a quatro, pois os rubro-negros tinham uma boa guarniução, muito capaz de vencer o páreo. Só não tinham como coloca-la no mar, devido ao seu  barco disponível apresentar um tremendo rombo no casco.

De tanto ouvir as lamúrias da cartolada, Joaquim Moura pediu para escreverem um ofício dirigido ao presidente do clube Internacional de Regatas, Miguel Dib, pedindo o empréstimo do “Afonso Celso”, a melhor iole a quatro do remo carioca, ainda sabendo que teria uma chance em mil. Conseguir aquilo seria a última coisa que Dib faria em sua vida. Mesmo assim, foi à luta.

 Joaquim Moura chegou à garagem dos barcos do Internacional, à Rua Santa Luzia, em Niterói, e apresentou o pedido ao empregado que cuidava dos barcos. Este só teve uma atitude: indagar ao Moura se ele seria maluco. E propôs-lhe falar com o presidente Dib. De sua parte, este mandou uma resposta seca: seria mais fácil ele fechar o clube, do que emprestar o Afonso Celso.

 Joaquim Moura, no entanto, não se deu por vencido. Seguiu o Dib quando este saiu para almoçar e, de tanto encher o saco do homem, este propôs emprestar uma outra iole. Moura não topou e voltou a insistir no empréstimo do barco tão desejado.

 Dib não conseguiu almoçar sossegado. Joaquim Moura sentou-se diante dele e não deu-lhe tréguas. Lembrou que o Internacional não disputaria a regata Prefeitura de Niterói e cobrou-lhe deixar o público  privado de ver o rolar da melhor iole do remo do Rio de Janeiro.

Não deu pra segurar tanta azaração. Miguel Dib só conseguiu ficar em paz quando assinou a autorização de empréstimo do barco. E a guarnição rubro-negra, devido a insistência de Joaquim outra, saiu da prova ganhadora da medalha de ouro. Mais uma para as muito tantas da administração Gilberto Cardoso.      

              


 

 

 

 

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                                        MÁRIO SÉRGIO

                                     (falta revisão de texto)

                                                          1-  O VESGO

                                                         JBr de 16.04.18

    Mário Sérgio  era visto pelos colegas do futebol de salão como um mágico das quadras. Parecia passar cola em seu pe esquerdo, para a bola pesada ali ficar graudada. Em 1969, ele migrou para os gamados, rumo ao Flamengo, mantendo a técnida.

 Em 1970,  Mário Sérgio ja estava no time principal rubro-negro, mas para escala-lo como titular o treinador Yustrich (Dorival Knipell) exigia-lhe cortar os longos cabelos. Como o ``Homão`` não gostava de cabeludos,  aos 21 de idade, ele foi mostrar o seu veneno a torcida do Vitoria da Bahia, fase que considera ter sido a melhor de sua carreira. Em 1975, voltou ao Rio de Janeiro, para defender o Fluminense, a ``Máquina`` do presidente Francisco Horta, repleta de craques, entre eles Rivellino.

Se no Fla não ficou porque queria viver na onda da juventude, do Flu, Mário Sérgio saiu por fazer musiqunhas sacaninhas com o nome do chefe. Os cartolas não gostaram e Horta o incluí em um troca-troca com o Botafogo.

 Após queimar cartuchos em três gandes clubes cariocas, o próximo passo de Mário Sérgio foi exilar-se na Argentina, no Rosario Central, em 1979. Mas este era muito pequeno para o tamanho do futebol. Por isso, não completou nem  uma temporada entre os ``hermanos`` e foi resgatado pelo timaço do Internacional, que defendeu até 1981, período em que ficou campeão brasileiro-1979 e campeão gaúcho.

 Que Mário Sérgio jogava muito, não se discutia. Mas ele não era convocado para a Seleção Brasileira. Nem mesmo quando estava no São Paulo, entre 1981 e 1982. Com 31 de idade, era considerado o melhor jogador ‘brasuca’, mas demorou pouco no Morumbi, de onde seguiu para a Ponte Preta, ficando com a ‘Macaca’ entre 1982 a 1983.

Pelo mesmo  1983, ele voltou aos ‘Pampas’ e ajudou o Grêmio Porto-Alegrense a ganhar o Mundial Interclubes, juntamente com os craques Renato Gaúcho e Paulo César Lima, deixando para trás o alemão Hamburgo.

 Ao episódio das musiquinhas sacaninhas do Fluminense juntou-se a um outro, em 1984, quando ele voltou ao Internacional. O Colorado, campeão gaúcho, trocava faixas com o Grêmio, campeão mundia, e ele recusou-se a envergar a faixa gremista, alegando que seria desrespeito ao torcedor do Internacional. 

 REI DA CONFUSÃO – Para muitos, a principal especialidade de Mário Sérgio, além de jogar muita bola, era aprontar bagunças. Em seus tempos de Vitória, por exemplo, fora acusado de dirigir o seu carro completamente pelado pelas ruas de Salvador. 

 Mesmo ídolo no futebol gaúcho, o Internacional o negociou, em 1984, com o Palmeiras. Com a camisa do ‘Verdão”, após um clássico contra o Sáo Paulo, o exame antidoping o considerou ter usado cocaína, o que ele negava e jurava ser perseguição. Seu time perdeu os pontos e ele levou uma suspensão. Mas permaneceu na casa,  até o fim de 1985, para depois defender os pequenos Botafogo de Ribeirão Preto e  Bellinzona, da Suíça, ficando por la ate 1986.

Em  1987, aos 37 de idade, Mário Sérgio jogou o primeiro tempo de  Bahia x Goiá, na Fonte Nova, pelo Brasileirão, e não voltou para a etapa final. Não gostara de algumas vaias recebidas. Alegou já estar velho demais para aquilo e, por ali, terminou a carreira de craque, para iniciar a de treinador, pelo Vitoria da Bahia e na mesma temporada.

Mário Sérgio foi treinador até 2010, tendo o Ceará Sporting sido o seu ultio time. Seus melhores trabalhos foram para o Corinthians-1995, com 15 jogos invicto, o Atlético-PR-2001 e o São Caetano-2003.

Após sair do lado de dentro dos gramados, tonrou-se comentarista (e dos bons) de TV, passando pela Bandeirantes, SporTV e Fox. No 28 de novembrode 2016, ele estava entre os 70 passgeiros da empresas aérea Lamia que caiu na Colômbia e matou quase todo o time da Chapecoense-SC.

                                              

                                2 - CINCO JOGOS OFICIAIS RUBRO-NEGROS

 

  Em 1970, o Flamengo contratou o seu ex-goleiro Yustrich, da década-1940, para treinar a sua rapaziada. O `Homáo``,  apelido de Dorival Knippel,  por ser um sujeIto muito duro, prometeu dar ao clube um time competitivo, moderno e impor disciplina rigida entre os atletas.

 Para comecar uma nova temporada, a equipe rubro-negra tinha varios veteranos, como Sidnei e Marco Aurelio (goleiro) Murilo, Paulo Henrique, Reyes, Brito, Ademir, Nei Oliveira e Bianchini, e revelações - exceto o apoiador Zanatta - que não estouravam.

De inicio, tudo saia bem e o time passou 13 jogos invictos, alem de conquistar, pela primeira vez, a Taca Guanabara. Mas náo demorou para Yustrich desagradar aos jogadores, com  métodos de trabalho que eles consideravam truculentos. Ate barrou o tricampeão mundial Brito, o atleta que demonstrara durante a Copa do Mundo do Mexico ter o melhor preparao físico do planeta, além de ter jogado bem.          

 Quando o Campeanto Carioca entrou em sua reta final, a partir de 2 de agosto, o Flamengo so venceu o Campo Grande, o America e o Madureira. Perdeu duas vezes para o Vasco da Gama e o Fluminense, uma para o pequeno Olaria, e ainda caiu ante ao Botafogo, com o qual teve tambem um empate. Terminou o Estadual no humilhante quinto lugar, vendo o seu maior rival, o Vasco, levantar o titulo que náo conquistava ha 12 temporadas.

 Durante todo o certame, Caldeira foi o titular, sem impressionar muito. Como a situacao do time estava horripilante, Yustrich falou em mudanças para a Taca de Prtata (um dos embriões do atual Brasileiráo). Foi quando exigiu que o habilidoso Mario Sergio cortassse os seus cabelos longos para ocupar a vaga de Caldeira, que ja havia sido substituiDo, por Arilson, no ultimo jogo do campeonato regional.

Mario Sergio estreou no time principal rubro-negro nos 2 x 0 Sáo Paulo, em 27 de setembro de 1970, na casa do adversário, o paulistano estadio do Morumbi, no jogo 2.439 da historia flamenguista, apitado pelo pernambucano Sebastiao Rufino, que expulsou de campo os rubro-negros Washington e Liminha – Nei Oliveira e Fio marcaramos gols e o time alinhou. Ubirajara Alcäntara, Onca, Washington, Reyes e Paulo Henrique. Liminha e Zanatta (Rodrigues Neto). Deoval, Nei (Caio), fio e Mario Sergio.

 No jogo seguinte, em 4 de outubro, no Maracaná, Mario Sergio foi mantido titular, diante de 31.204 torcedores, e ajudou a sua turma a devolver aos vascaínos os reveses anteriores, mandando 3 x 1, sob o apito de Carlos Costas e com gols de Alcir (contra), Caio (entrou no lugar de Nei) e Fio. O time foi praticamente o mesmo, com Murilo voltando a lateral-direita (depois, substituído por Joao Carlos) e Rodrigues Neto  ocupando o posto de Liminha.

  Em seu terceiro jogo como titular – 10.10.1970 – , Mario Sergio viu o mineiro Silvio Goncalves David expulsar de campo Doval e Onca e trilar o seu apito final com 0 x 0 Ponte Preta, no antigo e demolido Parque Antartica, a casa paulistana do Palmeiras. Washington e Liminha voltaram ao time, saindo Reyes e Rodrigues Neto, enquanto Caio barrou Nei, mas cedeu vaga depois a Adáozinho.

 Cinco dias depois, no jogo 2. 442 do Flamengo, no Maracana, os rubro-negros fizeram 2 x 1 e Mario Sergio marcou o seu primeiro pelo time A, aos 76 minutos, após Fio ter empagtado o jogo, aos 60 – Jeremias abriu a conta para os americanos, aos 44 – Ubirajara Alcäntara, Joao Carlos, Murilo, Reyes e Paulo Henrique. Liminha e Zanatta. Ademir (Dario Paracatu), Nei (Rodrigues Neto), Fio e Mario Sergio foi o time.

   Em 18 de outubro, no jogo 2.443, ainda pela Taca de Prata, Mario Sérgio fez a sua última partida oficial pelo Flamengo, no 0 x 0 Palmeiras, no Maracanã, apitado por Armando Marques e diante de 54.620 almas, um publico muito grande, hoje – Ubirajara Alcântara, Murilo, Washington, Murilo, Reyes e Paulo Henrique. Liminha e Zanatta.  Doval, Nei (Dario Paracatu), Rodrigues Neto e Mario Sergio foi o seu último Flamengo.       

 

 

                                      ZAGALLO,  LOBO DA GÁVEA                                        

 Uma das figuras mais importantes da história do futebol brasileiro – campeão mundial em 1958/1962, como atleta; em 1970, sendo treinador, e, em 1994, no cargo de coordenador técnico da Seleção Brasileira -, Mário Jorge Lobo Zagallo decolou para a glória durante a gestão Gilberto Cardoso.

 Alagoano, nascido, em Maceió, no 9 de agosto de 1931, ele já estava no Flamengo, desde 1950, uma temprada antes da presidência de Cardoso –  fora do América, entre 1948/1949. Entre 1951 e 1958, qundo foi para o Botafogo, participou de 13 conquistas -
Torneio Início
-1951/1952; Campeonato Carioca-1953/1954/1955; Elfsborg Cup-1951; Torneio Quadrangular do Peru-1952; Troféu Cidade de Arequipa-PER-1952; Torneio Quadrangular da Argentina-1953; Torneio Quadrangular de Curitiba-1953; Torneio Triangular do Rio de Janeiro: 1954 e Torneio Internacional do Rio de Janeiro-1954/1955.

 Nos 205 jogos que disputou pelo Flamengo, venceu 128, empatou 38 e perdeu 39. Zagallo não era um goleador, mas um ponta-esquerda que ajudava na marcação. Razão de ter deixado apenas 29 gols em sua história rubro-negra.

Houve um dia, no entanto, em que ele saiu do normal e marcou três tentos, em uma mesma partida: no 6 de maio de 1956, em Flamengo 6 x 2 Monte Alegre, amistosamente, em Curitiba, no Estádio Durival de Brito e Silva – Henrique Frade, Joel e Babá fizeram os demais, para este time: Ari, Mílton  Compolillo  e Tomires (Joubert); Servílio, Jadir e  Jordan; Joel (Babá), Rubens, Henrique (Duca), Benitez (Dida) e Zagallo.

 Duante a campanha do tri-1953 a 1955, Zagallo só participou de uma partida do primeiro  título, em 18 de outubro de 1953, em Flamengo 3 x 1 Bonsucesso, no estádio do Bonsucesso, à Rua Teixeira de Castro – Chamorro, Marinho e Pavão; Servílio, Dequinha e Jordan; Esquerdinha, Rubens, Índio, Benitez e Zagallo foi o time escalado por Fleitas Solich, que deslocou Esquerdinha, o titular da ponta-esquerda, para a extrema direita.

Em 1954, ele já era titular, disputou 17 jogos dos 27 jogos e marcou três tentos, com o time-base sendo: Garcia, Tomires e Pavão; Jadir, Dequinha e Jordan; Joel, Rubens, Índio, Benitez e Zagallo. Em 1955 – Chamorro, Tomires e Pavão; Jadir, Dequinha e Jordan; Joel, Paulinho, Índio, Evaristo (Dida) e Zagallo foi a base -, ele atuou em  26 dos 30 compromissos e voltou a marcar três gols. 

Vale ressaltar que, o econômico “goleador” Zagallo só contribuiu com cinco balançadas de redes para o selecionado nacional, ems 34 jogos, com 28 vitórias, quatro empates e duas escorregadas.      

 

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                                                GILBERTO CARDOSO

1 –

                                        CANDIDATURA GILBERTO

    Gilberto Cardoso era vice de Marcus Vinícius de Carvalho, o diretor do Departamento Médico do Flamengo, entre 1949/1950. O deixava impressionado com o seu empenho pelo clube, sobretudo porque, depois de um dia inteiro de dedicação exclusiva às cores vermelho e preto, saía em seu Cadillac, pela madrugada, comprando leite, queijo e lanches extras para atletas que haviam disputado alguma competição, ou estavam concentrados.

Com Dario de Mello Pinto encerrando o seu segundo mandato presidencial, Alberto Borgerth, Ari Barroso,  Emanuel Lôbo, Fadel Fadel, Gustavo de Carvalho, Hélio Maurício, Hílton Santos, Izion Pontes, José Alvarenga de Moraes, Luiz Moreira, José Lins do Rego, Jurandir Matos, Marcus Vinícius de Carvalho, Moreira Leite, Olavo Palhares, Orsine Coriolano e Reinaldo Carneiro Bastos lançaram a candidatura de Gilberto ao comando rubro-negro, usando por comitê de campanha uma das três salas do consultório dentário de Marcus Vinícius, no prédio de nº 138 da Avenida Rio Branco – trabalho repetido a cada pleito.

 Gilberto Cardoso era o médico chefe da Policlínica do Rio de Janeiro e trabalhava, também, em uma clínica particular. Quando já era viúvo, largou tudo para se dedicar ao Flamengo e ao seu único rebento e xará Gilberto Cardoso Filho, futuro advogado e presidente do Flamengo-1989/1990.

  Bicampeão no futebol carioca de 1953/1954, Gilberto Cardoso iniciou, também, a campanha do segundo tri do basquete dos rapazes comandado por Togo Renan Soares, o Kanela, contando com um dos maiores nomes da modalidade na história do clube, Algodão, participante da campanha de 10 títulos consecutivos, de 1951 a 1961.

 No voleibol, Gilberto Cardoso mostrou-se pé quente, também, começando campeão carioca-1951, na primeira divisão, com times masculino e feminino.

Entre os rapazes, figuravam: Hélio Silva, John Castro O´Shea,  João Câncio Fernandes Neto, Jonas Soares de Sousa, João Baptista de Atahyde, Lúcio da Cunha Figueiredo e WQantuin Costa Coelho. Das moças, constam no caderninho: Carmem Marques Pereira, Carmem Sílvia Cardoso Castelo Branco, Helga Doervall, Leila Fernandes Peixoto, Lyliam Monteiro Colier, Maria Azevedo Pequenina, Marlene Guedes Schenkel e Rosa Maria Teixeira Bastos.

 Sempre prestigiando os times rubro-negros, com a sua presença nos ginásios, Gilberto Cardoso comemorou mais um título dos rapazes do vôlei, que fizeram a dobradinha dos primeiro e segundo quadros, em 1953. Em 1954, as meninas recuperaram o título dos primeiros quadros e chegaram ao bi, em 1955, temporada em que o time masculino, também, levou a taça estadual.

 Ganhador pelo Flamengo, vencedor também irrigando sangue rubro-negro no escrete brasileiro. Exemplo: em 1951, quando o Brasil venceu os Campeonato Sul-Americanos Masculino e Feminino de Voleibol, lá estavam John O´Shea, Carmem Sílvia Castelo Branco, Maria Azevedo Pequenina e Rosa Maria Teixeira Bastos e Jon  O´Shea representando a turma da Gávea.

 Com Gilberto era assim: havia, sempre,  uma taça para carregar e uma faixa a ser colocado no peito de um rubro-negro. Por causa disso e por toda a sua história, pouco depois que ele tornar-se uma pessoa espiritual, o seu amigo Luiz Moreira promoveu campanha junto aos torcedores, arrecadando chaves e outros objetos de metal para homenageá-lo com uma estátua de bronze, que pode ser vista na sede da Gávea, esculpida por Leão Veloso, tendo Genaro Cardoso, irmão, e Emanuel Lobo por modelos. Mereceu!

    

 2 - Até a véspera do pleito presidencial flamenguista de 1950, o candidato Gilberto Cardoso era desconhecido pela maioria dos rubro-negros. Concorria contra Silvano de Brito e Reinaldo Bastos, naquele 11 de dezembro, quando um recorde de conselheiros apareceu na sede do clube, na Gávea para ouvir as plataformas eleitorais e votar. Às três horas da madrugada do dia 12, ele tornava-se o 47º comandante do Clube de Regatas Flamengo, deixando Silvano em segundo e Reinaldo em terceiro lugares, respectivamente.

Ao ser eleito, Gilberto Cardoso herdou um Flamengo muito mal financeira,  social e esportivamente. Nesta último quesito, em sexto lugar no Campeonato Carioca de Futebol, embora fosse o melhor nas arrecadações. O mais chocante, para os torcedores, era ter negociado o meia-atacante Zizinho, eleito o melhor jogador da Copa do Mundo-1950, para o Bangu.  

Para mudar o futuro rubro-negro na tabela classificatória do torneio estadual, Gilberto prometeu contratar um grande treinador e jogadores que pudessem devolver à torcida as glórias comemoradas nos tempos em que fora tricampeão estadual (...). Também, incrementar os esportes amadores, concluir a praça de esportes da Gávea e o edifício onde ficaria a nova sede do clube.

Filho de Thiers Coutinho e de....Gilberto Ferreira Cardoso nasceu em 1º de novembro de 1906, em Campos. Naquela cidade, que pertencia ao então primeiro Estado do Rio de Janeiro, começou a sua ligação com o futebol, jogando pelo Americano e sagrando-se campeão juvenil da terra. Praticou, também, o remo, pelo Clube de Regatas Saldanha da Gama. Os seus estudos escolares passaram pelo Liceu de Humanidades campista, prosseguindo até o antigo curso ginasial na cidade do Rio de Janeiro, onde, em 1925, tornou-se acadêmico da Faculdade Nacional de Medicina.

Graduado médico, em 1931, Gilberto Cardoso arrumou emprego na Policlínica Geral do Rio de Janeiro e chegou a ser seu vice-presidente. Casou-se, com..... em..., ficou  viúvo e teve um filho, que recebeu o nome de Gilberto Cardoso Filho e, em 19.... (VER ANO), também foi eleito presidente rubro-negro. O seu primeiro cargo no Flamengo foi o de vice-presidente do Departamento Médico, em 1950.    (30 linhas)

 

2  Gilberto Cardoso viveu a sua última emoção no último segundo do jogo  Flamengo x Esporte Clube Sírio, em 25 de novembro de 1955, no Maracanãzinho, decidindo o título masculino adulto carioca de basquetebol, quando sofreu um infarto do miocárdio. Tinha 49 anos de idade. Entre outras homenagens à ele, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro apresentou projeto colocando o seu nome na praça em frente ao estádio da Gávea, e o idealizador do monumento ao torcedor rubro-negro, Moreira Luz, propôs a fundição de um busto, em bronze, para ser considerado o 12º jogador do time rubro-negro.

Gilberto Cardoso, pór sinal,  é único dirigente rubro-negro a ganhar uma estátua. Está na entrada social da sede da Gávea, homenagem a quem não só dinamizou o futebol do clube, mas, também, outras modalidades, como vôlei,  atletismo – teve José Telles da Conceição trazendo medalha de bonze, no salto em altura, dos Josos Olímpicos-1951, em Helsinque, na Finlândia; basquete – contou com um dos maiores cestobolistas surgidos no país, Algodão, e reforçando bastante o selecionado conquistador do primeiro título mundial para o país, em 1959. Sem esquecer que, ainda, aqueceu a vida social do clube, oferecendo muitas atrações para o quadro associativo, que encontrara com 5.800 sócios contribuintes e o elevou, com 48 dias da primeria fase de uma campanha por aumento, para 23 mil associado.

  Em novembro de 1953, ele inaugurou a nova do Flamengo, com três edifícios de 22 andares e 148 apartamentos, na Avenida Ruy Barbosa, região do Morro da Viúva, em frente à enseada de Botafogo e o Pão de Açúcar. (22 linhas)

 

3 – Corria a noite de 25 de novembro de 1955 e o  time de basquetebol flamenguista, dirigido por Togo Renan Soares, o Kanela, perdia, a três segundos do final, do Sírio, no primeiro jogo da decisão do Campeonato Carioca. Após César fazer Sírio 44 x 43, o seu colega Olivieri executou e errou dois lances livres, a nove segundos do final. Guguta pegou o rebote e arremessou de perto da linha divisória da quadra, escrevendo Flamengo 45 x 44 - ainda não havia a cesta de três. Acertou, também, o coração vermelho e preto de Gilberto Cardoso -  Algodão (10), Artur (12), Walter (6), Alfredo da Motta (1) e Guguta (16) marcaram, enquanto Godinho e Zé Mário não pontuaram.

O presidente rubro-negro que, hora antes, havia participado de um debate na Federação Metropolitana de Futebol, onde fora feita a sua última foto vivo, passou a sentir-se sem condições de continuar no ginásio. Foi para o seu  Cadillac azul, modelo “rabo de peixe”, mas não deu conta de dirigi-lo até o Hospital Souza Aguiar. Estava pelo meio do caminho, pela Praça Onze, quando o taxista José Martins Pimenta (torcedor rubro-negro) atendeu ao seu aceno. Ele o informou de que passava mal e pediu-lhe para avançar o sinal vermelho, pois precisava chegar, rápido, ao Pronto Socorro. Entrou no taxi, deitou-se no banco traseiro e, no hospital, foi logo para a tenda do oxigênio. Sofreu mais um enfarto, fulminante, e encerrou a sua existência por aqui, na madrugada de 26 de novembro de 1955.

 Pelo Nº 922, de 8 de dezembro de 1955, da principal revista esportiva brasileira, “Esporte Ilustrado”, o jornalista Leunam Leite considerou  Gilberto Cardoso “um dos maiores desportistas brasileiros de todos os tempos”  e diz terem todos os que o conhecerem “testemunhado o seu valor, como idealista dos mais sinceros. Enalteceu  “a personalidade marcante...o entusiasmo e a dedicação com que exercia o seu honroso cargo”, chamou-o de “ilustre homem do esporte que granjeou não somente a admiração no seu clube, mas de todos os verdadeiros  esportistas” e afirmou que todos viam nele uma das figuras mais nobres” entre os dirigentes de clubes cariocas. Por fim, escreveu: “A sua vida foi pautada pelo êxito e, desde o momento que que se tornou dirigente do Flamengo, lhe dedicou todo o amor que um autêntico líder deve dedicar”.

 O texto lembra, também, que Gilberto Cardoso não era dirigente de ficar só em seu gabinete. Assinala que ele fazia questão de assistir, de perto, preparativos e competições de seus atletas, parecendo, por vezes, “ter o dom da ubiquidade, pois conseguia ir a dois três locais diferente (de competições) na mesma tarde, ou noite, a fim de dar o seu incentivo à conquista de mais uma vitória do...Flamengo”.  Mais: disse que durante os jogos de futebol, Gilberto preferia ir para o túnel da comissão técnica, em vez de ficar na tribuna de honra dos estádios.

 Elogios idênticos ao de Leunam Leite foram feitos, por Jayme Ferreira, pelo mesmo numero da revista carioca, chamando-o por “Presidente de Honra Perpétuo” e contando isso sobre a sua grandeza: “...da última vez que o vimos (no Palácio do Alumínio, local de lutas de boxe)...ele estava escondido, na geral...sentado no meio do povo...o cronometrista Palazzo Filho...nos chamou a atenção... Fomos busca-lo para a mesa das autoridades e só o conseguimos...depois de prometer nada dizer no microfone a seu respeito. Sim, além de bondoso, ele era de uma modéstia cheia de encantos e de uma distinção simples e natural. Naquela noite, ele deu mais uma proa disso. Um boxeador do Flamengo...sofreu um ferimento profundo no supercílio. Gilberto Cardoso examinou-o e disse: ‘É necessário dar uns pontos. Vou leva-lo ao Pronto Socorro. Vamos embora’. E, juntando ação e  palavra, pegou delicadamente no braço do rapaz e levou-o em seu carro. Fomos com ele e testemunhamos a maneira solícita, amiga e caridosa com que assistiu aos curativos aplicados no lutador. Depois, fez  questão de leva-lo em casa e, ainda, quis dar-lhe dinheiro, só não o conseguindo porque o pugilista, comovido, não quis aceitar”.       

 

                                                ÚLTIMAS ALEGRIAS

  No dia 4 de dezembro de 1955, o presidente Gilberto Cardoso viboru, pela penúltima vez, com o futebol do Flamengo. Rolava a quarta rodada do returno do Campeonato Carioca e a sua rapaziada mandou 4 x 1 América, no Maracanã, sob o apito de Eunapio de Queiroz.

 Foi o jogo 1.493 da historia do clube e o placar o manteve os rubro-negros invictos, com o atacante Paulinho marcandos três gols, um no primeiro tempo e os outros na etapa final – Dida fez o segundo tento da partida, na etapa inicial, quando o Fla abriu dois de frente e terminou a etapa nos 2 x 1.

 Gilberto Cardoso saiu do estádio aumentando a sua expectativa pelo tri, pois era a quarta vitória consecutiva da equipe naquela fase, iniciada no 6 de novembro  – 2 x 1 São Cristóvão; 5 x 2 Madureira e 5 x 2 Canto do Rio. Embora os adversários fizessem parte dos chamados “pequenos”, um ataque que marcava 14 gols, em quatro jogos, animava-o.

 Aníbal, Tomires e Pavão; Jadir, Dequinha e Jordan; Joel, Paulinho, Índio, Dida e Zagallo foi o time escalado por Fleita Solich e quase o mesmo dos 2 x 1 do primeiro turno, quando Rubens e Evaristo ficaram com as vagas que, nos 4 x 1, seriam de Índio e Dida.

 A goleada sobre os americanos representou a 13 alegria de Gilberto desde o início do Estadual, em 7 de agosto, quando 12 times se bateram em dois turnos, sobrando seis para uma terceira etapa.

  Gilberto Cardoso, no entanto,  viu o Flamengto perder, inexplciavalmente, o jogo seguinte, por 2 x 3 Olaria, no Maracanã, novamente, sob o apito de Eunápio de Queiroz. Seu time era favoritaço e nenhum apostador, nem mesmo o mais fanático pelo Olaria, apostaria na “zebra” – ainda não havia o termo – pois o Flamengo mandara 5 x 0 no rival, pelo primeiro turno, dentro do chamado alçapão” da Rua Barriri, o estádio dos alviazuis que, nos 13 compromissos anteriores, haviam perdido nove e empatado dois – venceram só três. Levara 31 e marcaram 22 gols, ficando com o saldo negativo de nove.

 Gilberto Cardoso ainda teve momentos de grande alegria durante aquele jogo. Embora o Flamengo tivesse levado bola na rede, aos dois minutos, Dida, aos 18, e Zagallo, aos 21, viraram o placar, que o Olaria, também, virou, entre os 50 e 79 minutos – Aníbal, Tomires e Pavão; Jadir, Dequinha e Jordan; Joel, Paulinho, Índio, Dida e Zagallo fizeramo último desgosto de Gilberto.

 Mas a alegria estaria de volta,  logo em seguida: durante o clássico Fla-Flu, com 6 x 1 rubro-negros, em 18 de dezembro, marcando o jogo 1.495 da moçada, apitado por Harry Davis, no Maracanã.

 Gilberto Cardoso foi às nuvens, de tanta alegria, vendo o Flamengo mandar 3 x 1, de virada, no primeiro tempo, com Dida, Joel e Paulinho comparecendo ao filó. Na segunda fase, Dida e Paulinho fizeram mais dois, cada um -  Aníbal, Servílio e Pavão;  Jadir, Dequinha e Jordan; Joel, Paulinho, Índio, Dida e Zagallo foi o time da última alegria de Gilberto Cardoso que, oito dias depois, sairia desta vida.                                        

 

                                           TAÇA PARA GILBERTO

 

 A grande comoção pelo ocorrido com Gilberto Cardoso levou a Federação Carioca de Futebol a interromper o seu campeonato para promover um torneio quadrangular em homenagem ao dirigente,  com a participação dos argentinos Racing e Independiente, e do Vasco da Gama.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            

 Pela primeira vez, após tê-lo presidente, o Flamengo disputaria uma taça sem os aplausos de Gilberto. Era a noite de 27 de dezembro daquele 1955 e os rubro-negros foram ao gramado do Maracanã, encarar o Racing, prometendo dedicar o titulo do Torneio do Atlântico ao homem que se tornara uma pessoas espiritual. Venceram, por 2 x 1, com gols marcados por Dida, aos 34 minutos do primeiro tempo, e por Babá, aos 32 do segundo.

Aquele foi o jogo 1.496 da história rubro-negra, apitado por Charles Williams, com o Flamengo sendo: Chamorro, Leone (Jorge David) e Servílio; Jadir, Dequinha e Jordan; Joel (Mílton Bororó), Duca, Dida e Esquerdinha (Babá) e Zagallo.

 Três dias depois, sob o apito de Harry Davis, os atletas comandados pelo treinador paraguaio Fleitas Solich cumpriram a promessa e saíram do Maracanã campeões do  quadrangular internacional – teve, também, o Vasco da Gama -, mandando 3 x 0 Independiente, com gols de Milton Bororó, cobrando pênalti, aos 21 minutos do primeiro tempo; Dida, aos 34, e Duca, aos 40 da etapa final. Eles foram: Chamorro (Aníbal), Leone e Servílio; Jadir, Dequinha e Jordan; Milton Bororó, Duca, Henrique Frade, Dida e Babá.

 

 

 

 

2 – ROLO COMPRESSOR - Com Gilberto Cardoso, o futebol do Flamengo fez surgir um  time que a imprensa carioca apelidou por um apelido amedrontador. Conquistou o segundo tricampeão estadual-1953/54/55 (o anterior havia sido em 1942/43/44), revelando para o país o maior ídolo da torcida rubro-negra, o  alagoano Evaldo Alves da Santa Rosa, o  Dida (257 gols e 364 jogos) –, até Zico (Arthur Antunes Coimbra (508 tentos e 733 prélios) ultrapassar o seu número de tentos, em 197...

 Ao assumir o comando do clube, Gilberto havia promovido a volta à Gávea do treinador Flávio Costa, que estava no rival Vasco da Gama. Era pensamento geral dos rubro-negros que o “Alicate” – apelido dos tempos de atleta rubro-negro – seria o único capaz de fazer do Flamengo, novamente, campeão estadual, o que não ocorria desde 1944. Mas não deu certo e os flamenguistas seguirqam vendo os vascaínos contabilizando cinco títulos, os tricolores dois e os botafoguesnes mais um outro. Era preciso reagir.

 Já que Flávio Costa não conseguira quebrar um tabu, levando o Flamengo, no máximo, ao vice-campeanto carioca-1952, ele voltou para o Vasco da Gama, deixando Gilberto Cardoso e os os auxiliares José Alves de Morais, Fadel Fadel e Aristeu Duarte, principalmente, com a tarefa de substituí-lo e afastar a possibilidade  de o clube passar de nove temporadas em jejum de títulos.

 Gilberto Cardoso agiu rápido. Contratou o treinador paraguaio Fleitas Solich que, naquele 1953, surpreendera os favoviros ao título do Campeonato Sul-Americano, disputado na peruana Lima, levando taças e faixas para o Paraguai. Solich chegou e deu nova estrutura ao time rubro-negro

 

 3 - Seleção nacional que pretendesse conquistar o título continental  teria que se superar, e muito mais, para ultrapassar os grandes favoritos – desde o início da competição, em 1916 – argentinos, com nove, e os uruguaios, com oito títulos, sobrando três para os brasileiros e um para os peruanos.

O Sul-Americano-1953, em sua 22ª edição, no entanto, não teve a participação da Argentina (da Colômbia, tambem). Foram sete selecionados – Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai – competindo em turno único e resultando na decisão entre brasileiros e paraguaios, que haviam empatado em pontos.

Embora os paraguaios tivessem feito boa campanha – 3 x 0 Chile; 0 x 0 Equador; 2 x 2 Uruguai; 2 x 1 Bolívia e 2 x  1 Brasil –, o time brasileiro era mais apostado para vencer o duelo final, pois marcara mais gols do que o adversário (14 x 9)  – Brasil 8 x 1 Bolívia; 2 x 0 Equador; 1 x 0 Uruguai; 0 x 1 Peru; 3 x 2 Chile; 1 x 2 Paraguai.

Veio a decisão, em 1º de abril, no Estádio Nacional de Lima, que recebeu cerca de 35 mil desportistas. Quem esprava por ver o treinador brasileiro Zezé Moreira dando um nó tático no colega Fleitas Solich, viu o contrário. Os paraguaios mandaram 3 x 2, abrindo três gols de frente – Atílio Lóopez, aos 14; Manuel Gavilán, aos 17, e Rúben Fernández, aos 41 minutos –, no primeiro tempo, enquanto os adversário só conseguiram chegar à rede – Baltazar, aos 11 e aos 20  – na etapa final – Riquelme, Olmedo e Herrera; Gavilán, Leguizamón e Hermosilla; Berni, López (Parodi), Fernández, Romero (Lacasa) e Gómez (Martínez) foi o time armado por Solich, tendo Zezé escalado: Castilho, Djalma Santos e Haroldo; Nilton Santos, Bauer e Brandãozinho; Julinho Botelho, Didi, Baltazar, Pinga e Cláudio Pinho. (29 linhas).

                                     O FEITICEIRO PARAGUAIO

  Quem  pesquisar em jornais e revistas da década-1950, com certeza, encontrará fotos de um treinador usando, sempre, calça comprida, barriga avantajada e cabelos nem tanto. Era um sujeito sereno, notável em momentos difíceis, sobretudo corrigindo os erros do seu time. Não era de exasperar-se com os reveses, o que não era suficiente para tirar-lhe o costumeiro sorriso, e não deixava o desânimo nem de longe aproximar-se da sua patota. Só saía da linha se um atleta seu acendesse um cigarro dentro da concentração.

 Candidato a Deus? Não! Simplesmente, o “marechal de campo” do tricampeonato carioca de futebol-1953/54/55, o paraguaio Manoel Agustín Fleitas Solich. Ao chegar à Gávea, ele encontrou uma equipe sendo renovada. Colocu o time no 4-2-4, com maior velocidade, uma supresa para os adversários que preferiam tocar a bola, esnobar a força técnica. Ao final da temporada, já tinha uma máquina ajustada, lubrificada, que foi terminar apelidada por “Rolo Compressor”, com três anos de uso.    

 Quando o Estadual-1955 começou, muitos duvidavam de que o bicampeão Flamengo poderia seguir sendo uma “arma de repetição”, pois a disputa teria três turnos e contusões lhe privaram de escalar titulares importantes, como os paraguaios Garcia (goleiro) e Benitez (atacante) e o meia Rubens.  Solich, no entanto, olhou para dentro das águas rubro-negras e pescou  os alagoano Tomires, Zagallo e Dida, e mais o cearense Babá e o pernambucano Duca. E chegou lá.

 Até hoje, pesquisadores se referem a Solich como “O Feiticeiro”, embora ele jamais se ligasse a isso. Mas o que  dizer de um treiandor que vai para o derradeiro jogo de uma melhor de três e surpreende o adversário, com a trocas de duas peças? – Jordan, por Servílio, e Paulinho, por Dida. Resultado: este último destruiu o América, marcando três gols: Fla 4 x 1.

 Nascido na capital paraguaia, Assunção, em 30 de dezembro de 1900, Fleitas Solich foi bom de bola, também, dentro de campo. Como centro-médio (hoje, na linha de contenção, espécie de volante), defendeu a seleção do seu país, entre 1919 a 1926, inclusive no Sul-Americano-1922, no Rio de Janeiro. Fratura de uma da pernas tirou-lhe do lado de dentro e o jogou para o lado de fora dos gramados, a partir de 1931.

 Solich passou pelo Flamengo em mais duas oportunidades: em 1959, quando lançou Gérson de Oliveira Nunes, e em 1971, quando fez o mesmo com Arthur Antunes Coimbra, o Zico. No Brasil, ele treinou ainda Corinthians, Fluminense, Palmeiras, Atlético-MG e Bahia. No exterior, o espanhol Real Mdrid, o argentino Boca Juniors e os paraguaios Libertad e Olímpia.  Viveu, no Rio de Janeiro, o seu último dia de vida, em 17 de março de 1984.

                                                    MAIS TRÊS

 

Além de Fleitas Solich, o Flamengo de Gilberto Cardoso teve, ainda, Jayme de Almeida, Cândido de Oliveira e Flávio Costa como seus treinadores. O primeiro e o último são muito citados na história rubro-negra, mas Cândido é pouquíssimo lembrado.

 Português, este pegou o comando do time flamenguista após a saída de Gentil Cardoso,  que ficou, entre 1949/1950 - conquistou dois troféus sem muita importância, em jogos amistosos, e venceu 56 dos seus 35 compromissos, com mais 13 empates e oito derrotas. Em um pequeno período de apenas 13 prélios, todos em 1950, Cândido não conseguiu ir muito adiante, devido vencer pouco – quatro vezes – e perder muito – sete quedas, além de mais três empates, representando decepcionantes 35,9% de aproveitamento.  Foi substituído por Jayme, que comando a rapaziada entre 3 de janeiro a 4 de abril de 1951, passando 19 partidas no cargo, com nove vitórias, sete empates e três vezes batido.

 Nascido no 28 de agosto de 1928, em São Fidélis-RJ, ele totalizou sete experiências como treinador rubro-negro, entre 1946 e 1959, algumas vezes acumulando a função com a de atleta. Quando recebeu a equipe da “Era Gilberto”, já havia feito isso em três outras oportunidades, entre 1946 a 1950, totalizando seis vitórias em 13 jogo. Quando substituiu  Cândido, a aposta nele era muito grande, pois o antecessor dirigira a seleção lusitana, de 1926 a 1929, e de 1935 a 1945, além de ter levantado um bi nacional, pelo Sporting-1948/49. Jayme, então, obteve três vitórias, dois empates e só perdeu um prélio.

 Lembrado, também como um dos grandes jogadores do Flamengo, essencial na conquista do título carioca-1944, formando, com Biguá e Bria, a chamada linha média do primeiro tri estadual do clube, Jayme era eficiente na marcação e no apoio ao ataque, não comum na época. Rubro-negrou por 329 vezes, vencendo em 184 delas, além de se igualar ao adversário em 64 e ter passado 81 decepções no placar. Chegou a marcar 25 tentos.

 Nascido em São Fidélis-RJ e revelado pelo Sete de Setembro, de Belo Horizonte, a partir de 1936, ele passou pelo Atlético-MG, antes de chegar ao Fla. Em 1946, foi considerado o melhor lateral-esquerdo sul-americano, tendo feito 14 partidas e um gol pela Seleção Brasileira, pela qual jogou, entre 1942/46, ajudando-a a conquistar a Copa Roca-1945, diante dos argentinos. Marcou um gol nos 3 x 0 Colômbia, de 1945, pelo Campeonato Sul-Americano, e esteve atleta flamenguista de 1938 a 1949.             

 Jayme de4 Almeida foi um dos atletas mais disciplinados do seu tempo, jamais expulso de campo. Em 1949,  torou-se um dos primeiros premiados com o Troféu Belfort Duarte, que homenageava um ex-jogador e destacava atletas com uma década de carreira sem  exclusões de partidas.

 Capitão de várias seleções cariocas da década-1940, ele foi para o futebol do Peru, em 1961, par dirigir o Alianza, de Lima, um dos principais e mais populares clubes daquela terra, o qual levou aos títulos nacionais dede 1962/63/65, atém de ter lançado em sua equipe, em 1966, um dos maiores nomes da seleção peruana, Teófilo Cubillas. Viveu, naquele país,  o seu último dia de vida, em 17 de maio de 1973, quando contava 52 de idade. 

 

                           OS ARTILHEIROS DE GILBERTO

 Por temporadas na presidência rubro-negra, Gilberto Cardoso teve quatro atacantes sendo o principal levantador da torcida durante o Campeonato Carioca. Em 1951, o artilheiro do time chamava-se Hermes e marcou 10 gols. Em 1952, a honra passou para Adãozinho, saindo 16 vezes para o abraço. Índio ficou com as glórias de 1953 e de 1954, totalizando 43 batidas na rede - 25 em uma e 18 na outra vez -, enquanto Paulinho, em 1955, quebrou o recorde anual, com 26 tentos. Veja a cara desses “matadores”.

 

HERMES – Nascido na gaúcha Taquari, em 19 de dezembro de 1925, esteve flamenguista, entre 1950 a 1955, disputando 68 jogos e marcando 49 gols, em 37 vitórias, 10 empates e 21 derrotas. Hermes Nunes da Conceição foi o nome que ganhou no cartório de registros civis.

 

ADÃOZINHO – Também gaúcho, mas nascido em Porto Alegre, em 2 de abril de 1925. Adão Nunes Dorneles, aos 12 de idade, era juvenil de um time peladeiro chamado Paraná. Aos 15, trabalhava como “contínuo” – hoje, “officeboy” - de um jornal da capital, quando foi convidado pelo Internacional, em 1942. Emplacou, profissionalizou-se e foi tricampeão estadual-1943/44/45. Faturou faixa, também, em 1847/47 e em 1950. Pelo Flamengo, foram 96 partidas e 45 bolas nas redes, entre 1951 e 1953, em 53 vitórias, 24 empates e 19 procuras de explicações para insucessos. Chegou ao escrete nacional, tendo disputado três compromissos, entre 1947 e 1950, com uma vitória, um empate e um  lamento.   

       

ÍNDIO - Paraibano, de Cabedelo, nascido em 1 de março de 1931, ele foi registrado por Aloísio Francisco da Luz. Chegou ao Rio de Janeiro garoto e começou a jogar pelas com a turma do time do Piraquara, do subúrbio de Magalhães Bastos, onde a sua família se fixou. Em 1948, fez teste entre os juvenis do Bangu, agradou e até ganhou emprego como serralheiro da fábrica que mantinha o clube. Com alma de peladeiro, de vez em quanto jogava pelo Piraquara e o Engenhoca, da Ilha do Governador. Numa dessas peladas, pelo time ilhéu, o treinador Togo Renan Soares, o Kanela, gostou de sua bola e o convidou para ir para o Flamengo, em 1951. Chegou às seleções carioca e brasileira, tendo por esta disputado nove jogos, marcando quatro gols, em seis vitórias, um empate e duas quedas.  Pelo Flamengo, foram 202 jogos e 134 gols, em 127 vitórias, 38 empates e 37 escorregadas, entre 1949 e 1957.

 

PAULINHO – Atacante versátil que poderia ser escalado em várias posições. Nascido em Campos-RJ, no 15 de setembro de 1933, foi registrado por Paulo de Almeida e começou a aparecer defendendo o time aspirante rubro-negro de 1953. Na temporada seguinte, ainda atuou por aquela categoria, tendo ficado vice-campeão, e subiu ao time principal, para ajuda-lo a ser bi estadual. Com a mesma estatura de Índio (1m71cm), também chegou à Seleção Brasileira, tendo disputado seis partias, a partir de 1956, com um tento na conta, em duas vitórias, dois empates e duas pancadas. Para o Flamengo, entre 1951 e 1957, fez 127 partidas e 60 gols, em 76 vitórias, 22 empates e 29 choros.     

              

MAIS – Além de Índio, com 47 tentos, e Paulinho, com 26,  a campanha do tri do Flamengo de Gilberto Cardoso teve outros temíveis artilheiros, com mais de 20 gols, casos de Rubens, com 32, Benitez, marcando 31, e Evaristo cravando 27.

                 

RUBENS -

 

BENITEZ – Paraguaio, nascido em 2 de abril de 1927, em Yaguaron, foi infantil e juvenil do clube do mesmo nome de sua cidade, chegando ao time A aos 17 de idade. Próximo passo, o Nacional, de Assunção. Em 1949, marcou oito tentos para a seleção paraguaia que veio ao Brasil sair vice do Sul-Americano. Na mesma temporada, foi para o argentino Boca Juniors. Gilberto Cardoso pagou a grande soma de 700 mil cruzeiros velhos pelo seu passe, e valeu a pena, pois Jorge Duilio Benitez Candia foi um dos maiores nomes do tri. Esteve rubro-negro por 113 partidas, com 74 gols, atuando em 69 vitórias, 27 empates e 17 derrotas, entre 1952 e 1956.

 

5 – DIDA – O presidente Gilbero Cardoso levou para o Flamengo  o maior ídolode sua torcida: Dida, isto é,  Edvaldo Alves de Santa Rosa. A partir de 1979, a imprensa carioca começou a dizer que Zico – Arthur Antunes Coimbra – já era o novo dono da glória, quando ultrapassou o número de tentos do atacante que fora o seu ídolo.

Para alguns pesquisadores, isso é discutível. Lembram que nos tempos em que Dida sacudia a torcida rubro-negra  jogava-se menos, não havia televisão e a população brasileira era menor.

Discussão à parte, de tão apaixonado que era pelo Flamengo, ao ser informado, por gente do voleibol, pelos inícios de janeiro de 1954, de que, em Alagoas,  havia um terrível goleador, Gilberto Cardoso não perdeu tempo. Enviou-lhe uma carta e uma delegação a Maceió a fim de leva-lo para a Gávea.   

Dida demorou a decidir-se e só em maio deixou as Alagoas, pegando carona em um avião da FAB-Força Aérea Brasileira. Durante a viagem, passou mal e foi preciso a aeronave descer em Salvador, para ele ir ao médico. Diagnosticado com icterícia, quase ficou internado em um hospital da Bahia.

 Ao chegar ao Rio de Janeiro, Dida não foi para o local onde o Flamengo hospedava os seus jogadores solteiros e sem família na cidade. Gilberto Cardoso levou-o para a sua casa, pois principais jogadores rubro-negros excursionavam à Europa e ele não considerava conveniente deixa-lo sozinho em uma cidade turbulenta um rapaz que jamais estivera longe de sua família. Foram três meses de hospedagem e total assistência médica, já que ele era, também, médico. 

 Enquanto recebia aquela ajuda do presidente, Dida treinava, com ex-atletas, que iam sempre à Gávea bater uma bolinha, temendo engordar. Então, quando a delegação rubro-negra voltou ao Brasil, o presidente Gilberto Cardoso permitiu que ele se mudasse para a concentração do clube, que o incluiu entre os atletas aspirantes, categoria abolida na década-1960.

 Em 1954, quando Gilberto Cardoso mandou buscar Dida, o Flamengo estava com um time bem montado pelo treinador paraguaio Fleitas Solich, que havia sido campeão carioca na temporada anterior. E Dida enchia Gilberto Cardoso de satisfação, arrebentando no time dos chamados “esfria sol”, já que os aspirantes faziam os jogos preliminares das rodadas cariocas. O homem sentiu-se mais do que recompensado pelo apoio dado ao jovem alagoano, quando, em 17 de outubro de 1954, Dida foi escalado, por Fleitas Solich, para estrear  pelo time A, que vencera o Vasco da Gama, por 2 x 1, com boa atuação dele.

Em 21 de novembro, depois de ter entrado, também, no 0 x 0 Fluminense, Dida marcou o seu primeiro gol oficial rubro-negro, nos 2 x 1 Portuguesa-RJ, o que valeu uma grande mexida  na cadeira, por parte de Gilberto Cardoso. Naquele lance, ele vira que acertara, no alvo, ao dar ouvidos à sua turma do vôlei.

Mas o que deveria ter sido a emoção maior de Gilberto Cardoso não aconteceu. Quando o Flamengo chegou ao tricampeonato estadual, Gilberto Cardoso não pôde assistir ao show de Dida, na partida final, contra o América, já em 21 de janeiro de 1956. Para a torcida do Flamengo, fora ele que lá do Céu assoprara nos ouvidos de Fleitas Solich para escalar Dida, surpreendentemente, minutos antes da partida. E Dida marcou três gols nos 4 x 1 rubro-negros, saindo do Maracanã como herói e pavimentando a sua caminhada para  chegar à Seleção Brasileira e ser campeão mundial-1958.

 

6 – HENRIQUE -  Gilberto Cardoso era um dirigente atento a tudo. Quando sentava-se para descansar, em casa, nem assim a sua cabeça deixava de girar pelo mundo da bola. Evidentemente, uma bola em vermelho e preto. Em uma dessa ocasiões, ele lembrou-se do grande número de bons jogadores que o futebol carioca fora buscar em Minas Gerais. E pensou em dar um passeio por lá, a fim de pesquisar juvenis que pudessem ser o futuro do Flamengo.

  Aquele era um dia qualquer de 1953, quando ele embarcou para Belo Horizonte. Quando visitou o Cruzeiro e os seus dirigentes o informaram dos garotos promissores, ele foi autorizado a conversar com a molecada e surpreendeu-se com a recomendação de um deles:

 - Doutor Gilberto! Se o senhor quiser levar um craque, leve o meu irmão Henrique.

- Quem é ele aqui? – indagou.

- Ele não está aqui. Está em minha cidade, Formiga. Joga tanto que, desde os 15 de idade, é centroavante titular do Formiga.

- Você não está exagerando não, garoto? Não mesmo, doutor. Leve o Henrique, que o senhor não vai se arrepender.

Gilberto Cardoso assistiu treinos da meninada mineira, autorizou o ponta-esquerda juvenil cruzeirense Hamilton a chamar o seu irmão, para conversar com ele, e o incluiu no grupo de 12 juvenis que levou – entre outros, o próprio Hamilton; o zagueiro central Nozinho; o meio-campista Luís Roberto, e o ponteiro-direito Luís Carlos, os que mais lhe agradaram.

 Henrique não se encolheu ao conversar com Gilberto Cardoso. Contou-lhe:

- Sou campeão dos campeões do interior mineiro, doutor. Goleamos (pelo Formiga Esporte Clube) o União, de Itabirito, por 5 x 0, na final (disputada no Estádio Independência, em Belo Horizonte). Tem muita gente boa daquele time que merece uma chance em um grande clube. Marico, Délio, Nodge, Fone, Guita e Alaor, por exemplo, fariam bonito se saíssem.

 - Ótimo! Mas não tenho tempo para fazer mais observações e nem como levar mais ninguém. A concentração do Flamengo não caberia tanta gente. Quem sabe, futuramente? – deixou aberto a possibilidade.

 No Rio de Janeiro, Gilberto Cardoso acomodou os garotos de Minas na concentração da Rua Marquês de São Vicente, na Gávea. Vendo Henrique com aquele seu jeitão de interiorano espantado com a cidade grande, o zagueiro Pavão, titular do time principal, aproveitou para espantá-lo:

 - Ô sô! Tome cuidado com este casarão, viu? Aqui tem uma assombração que, de vez em quando, só falta nos matar. Dizem que é alma penada de um antigo zagueiro do Flamengo, que fazia muito gols contra. O doutor Gilerto já mandou rezar missas pra ele, celebradas pelo Padre Góes, mas ele não vai embora. Tome cuidado.

 Pavão, isto é, Marcos Cortez, um paulista (de Santos), que se deu bem no futebol carioca, tinha 24 anos, nove a mais do que Henrique, era famoso por ser um terror para os atacantes e titular desde 1951 – em 1953, foi campeão carioca. Pelo respeito que impunha, Henrique não ousava desmenti-lo sobre fantasmas. Tempos depois, já famoso e artilheiro amado pela torcida rubro-negra, ele lembrou-se da sacanagem do colega e contou:

- Morei um bom tempo naquele casarão, achoi que durante os três anos em que fui juvenil, e nunca vi nenhuma assombração por lá. Assombração mesmo era o Pavão, quando eu treinava contra ele.      

  Quando o Flamengo levantou o tricampeonato carioca-1953/54/55, pelo seu ataque passaram jogadores que tiveram o destino da Seleção Brasileira, casos de Joel, Rubens, Índio, Zagallo, Paulinho, Evaristo e Dida. Isso, além de outros atacantes destacados, como o paraguaio Benitez, Duca, Esquerdinha, Babá e Milton Bororó. Arrumar uma vaga naquele ataque, seria difícil para Henrique, que chegou a jogar nenhuma partida da campanha do segundo tri da história do futebol rubro-negro. Não dava mesmo para um aspirante sonhar com briga por vaga contra aquelas feras.

Nascido, em 3 de agosto de 1934, Henrique trouxe consigo o signo da paciência. E ganhou a chance que tanto sonhava quando o Flamengo precisou negociar  o passe de alguns astros. No dia 15 de abril de 1956, os rádios de Formiga foram todos ligados para os moradores escutarem a narração do amistoso Flamengo x Internacional-RS, no Maracanã, valendo a Taça Embaixador Oswaldo Aranha.

Aos 15 minutos, o estreante Henrique marcou o seu primeiro gol pelo time principal da Gávea, nos 4 x 1 sobre os colorados. Durante a alegria da comemoração, ele não esqueceu-se de Gilberto Cardoso, que não estava mais vivo para comemorar com ele, lá de sua cadeira na tribuna de honras. Mas, em seu coração, dedicou o gol ao homem que o levara para o Flamengo.

A partir dali, Henrique foi o dono da camisa 9 rubro-negra em 240 vitórias, 67 empates e 95 quedas –, tornando-se o terceiro maior artilheiro flamenguista, ultrapassado só pelo parceiro Dida – 257 gols (364 jogos) – e Zico –  508 tentos (733 prélios).

As constantes presenças de Henrique nas redes valeram-lhe vestir a camisa da Seleção Brasileira. A primeira vez, em 10 de março de  1959,  formando dupla de área com Pelé, nos 2 x 2 Peru, sem marcar gol, pelo Campeonato Sul-Americano, no Estádio Monumental, em Buenos Aires – Castilho; Paulinho de Almeida, Bellini, Orlando Peçanha e Nílton Santos (Coronel); Zito e Didi; Dorval, Henrique, Pelé e Zagallo foi o time escalado pelo treinador Vicente Feola.

 Cinco dias depois, pela mesma formação, Henrique voltou a formar dupla ofensiva com Pelé, em Brasil 3 x 0 Chile, no mesmo local, ainda sem balançar a rede e sendo substituído, no segundo tempo, por Paulinho Valentim. Passdos dois meses, Feola voltou a convoca-lo.enrique foi  E Henrique marcou o seu primeiro gol canarinho – aos 32 minutos –, diante de 120 mil pagantes, em Brasil 2 x 0 Inglaterra, em 13 de maio, no Maracanã  – Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Orlando Peçanha e Nílton Santos; Dino Sani e Didi; Julinho Botelho, Henrique, Pelé e Canhoteiro foi a equipe.

A quarta e última partida de Henrique pelo escrete nacional foi em 29 de junho de 1961, também no Maracanã, amistosamente e de forme muito comum para o torcedor rubro-negro: formando dupla fatal com Dida, em Brasil 3 x 2 Paraguai, quando o velho parceiro balançou a rede, aos 63, e ele, aos 72 minutos – Gilmar; Djalma Santos, Waldemar, Jadir (Aldemar) e Ari Clemente; Zequinha e Chinesinho; Joel Martins, Henrique, Dida e  Babá foi a formação do treinador Aymoré Moreira, que armou um ataque totalmente flamenguista, aplaudido por 45 mil pagantes.       Henri      

   Em 1963, o Flamengo emprestou o futebol de Henrique ao Nacional, de Montevidéu, que ficou campeão nacional com a sua ajuda. Em 1964, ele voltou à Gávea e, pouco depois, foi para a Portuguesa de Desportos, encerrando a história iniciada por Gilberto Cardoso.

 

 EVARISTO DE MACEDO - Ronaldo “Fenômeno”, Ronaldinho Gaúcho, e Rivaldo e Neymar foram grandes ídolos da torcida do Barcelona. Mas houve um outro brasileiro que fez mais: esteve idolatrado pelas torcidas do “Barça e no Real Madrid, os dois maiores clubes da Espanha. 

Chama-se Evaristo o craque cria do pequeno Madureira, entre 1950/1953, quando o presidente do Flamengo, Gilberto Cardoso, levou-o para ser tricampeão carioca pelos rubro-negros, o que leremos adiante.

Evaristo estava de olho na Seleção Brasileira que disputaria a Copa do Mundo-1958, na Suécia, quando surgiu o interesse do Barcelona pela seu futebol. Entre 1955/1957, ele havia disputado oito jogos,  incluídos os dois contra o Peru que valeram a vaga brasileira no Mundial sueco. Desses, marcara oito gols e tornara-se o maior goleador canarinho em uma só partida, o que prevalece ainda hoje – cinco tentos, em Brasil 9 x 0 Colômbia – 23 de maio de 1957 – no peruano Estádio Nacional de Lima, pelo Campeonato Sul-Americano – Gilmar; Djalma Santos, Edson dos Santos, Zózimo e Nílton Santos; Roberto Belangero e Didi; Joel Martins (Cláudio Pinho), Zizinho, Evarist e Pepe foi o time, escalado por Oswaldo Brandão.

 A ida para o futebol espanhol acenava com a chance de Evaristo fazer a sua independência financeira, mas isso não lhe era suficiente. Queria a certeza de que seria convocado para a Copa, pois a Confederação Brasileira de Desportos não chamava, na época, atletas que estivessem fora do país. Deram-lhe a certeza da convocação, mas não deu certo. O Barcelona só o liberava após o final do Campeonato Espanhol, quando o escrete nacional já estava na Europa, treinando para o Mundial.

 Evaristo – aos 83 de idade, tem boa saúde e reside em Ipanema –, por entrevista ao repórter Almir Leite, de “O Estado de São Paulo”, de 2 de abril deste 2017, contou um fato interessante: “Quando foi a Barcelona tantar a minha liberação, o Carlos Nascimento (supervisor da Seleção Brasileira) disse-me que eu iria fazer uma dupla infernal  com um ‘escurinho’ que estava surgindo”, Ao indagar quem era, ouviu o nome de um garoto chamado Pelé. “Quemmmm?”, indagou. Jamais tivera ouvido alguém falar da fera.

A outra fera do escrete nacional de 1958, o endiabrado Mané Garrincha, Evaristo  conhecia e jogara com o danado durante as duas vezes partidas contra os peruanos, pelas Eliminatórias. Mas, em ambas, Brandão escalara o “Torto” pela ponta-esquerda, pois o titular da direita era o seu colega flamenguista Joel Martins. Por sinal, fora nos jogos contra o Peru que o Barcelona encantou-se por Evaristo, via seu secetário técnico, Josep Samitier.  

  De família classe média, nascido em 22 de junho de 1933, no Rio de Janeiro,  Evaristo de Macedo Filho embolsou a ótima (para a época) grana, de Cr$ 7 milhões de cruzeiros (moeda de então) para trocar de clube, além de um salário impensável no futebol brasileiro (não divulgava). Para um rapaz solteiro, nem se fala – meses depois, voltou ao RJ e casou-se com Norma, que deu-lhe os filhos Evaristo de Macedo Neto, nascido em Barcelona, Maria Marcedes, garota madrilena, e o carioca Luís Augusto, todos registrados como brasileiros.

Foram sete temporadas de brilho (até 1962) pelo Barcelona, conquistando dois campeonatos nacionais,  duas Taças Cidades das Feiras (atual Liga dos Campeões da Europa) e uma Copa da Espanha. Marcou 178 gols, em 226 jogos, dos quais 105  oficiais – por este critério, Rivaldo tem 130. No entanto, Evaristo segue sendo o brasileiro que mais foi ao fundo da rede pelo clube catalão.

Segundo Evaristo, em declaração ao repórter Luís Fernando Teixeiras, de www.jornalismosemfroteiras.com.br,  ele  deixou o “Barça” quando negociava renovação de contrato e queriam que se nacionalizasse espanhol, abrindo vaga para um outro estrangeiro no clube. Como não topou, o Real Madrid entrou na jogada e fez-lhe uma proposta irrecusável. “Eu pretendia voltar ao Brasil, após o final do contrato com o Barcelona, mas apareceu a proposta do Real Madrid que, de jeito nenhum poderia ser recusada. Não  houve remédio, senão pedir que a saudade não apertasse tanto o coração. Valia a pena suportar mais dois anos em benefício de um futuro tranquilo...”... falou ao repórete Gérson Moneiro, pelo Nº 299, da “Revista do Esporte”, de 28 de novembro de 1964.

À mesma “Revista do Esporte” citada, Evaristo disse ter saído do Real Madrid porque a saúde do seu pai não era boa e os seus negócios no Rio exigiam a sua presença mais constante. Ao pedir rescisão de contrato, o clube negou-lhe, embora aceitasse dar-lhe licença para vir ao Brasil tratar dos problemas particulares. Depois, o liberou e ainda o premiou, por admiração, com os US$ 20 mil dólares que ele ganharia pelos próximos sete meses de contrato – ele foi  o quarto brasileiro a vestir a sua camisa merengue, depois de Fernando Giudicelli, Didi (Valdir Pereira da Silva) e Canário, e ganhou outros dois títulos nacionais.

 

 

Na terça-feira 27 de outubro de 1964, Evristo voltou a ser rubro-negro, com o aval do treinador Flávio Costa, e contratado pelo presidente Fadel Fadel. Como da primeira vez, começou a treinar entre os aspirantes, para voltar à forma.  Chegara, conforme o teinador Flávio Costa o considerou ,falando à ”Revista do Esporote”, sendo um “excelente reforço para as pelejas da Taça Brasil-1964”, que o Flamengo disputaria, pela primeria vez, por ter sido o campeão cariocas-1963.

Evaristo assinou contrato por dois anos  de dureção, recebendo luvas de Cr$ 3,5  milhões e salário mensal de Cr$ 150 mil, além de passe livre ao final do vínculo.

JUVA – Evaristo já era fera quando defendia o time do Colégio Felisberto de Menezes. Continuou sendo no juvenil do Madureira e chegou a titular do time A aos 18 de idade. Quando Gilberto Cardoso o entregou ao treinador Flávio Costa, este o colocou entre os aspirantes (categoria extinta, formada por reservas). Com a troca de Flávio pelo paraguaio Fleitas Soliche, passou a etrar no time principal, desde 11 de abril, pelo a Torneio Rio-São Paulo-1553, substituindo Adãozinho, no decorrer de Fla 3 x 2 Santos, no Maracanã. Voltu a entrar em campo durante o decorer de mais três partidas, até sair jogando como titular no 0 x 0 São Paulo, no Pacaembu-SP, em 31 de maio.

Começava por ali o sucesso rubro-negro de Evaristo, para alegria de Gilberto Cardoso, que apostara em seu futebol, que crescia integrando um ataque em que se encaixava ao lado de Joel, Maurício, Benitez e Esquerdinha. Jogando em várias posições, até pela ponta-esquerda, ele foi uma das peças mais destacadas da campanha do tri rubro-negro-1953/54/55. Pela decisão de 1955, que entrou por 1956, Evaristo marcou o gol do 1 x 0 América, na melhro de três, com u chute quase do meio do campo, pelo alto, quase raspando o travessão.

Como o América mandou 5 x 1 no segundo jogo, foi preciso um terceiro, em 4 de abri de 1956, assistido pelo presidente Juscelino Kubitscheck. Com três gols de Dida, uma outra aposta de Gilberto Cardoso, o Flmengo ficu tri, pro 4 x 1, com seu ataque sendo Joel, Duca, Evaristo, Dida e Zagallo.

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MAIS EVARISTO  (REESCREVER TEXTO) -  Carioca, nascido em 22 de junho de 1933, no bairro de Engenho Novo, jogava atrás, nos times amadores de sua adolescência, no Instituto Grambery, onde estudava, na mineira Juiz de Fora, no Arizona e no Rio City, do bairro do Grajau, quando voltou ao RJ. Foi para o juvenil do Madureira, a convite do treinador Plácido Monsores, em 1951. Na temporada seguinte, disputou as Olimpíadas de Helsinque, na Finlândia. Em 1953, Gilberto Cardoso o levou para a Gávea. Registrado por Evaristo de Macedo Filho, foi rubro-negro entre 1953 a 1957, atuando em 182 partidas e marcando 102 tentos, durante 101 vitórias, 35 empates e 46 placares adversos. Pela Seleção Brasileira, foram 13 jogos e oito gols, em sete vitórias, quatro empates e duas derrotas. Em 23 de março de 1957, em Brasil 9 x 0 Colômbia, marcou cinco tentos, recorde ainda não quebrado em uma só partida canarinha.      

  

                                      TERCEIRA MAIOR GOLEAEDA

 

Entre as três maiores goleadas mandadas por times flamenguistas, a terceira com o maior número de gols aconteceu durante a gestão de Gilberto Cardoso: 13 x 2 Seleção de São Lourenço-MG. 

Era o jogo 1.239 da  história rubro-negra e a rapaziada disputava um amistoso, em 15 de abril de 1951, por gramados mineiros. Índio (4), Hermes (3), Adãozinho (3), Esquerdinha (2) e Nestor foram os impiedosos do dia, a mando do treinador Flávio Costa, que escalou: Garcia (Cláudio); Biguá (Juvenal) e Pavão (Almir); Bria, Dequinha (Válter) e Bigode; Nestor (Aloísio), Hermes, Adãozinho, Índio e Esquerdinha.

  Embora o time do interior mineiro não representasse nenhuma ameaça para os visitantes, a elástica goleada não poderia ser desprezada, tendo em vista que a rapaziada vinha de 6 x 3 Internacional-RS, amistosamente (07.04), no Maracanã, e, após passar por São Lourenço, mandara 5 x 1 Rio Branco (28.04) e 6 x 0 Goytacaz (29.04), ambos de Campos-RJ e fora de casa, igualmente, amistosos. Logo, o “Fla-Gilberto” não perdoava os “pequenos” desafiantes.

 Vale lembrar, ainda, que os inícios da temporada-1951 mostrava um Flamengo com muita sede de rede, vencedor de oito dos seus 15 compromissos, entre os quais os respeitados 5 x 2 Fluminense, pelo Campeonato Carioca;  5 x 2 Portuguesa de Desportos; 2 x 1 América-RJ e 4 x 2 São Paulo, estes três valendo pelo Torneio Rio-São Paulo – empatou três e caiu em quatro oportunidades.

 Com 61 bolas no filó e 35 entradas, o saldo credenciava o time a ter reconhecida as balaiadas pra cima de pequenos desafiantes, o que a torcida rubro-negra não discutia, pois, para ela, o que valia era o anotado no “caderninho”, que ficaria para a posteridade, como as outras pancadas maiorais - 16 x 2 e 14 X 0 Mangueira, respectivamente,  em 3 de maio e 8 de setembro de 1912, ambas pelo Estadual.       

Um dos destaques da balaiada sobre o time de São Lourenço, o gaúcho, de Porto Alegre,  Adão Nunes Dornelles – 02.04.1925 a 06.08.1991 – está na galeria dos grandes atacantes rubro-negros. Chegou ao Flamengo, em 1951 e foi embora em 1953, deixando 49 gols - 16 deles em 1952 -, em um total de 104 partidas. Pena que não viveu  a glória maior da rapaziada do período, o tri da turma de Gilberto Cardoso-1953/5455.

Adãozinho foi cria, em 1938, de um time amador porto-alegrense de nome incomum,  Diário Oficial FC. Em 1943, foi aspirante do Internacional e titular a partir de 1944, fase do "Rolo Compressor Colorado”, uma das maiores formações do clube e quando o multimídia Ary Barroso o chamou por “atacante satânico".

Deveria ser mesmo, pois disputou trinta “Gre-Nal” (Grêmio x Internacional), o maior clássico gaúcho e um dos maiores do Brasil,  vencendo 19 e marcando 16 gols. Campeão estadual gaúcho e municipal porto-aletrense-1944/45/47/48/50, esteve convocado para selecionados brasileiros, entre 1947 e 1950, tendo disputado três jogos, com uma vitória, um empate e uma derrota, sem marcar gols.                                                                                                                                                                                                                                                                         

 

                     

                           A DURISSIMA CAMPANHA DO TRI

  Nada melhor para o torcedor do que uma competição com dois, três times disputando, ferozmente, o caneco. Caso do Campeonato Carioca-1955, quando o coração de Gilberto Cardoso explodiu antes de ver o seu Flamengo tricampeão carioca, passando pela mais difícil das três conquistas.

Durante o primeiro turno, Gilberto via o seu time, como em uma corrida de turfe,  disputando cada páreo no corpo a corpo com o seu maior rival, o Vsco da Gama. Briga renhida, até a quinta rodada. Na sexta, o Fla perdeu o Vasco venceu e,uma semana depois,  piorou a situação do rival, mandando-o para a terceira colocação, a três pontos de distância, enquanto o Flu ficava o novo vice-líder.

Gilberto Cardoso confiava em sua rapaziada. Sabia que tinha forças para reagir. E reagiu diante das bobeadas de vascaínos e tricolores. O Fla não só voltara a vencer, como chegara ao título da etapa – Flamengo 3 x 0 Canto do Rio; 5 x 2 Madureira; 4 x 1 Bonsucesso; 5 x 1 Portuguesa; 1 x 0 Botafogo;  1 x 2 Fluminense; 5 x 0 Olaria;  0 x 3 Vasco da Gama; 2 x 1 América; 4 x 0 São Cristóvão; 2 x 0 Bang foram os seus resulados.

 O returno veio com um Flamego marcando sete gols, em dois jogos invictos – durante o turno, fizera oito, na mesma quantidade de de compromissos. Gilberto Cardoso imaginava já ter visto aquele filme. Mas o destino veioa lhe pregar uma peça. Após duas vitórias na nova etapa, seu corção não permitiu-lhe ver a terceira, uma goleada, pelo mesmo placar do jogo anterior. Cinco dias antes parara de bater. Seus rapazes, no entanto, firmaram o pacto de lhe darem o tri, e cumpriram, sob a presidência de José Alves de Morais  – Flamengo 2 x 1 São Cristóvão; 5 x 2 Madureira; 5 x 2 Canto do Rio; 4 x 1 América; 2 x 3 Olaria; 6 x 1 Fluminense; 2 x 2 Bangu; 6 x 0 Portuguesa; 1x 1 Vasco; 4 x 0 Bonsucesso; 2 x 1 Botafogo foram os plcares.

  O Estadual-1955 teve dois turnos para 12 times, além de um terceiro entre os seis melhores das etapas anteriores. Como já tinha duas faturas na conta e perdera três jogos da terceira fase, o Fla ficou de olho nas finais, pronto para dar o bote fatal em quem pegasse pela frente. O currículo de 1 x 3 América; 4 x 3 Bangu; 2 x 3 Fluminense; 2 x 0 Bonsucesso; 1 x 2 Vasco era decepcionante. Melhor, investir para o futuro.

 Como Vasco e Fluminense não deram conta irem à terceira fase, o América, que subiu de produção a partir da reta de chegada da segunda etapa, pontuando mais do que os dois fortes concorretes, foi para  três jogos decisivos com o Fla, que mandou-lhe 1 x 0 e 4 x 1, enquanto os “diabinhos” lavaram a honra, com 5 x 1 no segundo duelo as finais.

 Foi um campeonato disputadíssmo. No somatório geral dos dois prmeiros turnos, o Fla fez só um ponto a mais do que o Vasco: 36 x 35. No terceiro, o América, com nove, distanciou-se dois pontos de Vasco e Flu, e cinco do Fla. No geral, Fla 44; Vasco 42; América 40 e Flu 37.  Embora tivesse pontuado menos do que os cruzmaltinos, os americanos ficaram vices por contada de artimanhas de regulamentos. 

 

                                        GILBERTO CARDOSO FILHO

 Se, filho de peixe, peixinho é,  Gilberto Cardoso Filho encarnou bem o ditado popular. Também, presidiu e foi campeão pelo Flamengo. No comando rubro-negro, esteve entre 1989 a 1990, quando os mandatos eram de duas temporadas, e de 8 de julho a 14 de outubro de 2002, segurando a barra devido ao afastamento de Edmundo Santos Silva.

O primeiro mandato do Gilbertinho foi de sucessos. A rapaziada entregou-lhe dois canecos, das Copas do Brasil e São Paulo Junior-1990, ambos representando a primeira conquista do clube nas respectivas competições. 

A Copa do Brasil estava sendo disputada pela segunda vez e o Fla saiu dela invicto, com seis vitórias e quatro empates, além de mostrar o ataque mais positivo, marcando 20 gols, à média de dois por jogo. Mostrou, então, que o Gilbertinho  sabia, como o pai,  montar grupo para vencer em casa e fora. Confira: 21.06 - 5 x 1 Capelense-AL (c); 05.07 – 4 x 0  Capelense (f); 10.07 – 2 x 0 Taguatinga-DF (c); 15.07 – 1 x 1 Taguatinga (f); 25.07 – 1 x 1 Bahia (f); 1 x 0 Bahia (Juiz de Fora-MG); 13.09 – 3 x 0 Náutico-PE (c); 16.10 – 2 x 2 Náutico-PE (f); 01.11 – 1 x 0 Goiás (Juiz de Fora) e 07.11 – 0 x 0 Goiás (f).  

 Para ser campeão, Cardoso Filho entregou a sua rapaziada ao treinador Jair Pereira, que disputou a finalíssima diante de 45.504 pagantes, no Estádio Serra Dourada, em Goiânia, escalando - Zé Carlos Araújo; Aílton, Vítor Hugo, Rogério Lourenço e Piá; Uidemar, Leovegildo Júnior, Zinho e Bobô (Nélio); Renato Portaluppi e Luís Carlos Tofolli, o Gaúcho, que cedeu vaga, no decorrer da partida, a Marcos Correia dos Santos, o Marquinhos – foi o time, que não pode ter na foto dos campeões o autor do gol do título (saído no jogo de ida), o zagueiro Fernando, expulso de campo, em Juiz de Fora. Nascido no Rio de Janeiro, em 25 de fevereiro de 1980, Fernando Santos, tinha ótima estatura para a sua posição, 1m91cm de altura, o eu lhe permitia ganhar a maioria das bolas aéreas em que intervinha.        

De outra parte, para ganhar a taça do futebol júnior, Gilberto Cardoso Filho confiou nos trabalhos técnicos de Ernesto Paulo, que revelou atletas que chegaram à Seleção Brasileira, casos do zagueiro Júnior Baiano, do atacante Paulo Nunes e dos meias-atacantes Marcelinho Carioca e Djalminha – todo o grupo teve: goleiro: Adriano; defensores: Mário Carlos, Júnior Baiano, Tita, Piá, Rogério, Edmilson e Selé; meio-campistas: Marquinhos, Fabinho, Marcelinho Carioca, Luís Antônio, Fábio Augusto e Rodrigo Dias; atacantes: Djalminha, Paulo Nunes, Nélio e William.

 Concidentemente como na Copa do Brasil, o gol campeão foi marcado, também, por um zagueiro, Júnior Baiano, no 31 de janeiro, em Flamengo 1 x 0 Juventus-SP, com a decisão da chamada “Copinha” rolado no estádio do Pacaembu, da capital paulista, na 21 edição da festa da garotada. Júnior Baiano foi titular da zaga da Seleção Brasileira vice-campeã da Copa do Mundo-1990.

Confira a campanha:  1 x 1 Botafogo de Ribeirão Preto-SP; 1 x 0 Nacional; 2 x 0 Central Brasileira; 2 x 1 Criciúma e 0 x 0 Santos, com 5 x 4 nos pênaltis;  3 x 1 Tuna Luso-PA; 1 x 1 Portuguesa de Desportos, com 4 x 1 nos pênaltis; 1 x 2 Juventus; 7 x 1 Corinthians; 3 x 0 Internacional-RS e 1 x 0 Juventus.

Gilbertinho, que perdera a mãe desde um de vida, tinha 16 de idade e ouviu o jogo, em casa, pela Rádio Continental, não tendo podido acompanhar o pai devido ter provas finais, no Colégio São Bento, no dia seguinte. Cursava o quarto período do antigo curso ginasial e recebeu a noticia do infarto por intermédio de tias. Não consegui fazer as provas e caiu para um antigo processo chamado por “segunda época”, isto é, uma segunda chance de ser aprovado nos estudos do período.

O que aliviou mais a alma de Gilberto Cardoso filho foi ver milhares de pessoas – cerca de 50 mil - acompanhando o último trajeto do seu pai, dentre os presentes remadores dos rivais Botafogo e Vasco, o  treinador vascaíno Flávio Costa, que trabalhara com Gilberto Cardoso, no início do seu primeiro mandato no Flamengo, além de gente do futebol, remo, vôlei, e basquete.

 Guguta, que marcou a “cesta assassina” dos 45 x 44 Sírio Libanês da noite do 25 de novembro de 1955, não se sente culpado por nada. Entende que foi causa de muita emoção, conforme disse ao site oficial do Flamengo. De sua parte, o treinador Togo Renan Soares, o Kanela, declarou ao jornal “O Globo” acreditar que, se o Flamengo não tivesse vencido aquele jogo do basquete, talvez,  Gilberto Cardoso, não resistido, da mesma forma.

O basquete pentacampeão carioca da “Era Gilberto”-1951/52/53/54/-55 chegou a deca, diante do mesmo Sírio, em 19 de dezembro de 1961, por 58 x 62, tendo no ato final de 1955,  o capitão do time rubro-negro, Zé Mario, oferecido a vitória ao iniciador daquela história, conforme está em “O Globo” do dia seguinte ao título.

Gilberto Cardoso Filho jamais esqueceu. que, no 4 de abril de 1956, data da decisão do título carioca-1955, seis meses após ficar sem o seu pai, o sucessor dele na presidência rubro-negra, o português José Alves de Morais, e todo o time de futebol rubro-negro foram à chamada última morada de Gilberto, acompanhados por cerca de dois a três mil torcedores “que pularam o muro para colocar a faixa de campeão no meu pai”, lembrou ao site oficial do Fla.

                   CHOVEU NA HORTA DO GILBERTINHO..

 

 Gilberto Cardoso, presidente do Flamengo, entre 1951 a 1955, era um gentleman. Faria qualquer coisa, desde que fosse limpa, pelo Flamengo, ao qual dedicou todo os seus últimos tempos de vida. Nem mesmo procurou uma outra companheira,após enviuvar-se e ficar com um filho, de apenas um ano de vida, para criar.

 Gilberto Cardoso Filho, o sucessor, também presidiu o Flamengo. Em duas oportunidades: eleito, em 1989, para mandato que terminava em 1990, e em 2002, quando assumiu o comando em razão do empeachment do presidente Edmundo Santos Silva.

Enquanto o pai era médico, o filho preferiu a advocacia. Até o 25 de novembro de 1954, quando passou 16 temporadas do lado do pai que partiu na madrugada do dia 26, o Gilbertinho teve tempo, de sobra, para aprender a fazer bater forte no peito um coração rubro-negro. Só não aprendeu as manhãs da política esportiva, porque o pai não tinha oposição. Como a tinha, e muito, Gilberto Cardoso Filho saiu da cartilha do pai e aplicou um dos maiores golpes nos conselheiros que queriam derrubá-lo do cargo, culpando-o pela má fase da equipe de futebol. Um verdadeiro golpe de mestre.

 Segurar a onda, com imprensa batendo, proposição cornetando e torcida cobrando muito, era para deixar descompassado o coração de qualquer presidente, ainda mais exortado a renunciar ao seu mandato. O Gilbertinho colocou a bola na marca do pênalti e mandou a cornetagem pro filó. Inacreditável! Convidou o considerado maior presidente do Fluminense dos últimos tempos do rival Fluminense, o juiz de Direito aposentado Francisco Horta, para gerir o futebol flamenguistas, com todos os poderes, substituindo o rubro –negrohistórtico e então vice-presidente de futebol George Helal.

 Foi uma bomba. Reverteu-se o noticiário contra na imprensa, Horta encarou os chefes de torcidas, reiterando-se tricolor, mas assegurando ser um apaixonado pelo futebol e que estaria ali, em nome do futebol, para ser fiel ao Flamengo, enquanto fosse um seu empregado remunerado.

 Carioca, nascido no bairro das Laranjeiras, Francisco Luiz Cavalcanti Horta  estava com 55 de idade e sem perder o seu jeito bombástico que montara a Máquina Tricolor de 1976, levando Rivelino, Paulo César Lima, Doval, Carlos Alberto Torres,Dirceu Guimarães, Miguel e Gil, entre outros cobras, para o Flu.Sem falar do troca-troca de astros entre clubes, lance dele.

Chegado ao Flamengo, ela anunciou a criação nova torcida, a Manga Fla, formada pela rapaziada da Escola de Samba Mangueira. O presidente Gilberto Cardoso Filho adorou. A cada dia, via a sua oposição entregando os pontos. Era demais. Horta declarou que o Flamengo era o seu segundo clube  que o fascínio pela camisa rubro-negra o deixava esmagado, emocionalmente.  Motivo para o Conselho Deliberativo do Fluminense ameaçar cassar o seu título de grande benemérito.

Gilberto Cardoso Filho lia nos jornais e sorria. Agora, não jogavam bombas sobre a sua cabeça. As coisas aconteciam, favoravelmente. Como durante o Torneio de Palma de Mallorca, na Espanha, em 1978. O Flamengo enfrentava o Real Madrid e, devido reclamação acintosa ao árbitro, pela não marcação de um pênalti, todos os jogadores e comissão técnicas que estavam no banco dos reservas foram expulsos de campo.  Só restou Horta, que passou a orientar a rapaziada que, com oito jogadores, sustentou o placar final de 2 x 1.

 - O Gilbertão lhe ensinou tudo, em Gilbertinho – brincou um conselheiro, antes da oposição.

 

  

 

 

 

 

                                                  MÁRCIO BRAGA

Após o segundo tri estadual do futebol carioca-1953/54/55, o Flamengo só voltou a “trisar”  entre 1977 a 1979 (*), quando era comandado por Márcio Braga. Sobre tal conquista, este contou sobre a equipe montada por Gilberto Cardoso:

 “...participei como torcedor. Era um time espetacular, com o paraguaio Garcia no gol, talvez, o melhor goleiro do Flamengo de todos os tempos. Tínhamos outro paraguaio, Benitez, grande artilheiro, Rubens, ou “Dotô Rubis”, Dequinha, Jordan, Índio, Joel e uma defesa dura, porém eficiente, com Tomires, Pavão e Jadir. Durante aqueles três anos, se revezaram vários jogadores: Chamorro, Servílio, Evartisto, Duda, Paulinho, Dida, Babá, Zagallo e muitos outros, sem  que o time deixasse de correr e lutar...Iam mudando os nomes sem o Flamengo perder a raça, a vontade de vencer. Dava prazer torcer por aquele time feito por verdadeiros guerreiros que  honravam suas camisas. Ganhamos três anos seguidos contra times muito bons, todos com craques, mas só o Flamengo tinha, além de craques, time, raça  e camisa” – está no livro “Coração Rubro-Negro”, lançado em 2013, pela Daumará Distribuidora de Publicações Ltda.

Márcio Braga lembra mais Gilberto Cardoso, pelo mesmo livro, por um outro motivo e que pode ter-lhe salvo a sua vida. Leia:

 

 

Com os seis mandatos - 1977/1980; 1987/1988; 1991/1992 e 2004/2009 -, Márcio Braga é o presidente que mais comandou o Flamengo. Ao lado de Gilberto Cardoso e de José Bastos Padilha é considerado um dos três melhores ocupantes do cargo que já passaram pela Gávea. E o mais vitorioso da história rubro-negra, tendo ganho os Estaduais-1978/1979/1979 (*); os Brasileiros-1980 e de 2009; a Taça Libertadores e o Mundial Interclubes-1981. Evidentemente, favorecido pelo maior número de mandatos

 Se o tri de Gilberto Cardoso revelou o futebolista mais premiado, internacionalmente, do futebol brasileiro, Mário Jorge Lobo Zagallo – atleta bicampeão da Copa do Mundo-1958/62; treinador do chamado tri-1970, e coordenador técnico do “tetra”-1994, o tri estadual de Márcio Braga foi a arrancada do time mais vencedor da história flamenguista, tendo, em 1978/79/79 ganho tudo o que disputou, liderado pelo de Arthur Antunes Coimbra, o Zico, e contando com coadjuvantes de altíssimo nível técnico, casos de Paulo César Carpegiani, Leovegildo Júnior, Raul Plasmann, Tita,  Adílio e Andrade, sobretudo.

Há coincidências nas campanhas do “tri” de Gilberto e de Márcio Braga. Em 1954, o Flamengo ficou campeão, antecipadamente,  mandando 2 x 1, de virada, sobre o seu maior rival, o Vasco da Gama, já em 12 de fevereiro de 1955. O jogo seguinte, diante do Bangu tornou-se “amistoso”, só para cumprir tabela. Em 1978, a taça foi carregada, novamente, em cima dos vascaínos, em 3 de dezembro, por 1 x 0.

Nesse terceiro tri-1979 há um detalhe: os cartolas da Federação do futebol estadual organizaram um campeonato "Especial" que teve os dois turnos  vencidos por um invicto Flamengo. Foram, então,  dois campeonatos estaduais-1979 e um só campeão - o segundo torneio teve três turnos, todos ganhos  pelos rubro-negros, que faturaram cinco turnos, indiscutíveis. 

 

                                              WILSON BAPTISTA

 O fechamento da campanha-1954, com 5 x 1 Bangu, uma semana após o Carnaval, fez o Maracanã viver uma de suas tardes mais inusitadas. Houve desfiles da escola de samba da Mangueira e de blocos que não pararam de sacudir o ânimo de Gilberto Cardoso, que não tinha como não abrir um largo sorriso ao escutar o samba de Wilson Batista: “Flamengo joga amanhã/Eu vou pra lá/ Vai haver mais um baile no Maracanã/ O mais querido Tem Rubens, Dequinha e Pavão/ Eu já rezei pra São Jorge Pro mengo ser campeão/Pode chover, pode o sol me queimar/Que eu vou pra ver/A charanga do Jaime tocar: Flamengo! Flamengo!/Tua glória é lutar/Quando o mengo perde/Eu não quero almoçar/Eu não quero jantar”.

Nascido em Campos-RJ, em 3 de julho de 1913, Wilson Baptista de Oliveira viveu até 7 de julho de 1968, tendo sido o compositor que mais músicas dedicou ao Flamengo – cinco. Em 1955, ao ver o Flamengo novamente campeão, ele, parceiro de Noel Rosa, compôs uma comemorativa ao tri. Assim: “O juiz apitou/Quase sinto uma emoção/Acabado o jogo/Flamengo tricampeão/Chorei/Fui pra casa febril/Nquele 1 de abril/O feiticeiro Solich/Nao bobeou não/E lá na Gávea/Temos mais um tricampeão”.

     Uma outra composição da época não esquecia de citar Gilberto Cardooso em um dos versos: “Mamãe foi seu Cardoso/Que deixou rcordação/Trabalhando por Flamengo/Pra fazer tricampeão”.  Este foi um xote de um baiano conhecido por “Pau de Arara”, compositor de cordeis muito ouvido pelas feiras nordestinas. 

 Gilberto Cardoso não estava mais vivo para ouvir as homenagens, comemorar o tri estadual, a não ser na lembrança dos torcedores e atletas que aparecem nas fotografias usando calções pretos, pela primeira vez, em respeito ao seu desaparecimento.

Após o jogo final, contra o América, torcedores foram, a pé do Maracanã, até a sua última morada, no São João Batista, encararam um vigia armado, acenderam velas e deixaram uma faixa de campeão, em agradecimento.

 

 

 




 

 

 

 

 

 

 

 O Flamengo de Gilberto Cardoso foi o primeiro da história rubro-negra a viajar à Europa. Voltou invicto, vencendo os 10 jogos disputados.  VER JOGOS

ue coo PRESIDENE RUBRO-NEGRO QUATRO MESES DEPOIS – Gioberto Cardoso não estava mais vivo para comemorar o tri estadual, a não ser na lembrança dos torcedores e atletas que aparecem nas fotografias usando calções pretos, pela primeira vez, em respeito ao seu desaparecimento.

Após o jogo final, contra o América, torcedores foram, a pé do Maracanã, até ae sua última morada, no São João Batista, encararam um vigia armado, acenderam velas e deixaram uma faixa de campeão, em agradecimento.

 

 

                                 O HOMEM QUE INVENTOU O FLAMENGO

                                       Para o JBr de 30.04.2017

 

Torcedores rubro-negros ficam irritdos quando alguém diz que  eles são filhos dos tricolores. Alegam que, antes de o Flu nascer, o Fla já existia. Realmente: o Fluminense chegou em 21 de julho de 1902 e o Flamengo já estava na praça desde  17 de novembro de 1895. Portanto, sete temporadas antes. Só que, falando-se em clube, vem à mente do torcedor brasileiro, imediatamente, o futebol. Os outros esportes não o comovem tanto. E, neste caso, o Flamengo é, mesmo, filho do Fluminense. Mas nem tanto. Poderia ter sido do Paissandu Cricket Club ou do Botafogo.

 Quando a maioria dos jogadores tricolores solidarizaram-se com Alberto Borghert –  barrado no time – e saíram com ele, o Flamengo não era a primeira opção para uma nova casa. Foi pensado, mas não procurarado o Paissandu, porque o seu ambiente era muito britânico para a convivência de jovens cariocas. No Botafogo, imaginou-se probelmas à vista, que poderia desintegrar o grupo, devido a existência naquela equipe de jogadores “imbarráveis”, como Mimi Sodré.

JOGO DURO - Alberto Borghert, que era remador do Flamengo, enquanto rolava a bola pelo Fluminense, encontrou pedreira pela frente para criar a seção terrestre rubro-negra. A turma da casa achava a proposta mera aventura de garotos que poderiam, de repente, fazer as pazes com os tricolores e deixar-lhes dissidências de lembranças.

 Na década-1950, Borghert admitiu isso à revista “Manchete Esportiva”.  Ainda bem que a autorização saiu, mas com a sua patota se responsabilizando pelas despesas que teriam. Segundo ele, se não fosse o Fluminense, o futebol do Flamengo não teria acontecido. Além de cumprir estágio na Segunda Divisão, era preciso ter um estádio, exigia a Liga Metropolitana de Esportes Athléticos. Foi então que o presidente tricolor, Mário Pollo, deu uma forcinha política aos seus ex-pupilos e ainda lhes arrendou o estádio do Fluminense, para a moçada rubro-negra ter onde mandar os seus jogos. Assim, o Flamengo entrou por cima no Campeonato Carioca e estreou fazendo 16 x 2 Madureira, em 3 de maio 1912, com Borghert marcando dois gols.

 O inventor do Flamengo começou a jogar futebol pelo Rio Football Club, espécie de juvenil do Fluminense, em 1905, como “full back”, istso é, zagueirão. Mas Belfort Duarte o aconselhou a atacar. Ele topou e, quando chegou ao Flu, já era um bom avante, não demorando a formar a linha de frente do segundo  quadro (equipes B), com Haroldo, Peixoto, Gustavinho Carvalho e Francisco Loup. Na estréia, saiu do banco dos reservas para substituir  Costa Santos. Tempinho depois, ssagrou-se campeão carioca na “Bezona- 1908”, marcando 10 gols, em Flamengo 22 x 0 América.

 

TRICOLAGEM - Em 2011, Alberto Borghert ajudou o Fluminense a ganhar o título carioca principal (time A), invicto, sem ponto perdido (critério da época) e levando só um gol, nem imaginava que, no ano seguinte, ele e a rapaziada com a qual jogara pelo Rio FC – exceto Osvaldo Gomes, que não flamengou, em 2011, preferindo ficar tricolor – seriam rubro-negros e estariam enfrentando a antiga camisa – primeiro jogo, em 7 de julho de 1912, com Flu 3 x 2. “Creio que a emçoção derrotou-nos, tínhamos mais time”, afirmou Borghert, ao repórter Ronaldo Boscoli.

 Para ele, o Flamengo encontrou dois motivos para ser poular: 1 – “Por não ter estádio, treinavamos em uma praça pública, no campo do Russel, agradando a população das vizinhanças; 2 – “Muitos rapazes de outros Estados estudavam na Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro, tornavam-se nossos jogadores e espalhavam a fama do clube por suas terras. Eu mesmo arrebanhei muitos jogadores”.

Campeão carioca, pelo Flu, em 1911, Borgerth foi vice, pelo Fla-1912/193, e campeão-1914 – primeiro título estadual flamenguista. “Treinávamos (naquele época) no campo do América, com o América sendo o nosso ‘sparring’ (colaborando com o treinamento, atuando contra), lembrou à revista carioca. Em 1915, com o Fla campeão invicto, ele pendurou as chuteiras. O seu próximo jogo seria no campo da Medicina. Mas ainda teve tempo de ser árbitro durante a Copa Roca-1914, na Argentina, onde foi considerado “Rei do Apito”, por atual tão bem.     

   Borghert participou, ainda, dos jogos internacionais dos inicos do Flamengo, contra ingleses (um deles, contra o Corintians que originou o Corinthians-SP), portugueses e chilenos. O seu melhor Flamengo seria formado (no 3-3-4, sistema tático do seu tempo) por: Marcos ou Amado, Nery e Domingos da Guia; Lagreca, Rubens Salles e Gallo; Julinho, Neco, Welfare, Ademir e Formiga. Ele não escalou-se nesse time, mas o Fla o escalou como seu presidente honorário.

Borghert ainda  foi  membro do Superiro Tribunal de Justiça; presidente da Federação Metropotana  de Futebol (atual FERJ) e diretor da Confederação Brasileira de Desportos-CBD, atual CBF, e do Conselho Nacional de Desportos-CND, extinto ono governo do presidente (da República) Fernando Collor. Como médico,  foi assessor do diretor do Pronto Socorro do Rio de Janeiro, Pedro Ernesto (figura de destaque carioca e patrono de condecoração oferecida pela Assembleia Legislastiva do Estado do Rio de Janeiro); diretor dos hospital Miguel Couto e da Assistência do Meyer ; do Departamento de Assistência Hospitalares; Secretário e Assistência e fundador do Hospital Antônio Pedro. Craque na vida!      

          

                      PRIMEIRO GOL DO FLAMENGO NO MARACANÃ

                                      JBr de 23.07.2017 (domingo)

 Não conquistar a Copa do Mundo, em 16 de julho de 1950, diante dos uruguaios, que a levaram, de virada, dentro do Maracanã, tornara-se a grande trejédia sentimental brasileira do século 20. Como levantar o astral de um povo tão apaixonado pelo futebol? Nada em vista, pelos dias seguinte. Até que  os dirigentes do Flamengo e do Bangu tiveram a ideia de um amistoso, entre os seus clubes, evidentemente, no mesmo local da “catástrofe”.

 Uma temeridade, asseguravam muitos, achando que só compareceriam ao então chamado  Municipal as duas equipes, os seus cartolas e o trio de arbitragem. A torcida do Flamengo, porém, era muito apaixonada para deixar às moscas o estádio onde os seus ídolos estariam preliando. Esqueceu, rapidamente, da pixotadas do escrete nacional e decidiu ajudadar a levantar  moral do povo brasieiro. Saudou, esfusiantemente, Cláudio, Juvenal, Bigode, Biguá, Bria, Válter, Aloísio, Arlindo, Hélio, Lero e Esquerdinha, quando a briosa representação rubro-negra adentrou, pela primeira vez, ao tapete verde do Municipal.

Quem mais precisava daquele agito era o lateral-esquerdo Bigode que, por ser negro, fora acusado de ter sido um dos principais respnsáveis pela queda ante os uruguaios. Iventaram, inclusive, que o capitão da Celeste Obdúlio Varela, o havia esbofeteado e ele não reagido – Varela desmentiu isso, para o Jornal de Brasília, em 1995. Maldade! 

Era indiscujtível: ninguém lembrava mais das decepções de um domingo antes. E, enquanto, lá dentro das quatro linhas, os atletas posavam para os fotógrafos, batiam bola e concediam entrevistas, a galera rubro-negra, em imenso maior número, fazia a sua festa. Nem  ligou para “sua senhoria, o árbitro” – Mário Gonçalves Vianna –, tirando o “toss”. Só aquietou-se e sentou-se quando foi feito o “kick-off”.

 Rolou a “maricota”, como a bola fora apelidada pelos speakers radiofônicos, e a pugna seguia equilbrada. Até que, aos 33 minutos, Aloísio colocou o garoto do placar para trabalhar. Anotou  Flamengo 1 x 0. Era o primeiro tento rubro-negro no Maracanã, futuro e charmoso apelido do Estádio Municipal, onde, aos 43, o mesmo Aloísio repetiu a dose, para o prmeiro “half time” terminar Fla 2 x 0.

Para aumentar a alegria em vermelho e preto, aos seis minutos da etapa final, Lero também compareceu ao “filó”– as redes ainda não eram de nailon. Só aos 73, cobrando pênalti, os banguenses conseguiram o seu tento de hora, marcado pelo ex-vascaíno Djalma. Não importava. Para a torcida rubro-negra, naquele 23 de julho de 1950, sim, estavam inauguradas as redes do maior estádio do mundo – há 67 temporadas. 

 

                                     O  SUPER RUBRO-NEGRO  DURVAL

                                        Publicado pelo JBr 22.03.2017 – quarta-feira

 

O Flamengo já teve vários atletas que marcaram 3, 4, 5 e 6 gols em uma mesma partida, casos de Jarbas, Sá, Benitez, Hermes, Alfredo, Pirillo, Perácio, Leônidas da Silva, Nélson, Evaristo de Macedo, Índio, Dida e até Zizinho e Gérson, que não eram goleadores. No entanto, ninguém, nem Zico, o maior goleador e maior ídolo da história do clube, que deixou meia-dúzia, em Flamengo 7 x 1 Goytacaz (29.03.1979), pelo Estadual, a maior marca de um prélio no Maracanã, mandou mais bola na rede com a camisa rubro-negra do que Durval, em um só dia: 7.

Durval Correia Nunes, alagoano, nascido em 4 de agosto de 1925, em Maceió, esteve flamenguista, entre 1948 e 1951, disputando 130 jogos e marcando 120 gols, em 73 vitórias, 25 empates e 32 derrotas. Ele aparece, pela primeira vez, em uma escalação, em 14 de janeiro de 1948 – Luís, Nílton, Norival, Biguá, Bria, Jaime, Luisinho, Gringo, Durval, Jair e Esquerdinha –, em Flamengo 3 x 4 Seleção Universitária do Chile, no Estádio Nacional, em Santiago. E prosseguiu até Índio (Aluísio Francisco da Luz) tomar-lhe a posição e tornar-se um dos responsáveis pela classificação da Seleção Brasileira à Copa do Mundo-1958, quando o time canarinho buscou, na Suécia, o primeiro dos seus cinco canecos mundiais.

Durval começou a chamar a atenção ao marcar quatro gols em Flamengo 5 x 3 Olaria, amistosamente –  jogo 1.125 da história do clube –, em 20 de março de 1949, no campo da Rua Bariri. Adiante, deixou três, em  Fla 4 x 4 Brasil de Pelotas-RS, amistoso, em 11 de junho de 1940,  e Fla 6 x 0 Canto do Rio, pelo Campeonato Carioca, em 10 de julho – jogos Fla 1.138 e 1.141, respectivamente. E fechou a temporada-1949 marcando cinco vezes, em Flamengo 6 x 2 Corinthians, em 22 de dezembro – jogo Fla 1.171 – pelo Torneio Rio-São Paulo.        

 O grande feito de Durval, no entanto, aconteceu em 30 de abril de 1950, no caça níquel Flamengo 13 x 1 Campos, na cidade do mesmo nome. Naquele dia,  os rubro-negros jogavam pela 1.191ª vez, reunindo: Garcia, Nilton, Job, Biguá, Bria, Válter, Aloísio, Arlindo, Durval, Beto e Esquerdinha.  Um pouco depois, ele marcou quatro, em Flamengo 6 x 2 São Cristóvão, pelo Estadual, em 2 de setembro – jogo Fla 1.210 –, no Maracanã. Mas foi em 14 de janeiro de 1951, em Flamengo 5 x 2 Fluminense, que viveu a sua maior tarde de glória, autor de três tentos no Fla-Flu  – jogo Fla 1.227 –, no “Maraca”, pelo Campeonato Carioca. Um feito raro, mas que não garantiu-lhe nada. Pouco mais de dois meses depois, exatamente, em 18 de março, ele faria a sua última partida rubro-negra, em Flamengo 4 x 2 São Paulo – jogo Fla 1.235 –, pelo Torneio Rio-São Paulo, no mesmo gramado que o consagrara, tendo por companheiros, entre os mais famosos,  Pavão, Bria, Bigode e Esquerdinha.      

Hoje, Durval está esquecido, perdido na história do Flamengo, ao qual ajudou a levar para a sua galeria de conquistas os Troféus Cezar Aboud-1948 e El Comite Nacional Olímpico da Guatemala-1949; a Taça Cidade de Ilheus-1950; o Tornei Início do Campeonato Carioca-1951 e a Elfsborg Cup-1951. Ele é o 13º maior artilheiro flamenguistga, com os seus 124 gols, em 130 jogos que lhe dão a média de 0,95 por partida. Também, foi o terceiro “matador” da década-1940, com 113 tentos, e o maior goleador das temporadas-1949/1950, respectivamente, com 42 e 44 tentos.

 O mesmo esquecimento ocorre com um outro atacante, Nélson Amorim Magalhães, autor de seis gols, em Flamengo 16 x 2 River, de  14 de maio de 1933, pelo Campeonato Carioca – jogo Fla 476 –, na Rua General Severiano –  Rolim, Moisés, Alemão (Bibi), Rubens, Flavio , Faia,  Marcondes, Nelson,  Caio, Tales e Santana foi a formação de um Flamengo sem ninguém famoso.

Nélson, carioca, nascido em 17 de maio de 1913, não marcou tantos gols por acaso. Era assíduo na rede, até em clássicos, como no Fla-Flu de 3 de julho de 1932, quando marcou três – jogo Fla 445 – em Flamengo 4 x 0, no campo da Rua Paysandu. E, em 19 de junho de 1935, em Flamengo 8 x 0 Modesto – jogo Fla 540 – pelo Torneio Aberto do Rio de Janeiro, no estádio das Laranjeiras, ele compareceu ao filó por quatro vezes. Entre 1931 e 1936,  fez 120 jogos flamenguistas, marcando 84 gols, em 72 vitórias, 26 empates e 42 derrotas.

 Além de Nélson, com seis gols, só Alfredo, em  25 de junho de 1936, em  Flamengo 8 x 2 Estrela do Norte – jogo Fla 587 –, amistoso, em Cacheiro do Itapemirim–ES; Leônidas da Silva – jogo Fla 759 –-  em 4 de setembro de 1940, em Flamengo 9 x 0 Portuguesa de Desportos, no Pacaembu-SP, pelo Torneio Rio-São Paulo, e Dida, em 24 de agosto de 1958 – jogo Fla 1.661 – no Maracanã, pelo Carioca, conseguiram a façanha.

ESTATÍSTICA -  enriqaue Frade, Dida e Babá f Outras marcas de grandes “matadores” rubro-negros em um só jogo:

Alfredo (5) - Flamengo 7 x 0 Bandeirante (05.05.1935), na Rua Campos Sales-RJ, e (5) em Flamengo 8 x 1 Bandeirante (02.07.1936), ambos pelo Torneio Aberto-RJ,  nas Laranjeiras-RJ.

Leônidas da Silva (5) - Flamengo 7 x 0 Rio Branco (25.04.1937), amistoso, em Petrópolis-RJ.  Perácio (5) – Flamengo 8 x 5 América-RJ (13.09.1942), Estadual, no Maracanã; (5) em Fla 12 x 1 Bonsucesso (08.06.1946), Torneio Municipal-RJ; (5) em Fla 8 x 5 Bangu (22.06.1947), Municipal, e (5) em Flamengo 8 x 5 Bangu (22.06.1947), Municipal, nas Laranjeiras.

Hermes (5) - Flamengo 9 x 0 Tamoio (29.11.1950), amistoso, em São Gonçalo-RJ. Evaristo de Macedo (5) - Fla 12 x 2 São Cristóvão (27.10.56), Estadual, no Maracanã. Gérson “Canhotinha de Ouro” (5) -  Fla 6 x 0 Seleção Maranhense (25.01.1960), amistoso, no Estádio Municipal de São Luís-MA

Sá (4) - Fla 9 x 2 Byron (07.04 1935), Torneio Aberto-RJ, nas Laranjeiras. Alfredo (4) - Fla 7 x 1 Bonsucesso (11.06.1936), amistoso, na Rua Campos Sales. Leônidas da Silva (4) – Flamengo 6 x 0 São Cristóvão (15.11.1940), Estadual, na Gávea. 

Pirillo (4) -  Flamengo 7 x 0 Niteroiense (21.04.1943), amistoso, no Caio Martins, em Niterói-RJ; (4) em Fla 7 x 0 Flu (10.06.1945), Torneio Municipal, em São Januário; (4) em Flamengo 10 x 0 Bonsucesso (03.11.1946) Estadual, na Avenida Teixeira de Castro, e (4) em Flamengo 5 x 2 Vitória-BA (24.06.1949), amistoso, Estádio da Graça, em Salvador-BA.

Alarcon (4) – Flamengo 5 x 1 Bangu (06.06.1943), Torneio Municipal, na Rua Figueira de Melo. Vevé (4) – Fla 7 x 1 Bangu (15.10.1944), Estadual, na Rua General Severiano. Adílson (4) – Flamengo 6 x 2 Bangu (05.08.1944), Estadual, na Gávea.  Zizinho (4) -  Flamengo 5 x 4 Madureira (22.08.48),  Estadual, na Gávea.

 Moacir (4) – Flamengo 6 x 1 Fast Clube-AM (31.03.1950), amistoso, no Estádio Parque Amazonense, em Manaus-AM.  Lero (4) – Flamengo 7 x 1 Barra Mansa (18.06.1950), amistoso, em Barra Mansa-RJ. Benitez (4) – Flamengo 9 x 0 São Cristóvão (12.10.1952), Estadual, na Rua Figueira de Melo, e (4) em Fla 4 x 0 Bonsucesso (01.08.1953, Estadual, no Maracanã.

Evaristo (4) -– Flamengo 5 x 0 Madureira (01.11.1954), Estadual,  no  Maracanã. Dida (4) – Flamengo 5 x 2 Canto do Rio (30.11.1955) Estadual, no Estádio Martins, em Niterói; (4), em Flamengo 4 x 1 América-RJ (04.04.1956) Estadual, no Maracanã; (4) em Flamengo 9 x 0 Combinado de Umea-SUE (29. 05.1956), amistoso, em Umea; (4) em Flamengo 8 x 0 Malmoe-SUE (08.05.62), amistoso, em Maolmoe.

Henrique Frade (4) – Flamengo 12 x 1 Brann-NOR (07.06.1956), amistoso, em Bergen-NOR; (4) em Flamengo 7 x 0 Carlos Renaux-SC (01.06.1961), amistoso, no Estádio Augusto Bauer,  em Brusque-SC, e (4), em Flamengo 6 x 3 Palmeiras (23.03.1958), pelo Torneio Rio-São Paulo, no Maracanã.) 

TRÊS GOLS - EM um mesmo “match”, o Flamengo teve vários “matadores”, que fizeram isso por várias vezes, como Leônidas da Silva, Pirillo, Perácio, Dida, Zizinho, Jair Rosa Pinto, Caxambu, Gonzalez, Nandinho, Vevé, Vicente,  Tião,  Vaguinho, Esquerdinha e Moacir, entre outros. O rei desse quesito, porém, é Jarbas Baptista, nascido em Campos-RJ, em 5 de setembro de 1913, e flamenguista entre 1931 a 1946. Em 371 jogos, com 218 vitórias, 62 empates e 97 quedas, ele marcou 141 gols, sendo oito em um mesmo pega.                                                

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                                OS  GOLEIROS DO GILBERTO TRI

   

Durante a campanha do tri carioca-1953/54/55, o Flamengo montado pelo presidente Gilberto Cardoso  usou  quatro goleiros: Garcia, Chamorro, Ari e Aníbal. Os dois primeiros eram gringos e os outros dois brasileiríssimos.  

Garcia foi o primeiro usado  pelo treinador e seu patrício paraguaio Fleitas Solich: 19 vezes durante o primeiro título, 27 no segundo e mais seis partidas da terceira temporada.

 Nascido em, Puerto Pinasco, no 22 de agosto de 1924, Sinforiano Garcia chamou a atenção do Flamengo durante Brasil 1 x 2 Paraguai, no carioca estádio  de São Januário, pelo Campeonato Sul-Americano-1949. Entre aquela temporada e a de 1958, totalizou 261 jogos rubro-negros, vencendo 157 vitóris, empatando 50 e ficando 54 vcezes atrás no placar. Pela seleção paraguaia, foram 20 partidas, entre 1945 a 1949.

 Com boa estatura para um goleiro da época -1m82cm – Garcia preocupou o investidor Flamengo, por conta de grave lesão, em uma das clavículas, sofrido durante o amistoso Fla 2 x 0
Remo, em 26 de abril daquele 1950-, em Belém do Pará. Mas os trabalhos do médico Paulo de São Tiago o recuperaram, inteiramente.   

 Enquanto o paraguaio Garcia era o dono da camisa 1, durante a campanha de 1953 (encerrada em janeiro de 1954), o argentino Chamorro foi quem mais a usou pela disputa começada em  1955 e encerrada em abril de 1956, totalizando 20 atuações (8 + 12).

Natural de Rosário, o goleirão Eusébio Chamorro nasceu em 22 de novembro de 1925, foi cria do Newells Old Boys-1943, tendo-o trocado, em 1951, pelo Boca Juniors. Cotado para a seleção argentina, embarcou na aventura na liga pirata da Colômbia, foi punido pela direção do futebol "hermano" e passou sete meses esperando por uma anistia que rolou em 1952.

 Chamorro media 1m79cm  e esteve  flamenguista, entre 1953 a 1956, por 55 compromissos, com 32 vitórias, 12 empates e 11 derrotas.

 Dos quatro "arqueiros", como a imprensa cinquentista os chamavam, Ary era o mai baixo, medindo 1m73 cm, o que hoje seria inviável para a posição, pois os "caras da hora" beiram os dois metros de altura.

 Quando era um peladeiro, em sua terra – Campos-RJ -, Ary jogava como centroavante. Mas gostavam de ir para o "arco". E foi numa dessas que o árbitro Lino Machado o viu defendendo o Onze Cabuloso e o levou para o juvenil do Bonsucesso, em 1951. Sem demora, chegou ao time principal e, em 1955, ao Flamengo. 

Registado por Ary de Oliveira (seu “y” era trocado pelo “ i”, pela imprensa), ele participou de três refregas da campanha de 1955, tendo sido, também, campeão na categoria aspirante.

Nascido crioca, em 27 de junho de 1932, Ari  esteve rubo-negro, de 1955 a 1957, anotando 59 vitórias, 11 igualdades e 18 choros depois das partidas.

 Assim como Ari, um outro centroavante  peladeiro era o Aníbal Saraiva Júnior.  Nascido carioca da Vila Isabel, defendia o Primor, do bairro de Ramos, em 1949, quando foi para o juvenil do Olaria. Em 1952,  pegou a camisa de titular do time A. Em 1954, despertou as atenções flamenguista.

 Aníbal, chegado ao planeta no 20 de outubro de 1932,  tinha tudo para ser campeão como titular, em 1955. Mas uma contusão, durante treinamentos, lhe fez perder a vaga para Chamorro.

 Entre 1955 a 1956, Aníbal disputou 23 partidas pelo time da Gávea, vencendo 16, empatando duas e perdendo cinco. Durante a campanha do tri,  atuou em 11 jogos, todos em 1955, medindo 1m75c m de altura – também, dificilmente, jogaria hoje debaixo do arco.

 

 

 

 

 

FLAMENGO – 122 ANOS DE SUCESSO

JBr de 15.11.2017

O Flamengo comemora, hoje, 122 temporadas de vida no esporte brasileiro. Fundado, na verdade, em 17 de novembro de 1895, os seus criadores preferiram adotar por data oficial de aniversário o dia 15, para baterr com a data da proclamação da república.

De lá para cá, o clube rubro-negro tem vivido mais sucesso do que tropeços. Foi campeão de quase tudo o que disputou. Inclusive, em um iten é insuperável: dono do maior presidente da história dos clubes do país. Foi como elegeram Gilberto Cardoso. Em homenagem a ele,

Quando os cariocas começaram a disputar campeonatos masculinos de bola ao cesto, em 1924, o Fluminense destacou-se, logo, ganhando cinco títulos, em oito disputados. A partir de 1932, o Flamengo avisou que entraria pra valer naquela corrida, conquistando o seu primeiro troféu. E mais três, seguidos, até 1935.

Depois do tetra, levou 13 temporadas para carregar um novo caneco de campeão. Fez um bi, em 1948/1949, mas o Grajaú Country Clube impediu-lhe o tri.

Com Gilberto Cardoso presidente, a ordem era recuperar a hegemonia. E a ordem foi cumprida. Em 1954, temporada de mais um tetra, Gilberto Cardoso viveu a sua última alegria com a rapaziada nas quadras, pois, no campeonato seguinte, uma cesta, por Guguta, no último segundo do jogo contra o Sírio e que valeu o penta, o seu coração não resistiu à emoção, como já lemos.

A temporada do tetra, de alegria completa de Gilberto, constou de 21 vitórias, em 22 jogos, e o sensacional total de 1.508 pontos no aro. No dia do título, ele estavas lá na quadra, posando para a fotografia do quadro campeão, ao lado dos atletas Dobinha, Artur, Mário Henrique, Algodão, Válter, Luisinho, Alfredo, Godinho, Guta e Zé Mário, além treinador Togo Renan Soares, o Kanela.

Nas partidas da temporada, o Flamengo só encontrou um pouco mais de resistência em cinco jogos: diante do Fluminense, nos dois turnos; contra o Vasco da Gama, no turno, e encarando o América e o Sírio Libanês, ambos no returno.

Confira a campanha: Flamengo 55 x 38 e 103 x 34 x Carioca Esporte Clube; 79 x 43 e 72 x 37 Tijuca Tênis Clube; 67 x 42 e 82 x 55 Grajaú Tênis Clube; 66 x 58 e 75 x 53 Vasco da Gama; 70 x 19 e 75 x 32 Sampaio; 52 x 25 e 73 x 33 Riachuelo Tênis Clube; 70 x 48 e 69 x 34 Botafogo; 66 x 41 e 71 x 58 América; 58 x 47 e 50 x 4 Fluminense; 51 x 31 e 45 x 39 Sírio e Libanês. No primeiro turno, marcou 711 pontos, contra 448 dos rivais, e mais 797, no returno, com os adversários, coincidentemente, fazendo os mesmos 448.

Foram estes os marcadores e suas partidas jogadas: Alfredo – 495 pontos em 22 jogos; Algodão – 221, em 21; Mário Hermes – 183, em 20; Godinho – 160, em 20; Artur – 148, em 18; Artur – 144, em 18; Zé Mário – 125, em 21; Dobinha – 84, em 21; Guguta – 40, em 13; Luisinho – 30, em 14; Tião – 24, em 8, e Válter Almeida, 2 pontos em um jogo. Dessa turma, Alfredo foi o segundo cestinha do campeonato, atrás apenas do vascaíno Édson, que encestou 525 pontos.

Na classificação final, o Fla teve 22 vitórias, em 22 jogos, seguido por: Sírio e Libanês – 18 vitórias e 4 derrotas; Fluminense – 15 x 7; América – 14 x 8; Vasco da Gama – 12 x 10; Atlético Grajaú e Grajaú Tênis – 10 x 11; Riachuelo – 8 x 14; Tijuca 5 x 17; Sampaio – 3 x 19 e Carioca – uma vitória e 21 quedas.

 

                         6 - BASQUETE E VÔLEI DE GILBERTO

                                                JBr de 19.01.18

 

 Durante o mandato de Gilberto Cardoso,  considerado o maior presidente  da história do
Flamengo, a sua rapaziada não conquistou só o tri do futebol carioca-1953/54/55, mas incluiu sucesso no basquete e no vôlei.

Na primeira dessas duas modalidades, o time masculino iniciou uma hegemonia que durou por 10 temporadas, cabendo a Gilberto cinco títulos–1951/52/53/54/55, sendo que o último custou-lhe a vida, vivida com tanta emoção, até a última cesta da partida que valeu a conquista.

Além das glórias do time principal masculino, o basquete de Gilberto Cardoso venceu, também, a  terceira divisão do mesmo sexo e o torneio de lances livres, todos de 1952. Em 1953, faturou nos primeiros quadros e nas segunda e terceira divisões masculino. Em 54, nos primerios quadros e na segunda divisão. E, em 1955, o título dos primeiros quadros que o matou de emoção.

Em homenagem ao grande desportista, o vereador Couto de Souza propôs e o o prefeito do Rio de Janeuiro, Francisco de Sá Lessa, aprovou a lei municipal  que nomeava o ginásio do Maracanãzinho como Gilberto Cardoso.

Construído em 1953, o prédio tem capacidade para receber até 17 mil torcedors em seus 22 mil metros quadrados de área construída. Em eventos com uso da quadra de jogos, a capacidade sobe para 23 mil pessoas.

INDISCUTÍVEIS - Em 1951, o time masculino de basquete de Gilberto Cardoso venceu os 18 jogos disputados. Em 1952, como só houve um turno, o Flamego venceu os seus 11 compromissos. Em 1953, mais 100% de aproveitamento, em 22 partidas, bem como em  1954. Em 1955, aconteceu a única derrota, em 19 p rélios.

Tendo por treinador Togo Renan Soares, o Kanela os campeões carioas do basquete de Gilberto Cardoso, entre 1951 a 1955, dewstafcaram-se: Algodão, Alfredo da Motta, Artur, Antônio Carlos, Dobinha, Edson, Fernando, Godinho, Guguta, Jairo, Mário Hermes, Miécio, Miltinho, Moacir, Paulão, Paulinho, Simões, Tião Gimenez, Tião Mendes, Válter e Zé Mário.

No vôlei, o primeiro período de mandato de Gilberto Cardoso, em 1951, valeu os títulos de campeão do Rio de Janeiro no masculino – por Hélio Cerqueira, John O´Shea, João Fernandes Neto, Jonas de Souza, João Baptista Atahyde, Lúcio Figueiredo e Wantul Coelho –   e o primeiro título feminino na primeira divisão – por Carmem Marques, Carmem Castelo Branco, Helga Doervaff, Leila Fernandes, Lyliam Colierm, Maria Pequenina, Marlene Schenkel e Rosa Maria Bastosm qu foram bi, em 1952. Nos segundos quadros, o caneco foi, igualmente, para a Gávea.

Em 1953, foi a vez dos rapazes voltarem a ser campeões nos primeiros e segundos quadros. No feminino, foram as moças quem conquistaram o troféu da temporada, e o repetiram, em 1955, quando o time masculino também foi campeão. Portanto, Gilberto Cardoso teve muitas alegrias com a duas modalidades. 

ASTROS E ESTRELAS – O vôlei rubro-negro dos tempos de Gilberto Cardoso teve atletas destacados, como John Castro O´Sheal, que chegou a praticara várias modalidades e conquistado titulos em jogos colegiais de 1944, no vôlei, no basquete e no atletismo. Depois, em várias outras modalidades

John O´Shea chegou ao Flamengo, em 1947, e foi o descobridor, juntamente com  Mary O´Shea, que também jogava pelo vôlei rubro-negro, do atacante Dida, que tornou-se o maior ídolo do futebol flamenguista, por 20 temporadas,  até o surgimento de Zico, quando este o superou, em número de gols marcados, na década-1970.

 Entre as mulheres, os grandes nomes do vôlei de Gilberto Cardoso foram Carmem Marques Pereira, Carmem Sílvia Cardoso Castelo Branco, Leila Peixoto, Rosinha e Marlene. Das duas Carmem, a Pereira, bicampeã carioca-1951/52, sob o comando do teinador Zopuylo Rabelo, era irmã de Godinho, um dos grandes nomes do basquete campeão da “Era Gilberto”. De sua parte, a Carmem Castelo Branco saiu de Belém do Pará para vestir a camisa rubro-negra, em 1949, logo aparecendo nas quadras como garota prodígio.

 Leila Peixoto começou a sua trajetória nas quadras defendendo o Instituto La-Fayette. Em 1948, quando o Flamengo patrocinou um torneio colegial para descobrir  telentos, ela era atleta do Colégio Mallet Soares e foi convidada a ser rubro-negra, juntamente com  Rosinha e Marlene, respectivamente, dos times dos colégios Bennet e Melo e Souza.         

 

 


ATLETISMO – O Flamengo de Gilberto Cardoso teve dois grandes nomes nesta modalidade: Sebastião Mendes e  José Telles da Conceição.

O primeiro foi  descoberto pelo capitão Roberto da Gama e Abreu, ao vê-lo em ação no Forte Duque de Caxias, no Leme. Em novembro de 1951, ele estreava como flamenguista, levando a medalha de bronze da prova rústica “Volta de Rocha Miranda”. Oficialmente, estreou, em abril de 1952, vencendo a também rústica “Corrida do Horto Florestal”.

Dado o recado, o Tião, como o chamavam, fez uma grande temporada, para alegria de Gilberto, vencendo os 3 mil metros e ajudando a equipe rubro-negra a conquistar o Campeonato Carioca de Estreantes. E fez muito mais: foi medalha de ouro dos 5 mil metros rasos do Estadual Júnior, batendo o seu primeiro recorde, no tempo de 15min52seg; também saiu dourado da rústica “Corrida do Grajau” e prateado dos 3 mil metros do Carioca de Novíssimos e da rústica “Corrida do Campo de Santana”.

 A boa temporada-1952 fez Gilberto Cardoso esperar por mais medalhas do seu pupilo em 1953, e ele correspondeu. Levou ouro para a Gávea do Campeonato Carioca de Atletismo nos 5 mil metros, correndo entre veteranos, e da rústica “Corrida da Lagoa”, além a prata da idem rústica “Corrida do Grajaú”.

Durante aquela temporada, Gilberto Cardoso enviou Tião Mendes ao Campeonato Brasileiro de Atletismo, em Curitiba. Daquela vez, ele não subiu ao pódio, competindo entre atletas mais experientes, mas ficou em quarto lugar nas duras provas dos 5 e dos 3 mil metros com obstáculos, que passou a adotar como a sua especialidade.

  Em 1954, no entanto, Tião daria emoções mais fortes a Gilberto Cardoso. Mostrou ao seu presidente a medalha de prata do revezamento 4 x 1.500 metros do Sul-Americano de Atletismo, disputado em São Paulo, e o ouro do Troféu Brasil nos: 1.500 metros. No Estadual-RJ, dourou-se em corrida de fundo, 3 mil metros com obstáculos; 5 mil e 10 mil metros rasos. Mais: quebrou o recorde carioca dos  1.500 metros rasos, em 4min02 décimos, e dos 3 mil metros com obstáculos, em 9min18seg.               

 Foi grande a alegria de Gilberto Cardoso ao receber a convocação de Tião Mendes para representar o Brasil durante os Jogos Pan-Americanos-1955, no México. Vibrou ao receber a notícia de que o seu atleta fizera o terceiro melhor tempo nas semifinais dos 1m500 metros -  foi o sexto, na final.

 Naquele 1955, no Brasil, Sebastião Mendes venceu todas as provas de fundo disputadas nos 1.500 e nos 10 mil metros. Faturou, também, o ouro carioca e do Troféu Brasil nos 1.500 e dos 3 mil metros com obstáculos. 

 De sua parte, José Telles da Conceição, carioca, nascido no bairro de Olaria – 23.05.1931 -  foi o símbolo rubro-negro maior da modalidade atletismo da “Era Gilberto Cardoso.

Com 1m86cm de altura, aos 21 de idade, ele foi o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha olímpica: nos Jogos-1952, em Helsinque, na Finlândia, ficando com o bronze no salto em altura, à marca de 1m98cm – Walt David foi ouro, com 2.04 e Ken Wiesner prata, com 2.01, ambos dos EUA.  

 Registrado na Federação Carioca de Atletismo, em 23 de março de 1950, o rapaz pobre que parecia candidato a uma vida duríssima, foi descoberto por um olheiro do Vasco da Gama, mas, em 19 de novembro de 1952, mudou de lado, indo para o maior rival do “Almirante”, o Flamengo.

  Zé Telles foi aos II Jogos Pan-Americano-1955, na Cidade do Méxic0, e trouxe a medalha de bronze do salto em altura, pulando 1m85cm. Poderia tentar melhorar a marca, mas desistiu para correr em uma outra prova. Em 1956, disputou os Jogos Olímpicos de Melbourne, na Austrália, novamente, na prova do salto em altura, além dos 200 metros rasos e o revezamento 4 x 100 metros – pós Gilberto Cardoso, participou, ainda, dos 200 metros das Olimpíadas da italiana Roma.

Era impressionante a facilidade do Zé para competir em várias provas - 100m rasos, 110m com barreiras, 400m com barreiras, salto em distância, salto triplo, salto em altura e até no decatlo. Durante os já citados Pan mexicanos-1955, ele “voou” nos 100 e nos 200m rasos, cravando 10.04 - um segundo acima do recorde sul-americano – na primeira, e 20.08 na segunda prova. Após vê-lo em ação, o treinador norte-americano Don Kinsley declarou e a revista carioca “Manchete Esportiva” – N 20, de 07.04.1956 – reproduziu: “ Tem tudo para ser um dos maiores velocistas do mundo. Basta aperfeiçoar o pique...em corrida de ascensão a sua velocidade é, verdadeiramente, impressionante”.  

Telles tornou-se o maior recordista do atletismo “brasuca”, estabelecendo 21 recordes nacionais, em cinco provas. Alguns pareciam eternos, demorando 19 temporadas para serem batidos. As suas marcas mais importantes, além da olímpica-1952, foram: salto em altura – 02m, do Troféu Brasil-São Paulo-1955; – 200 m rasos - 20s08s de 1955;  1010 m rasos – 10s02, ambas dos Jogos Pan-Americanos-México-1955. Nos 100m/com barreiras, só em 1973 a marca caiu.

Vale ressaltar que o tempo de 20s08 nos 200 m foi apontado como o terceiro do “Ranking-List” mundial-1955 – Bobby Morrow e Heinz Futterer-ALE, ambos com 20s06, e Rod Richards-EUA, com 2007 ficaram à frente. 

 Devido ao seu grande prestígio, dentre 385 atletas brasileiros, ele foi o  escolhido para carregar a pira olímpica dos IV Jogos Pan-Americanos, diante de 40 mil desportistas, no estádio do Pacaembu, em São Paulo-1963. 

Com tanta bagagem, tão logo encerrou a carreira, em 1966, Telles foi convocado pela Confederação Brasileira de Desportos (regia todas as modalidades) para ser  um seu consultor de atletismo. Além disso, esteve professor da modalidade para o antigo estado da Guanabara; também, do SESC-Serviço Social do Comércio, e foi chefe de planejamento do Conselho Nacional de Desportos. Em 18 de outubro de 1974, quando contava 42 de idade, foi assassinado a tiros, dentro do seu carro, no Rio de Janeiro. Era chamado, pela imprensa, por “Homem-Equipe”, por disputar várias provas no mesmo dia, em seus tempos de Flamenguista, honrando Gil de Souza, o primeiro recordista brasileiro reconhecido, nos 200 m, com 23s0, do Campeonato Brasileiro de Atletismo-1925 - hoje, o recorde é do jamaicano Usain Bolt, estabelecido em 20 de agosto de 2009, na alemã Berlim.

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 BASQUETE E VÔLEI - Durante o mandato de Gilberto Cardoso, a sua rapaziada não conquistou só o tri do futebol carioca-1953/54/55, mas incluiu sucesso no basquete e no vôlei.

Na primeira dessas duas modalidades, o time masculino iniciou uma hegemonia que durou por 10 temporadas, cabendo a Gilberto cinco títulos–1951/52/53/54/55, sendo que o último custou-lhe a vida, vivida com tanta emoção, até a última cesta da partida que valeu a conquista.

Além das glórias do time principal masculino, o basquete de Gilberto Cardoso venceu, também, a  terceira divisão do mesmo sexo e o torneio de lances livres, todos de 1952. Em 1953, faturou nos primeiros quadros e nas segunda e terceira divisões masculino. Em 54, nos primeiros quadros e na segunda divisão. E, em 1955, o título dos primeiros quadros que o matou de emoção.

Em homenagem ao grande desportista, o vereador Couto de Souza propôs e o prefeito do Rio de Janeiro, Francisco de Sá Lessa, aprovou a lei municipal  que nomeava o ginásio do Maracanãzinho como Gilberto Cardoso.

Construído em 1953, o prédio tem capacidade para receber até 17 mil torcedores em seus 22 mil metros quadrados de área construída. Em eventos com uso da quadra de jogos, a capacidade sobe para 23 mil pessoas.

           

INDISCUTÍVEIS - Em 1951, o time masculino de basquete de Gilberto Cardoso venceu os 18 jogos disputados. Em 1952, como só houve um turno, ganhou os  11 compromissos. Em 1953, mais 100% de aproveitamento, em 22 partidas, bem como em  1954, quando o clube levou, ainda, a taca da segunda divisão masculina.

 A temporada do tetra-1954, da alegria completa de Gilberto Cardoso com o seu basquete, constou de 21 vitórias, em 22 jogos, e o sensacional total de 1.508 pontos no aro. No dia do título, ele estava lá na quadra, posando para a fotografia do quadro campeão, ao lado dos atletas Dobinha, Artur, Mário Henrique, Algodão, Válter, Luisinho, Alfredo, Godinho, Guta e Zé Mário e do treinador Togo Renan Soares, o Kanela.  

Nas partidas da temporada, o Flamengo só encontrou um pouco mais de resistência em cinco jogos: diante do Fluminense, nos dois turnos; contra o Vasco da Gama, no turno, e encarando o América e o Sírio Libanês, ambos no returno.

Confira a campanha: Flamengo   55 x 38 e 103 x 34 x Carioca Esporte Clube; 79 x 43 e 72 x37 Tijuca Tênis Clube; 67 x 42 e 82 x 55 Grajaú Tênis Clube; 66 x 58 e 75 x 53 Vasco da Gama; 70 x 19 e 75 x 32 Sampaio; 52 x 25 e 73 x 33 Riachuelo Tênis Clube; 70x 48 e 69 x 34 Botafogo; 66 x 41 e 71 x 58 América; 58 x 47 e 50 x 4 Fluminense; 51 x 31 e 45 x 39 Sírio e Libanês. No primeiro turno, marcou 711 pontos, contra 448 dos rivais, e mais 797, no returno, com os adversários, coincidentemente, fazendo os mesmos 448. 

CESTINHAS – Foram estes os marcadores e suas partidas jogadas: Alfredo – 495 pontos em 22 jogos; Algodão – 221, em 21; Mário Hermes – 183, em 20; Godinho – 160, em 20; Artur – 148, em 18; Artur – 144, em 18; Zé Mário – 125, em 21; Dobinha – 84, em 21; Guguta – 40, em 13; Luisinho – 30, em 14; Tião – 24, em 8, e Válter Almeida, 2 pontos em um jogo.

Dessa turma, Alfredo foi o segundo cestinha do campeonato, atrás apenas do vascaíno Édson, que encestou 525 pontos.  Na classificação final, o Fla teve 22 vitórias, em 22 jogos, seguido por: Sírio e Libanês – 18 vitórias e 4 derrotas; Fluminense – 15 x 7; América – 14 x 8; Vasco da Gama – 12 x 10; Atlético Grajaú e Grajaú Tênis – 10 x 11; Riachuelo – 8 x 14; Tijuca 5 x 17; Sampaio – 3 x 19 e Carioca - uma vitória e 21 quedas.           

Em 1955, aconteceu a única derrota flamenguista, em 19 prélios. Tendo por treinador o mesmo Togo Renan Soares, o Kanela, das outas conquistas, entre  os campeões cariocas do basquete de Gilberto Cardoso, de 1951 a 1955, destacaram-se: Algodão, Alfredo da Motta, Artur, Antônio Carlos, Dobinha, Edson, Fernando, Godinho, Guguta, Jairo, Mário Hermes, Miécio, Miltinho, Moacir, Paulão, Paulinho, Simões, Tião Gimenez, Tião Mendes, Válter e Zé Mário.

 

 

VOLEIBOL – Nesta modalidade, o primeiro período de mandato de Gilberto Cardoso, em 1951, valeu os títulos de campeão do Rio de Janeiro no masculino – por Hélio Cerqueira, John O´Shea, João Fernandes Neto, Jonas de Souza, João Baptista Atahyde, Lúcio Figueiredo e Wantul Coelho –   e o primeiro título feminino na primeira divisão – por Carmem Marques, Carmem Castelo Branco, Helga Doervaff, Leila Fernandes, Lyliam Colier, Maria Pequenina, Marlene Schenkel e Rosa Maria Bastos, que foram bi, em 1952. Nos segundos quadros, o caneco foi, igualmente, para a Gávea.

Em 1953, foi a vez dos rapazes voltarem a ser campeões nos primeiros e segundos quadros. No feminino, foram as moças quem conquistaram o troféu da temporada, e o repetiram, em 1955, quando o time masculino também foi campeão.

 Dos astros e estrelas, entre os mais destacados estava John Castro O´Shea, que foi o descobridor do atacante Dida, que tornou-se o maior ídolo do futebol flamenguista, por 20 temporadas,  até o surgimento de Zico, quando este o superou, em número de gols marcados, na década-1970. John que chegou a praticara várias modalidades, inclusive futebol, e a conquistar títulos em jogos colegiais em várias modalidades. Chegou ao Flamengo, em 1947,

 Entre as mulheres, os grandes nomes do vôlei de Gilberto foram Carmem Marques Pereira, Carmem Sílvia Cardoso Castelo Branco, Leila Peixoto, Rosinha e Marlene.

 Das duas Carmem, a Pereira, bicampeã carioca-1951/52, sob o comando do treinador Zoulo Rabelo, era irmã de Godinho, um dos grandes nomes do basquete campeão da “Era Gilberto”. De sua parte, a Carmem Castelo Branco saiu de Belém do Pará para vestir a camisa rubro-negra, em 1949, logo aparecendo nas quadras como garota prodígio.

 Leila Peixoto começou a sua trajetória nas quadras defendendo o Instituto La-Fayette. Em 1948, quando o Flamengo patrocinou um torneio colegial para descobrir talentos, ela era atleta do Colégio Mallet Soares e foi convidada a ser rubro-negra, juntamente com  Rosinha e Marlene, respectivamente, dos times dos colégios Bennet e Melo e Souza.

 

REMO -  O presidente Gilbrto Cardoso era sujeito sério, que faria qualquer coisa pelo seu Flamengo. Menos malandragens. Mas, as vezes, não tinha como controlar tudo. Caso de uma atitude do danado do Joaquim Moura, às vésperas da primeira regata da temporada-1955, em maio.

 Gilberto vivia recebendo muitas cobrança dos colegas dirigentes sobre a falta de um barco iole a quatro, pois os rubro-negros tinham uma boa guarniução, muito capaz de vencer o páreo. Só não tinham como coloca-la no mar, devido ao seu  barco disponível apresentar um tremendo rombo no casco.

De tanto ouvir as lamúrias da cartolada, Joaquim Moura pediu para escreverem um ofício dirigido ao presidente do clube Internacional de Regatas, Miguel Dib, pedindo o empréstimo do “Afonso Celsdo”, a melhor iole a quatro do remo carioca, ainda sabendo que teria uma chance em mil. Conseguir aquilo seria a última coisa que Dib faria em sua vida. Mesmo assim, foi à luta.

 Joaquim Moura chegou à garagem dos barcos do Internacional, à Rua Santa Luzia, em Niterói, e apresentou o pedido ao empregado que cuidava dos barcos. Este só teve uma atitude: indagar ao Moura se ele seria maluco. E propôs-lhe falar com o presidente Dib. De sua parte, este mandou uma resposta seca: seria mais fácil ele fechar o clube, do que emprestar o Afonso Celso.

 Joaquim Moura, no entanto, não se deu por vencido. Seguiu o Dib quando este saiu para almoçar e, de tanto encher o saco do homem, este propôs emprestar uma outra iole. Moura não topou e voltou a insistir no empréstimo do barco tão desejado.

 Dib não conseguiu almoçar sossegado. Joaquim Moura sentou-se diante dele e não deu-lhe tréguas. Lembrou que o Internacional não disputaria a regata Prefeitura de Niterói e cobrou-lhe deixar o público  privado de ver o rolar da melhor iole do remo do Rio de Janeiro.

Não deu pra segurar tanta azaração. Miguel Dib só consegiu ficar em paz qundo assinou a autorizçaão de empréstimo do barco. E a guarnição rubro-negra, devido a insistência de Joaqum Moura, saiu da prova ganhadora da medalha de ouro. Mais uma para as muito tantas da administração Gilberto Cardoso.      

 
                      JOSÉ TELES DA CONCEIÇÃO

Carioca, nascido no bairro de Olaria – 23.05.1931 - José Telles da Conceição foi o símbolo rubro-negro da modalidade atletismo da “Era Gilberto Cardoso.

Medindo 1m86cm de altura e aos 21 de idade, ele foi o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha olímpica: nos Jogos-1952, em Helsinque, na Finlândia, ficando com o bronze no salto em altura, à marca de 1m98cm – Walt Davisd foi ouro, com 2.04 e Ken Wiesner prata, com 2.01, ambos dos EUA.  

 Registrado na Federação Carioca de Atletismo, em 23 de março de 1950, o rapaz pobre que parecia candidato a uma vida duríssima, foi descoberto por um olheiro do Vasco da Gama, mas, em 19 de novembro de 1952, mudou de lado, indo para o maior rival do “Almirante”, o Flamengo.

  Zé Telles foi aos II Jogos Pan-Americano-1955, na Cidade do Méxic0, e trouxe a medalha de bronze do salto em altura, pulando 1m85cm. PÇoderia teta rmelhora a marca, mas desistiu para correr em uma outra prova. Em 1956, disputou os Jogos Olímpicos de Melbolurne, na Austrália, novamente, naa prova do salto em altura, além dos 200 metros rasos e o revezamento 4 x 100 metros – pós Gilberto Cardoso, participou, ainda, dos 200 metros das Olimpíadas da italiana Roma.

Era impressionante a facilidade do Zé para competir em várias provas - 100m rasos, 110m com barreiras, 400m com barreiras, salto em distância, salto triplo, salto em altura e até no decatlo. Durante os já citados Pan mexicanos-1955, ele “voou” nos 100 e nos 200m rasos, cravando 10.04 - um segundo acima do recorde sul-americano – na primeira, e 20.08 na segunda prova. Após vê-lo emação, o treinador norte-americano Don Kinsley declarou e a revista carioca “Manchete Esportiva” – N 20, de 07.04.1956 – reproduziu: “ Tem tudo para ser um dos maiores velocistas do mundo. Basta aperfeiçoar o pique...em corrida de ascenção a sua velocidade é, verdadeiramente, impressionante”.  

Telles tornou-se o maior recordista do atletismo “brasuca”, estabelecendo 21 recordes nacionais, em cinco provas. Alguns pareciam eternos, demorando 19 temporadas para serem batidos. As suas marcas mais importantes, além da olímpica-1952, foram: salto em altura – 02m, do Trofeu Brasil-São Paulo-1955; – 200 m rasos - 20s08s de 1955;  1010 m rasos – 10s02, ambas dos Jogos Pan-Americanos-México-1955. Nos 100m/com barreiras, só em 1973 a marca caiu.

Vale ressaltar que o tempo de 20s08 nos 200 m foi apontado como o terceiro do “Ranking-List” mundial-1955 – Bobby Morrow e Heinz Futterer-ALE, ambos com 20s06, e Rod Richards-EUA, com 2007 ficaram à frente. 

 Devido ao seu grande prestígio, dentre 385 atletas brasileiros, ele foi o  escolhido para carregar a pira olímpica dos IV Jogos Pan-Americanos, diante de 40 mil desportistas, no estádio do Pacaembu, em São Paulo-1963. 

Com tanta bagagem, tão logo encerrou a carreira, em 1966, Telles foi convocado pela Confederação Braisleira de Desportos (regia todas as modalidades) para ser  um seu consultor de atletismo. Além disso, esteve professor da modalidade para o antigo estado da Guanabara; também, do SESC-Serviço Social do Comércio, e foi chefe de planejamento do Conselho Nacional de Desportos. Em 18 de outubro de 1974, quando contava 42 de idade, foi assassinado a tiros, dentro do seu carro, no Rio de Janeiro. Era chamado, pela imprensa, por “Homem-Equipe”, por disputar várias provas no mesmo dia, em seus tempos de Flamenguista, honrando Gil de Souza, o primeiro recordista brasileiro reconhecido, nos 200 m, com 23s0, do Campeonato Brasileiro de Atletismo-1925 - hoje, o recorde é do jamaicano Usain Bolt, estabelecido em 20 de agosto de 2009, na alemã Berlim.

Compare os recordes de Telles com os atuais:


   A GOLEADA DO TRI

  Flamengo 2 x 1 América (16.10.1955); Flamengo 4 x 1(04.12.1955) e Flamengo 1 x 3 América (19.02,1956)  haviam sido os placares dos jogos entre os dois clubes pelos três turnos disputados do Campeonato Carioca-1955, que invadira a temporada seguinte.

 Com o seu time somando uma vitória a mais e marcando 7 x 5 na soma dos tentos, o presidente Gilberto Cardoso acreditava muito no tri. Mas sem fanatismos.

 Na tarde do domingo 25 de março de 1956, os rubro-negros chegaram ao Maracanã confiantes, mantendo o bom senso e nunca extrapolando otimismos. Afinal, o adversário da melhor de três, o América, era valoroso – 4 x 0  e 5 x 1 Fluminense; 3 x 1 e 4 x 1 Botafogo; 6 x 0 São Cristóvão; 4 x 0 e 4 x 2 Madureira; 3 x 0 Olaria e 5 x 3 Bangu haviam sido os seus melhores resultados nos dois turnos anteriores - e denotava ser concorrente preocupante – e foi!

Assim que o árbitro Frederico Lopes – foi considerado regular - apitou início de decisão, a alma de Gilberto Cardoso viu-se assistindo “jogo renhidíssimo, disputado palmo a palmo,  deixando os nervos da torcida em constante excitação”, como observou a semanária carioca Esporte Ilustra  Nº 941, de 19.054.1956. Com o tempo passando e o placar sem movimentação, ele via os minutos finais se aproximando já admitindo o empate naquele primeiro jogo decisivo. Mas, a um minto do apito final, Evaristo surpreendeu o goleiro americano Pompéia, com um chute da entrada da área. Se estivesse vivo, ao ver a bola balançando a rede, Gilberto não seguraria a emoção, pela vitória conquistada por:   Chamorro, Tomires e Pavão;  Jadir, Dequinha e Jordan; Joel, Duca, Paulinho, Evaristo e Zagallo, comandados pelo treinador paraguaio Fleitas Solich.

Dias depois, era o primeiro de abril e aquele tornou-se um autêntico Dia da Mentira para os torcedores rubro-negros, que esperavam sair do Maraca – após o apito final de Mário Vianna - comemorando um tricampeonato que só acontecera em 1942/43/44. Eles, porém, sabiam que não seria nada fácil. Gilberto Cardoso, em vida terrestres, jamais deixara de reconhecer a pujança demonstrada pelo América, no domingo anterior, e concordaria com Esporte Ilustrado quando este escreveu que os americanos “...atuando com acerto desbarataram por completo a defensiva rubro-negra”. Concordou, também, com mais isso contado pela semanária: “... enquanto o ataque rubro...fazia alarde de grande podre de penetração e de extraordinária visão de goal,  o do Flamengo inteiramente desentrosado parecia impotente para vencer a sóbria barreira que é a defesa americana”.   

Mesmo com o Flamengo goleado, por 1 x 5,  os rapazes de Gilberto Cardoso – os mesmos do 1 x 0 – seguiam com inteira confiança de conquistar o título para o grande chefe que partira. E se prepararam para a noite do quatro der abril de 1956, a da chamada negra - que terminou, predominantemente, rubro-negra. 

Onde estivesse, o espírito de Gilberto Cardoso torcia, fervorosamente, para que o seu Flamengo conseguisse, ao menos, o empate em uma eventual prorrogação naquele terceiro jogo, pois ficaria com o titulo, por ter vencido os dois primeiros turnos. Para  isso, Fleitas Solich fez duas modificações táticas em seu time, trocando Jadir e Paulinho, por Servílio e Dida, o primeiro para tomar conta do impetuoso atacante americano Leônidas. Acerto, na mosca e, principalmente, no caso do alagoano Dida, jovem arisco e rompedor, que marcou três dos quatro tentos de Fla 4 x 1. O América chorou ter perdido o atacante Alarcon, machucado, pelos inicios da partida. Realmente,  lhe custou caro e colaborou demais para ter levado 0 x 2 desestabilizantes, no primeiro tempo do jogo apitado por Mário Vianna e que rendeu Cr$ 2 milhões, 492 mil, 334 cruzeiros e 40 centavos,  grande soma para a época.

 Além das três balançadas de redes por Dida, o americano Edson fez um gol contra e os tricampeões ficaram sendo: Chamorro, Tomires e Pavão; Servílio, Dequinha e Jordan; Joel, Duca, Dida , Evaristo e Zagallo.

 Jogo encerrado, titulo no papo, a torcida rubro-negra foi prestar homenagem ao presidente Gilberto Cardoso, junto à sua última morada.Para o colunista Nélson Rodrigues, considerado um dos principais - também, teatrólogo -, havia uma explicação esquisita para o título carioca de 1955 ter terminado daquela forma. Segundo ele, por culpa do próprio América que tentar desmanchar o Flamengo durante o jogo dos 5 x 1. Para ele, “certos escore são proibitivos” e goleadas promovem quem ganha e perde. Para justificar-se, Nélson voltou a Brasil 6 x 1 Espanha, da Copa do Mundo-1950, no Maracanã. Entendia que havíamos vencido o adversário de forma quase imoral e que, se tivéssemos conquistado vitória sóbria, teríamos trucidado o Uruguai no 16 de julho, quando levamos 1 x 2, de virada. 

Nélson Rodrigues admitia goleadas contra times fracos, jamais contra o Flamengo, por entender que escores altos geram grandes insatisfações. E defendia, por sua crônica, na semanária carioca Manchete Esportiva  (11.04.1956): “ O América deveria ter parado nos dois ou, no máximo, nos 3 x 1... não sossegou enquanto não viu o Flamengo arrasado... a depressão rubro-negra, naquele domingo, era um precário disfarce dos seus brios enfurecidos. E, ao sair de campo sob o impacto de tantos gols, sangrando de humilhação... já devia leva o estigma, ainda imponderável do tricampeonato. A tragédia do América foi ter dado ao rival...no penúltimo momento, o incentivo final e decisivo”.                 

 Nélson Rodrigues viu, ainda, um inevitável “desarmamento interior” do América diante do Flamengo: “... há de ter experimentado (nos 5 x 1) um sincero ... espanto diante daquela rajada de gols. E, no entanto, não cabia o seu assombro – perdera o campeonato quatro dias antes (do 04.04.1956)”.

 E finaliza a crônica recomendando ao Flamengo “sempre ter pela frente adversário que o goleasse (por 5 x 1), o maior número possível de vezes. E, assim espicaçado, sendo transfigurado, acabaria sendo tricampeão todos os anos”.   

 Crônica muito filosófica, é verdade. Será que um flamenguista máximo, como o presidente Gilberto Cardoso, concordaria com ela? Afinal, ele fazia de tudo para ter, sempre, o seu Flamengo vencendo na bola e na hora. Sem voltas filosóficas.