domingo, 28 de maio de 2023

célio taveira - montagem


                                        RECEITA PARA FAZER GOLS

 A Revista do Esporte - Nº 263, de 31 de março de 1964 - colocou Céliloi em sua capa, ao lado do rubro-negro Aírton e colheu daqueles dois dos mais destacados pontas-de-lanças do Campeonato Carioca-1963 as suas receitas para balançar as redes. Ambos marcaram 15 gols no Estadual, três a menos do que o principal artilheiro da temporada, o banguense Bianchini, e dois abaixo do tricolor Manuel. A receita do vascaíno: 1 – empenho; 2 – coragem; 3 – técnica; 4 – malícia; 5 –chutes bem colocados. A revista considerou Célio um atacante mais técnico e mais sutil do que o companheiro rubro-negro, “procurando conseguir o seu objetivo sem fazer muito uso do corpo”. Disse, também, que ele teve atuações de realce e marcou a sua presença no certame assinalando gols de boa feitura, firmando o seu prestígio de artilheiro.

 Quantos gols você marcou para o Nacional?

 Tenho uma estatística do pesquisador Santiago Grazzi,  que listou 175 jogos e 92 gol – leia abaixo a lista que o Célio guardava, com os times distribuídos por ordem alfabética: Atlanta-Arg (2); Barcelona-Equ (1); Cerro-Uru (6); Cerro Porteño-Par (4); Casa de Galícia-URU (1);Colo-Colo-Chi (1); Combinado Wanderers/EvertonChi (2); Corinthians-Bra (1); Danúbio-Uru (2); Defensor-Uru (4); DeportivoCali-Col (3); Depotivo Valencia Ven (2); Emelec-Equ (2); Estudiantes de La Plata-Arg (2); Guarani-PAR (1); Huracan-Arg (2); Huracan-Uru (2); Independiante-Arg (2); Independiante-Bol (2); Independiente Santa Fé-Col (1); La Luz-Uru(1); Libertad-Par (2); Ligas Agrarias de Salto-Uru (3); Ligas Regionales del Sur (1); Liverpool-Uru (5); Nacional de Durazno (Uru (2); Peñarol-Uru (4); Rampla-Uru (4); Rentistas-Uru (4); Resto de America –Ame (1); River-Uru (2); River Plate-Arg (1); San Lorenzo de Almagro-Arg (1); Seleção Berlim Este-Alem.Oriental (1); Seleção de Durazno-Uru (2); Seleção de Lavaleja-Uru (Seleção de Rivera-Uru (2); Sparta Praga-Tehc (1); Sporrting Cristal-Per (2); Sud America-Uru (4); Universidad de Chile (5) e Wanderers de Melo-Uru (1).

                                                                   

                                       

                  

                                 

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                                                              CAMPEÕES DA I TAÇA GUANABARA-1965     

GAINETE – tudo era festa no Rio de Janeiro do IVCentenário. Principalmente, o Carnaval de 1965, com Gainete curtindo as festanças. Enquanto a folia fervia, o seu concunhado Saulzinho, artilheiro da Turma da Colina, chamou-o para treinar em São Januário. Topou, treinou e agradou a quem o viu em ação, levando o Vasco da Gama a querer saber como estava a situação dele - o Internacional-RS pedia CR$ 7,5 milhões de cruzeiros para liberá-lo.

Carlos Gainete Filho, nascido no 15 de novembro de 1940, na catarinense Florianópolis, topou trocar de clube, não só pela chance de atuar no centro de maior visibilidade do futebol brasileiro, mas, também, por acreditar ser possível tocar pra frente o curso de Ciências Econômicas, que cursara até a terceira etapa. No mais, era só brigar com Ita (José Augusto da Silva) e Lévis (Bispo de Sá) pela camisa de número 1 do time cruzmaltino.

Gainete estreou em 14 de março e teve batismo de fogo durante o Torneio Rio-São Paulo – maior competição brasileira de então -, quando o treinador Zezé Moreira achou que ele pegava mais do que dois concorrentes. Encerrada a disputa interestadual, em 23 de maio, o Almirante saiu catando níquel pelo país - 11 amistosos -, a fim de pagar a sua folha salarial. No 14 de julho, começou a disputar a I Taça Guanabara. Era o começo da consagração de Gainete como goleiro de grande visibilidade. Em oito partidas, sagrou-se campeão, finalmente - antes, havia conquistado três vices, pelo Internacional-RS, no qual chegara, em 1962.

 Embora fosse atleta de evitar gols, Gainete começou a carreira correndo atrás deles, sendo ponta-direita juvenil do catarinense Guarani, de Florianópolis. Era 1955 e, em peladas, ele gostava de tirar onda debaixo das traves. Por conta daquilo, num daqueles famosois dias em que alguém não aparecer para jogar – no seu caso, o goleiro -, ele foi convocado a substituí-lo - para sempre. Um temporada depois, já era titular no time principal, até 1958, quando mudou para o Tamandaré, ainda no futebol amador da caital catarinense. Em 1959, já profissional, a carreira avisou que decolaria, sendo campeão catarinense, pelo Paula Ramos, além de, em 1960, ficado bi do Sul Brasileiro de Seleções. O feito valeu-lhe convite do gaúcho Gurany, de Bagé, que o defendeu só por uma temporada, pois o Internacional achou que ele seria o goleiro ideal para o time colorado.

 No mesmo 1965, Gainete foi, também, vice da Taça Brasil, a competição que levava um clube brasileiro à Taça Libertadores da América. Não dava para conquistá-la, pois, à época, era quase impossível vencer decisões contra o Santos de Pelé.

Embora tivesse enfretado os melhores atacanteds brazucas, Gainete elegia como a sua maior defesa uma de Seleção Catarinense 1 x 0 Paraná. Contu ao Nº 5 da revista Futebol e Outros Esportes, em 1966: “O Gauchinho, ponta-esquerda do Paraná, chutou a bola da entrada da área. Saí do gol e consegui tocá-la, com um dos pés. Ela (a bola) subiu e ia entrar (no gol), quando pulei para trás, desses pulos que a gente não sabe como, e tirei-a do seu caminho. Até hoje tento descobrir como fiz aquela defesa”.

 Gainete esteve vascaíno só por uma temporada. Em 1966, o Inernacional-RS voltou a requisitar as suas defesas, que foram coloradas até 1972, quando foi para o Atalético-PR. Em 1974, encerrou a carreira, em um outro Atlético-RS, no futebol gaúcho. 

 

LEVS – jogou só parte de uma partida da I Taça Guanabara, entrando em lguar de Gainete, na estreia, quando o Vasco da Gama goleou o Fluminense, por 5 x0. Nascido em Curitiba – em 22 de fevereiro de 1940 -, foi um dos goleiros mais altos do futebol carioca da década-1960, medindo 1m86cm de altura. Começou a vestir a camisa 1 no Huracan São Vicente, de liga amadora de Curitiba e, ao final de 1961, assinou o seu primeiro contrato profissional, com o Olímpico, de Irati-PR. Com a jaqueta do Almirante, esquentou muito o banco dos reservas, pois Seu Zezé Moreira defnira uma formação e pouco mudou. Esteve vascaíno ente 1964/1965 e viveu até 2007.

JOEL FELÍCIO – ele não começou a I Taça Guanabara como titular da lateral-direita, que ficou com Ari. Mas o treinador Zezé Moreira lhe deu vaga no time do segundo jogo, gostou dos seus serviços e manteve-o em suas próximas sete escalações. Dono de uma boa estatura para a sua época no futebol brasileiro – 1m82cm -, ele foi uma barreira para os atacantes que partiram para cima dele durante aquela competição, o que agradou muito ao chefe, que pedia jogo duro, seriedade. Viram isso no seu estilo de jogo os ponteiros-esquerdos Lula (Flu), Neves (Fla), Ramon (América), Guaraci (Bangu) e Roberto (Botafogo), que levaram uma canseira.

Joel Felício nasceu mineiro, de Muriaé - em 27 de outubro de 1939 -, mas foi no Rio de Janeiro que começou a gostara da bola, mais precisamente no bairro do Irajá, onde havia um time peladeiro chamado Rio Douro, em que toda a molecada, descamisada,  rolava a pelota usando gorro e calções da mesma cor,  e sem camisas, por não ter dinheiro para comprar mais nada. Antes de mudar-se para aquele bairro, ele residia na Vila Isabel, onde não ligava a mínima para o futebol, porque o que mandava por ali era o samba de Noel Rosa.

Joel Felício Pinheiro assinou o seu primeiro contrato, como atleta, em 1957, e entrou para o time juvenil do Vasco da Gama, em uma fase em que era muito comum os cartolas prenderem jogadores pelos chamados contratos de gaveta. Antes de se campeão da I Taça Guanabara, ele ajudara a Turma da Colina a vencer o Torneio Pentagonal do México-1963. Pouco depois, comemorava mais um caneco, o do Torneio de Santiago-1963. Em 1965, com a chegada de Zezé Moreira a São Januário, disputou a decisão do I Torneio Internacional do IV Centenário do Rio de Janeiro e conquistou o seu terceiro título vascaíno. Na temporada seguinte, ainda sob o comando do mesmo treinador, foi campeão do Torneio Rio-São Paulo-1966, embora empatado com Botafogo, Santos e Corinthians, por falta de datas para decisão. Ele esteve vascaíno ate 1966.

 

ARI – esteve vascaíno, de 1965 a 1967. Em sua primeira temporada na Colina, foi suplente de Joel Felício. Em 1966, ganhou a posição, deixando, também, o uruguaio Mendez no banco, mas em suas últimas campanhas ficou na reserva de Jorge Luís. Despertou o interesse vascaíno por ter ajudado a Seleção Brasileira a vencer o Sul-Americano de Acesso-1964 e ele fazer bom papel no vice-campeoanto do São Cristóvão durante o Torneio Início do mesmo 1964. Antes disso, Ari Garcia Gomes, carioca, nascido no 18 de fevereiro de 1942, havia chamado a atenção da Turna da Colina por ter segurado o ponta-esquerda Ede, em São Cristovão 1 x 1 Vasco Gama, pela penúltima rodada do segundo turno do Campeonato Carioca-1963, quando “O Santo” terminou em sétimo lugar, uma posição abaixo e duas vitórias a menos do que o Almirante. Ari foi um dos destaques da defesa que tinha ele e mais Franz (goleiro), Édson, Renato e Moisés.   

 

BRITO  - Sinônimo de fortaleza, ele impressionou ao pai no nascimento, mostrando-se um bebê tão forte que não de outra: Seu Ruas o registrou por Hércules (homem mais forte do mundo, na literatura), adicionado o sobrenome Brito Ruas. Cria do amador Flexeiras, da Ilha do Governador, ele chegou infantil ao Vasco da Gama, em 1955, e amargou muito o banco dos reservas dos aspirantes, porque a vaga era de Viana. O jeito foi sair, por empréstimo, para os gaúchos Internacional, de Porto Alegre e de Santa Maria, entre 1958 e 1959. Em São Januário, só teve vez depois que o capitão (Hideraldo Luís) Bellini foi negociado, como São Paulo, em 1961.

 Brito jogava duro, mas, até 1964, gostava de brincar com a bola dentro da sua área. Assim que chegou ao São Januario, em 1965, o treinador Zezé Moreira acabou com aquela farra, mudando, completamente, a sua forma de jogar e tornando-o um “zagueiro-zagueiro”, ou “zagueiro enxuto”, como se falava na época. Cumpriu tão bem as ordens do chefe, que este o fez de capitão do time. De quebra, levantou a I Taça Guanabara.

Sujeito brincalhão, também, fora das quatro linhas, sempre alegre e comunicativo Brito não era de ficar cobrando dos companheioros, mesmo sendo o capitão.  “Não gosto de dar ordens, argumentar ou mesmo ponderar. Não me sinto à vontade. Prefiro jogar sério e calado, e que os meus companheiros me dirijam a palavra” dizia a quem lhe cobrava “mandar na zaga”. Sobre o posto, analisava: “Ser capitão ... é uma honra, porque demonstra o prestígio de um jogador ...principalmente perante o técnico”.

Para a Revista do Esporte, o zagueirão Brito mostrava-se um “legítimo sucessor de Bellini”, o ídolo e grande capitão cruzmaltino que fizera história em São Januário por 10 temporadas. O considerava um “zagueiro-central entusiasta e eficiente, que se empenha nos lances com arrojo, técnica e valentia”. Ressaltava, ainda, que, com ele, não havia tempo ruim, demonstrando possuir “futebol para qualquer preço” e sabendo resolver  problemas na grande área. Por conta daquilo, previa que ele formaria na defensiva da Seleção Brasileira que iria à Copa do Mundo da Inglaterra-1966 – foi e atuou em Brasil 1 x 3 Portugal, no 19 de junho (Manga; Fidélis, Brito, Orlando Peçanha e Rildo; Denílson e Lima; Jairzinho, Silva, Pelé e Paraná). Este time pisou na bolae e o Brasil foi eliminado na primeira fase. Mas ele, salvou-se do vexame, foi convocado para a campanha de 1970 e voltou do México não só tricampeão, atuando em todas as partidas, como, também, sendo o atleta de melhor preparo físico do planeta.

 Nascido na Ilha do Governador-RJ, em 9 de agosto de 1939, esteve vascaíno, de 1955 a 1969, quando foi negociado com o Flamengo. Conquistou três títulos como integrante da Turma das Colina: campeão do I Torneio Internacional do IV Centenário do Rio de Janeiro-1965; da I Taça Guanabaras-1965 e do Torneio Rio-São Paulo-1966, este dividido com Botafogo, Santos e Cointhians, por falta de datas, pois as próximas seriam dedicadas ao preparo da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo das Inglaterra.

FONTANA – O auarto-zagueiro do time de Zezé Moreira trilhou caminho parecido com o de Brito. Tinha dois fortes concorrentes pela frente - Russo, nos aspirantes, e Barbosinha, no time A – e arrependia-se de não ter aceito convites de dois outros clubes, tendo, inclusive, chegadoa a preencher ficha de inscrição, como amador, em um deles.

José de Anchieta Fontana, capixaba de Santa Tereza, nascido em 31 de dezembro de 1940, obedeceu, fielmente, as ordens de “Seu Zezé Moeira”, como o chamava, para as oito partidas em que foi titular durante a conquista da I Taça Guanabara. Atuou firme, sem nunca brincar, ajudando a sua defensiva a levar apenas quatro gols na campanha – o ataque marcou  15.

Para repórteres bricalhões, como Deni Menezes, da Rádio Globo-RJ, o xerifão Fontana levava atacantes a “fazerem o testamento antes de entrarem na área do Vasco”.  Umdos que mais se quixavam da sua virilidade era Dario (José dos Santos), um dos maiores goleadores brasileiros da décadas-1960/70. Com 1m82cm de altura e pesando 76, ele vivia dizendo não ter medo de cara feia, quando estivesse a servioço do Atlético-MG. Mas respeitava - e muito -, duas dessas caras. Indagado pelo repórter Eliomário Valente, para o Nº 505 da Revista do Esporte, de 9 de novembro de 1968, o Dadá Jacaré (um dos seus apelidos) respondeu: “Tenho dois marcadores implacáveis: Brito e Fontana. Batem bem. Até tapas no resto já levei deles, além de outras entradas mais violentas. Quando eu apanhava a bola e partia para a área do Vasco, temia pela minha saúde”.

De acordo com o meio-campista Buglê (José Alberto Bougleux), o quarto-zaqueiro Fontana poderia ser um terror para os atacantes, mas, “fora dos gramados é um santo”, garantia e fazia questão de ressaltar que o amigo jamais fora expulso de campo. E ia além: “Os pais dele acertaram tornando-o xará do jesuíta José de Anchieta” - uma das figuras mais admiradas na época da colonização do Brasil. Espanhol de nascimento, ingressou na Companhia de Jesus, em Portugal, e ao vir para o Brasil foi um dos fundadores das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. Também, foi dramaturgo, poeta e gramático, tendo vivido entre 1534 a 1597. De sua prte, José de Anchieta Fontana, que esteve vascaíno, de 1962 a 1969, viveu até 1980.

 

OLDAIR – Desde que subira para o time de aspirantes do Palmeiras, o paulistano Oldair atuou como apoiador. Quando chegou ao clube, em 1957, queria ser o centroavante do time juvenil, mas deu mais certo como o então chamado “médio de apoio”. Tanto que sagrou-se naquela posição bicampeão paulista de aspirantes-1959/1960 e, campeão carioca-1964, pelo Fluminense, que defendeu entre 1961 e 1964. Em janeiro de 1966, ele foi para o Vasco da Gama e disputou todo o Torneio Rio-São Paulo e vários amistosos formando meia-cancha com Lorico. Veio a Taça Guanabara e, com ela, a indefinição vascaína pela renovação do contrato do lateral-esquerdo Barbosinha (Jorge dos Santos Barbosa). Para começar a disputa, o treinador Zezé Moreira teria o Fluminense pela frente e nenhum lateral-esquerdo em quem confiasse. Como fora ele quem aceitara a indicação do treinador juvenil palmeirense Milton Medeiros para levar Oldair para as Laranjeiras, por conhece-lo bem, antes de um treino, pediu-lhe para quebrar o galho marcando o arisco ponta-direita tricolor Jorginho. Topou colaborar e, durante o coletivo, surpreendeu o chefe, não deixando ninguém passar por ele. Dali pelos sete jogos da Taça GB, segurou a vaga de titular da posição e, ainda, foi convocado para a Seleção Brasileira que treinaria para a Copa do Mundo da Inglaterra-1966.

 Nascido em 1º de julho de 1939, no paulistano bairro de Bom Retiro, Oldair Barchi estudou até o segundo período do curso de Contabilidade. No jogo final da Taça Guanabara, em 5 de setembro de 1965, foi ele quem abriu no placar de Vasco da Gama 2 x 0 Botafogo, diante de 115.064 pagantes, no Maracanã, aos 40 minutos do primeiro tempo - Gainete; Joel Felício, Brito, Fontana e Oldair; Maranhão e Lorico; Luizinho Goiano, Célio, Mário Tilico e Zezinho foi o time escalado pelo treinador Zezé Moreira naquela tarde de domingo. Oldair defendeu o Vasco até 1967 e viveu até 1º de novembro de 2014. 

 

MARANHÃO - Durante a temporada-1964, o apoiador Maranhão entrava e saía do time, que usava Odmar e Zé Carlos quando o barrava. Quem o tinha visto jogar antes, não entendia como um atleta que agradava à torcida, sem estar contundido e nem mal fisicamente poderia ser preterido. Sorte dele que, pelos inícios de 1965, o Vasco da Gama contratou o treinador Zezé Moreira, que não demorou a ver que a bola daquele nordestino baixinho encaixava-se bem em seu esquema de jogo. Maranhão ganhou alma nova e mostrou que a sua barração fora injuntas e prejudicial ao time. Tornou-se peça importante na conquista da I Taça Guanabara, formando sete “meiúcas” com Loricoo e uma com Oldair.

 Maranhão, isto é, José de Ribamar Celestino, ganhou apelido gentílico no Rio de Janeiro por ter nascido – em 30 de junho de 1942 - em São Luís do Maranhão, que ele chamava por “A Ilha do Amor” – a capital maranhense fica, realmente, em uma ilha. Cria do Sampaio Corrêa, desembarcou em São Januário sendos, ainda, um juvenil, em 1958. Quando o treinador Martim Fracisco o promoveu ao time A, o dono absoluto de sua posião era Écio. Mas,a parir de 5 dre maiko de 1961, Martim deu-lhe algumas chances de formar o meio-de-campo cuzmaltino com Laerte e o próprio Écio. Mas ainda não era a sua hora de ser titular, pois tinha, ainda, a concorrência de Nivaldo, jogador de chute fortíssimo e que marcava gols cobrando faltas.

 Em junho de 1962, Maranhão voltou a ter algumas chancs de jogar. Em stembro, outras, quando o treinador já era Jorge Vieira, que firmou a meia-cancha Maranhão e Lorico, até o final da temporada. Em 1963, Jorge Vieira fez Maranhão e Écio se revezarem muito no meio-de-campo vascaíno e, em algumas oportunidades, escalou os dois juntos, até o 15 de setembro, quando caiu e foi substituído por Oto Gória.

Embora tivesse disputado as Olimpíadas-1963, ena italiana Roma, formando meio-de-camo com o cracaço Gérson de Oliveria Nunes, e figurasse nas listas de candidatos a uma vaga na Seleção Brasileira que disputaria a Copa do Mundo da Inglaterra, em 1966, Maranhão não esperava ser chamado, por ver a concorrência muito grande – Zito, do Santos; Denílson, do Fluminense; Dino Sani, do Corinthians; Roberto Dias, do São Paulo, foram os chamados para os treinamentos.

 Maranhão esteve vascaíno até 1967. A seguir, iniciou a vida de cigano do futebol, passando por seis clubes, todos com expressões muito inferiores à do Vasco da Gama. Encerrou a carriera,em 1974, defendendo o ABC, de Natal-RN. Viveu até 22 de agosto de 2007.

 

LUISINHO GOIANO – Estava escrito que ele seria jogador de Zezé Moreira. Pelos começos da décadas-1960, quando era amador - nos times São Luiz e Mariana -, do seu estado ana, foi para o Rio de Janeiro, fez testes no Fluminense e agradou ao Seu Zezé, que dirigia a turma do tricolor carioca. No entanto, com a chegada do final de ano e final da temporada, ele voltou para a sua terra, que nem tinha, ainda, futebol profissional – só a partir de 1963 – e terminou assinando contrato como Atlético Goianiense, onde virou ponteiro – antes, era ponta-de-lança.

 Veio a terça-feira 26 de janeiro de 1965 e o Vasco da Gama foi a Goiânia mandar 4 x 1 Atlético-GO. Embora os locais tivessem sido goleados, Seu Zezé Moreira reviu e lembrou-se de Luisinho, que atuara bem naquela partida. Pediu a sua contratação, que virou empréstimo. Três semanas depois, o Vasco da Gama dobrou os rubro-negros goianaienses e ficou com o rapaz, em definitivo, pagando antigos Cr$ 20 milhões de cruzeiros e mais a renda de dois amistosos em Goiânia. E confimou que tinha feito bom investimento, no 20 de fevereiro, quando Luisinho entregou bola limpa para Saulzinho bater na rede e, depois,  marcou o seu gol, cortando o macador para dentro e batendo, como pé esquerdo, da entrada da grande área, em Vasco da Gama 2 x 1 Fluminense, em seu primeiro jogo no Maracanã, diante de 35.239 pagantes.

Firmado titular do ataque vascaíno, Luisinho disputou todas as partidas da conquista da Taça Guanabara.  Também, comandado pelo Seu Zezé, foi campeão do Torneio Rio-São Paulo-1966. Nascido na goiana m Jandaia, em 1º de dezembro de 1941, esteve cruzmaltino entre 1965 a 1967, quando foi para a paulista Prudentina. No futebol carioca, ele só não se entendia com os jornais e revistas. Embora dissesse que fora registrado por Luís de Oliveira e Silva, os caras só escreviam Luizinho, em vez do mais correto Luisinho.

 

LORICO – ele gostava de jogar mais atrás, armando lances. No entanto, durante a I Taça Guanabara, o treinador Zezé Moreira preferia usaá-lo como uma espécie de ponte entre o meio-de-campo e o ataque, do que não reclamava, pois já atuara, por diversas vezes, mais à frente, com os diversos treinadores pelos quais passara, em São Januário. Atleta de muita técnica e inteligência, Lorico jamais chegou à Seleção Braileira, pois tinha a concorrência do botafoguense Gerson (de Oliveira Nunes), dono absoluto da posição.

Ele foi cria da Portuguesa Santista e chegou a ser campeão sul-americano militar, em 1959, com o time tendo Pelé e vencendo os argentinos, por 2 x 0, na final. Registrado por João Farias Filho, o Lorico nasceu no 11 de dezembro de 1940, na paulista Santos e chegou ao Vasco da Gama em 1961, fazendo a sua estreia no 8 de fevereiro, nos 2 x 2 amistosos, com o espanhol Real Madrid, que truixe ao Maracanã os astros Puskas, Di Stefano e Gento, feríssimas – Humberto Torgado (Miguel): Paulinho de Almeida, Bellini, Orlando Peçanha e Coronel; Écio e Lorico (Waldemar); Sabará, Wilson Moreira (Da Silva), Delém e Pinga foi o time, dirigido por Martim Francisco.

 Lorico não foi campeão só da Taça Guanabara, em 1965. Na mesma temporadas, em janeiro,ajudou o Vasco da Gama a conqusitar, também, o I Torneio Internacional do IV Centenário do Rio de Janeiro, com vitórias sobre a seleção da Alemanha Oriental, (3 x 2) e o Flamengo (4 x 1) – Ita; Joel Felício, (Massinha), Brito, Fontana (Pereira) e Barbosinha; Maranhãoe Lorico; Mário Tilico (Joãozinho), Saulzinho, Célio e Zezinho foi a escalação de Zezé Moreira. Em 1966, esteve nos times campeões do Toeio Internacional do México e do Torneio rio-São Paulo, este dividido com Botafogo, Corinthians e Santos, por falta de datas para uma decisão. Pelas metades de 1966, Lorico deixou São Januário e foi defender a Prudentina, da pulista Presidente Prudente.

 

 MÁRIO TILICO -   O pernambucano Mário era um autêntico cabra-da-peste, como os seu conterrâneos chamavam um sujeito que dava conta de tudo. Ele era assim no ataque do Vasco da Gama. Atuava pelo meio e pontas, como o fez durante a I Taça Guanabara, quando formou dupla fatal com Célio e rolou a maricota pelo lado do gramado. Em uma, ou outra, colaborou com quatro tentos que ajudaram o Almirante a caregar o caneco.

Juvenil do Santa Cruz, de Recife, em 1960, Mário foi pintar pela ponta-direita quando o Santa negociou o passe de Gildo, com o Palmeiras, em 1961. Ele foi promovido ao time A e intimado a vestir a camisa 7. Mas, em 1962, quando a paulistana Portuguesa de Desportos o levou, mudou de lado e foi parar na ponta-esquerda. Em 1963, o Vasco da Gama o levou para vestir a camisa 11, mas ele terminou vestindo toda a numeração atacante, embora tivesse, em 1963, passado quase toda a temporadas no time de aspirantes. Resgatado por Oto Glória, voltou ao time A e, quando Zezé Moreira o assumiu, foi deslocado para a ponta-direita, porque o miolo do ataque estava bem com Sasulzinho e Célio. Teve, novamente, de esperar vez pelo meio.    

Nascido, em Recife, no 30 de abirl de 1942, Mário foi batizado e registrado por Amaro Amaro Gomes das Costa. No entanto, se alguém fosse à sua casa procurar pelo Amaro, diriam que tal sujeito não residia por ali. Todos já estavam acostumado com o apelido Mário, surgido nos campos do futebol. Mais tarde, ele  ganhou mais um apelido – Tilico, por aprontar muito com os marcdoress. O seu começo de vida vascaína foi ajudando a moçada a conquistar o Torneio  Internacional do México-1963. Próximo caneco, o I Torneio Internacional do IV Centenário do Rio de Janeiro-1965. Ao ser campeão da I Taça GB-1965, colaborou com quatro gols. Em 1966, trocou São Januário pelo Fluminense. Viveu até 2001 e teve um filho que herdou o seu apelido e, também, foi atacante cruzmaltino.

 

CÉLIO  - Ele foi “o cara” do time vascainoi durante a conquista da I Taça Guanabra. Principal artilheiro da equipe (e da competição) com seis tentos, infernizou a vida dos zagueiros em todos os prélios.  Em quatro tempradas vestindo a jaqueta do Vasco da Gama, ele tornou-se um dos maiores goleador cruzmaltino no Maracanã, com 40 bolas no filó – à sua frente estão: 1 - Roberto Dinamite (193), em 25 temporadas, de 1971 a 1992 (exceto 1980, quando esterve no Barcelona-ESP; 1989, na Portuguesa de Desportos-SP, e 1991,  no Campo Gande-RJ); 2 - Pinga e Romário (70), o primeiro de 1953 a 1961, e o segundo, de 1985 a 1988; de 2000 a 2002; de 2005 a 2006, e em 2007; 3 - Sabará e Ademir Menezes (44), tendo o primeiro ficado de 1952 a 1962 e voltado em 1964, enquanto o segundo esteve vascaíno,  de 1942 a 1945 e de 1948 a 12955; 4 - Vavá (42 gols), em seis temporadas, de 1952 a 1958. 

 Nascido em Santos-SP, no 16 de outubro de 1940, quando estava com 16 de idade, Célio tentou jogar pelo Santos, mas foi dispensado. Então, arrumou vaga nos times de Portuguesa Santista, Ponte Preta e Jabaquara, até o Vasco da Gama leva-lo, em 1963, para ficar em São Januário por quatro temporadas. Começou a ser Vasco vencendo dois torneios internacionais, em 1963, o Pentagonal, do México e o Quadrangular  de Santiago do Chile. Na temporada seguinte, foi vencedor no  Torneio Cidade de Belém-1964, dirigido, nos três, pelo treinador Jorge Vieira. Depois, sob o comando de Zezé Moreira, ajudou a  Turma da Colina a ganhar os Torneios  IV Centenário do Rio de Janeiro- 1965 e o Torneio Rio-São Paulo-1966, este dividido com Botafogo, Corinthians e Santos.  

Dos seis tentos marcados durante a Taça GB, quatro foram contra o Fluminense e dois diante do Flamengo. Ao deixar São Januário, tornou-se ídolo, também, da torcida do uruguaio Nacional, de Montevidéu. Viveu até o 29 de maio de 2020.

 

ZEZINHO – Ele começara a carreira pela ponta-esquerda do inanto-juvenil da Portuguesa, da Ilha do Governador-RJ, em 1954. Depois passou para ponta-de-lança e teve breve passagem pela ponta-direita. Mas era pelo miolo do gramado que se sentia bem. Em 1964, quando Duque (David Ferreira) era o treinador do time do Vasco da Gama, de repente, o clube se desfez do ponteiro-esquerdo Ramos e ficou sem especialista para a posição. Chamado para a vaga, Zezinho não gostou e pensou em se nagar a vestir a camisa 11. Tudo o que ele não queria era voltar para a extrema-esquerda. No entanto, pensou um pouco e lembrou que o seu contrato não lhe dava o direito de escolher posto. Para não ficar mal com o chefe, terminou aceitando. Veio 1965 e um outro treindor, Zezé Moreira, o manteve por onde jogava. De forma diferente, porém. Com Duque, ele voltava para ajudar o meio-de-campo, mas era mais agressivo. Seu Zezé o colocou para cobrir os colega que atacasse. Assim, se alguém fosse à frente, ele ficava mais atrás. Se perdesse a bola, imediatamente,  ele recuava para a sua posição. Jogava de acordo com o jogo. Assim, atuou em todos os jogos da I Taça Guanabara, mas não marcando nenhum gol. José de Oliveira Barros,s eu nome oficial, nasceu no 13 de agosto de 1939, em Corumbá-MT, e esteve vascaíno entre 1964 a 1966. Além de campeão da Taça GB, ajudou a Turma da Colina a conquistar, também, o I Tornei Internacional do IV Centenário do Rio de Janeiro; o Torneio Gilberto Alveds, em Goiás, e o Torneio Cinquentenáro da Federação Pernambucana de Futebol, os três em 1965, e o Torneio Rio-São Paulo-1966, esse dividido com Botafogo, Santos e Corinthians.

 

ZEZÉ MOREIRA – velho sonho do Vasco da Gama, só em 1965 chegou a São Januário. De cara, ganhou três disputas - I Torneio Intertnacional do IV Centenário do Rio de Janeiro; Torneio Presidente Gilberto Alves, da Federação Goiana de Desportos, em Goiás, e Torneio Cinquentenário da Federação Pernambucana de Futebol. Em 1966, conquistou mais um caneco para os cruzmaltinos, o Torneio Rio-São Paulo, e, em 1967, encerrou o seu ciclo entre os vascaínos. Alfredo Moreira Júnior foi o seu nome. Nascido, em Miracema-RJ, no 16 de outubro de 1907, viveu por 90 temporadas, até 10 de abril de 1998.            

 


domingo, 21 de maio de 2023

A GAROTA DO PLACAR - 'LA BELA ROSA' ROSELI

 Durante a já distante década-1980, a revista paulistana Placar elegia, semanalmente, uma belíssima brasileirinha como a sua gatinha da edição. E elas, evidentemente, deslumbravam os leitores. Esta foi do Nº 1018, datado de 15 de dezembro de 1989. Uma gauchaça, de 1m71cm de altura, que vivia pedalando a sua bicicleta, até ser descoberta por um caçador de modelos fotográficos. O nome da rosa é Roseli. Em cima?  



domingo, 14 de maio de 2023

LENDAS DA COLINA - O RESERVA DO RESERVA

                   FRANGARELE

      O campeonato de 1964 da Liga Municipal de Anandera despertava muitas expectativas, sobretudo porque todos os times contavam com grandes goleiros, verdadeiros paredões. Motivo que fazia, nos bolões, o placar mais apostado ser o decepcionante 0 x 0. Só não se esperava aquele marcador no caso de o Vasco da Grama adentrar ao gramado tendo por arqueiro o apelidado Frangarele. Mas, como ele era o reserva do reserva, dificilmente jogaria.

 Por ser Anandera cidade onde só entravam as rádios Globo e Nacional, do Rio de Janeiro, o seu povo vivia só ligado na vida carioca, razão de os times filiados à Liga serem Vasco da Gama, Flamengo, Fluminense, Botafogo, América, Bangu. Bonsucesso, Madureira, Olaria, Campo Grande e Canto do Rio. Futecarioquice total!

 Desses times citados acima, o primeiro nunca era chamado pelo seu nome de registro na Liga, mas por Vasco das Gramas, caçoada da torcida pelo fato de o seu comandante ser o português Vasco D´Alentejo, comerciante de gramas para jardins, quintais, praças públicas, etc. Por conta do seu ar bonachão de todo sujeitos meio-gordinho, ele atendeu ao pedido do seu ponta-de-lança Zé do Hermes e contratou um motorista colega de trabalho como goleiro – jogavam juntos com o carinha no gol durante os bábas na Comissão do Vale do São Francisco.

Para a torcida do Vasco das Gramas, a contratação do goleiro amigo do artilheiro do time não passava de mera formalidade agradatícia da parte de Seu D´alentejo, pois o carinha jamais jogaria, diante da concorrência de dois espetaculares guarda-valas da equipe, Caeitino e Tadiquinho.

 Rola a bola e, diante do Olaria, no primeiro turno, o titular Caetino, depois de pegar tudo, a um minuto do final da pugna, falhou, feiaço, aço, aço! Falta cobrada, das proximidades da sua grande área, ele defendeu a pelota, mas esta escapou dos seus dedos e foi para no fundo da rede. Frangaço! Mas, como tinha créditos junto à torcida, foi perdoado.

                       A galera perdoou o seu goleiro pelo frangaço, tinha créditos na casa  

 No jogo seguinte, novamente pegando tudo, e, novamente, pelos finalmentes da partida - diante do Botafogo -, durante cruzmaento de bola para a área vascogramense, o ponta-direita botafoguense, malandramente, segurou o zagueiro central vascaineiro pela camisa. Esperando que o juiz marcasse a falta, o sossegado Caeitino ficou na dele. Quando viu que nenhum apito ouviria, saiu, estabanado, de sua cidadela para tentar a defesa. Foi mal na bola que tocou em seus dedos e se ofereceu para um atacante alvinegro estufar a rede – ainda mereceu perdão.

 Veio o terceiro jogo – contra o São Cristóvão. Lá pelas metades do segundo tempo, tantas, falta contra o Vasco, que vencia, por 1 x 0. A infração seria cobrada a três metros de distância da grande área. Ao ver quem iria cobrá-la, o incrédulo Caitino não botou a menor fé no chutador, pois o mesmo, dificilmente, fazia aquilo. E o fez muito bem, imprimindo efeito na viagem da pelota, que escapou das mãos dele e parou nos pés de um atacante sãocritoveiro, que não o perdoou, balançou a roseira – com quatro falhas seguidas, Caetino, ainda, seguiu prestigiado pelo seu treinador e a sua torcida. 

 Próximo jogo, contra o Canto do Rio. O Vasco das Gramas mandava na partidas, sufocava o adversário. Em sua primeira bobeada, o time canteiro cruzou bola sobre a área vascaineira. Caetino calculou mal a saída para a interceptação da pelota que foi parar na cuca de um atacante do time do santo, que o deixou quase chorando, por conta de tanta raiva pela falha. Pra piorar, minutos depois, ele saiu de campo contundido, abrido perspectivas para Tadiquinho ganhar a sua vaga na partida que viria pela frente – e ganhou.

 O jogo estava quentíssimo, com o Vasco das Gramas mandando aquela brasa, mora? De repente, um atacante adversário entrou com bola dominada pelo lado direito da área vascaineira e chutou fraco. Tadiquinho, no entanto, saltou atrasado para detê-la e deixou-a passar por debaixo do seu corpo, para senti-la raspando em uma de suas chuteiras a caminho da rede. Pelo segundo tempo, novamente, ele falhou. Ao ver um adversário receber a bola em boas condições de tentar o gol, ele precipitou-se na saída do arco, não percebendo que um companheiro chegava e poderia combater o chegante, que o encobriu. Se tivesse ficado debaixo das traves...!     

Seria o dono da bola, como nesta foto, e se ouviria pelo rádio, se não tivesse saído do arco 
 

 Naquele jogo, Tadiquinho, também, se machucou. A torcida vascaineira, que já andava cabreira por conta de tantas falhas do seus dois inexpugnáveis goleiros, gelou. Quem iria para o gol na próxima partida? O reserva do reserva, Frangarele. Situação complicada para o Vasco das Gramas: dois goleiros contundidos e sendo, ainda, obrigado a relacionar um juvenil para a reserva do goleiro que jogaria – um motorista que só havia, até ali, jogado bábas com colegas de trabalho, que lhe faziam engolir montanhas de “bípedes”.

 Veio a refrega e Frangarele terminou a primeira etapa sem tocar na bola. A sua defesa esteve magistral. O segundo tempo seguia no mesmo ritmo, até que, aos 38 minutos, um seu colega de meiúca foi ao ataque, chutou a gol e, por ter muita gente em sua frente, o goleiro do rival engoliu aquela. Aos 45, o mesmo companheiro, com bola dominada, atacou e passou a impressão de que iria lançar alguém. Surpreendentemente, chutou fraco para o arco. O goleiro agachou-se para defender o chute, mas a bola escapou-lhe das mãos, passou por entre as suas pernas e foi entrando, lentamente, em direção à rede. Ficou desesperado pelas duas falhas. Diante da cena, Frangarele abandonou a sua cidadela e saiu correndo pra consolar o colega. Pediu apoio para o cara às torcidas dos dois clubes e foi atendido, com ele mais aplaudido do que o rival – e passou invicto por todo o jogo, sem uma bola visita-lo.

 Por causa da sua solidariedade a um goleiro frangueiro, Frangarele passou a semana sendo aplaudido por onde passava. Sem defender um chute, virou o maior ídolo do seu time. E voltou à ser o reserva do reserva para a eventualidade de uma escalação na rodada seguinte, quando Caetino e Tadiquinho já estavam recuperados de suas lesões.

 Muito aplaudido pela torcida vascaineira, o goleirão Caetino reapareceu fechando o gol. Fora de ritmo, porém, cometeu falha inaceitável para o seu nível de titular da seleção municipal tapiracanguense. Aos 45 minutos do primeiro tempo, lançamento, do meio do campo, em profundidade, teve bola mais para ele do que para dois atacantes adversários que acompanhavam o lance. Mas ele ficou indeciso sobre sair, ou não, do arco, do que se aproveitou um dos rivais para chegar primeiro na bola e desviá-la dele para o filó. Queixou-se de falta de ritmo, durante ao intervalo, no vestiário, e pediu para não voltar para a etapa final. Tadiquinho que, também, reclamava falta de ritmo, pediu, igualmente, para não entrar na partida.

 O que fazer? Pelo serviço de alto-falantes do estádio, Frangarelle, que estava na casa assistindo à partida, junto com a sua namorada, foi convocado a comparecer ao vestiário – compareceu e entrou em campo. Aplaudidíssimo, voltou a contar com defesa inexpugnável, que só lhe permitiu cobrar dois tiros de metas, os quais,, por sinal, ele os cobrou para a bola sair pela sua linha lateral esquerda, após o meio do campo, o que valeu-lhe aplausos.

 Nova rodada pintou e Caetino e Tadiquinho, que haviam treinado duro durante a semana, sentiram-se em condições de enfrentar o América. O primeiro foi o escalado. No segundo tempo, entrou o reserva, segundo o treinador, para ambos ganharem ritmo. E cada um levou um gol, incrivelmente, iguais: chutes fracos, de fora da área, com a bola passando por debaixo dos seus corpos.

 A mesma postura foi adotada pelo técnico no novo jogo: cada goleiro jogando um tempo. Resultado: repeteco de falhas. Levaram gol por saírem atrasado do arco, vendo o adversário marcar com um leve toque fatal na bola. Mesmo assim, o homem insistiu no revezamento no jogo seguinte. Então! Pareceu que os dois goleiros haviam combinado em falharem igualmente. Em lance aéreo sobre a área vascaineira, eles esperaram que os seus indecisos zagueiros resolvessem tudo. Quem resolveu foi um atacante rival que os encobriu com os mais do que manjados toques leves sobre os goleiros.   

A torcida do Vasco das Gramas esqueceu-se dos velhos e grandes serviços prestados pelos dois goleirões e passou a pedir, em coro: “Frangarele! Frangarele!”

 O treinador e Seu D´Alentejo, porém, não permitiram que Caetino e Tadiquinho fossem queimados, pois o Vasco das Gramas tinha muita gordura pra queimar até o final do campeonato. Na última rodada, no entanto, não teve jeito. Ante tantas falhas daqueles dois, a torcida fez passeatas, com faixas e cartazes, pedindo a escalação de Frangarele – e foi atendida.

 Entra o Vasco das Gramas em campo, para decidir o título municipal tapiracanguese, com a camisas 1 usada por  Frangarele. Do outro lado do campo, por adversário, o Flamengo. Primeiro tempo duríssimo, equilibradíssimo, com a zaga vascaineira, mais uma vez, não deixando o seu goleiro tocar na bola. E mais duro , ainda, foi o segundo tempo. Tudo indicava que o título seria decidido em prorrogação, ou disputa por pênaltis -  foi para a prorrogação, quando a noite já escurecia Tapiracanga.

 No minuto final do match, o Vasco das Gramas atacou e cruzou bola sobre a área flamenguista. Ao sair para tentar fazer a defesa, o goleiro rubro-negro teve as suas vistas atrapalhada pelos refletores. Não viu  bola e nem adversário, só escutou a torcida do rival gritando goooolll! Frangarele, mais uma vez, foi consolá-lo. Ouvindo a torcida gritar: “Frangarele! Frangarele!”, numa justa homenagem ao goleiro frangueiro nas peladas do seu trabalho (onde ganhara o apelido) e que passara invicto pelo Campeonato Tapiracanguense. 

Com a grana que ganhou, pela premiação do campeão, Frangarele decidiu comprar uma chácara lhe oferecida por um amigo que garantia boa renda mensal. Pensou, pensou e intuiu que, como goleiro, nem a bola lhe visitava. Então, se a chácara do seu amigo vivia repleta de fregueses, bom negócio. Pediu demissão no emprego em que ganhava pouco, comprou-a a chácara e foi criar frangos.   

FINAL ÀS 20h23 de 19.04.2023/03h24 de 20.04.2023   

domingo, 7 de maio de 2023

A MAIS BELA, BELÍSSIMA DO 'DIA-HOJE' DO KIKE

 Janine Proazzi é uma das musas mais queridas pela torcida cruzmaltina. E uma das mais lindas e inteligentes mulheres brasileiras. É bacharel em enfermagem, com especialização em Unidade de Terapia Intensiva, e professor de capoeira. Também, empresária do ramo hoteleiro, além de uma esplendorosa modelo. O Kike viu esta foto dela no site www.musasgatasfc.com.br e o agradece pela reprodução. Afinal, a galera da Turma da Colina não pode deixar de ver o que é belíssimo.