segunda-feira, 11 de julho de 2011

ENTREVISTA/ MINISTRA MARIA ELIZABETH ROCHA

Em 200 anos de história, a ministra Maria Elizabeth Rocha é a primeria e única mulher no País a chegar ao Superior Tribunal Militar (STM). Nomeada, pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, em 8 de março de 2007, dia internacional da mulher, e empossada 19 dias depois, ela defende os movimentos femininos cobra mais espaço para os direitos da mulher na constituição brasileira. Por sinal, aproveitando a passagem dos 20 anos da Carta Cidadã, que ainda se comemoram, com programações alusivas ao 5 de outubro de 1988, a ministra Maria Elizabeth aproveita esta entrevista para analisar o documento, afinal ela é professora de Drieito Constitucional em uma das universidades de Brasília e PhD no assunto.
JBr - A senhora tinha alguma ligação política antes de chegar ao STM?
R - Já fui militante de esquerda, servi ao PT (Partido dos Trabalhadores), como advogada.

Por vedação constituconal, hoje, nem tem mais como pensar nisso...

Sim. Agora, é só levar contribuição ao STM, pela minha experiência com o direito constitucional, atualizando os conteúdos normativos, pois o Código Penal Militar e o Código de Proceso Penal Militar estão desatualizados perante a nova constituição. São de 1969, editados em um regime que não vigora mais.

A senhora imputa ao ministro José Antônio Dias Toffoli o empurrão para chegar ao circuito do Palácio do Planalto. Houve ajuda da lidrança do PT, da qual a senhora foi advogada, para chegar ao STM?

Não é falsa modéstia, mas imputo a minha indicação ao meu currículo. Sou mestra (pela Universidade Católica de Lisboa), com distinção, e doutora (pela Universidade Federal de Minas Gerais), com louvor, além de aprovada, em primeir lugar, no concurso que me levou à Procuradoria Federal. Estudei, me preparei muito. Sou professora universitária, desde os meus 23 anos de idade. Reconheço, além do ministro Dias Toffoli, a mão amiga do ministro Gilberto Carvalho.

JBr – A Constituição Cidadã chega aos 20 anos com dezenas de itens não regulamentados...

R – Isso, talvez, seja a parte mais dolorosa da carta de 1988, porque ela consagrou princípios que, antes, jamais haviam sido tratados, casos, por exmeplo, dos direitos sociais dos trabalhadores. Issio é uma grande conquista, uma festa da democacia. Mas é lamentável não ter muitos deles regulamentados. Os poderes da República não atribuem essa responsabilidade só ao Legislativo. A sociedade pode apresentar projetos de lei de inciativa popular. Poderia haver uma mobilização neste sentido. Este é o grande problema. Porém, 20 não ao são nada em termos de história. Temos muit tempo pela frente para aperfeiçoar a democracia, que é um processo em construção. Sou otimista em relaçã ao futuro da Nação.

Há parlamentar que vê irresponsbilidade no Congresso Nacional, por não regulamentar, logo, o que a sociedade espera. O termo “irresponsasbilidade” está bem ou mal colocado?

Não chamo o Congresso de irerresponsável, porque ele não trabalha em tempo real. É nescessário um período de maturação para se elaborar um projeto-de-lei e este passsar pelas comissões e o plenário. Acho, sim, que a sociedade devria mobilizar-se, pois o Congresso é uma caixa de ressonância dos anseios populares, a garantia de sanidade das sociedades bem ordenadas. A sociedade poderia organizar-se e pressionar os institutos de representação popular, não só os parlamentares, mas, também, o Executivo e o Judiciário. O Legislativo faz a sua parte, mas quem quem interpreta as leis são os magistrados. Muitas vezes, esta, ao ganhar vida própria, passa a ser interpretada totalmente diferente do que se buscava. É preciso, realmente, que haja mobilização.

Que comportamento que a senhora observa, da parte do cidadão que caminha, há 20 anos, com uma “carta no bolso”?

Uma apatia muito grande do cidadão comum, com relação à política, e um descrédito desta. Isso é terrível, mina as expectativas de implementação de melhora da sociedade civil.

O que mais lhe encanta no direito constitucional basileiro?

Os direitos e garantias fundamentais. Não me refiro só aos de primeira dimensão, os individuais, mas a todas as conquistas alcançadas. Aplaudo a luta por um meio ambiente saudável, a preservação das reservas naturais para garantir a subsistência das futuras gerações e, também, a presevação do patrimômio histórico e artístico. Nacional. Isso é o que mais me inspira na noss constituição.

Se a senhora fosse uma parlamentar, hoje, e estivesse regulamentando o que falta à carta de 88, que iten lhe mereceria prioridade?

Os direitos das mulheres. Apoio os movimentos femininos e vejo muitos conquistas esperando por implementação, reforço. Falo em direitos da mulher, mas incluo o das minorias, em geral, segmentos como os homoxessuais, os afro-descententes, que são estigmatizados, historicamente, de uma maior participação na sociedade. Dos três pilares – liberdade, igualdade e fraternidade –, que consagraram a Revolução Francesa (1789), ainda nos falta a implementação do terceiro caso. É colocando-se no lugar do discriminado que se sente o peso da segregação, da indiferença, da exclusão.

Dentro desse iten, daria para particulariz algo?

A violência contra a mulher, os quilombos, as cotas para os negros na universidades, há várias questões merecendo cuidados.

A Secretria de Políticas Especiais para a Mulher, criada pelo Govero Lula, é suficiente, ou, seria mais forte um ministério para ela?

Já temos políticas afirmativas sendo implementadas. Vejo sensibilidade no governo, de perceber a importância de dar um foco distinto a segmentos populacionais histórica e socialmente discriminados.

A senhora considera a vintenária constuição brasileria inteiramente bem situada dentro do tempo atual?

A vejo muito mais vanguardista. Talvez, ela não possa atender a todas as demandas sociais previstas, mas aspira um ideal de nacionalistmo muito grande. Reafirmo o meu aplauso ao sentido de implementar a igualdade entre homem e mulher, de conferir as garatias constitucionais que faltavam as minorais e, ainda, de dar ao analfabeto do direito de participar da vida poltica do País.

Quando esse iten foi levado para a discussão constitucional, setores conservadores da sociedade viram-no como eleitoreiro...

Eu acho absimante pensar que só em 1988 o País tenha incluído, socialmente, uma grandiosa parte do seu cidadão. Por isso, vejo vanguardismo nessa nossa carta. Creio que ela cehga até mesmo a intimidar governantes pela inspirações progamáticas que encerra em seu texto.

Como professsora de direito constitcuional comparado, a senhora, então, vê a nossa carta como uma das melhores e mais bem feitas do mundo...

Sim. Estudo as constituições do mundo inteiro e a vejo como modelo para qualquer País.

Com anda a relação entre a constiuição e a juventude?

Não tenho dúvidas de que é preciso mais divulgação junto ao jovem. Aliás, não só neste sentido, mas, também, junto cidadão comum. É primordial saber que a conscienização da cidadania passa pelo conhecimento dos direitos e garantias individuais, bem como das suas obrigações perante o Estado. É uma relação de troca, um ideal de nacionalidade para nos tonarmos uma grande nação.

É excessivo o número de itens na nossa constituição?

Não posso negar que ela seja uma carta prolixa, mas todos os textos contemorâneos o são. O grande exemplo de constituição sintética é o dos Estados Unidos, aidna é do século 18. Textos prolixos são característicos de cartas programáticas, garantistas, que incorporam programas de Estado. É impossível fugir disso.

A proteção ao meio ambiente foi uma novidade dotexto vintenário. Demoramos muito nesse sentido?

Realmente, entre a nossa prmeira constituição, a imperial, de 1824, até se chegar a esta, ainda não se havia incidido sobre a questão, que já faz parte de muitos outros textos nacionais, como os dos vizinhos Paraguai e Uruguai. Garantir um meio ambiente saudável é dar sobrevivência a futuras gerações e a todo o planeta, já que o desmatamento da Amazônia, por exemplo, vai se refletir no mundo inteiro. Porém, esta é uma questão de soberania basileira, que tem que ser tratada pelo nosso governo.

Quando a constituinte ganhava forma, havia parlamentares saudosos da carta de 1946...

Esta teve pouca duração, porque o país assistiu ao golpe miliar de 1964, que a emendou por quatro atos institucionais. Aliás, a história constitucional brasileira sempre oscilu em ciclos de normalidade e autoritarismos. O texto de 1824 foi outorgado pelo Império; o de 1891 saiu de uma assembléia constituinte, mas não foi um exemplo de constituição democratica, porque a primeira república frustrou os seus objetivos, e a 1934 foi outra com pouca duração, devido ao golpe do Estado Novo, dado por Getúlio Vargas, em 37. A de 1988 faz uma síntese das duas grandes cartas, de 1934 e 46. Em termos democráticos, é a de maior duração na nossa história. Eu acho a Constituição Cidadã muito melhor pporque reflete toda as nossas experiências constitucionais com as rupturas do regime.

A constituinte convocada pelo presidente José Sarney levou quase dois anos trabalhando o texto de 88. Tanto tempo pode ser visto como falta de maturidade parlamentar e de responsabilidade popular?

Para uma constituição ficar bem feita, como a nossa, não importa se ele sai com vagar. Não se pode fazer isso no atropelo. Afinal, o que se elabora é o contrato social que vai reger a nação. É preciso haver acomodação de interesses, de expectativas, de esperaças. Gastou-se o tempo que deveria ter gasto. Não a produzimos em tempo muito longo e nem muito curto. É preciso cuidado para o texto não se conviver com texto periódico, reformado, substituível, revogadao, outorgado, promulgados. Isso já aconteceu conosco e na maioria dos países latino-americanos. A idéia de uma constituição é que ela seja perene, e estabelecer todas as cláusulas do pacto social não é fácil.

A carta de 1988 já foi modificada...

Sim, já são 56 emendas, e espero que fique por aí. Acho que não precisaria haver tantas mudanças. O Judiciário poderia se incumbir da intepretação, renovação dos conteúdos constitucionais. De uma certa maneiria, as cartas se desatualizam com a modrnidade galopante. Veja o caso do biodireito. Quando este texto foi promulgado, em 1988, ainda não se pensava nisso. Da mesma forma, não havia os crimes cibernéticos. Há uma série de novidades que a modernidade apresenta e se tornam impossíveis de o legislador acompanhar. Cabe, principalmente, ao Supremo Tribunal Federal (STF) fazer o seu papel, como interprete. Uma lei quando é editada, já começa a cair no vazio da história.

Quais modificações a senhora não gostaria de ter visto feitas?
A taxação dos inativos pela Previdência, por exemplo. Embora o STF tenha decidido de forma contrário, a minha postura, como professora de Direito Constitucional, é ver ferido o direito adquirido, o ato jurídico perfeito. Para mim, esta emenda foi frustrante.

A constituição dá ao parlamento o poder de polícia, de determinar prisões, durante uma CPI. Isso não é um traço de autoritarismo?

Não ocorrem prisões arbitrárias, mas dentro de determinadas circunstâncias. Por exemplo, se o depoente se recusa a prestar informações. No nosso sistema de separação de podres há e freios e contrapesos para controlar eventuais abusos que um outro possa cometer. Para isso, existe o Judiciário para fazer análise prévia, conceder hábeas corpus preventivo, pois ninguém é obrigado a depor e criar provas contra si. Há emcanismos eu garnte o dieito individual, mas, também, protegem o interesse da sociedade. As comissões parlametnares de inquéritos (CPI) agem contra os abusos cometidos contra a sociedade.

Um comentário:

  1. bom dia..

    Uma passagem das Escrituras, sem motivo específico por ter deixado no seu blogger, mas específico para que leia as Escrituras de Deus, que sempre fala ao nosso Ser.

    SALMO 15
    1 SENHOR, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?
    2 Aquele que anda sinceramente, e pratica a justiça, e fala a verdade no seu coração.
    3 Aquele que não difama com a sua língua, nem faz mal ao seu próximo, nem aceita nenhum opróbrio contra o seu próximo;
    4 A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas honra os que temem ao SENHOR; aquele que jura com dano seu, e contudo não muda.
    5 Aquele que não dá o seu dinheiro com usura, nem recebe peitas contra o inocente. Quem faz isto nunca será abalado.

    Abraços
    Jesus Cristo te Ama
    Ele é o Caminho, e a Verdade, e a Vida.

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