segunda-feira, 11 de julho de 2011

OLGUINHA DOS ESTUDANTES

“Olguinha dos Estudantes", do jornalista Manoel Barroso, traz o leitor de volta à década de 1930 e parte dos anos 40 e 50.  Trata-se de uma pesquisa concluída 50 anos depois de fatos que cercam o enredo, como a Revolução de 1930 e a Constitucionalista, o fim das República Velha, a Intentona Comunista, a primeira Guerra Mundial, a volta dos pracinhas ao Brasil, o crescimento do nazi-fascismo e do comunismo, e a ditadura do presidente Getúlio Vargas.
 O personagem central da trama, Olguinha, é o “nome de guerra” de uma ativista política paulista que foge para o Rio de Janeiro, quando percebe que está perto de ser exterminada pelo regime político de Vargas, assim como ocorrera com o noivo, companheiro de lutas. Na clandestinidade, quando o dinheiro acaba, ela aceita o convite de uma prostituta granfina, a única que tinha automóvel no Brasil, e vai visitá-la em sua “pensão”. Para ter o que comer, termina aceitando vender seu corpo, mas só para estudantes.
 Manoel Barroso diz que Olguinha é o somatório de várias figuras de uma época em que “os estudantes ajudaram a empurraram o País para profundas transformações sociais, reformando a consciência popular”. É uma história emocionante, passada em um Rio de Janeiro com 1 milhão e 800 mil habitantes, quando o Brasil só tinha 40 milhões e uma sociedade caracterizada pelo elitismo, o machismo, o, preconceito, o catolicismo e o acentuado sincretismo religioso. “O povo era muito patriota, apaixonado por futebol, carnaval e samba, convivendo com um altíssimo índice de analfabetismo”, acrescentas o jornalista.
As pesquisas de Manoel Barroso o levaram também a encontrar um Rio de Janeiro onde muitos pais entregavam ops filhos adolescente a prostitutas de confiança, para a iniciação sexual. “E eles repetiam os pais, freqüentando cabarés, dancings, cassinos, tudo os antecessores faziam. Já as moças não tinham orientação sexual, apenas aprendiam a se defender do pecado, controladas pelo preconceito e temendo o grande constrangimento de serem mães solteiras”, historia Barroso.
É nesse contexto que Olguinha se insere na vida carioca, tornando-se amigas de figuras relevantes do meio social da cidade, como artistas e pintores famosos, que nem desconfiavam de quem ela era, após passar por profunda transformação corporal e no vestir-se. Com classe, iniciava os adolescentes no sexo, mas sempre exigindo a carteiras de estudante.
 Olguinha, protegida pelos colegas ativistas políticos com quem tramava, chegou a ter uma missa de sétimo dia rezada, após a publicação, nos jornais, de um acidente automobilístico que lhe vitimara. No entanto, após a queda de Getúlio Vargas, lá estava ela, de novo, fazendo política e chegando a se eleger deputada estadual, sem que ninguém soubesse da sua vida no clandestinidade.
Obs: texto escrito por meu marido, Gustavo Mariani, para uma matéria do Jornal de Brasília.

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