domingo, 29 de outubro de 2023

O DOMINGO E DIA DE MULHER BONITA - A BOLA E A FERA DAS TELAS EM PALCO VERDEJANTE

 Eata é uma das tradicionais fotos promocionais de eventos, tipo "pra que lado eu chuto". Mordendo a língua, se sem jeito de futebolar, e arrumando a saia pra não errar o alvo, a loiraça Norma Jean, mais conhecida por Marilyn Monroe, foi uma das mais famosas atrizes do cinema norte-amercano do Século 20. Símbolo sexual de forma voluptuosas, viveu entre 1º de junho de 1926 a 5 de agosto de 1962. Por ali, deve ter ficado sabendo que futebol se jogava com uma peltota arredondada. Bem capaz!

domingo, 22 de outubro de 2023

O DOMINGO É UMA MULHER BONITA - AÍDA

Um exemplo de mulher. É o mínimo que se pode dizer de uma atleta carregadora de muitas glórias para São Januário: Aida Menezes dos Santos. Nascida em 1º de março de 1937, no bairro de Icaraí, em Niteroi-RJ, é o maior nome feminino do atletismo cruzmaltino. Assim como a nadadora Maria Lenk fora, em 1932, a única mulher da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos, ela repetiu o feito, em 1964, em Tóquio, no Japão. Competiu no salto em altura, sem nenhum apoio – em 1968, nos Jogos da Cidade do México, obteve a 20ª colocação no pentatlon. Por tudo o que fez, recebeu, em 2006, o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, do Prêmio Brasil Olímpico, e, em 2009, o Diploma Mundial Mulher e Esporte, uma premiação especial do Comitê Olímpico Internacional.

                              Reprodução de Observatório da Discriminação Racial

Aída estudava na Escola Estadual Aurelino Leal, em Niterói. Em 1958, tinha 19 anos, corpo esguio e jogava vôlei e basquetes. Certa vez, uma amiga, que voltaria para casa de bicicleta, propôs-lhe trocar uma carona, do estádio Caio Martins, até a sua casa, em troca da sua participação no treino da equipe de atletismo. Para na voltar a pé, topou. Resultado: logo saltava 1m45cm de altura, igualando o recorde brasileiro. O problema, depois, chamava-se seu pai, que não via sentido na pratica esportiva sem retorno financeiro. Por isso, Aída fez as primeiras provas ás escondidas e foi descoberta, por acaso.  Até apanhou, por insistir com aquilo. Mas não desistiu e entrou para a equipe do Vasco da Gama.

FANTÁSTICA -  A história da participação de Aída nos Jogos de Tóquio é inacreditável. Detentora do índice de 1m65cm, sem treinador e nem material adequado à competição, ela encarou adversárias assistidas por psicólogos, treinadores e fisioterapeutas. Para desestimular mais, o seu almoço havia sido apenas chuchu com camarão, e chegara à pista usando sapatilhas para provas de velocidade (sem pregos). Pior? Durante as eliminatórias, torceu um dos pés. Fera que era, no entanto, foi em frente e saltou 1m70cm, classificando-se para as finais. Superou a dor e cravar 1m74cm. Se subisse mais dois centímetros, traria a medalha de bronze. Quando nada, foi a primeira vez  que uma brasileira se aproximou do pódio olímpico, com a melhor classificação olímpica feminino do atletismo brasileira em todos os tempos.

                                      Reprdução de www.primeiros.negros.com

Disputante, também, de provas nos 100 metros rasos e no lançamento do dardo, Aída teve entre as suas principais medalhas, dois bronzes pan-americanos: no pentatlo dos Jogos canadenses de Winnipeg-1967 e dos colombianos de Calí-1971. Na sua especialidade, o salto em altura, foi campeã estadual, brasileira, sul-americana e pan-americana. Depois do Vasco, ainda defendeu o Botafogo. Chegou a decacampeã carioca, sendo que os dois primeiros títulos foram com a jaqueta cruzmaltina. 

domingo, 15 de outubro de 2023

O DOMINGO É UMA MULEHR BONITA - AS SOCIALITES ANOS DOURADOS CARIOCAS

 A década-1950 trouxe para o Brasil  do pós II Guerra Mundial (1942 a 1945) ideias como a mulher também chefiar a família. Mas não mexia no moral sexual. Por ali, o trabalho dela tornava-se cada vez mais comum, embora persistissem muitos velhos preconceitos.

Reprodução de Facebook - agradecimento 
Nos chamados anos dourados brasileiros da década-1950, mesmo com a emancipação feminina pedindo passagem, matrimônio, maternidade e dedicação ao lar seguiam sendo exigências indispensáveis às mulheres.
 Não era fácil derrubar aquele terrível triângulo ideológico, principalmente porque a lei brazuca era muito machista. Por exemplo, enquanto ele poderia ter aventuras extraconjugais, que eram consideradas “traços da natureza masculina”,  tal comportamento partindo delas, nem pensar.
Uma esposa de tempinho antes deveria manter-se com a elegância de solteira e evitar o trabalho fora de casa, "para não se masculinizar", ser vista por levianas e cair na boca do povo. 
As que se comportavam como moças de família, não usavam roupas sensuais e evitavam ficar a sós com namorados no escuro, tinham mais chance de fazer bom casamento. 
Mulheres na década dourada, ao tornarem-se vanguardistas, sinalizaram que já não era mais possível segurá-las tanto. Não seria possível negar  a força de personagem como Adalgisa Colombo,  Miss Brasil 1958, uma das que modernizaram o comportamento feminino brasileiro.
 Outras figuras saltavam de páginas literárias e das pautas musicais,  brigando pelo direito ao reconhecimento da identidade que se construía. Crescendo a participação feminina no mercado de trabalho, a nova mulher brazuca ocupava espaços no comércio, serviços públicos, em funções como enfermeirss, professoras, médicas, assistentes sociais, vendedoras e onde mais pudessem pintar.
 No entanto, não era só a mulher chegar e encontrar a vaga de trabalho à sua disposição. Exigia-se dela melhor qualificação, o que demandou maior escolaridade e, por conseguinte, mudanças no status social dela.
década dourada marcou, também, o brilho de muitas socialites, principalmente, no Rio de Janeiro, casos de Carmen Mayrink Veiga, Lourdes Catão e de Tereza Sousa Campos, citando só  três. 

1 - Paulista, de Pirajuí, nascida em 24 de abril de 1929, Carmen Therezinha Solbiati Mayrink Veiga saiu (03.12.2017) desta vida com a fama  de aristocrata de grande projeção na moda e no jet-set internacional. Vista como uma das mulheres mais elegantes e bem-vestidas do planeta.
Filha de Maria de Lourdes de Lacerda Guimarães e Enéas Solbiati, ela foi neta, pelo lado materno, do Barão de Arari e sobrinha-neta do Barão de Araras. Seu pai era rico produtor de café e financista, e foi, também, cônsul honorário do Brasil na Itália.
Desde adolescente, Carmem frequentava  desfiles da alta costura francesa. Despertou a atenção de revistas como a Paris Match, quando casou-se (25.06.1956), com o empresário Antônio (Tony) Alfredo Mayrink Veiga, herdeiro de fortuna multimilionária - tiveram os filhos Antenor e Tereza Antônia.
 O casal, Tony e Carmen foi considerado pelo escritor Truman Capote, para a revista Vogue dos Estados Unidos, a dupla mais chique do Cone Sul. Tão verdade que Carmen fez parte das listas das mulheres mais elegantes do Brasil e do mundo.  Entrou para o Rol da Fama da edição norte-americana da Vanity Fair. Por sinal, ela foi a única pessoa a ser três vezes capa de uma outra publicação norte-americana, a Town&Country.
Carmem foi, aida, a única brasileira citada na biografia oficial do costureiro francês Yves Saint Laurent, que elegeu um vestido shocking pink, feito para ela, como o seu preferido. A atriz norte-americana Rita Hayworth foi outra figura famosa a citá-la em sua biografia. Mais? Carmem foi a mulher que mais voou no avião mais rápido do mundo, o Concorde. Em março de 1997, a revista Vogue Brasil dedicou à ela toda uma edição. (N.º 232).
Carmem escreveu o livro ABC de Carmen (1997), para a Editora Globo, abordando etiqueta e  estilo pessoal. Foi convidada para atualizar e comentar, para a América do Sul, o O Livro Completo de Etiqueta de Amy Vanderbilt, no Brasil, da Editora Nova Fronteira. E assinou coluna semanal no jornal O Dia (RJ) e mensal na revista Quem, da Editora Globo. Pela década-1990, apresentou quadro sobre etiqueta no Programa de Domingo, da TV Manchete.

2 - Carioca, nascida em 12 de março de 1927, Lourdes Catão casou-se, aos 18 de idade, com o empresário e político catarinense Álvaro Luís Bocaiuva Catão. Teve três filhos, divorciou-se (1972) e, depois, viveu com o francês Gaubin-Daudé, em Nova York, e Paris.
 Nos EUA, durante 25 temporadas, ela foi decoradora de apartamento e de casas de campo. Pelo início da década-2000, voltou a viver no Rio do Janeiro onde, a partir de 2008, tornou-se curadora do livro Sociedade brasileira, espécie de guia aristocrático da alta sociedade carioca.
Em 2001, Lourdes protagonizou um grande escândalo. Seu primeiro rebento, Álvaro Luiz Bocayuva Catão, revelou ser filho do tio Francisco João Bocayuva Catão, o que ela confirmou. Mas a mulher de Francisco (Ângela Catão) negou o pedido de exame de DNA.

3 - Grande amiga de Lourdes Catão era Tereza de Souza Campos (mais tarde, de Orleans e Bragança). Primeiramente, ela foi casada com Didu Souza Campos, funcionário do Banco do Brasil e de quem separou-se, na década-1970. 
Didu viveu por 71 temporadas, partindo deste mudo, em 1986. Em 1990, Tereza casou-se com o príncipe Dom João de Orleans e Bragança, e enviuvou-se, novamente, em 2005.
Tereza foi parte da alta society desde jovem. Quando desposou o Didu, as colunas sociais  chamavam a dupla por Casal 20, em alusão a um par jovem e bonito de uma série televisiva norte-americana, de grande sucesso no Brasil.
 As noites cariocas da casa deles, em Copacabana, eram granfinérrimas, um sonho para os vips. Um dos participantes foi o príncipe Ali Khan. 
                       Didu e Tereza reproduzidos da revista O Cruzeiro 

terça-feira, 10 de outubro de 2023

LÚCIA HELENA, A DONA DA SELVA

Procuradora Federal foi primeira autoridade brasileira ameaçada de levar bala na testa

 Quando era uma adolescente, com seus 15 na idade, Lúcia Helena vivia enchendo o saco do pai – fazendeiro e titular do cartório de registros de imóveis de Campina Verde, no chamado Pontal do Triângulo Mineiro -, para aprender o ofício. Terminou dobrando o homem e gostado tanto daquilo que, tempos depois, já estava estudando Direito na capital. Tornou-se a melhor aluna de sua turma e levou um professor francês - convidado da Universidade Federal de Minas Gerais - a arrumar-lhe uma bolsa de estudos para concluir na entidade a qual ele era ligado, em Paris. Ela foi e, além da escola da capital francesa, estudou também, em Lyon.

  De volta às Mina Gerais, amiga íntima das leis do Direito Internacional, Lúcia estudou mais e especializou-se em Direito Trabalhista. E tornou-se inimiga dos patrões, pois não admitia vê-los querendo passar pobres trabalhadores pra trás. “Havia gente que ia para a audiência com os pés descalços, pois não tinha dinheiro pra comprar sapato”, lembra. E, de tanto ódio aos patrões e para não mais vê-los, inscreveu-se e foi aprovada em concurso para Procurador Federal. Beleza! Só que, em vez de enfrentar patrões que queriam roubar  “dessapatados”, ela pegou pela frente barra muito mais pesada.

 Lúcia já servia ao Estado trabalhando em Brasília, quando o seu chefe chamou-lhe para indagar se ele teria coragem de resolver problemas para o INCRA–Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, no violento Pará. Não só topou, como respondeu o que, hoje, a rapaziada falarua: “Fui!” – e foi. Antes de ir, a imprensa divulgou por lá a missão dela e, ao desembarcar no aeroporto de Belém, foi cercada por homens armados. “Nunca imaginei ser recebida por um comitê de recepção daqueles”, conta a destemida ex-procuradora, que mede 1m54cm de altura.

 Malmente começou a trabalhar no Pará, Lúcia ganhou um título: primeira brasileira ameaçada de morte por combater ilegalidades com terras no pais. Resultado: quando precisou atravessar rios e igarapés para visitar áreas com propriedade contestadas pelo INCRA, entrou em uma canoa com um homem na frente e um outro atrás dela, armados com metralhadoras, para protegê-la - não lhe era mais novidade. Lá pelo meio de um travessia, ela indagou aos proliciais se seria mesmo preciso metralhadoras naquele périplo. E ouviu de um dos policiais: “A senhora acha que é a rainha da selva, que nada pode lhe acontecer? Se a senhora já foi ameaçada de morte, não duvide se for recebida com balas numa curva do rio” – felizmente, não foi.

 Lúcia Helena voltou a Brasília – “vivinha da Silva” - trazendo em seu relatório provas inequívocas de tremendas corrupções cartoriais. “Estrangeiros, principalmente, compravam a alma deles (agentes cartoriais) à base de dólares”, afirmou ela, que rodou o país, durante a década-1960, exibindo a raça e a coragem de uma Procuradora Federal, hoje, aos 83 de idade e que, ainda, dirige o seu automóvel.

 Mas nem só de leis viveu (e ainda vive) Lúcia Helena. Também, era (ainda é) apaixonada pela culinária, desde garotinha, quando queimou um dos braços, mexendo num fogão de lenha da fazenda do seu pai. Quando estudava em Paris e tinha folga nos estudos, viajava pela Europa e África para conhecer in loco como se preparava pratos que lhe deixaram curiosos. Hoje, tem quatro gavetas cheias de cadernos com receitas do mundo que conheceu. Quase que diariamente está copiando uma delas para as amigas. “Quado eu estava de partida para estudar (Direito) na capital (mineira) um fazendeiro amigo do meu pai disse-me que ‘eu estava inventando moda para escapar do tacho’, pois não concebia a mulher sem ser tomando conta da cozinha. Não sabia ele que eu, um dia, escaparia do Direito, nunca do tacho”, brinca ela que ofereceu ao repórter receita de doce considerado francês, mas que ela descobriu ser de Angola, e não levava leite, lembra ela, uma Procuradora imune a balas, bandidos e dólares ilegais - que legal!  

 

       

domingo, 1 de outubro de 2023