terça-feira, 4 de abril de 2023

O DOMINGO É UMA MULHER BNITA - PRIMEIRAS DONAS DO MICROFONE ESPORTIVO BRAZUCA

Ainda há muitas informações não devidamente confirmadas  sobre pioneirismos de mulheres brasileiras. Enquanto isso, por exemplo, Graciette Santana fica sendo a primeira “disc-jockey” do nosso rádio e Marilene Dabus a primeira a cobrir futebol. Vamos ver. Antes, porém, viajemos pelas ondas do rádio.
  Rio de Janeiro –  7 de setembro de 1922 –  Comemorava-se o primeiro centenário da independência do Brasil, montou-se uma grande feira internacional, na Esplanada do Castelo, prestigiada por empresários americanos ligados à Westinghouse Electric e que trouxeram a tecnologia da radiodifusão, por uma estação de 500 W e uma antena instalada no morro do Corcovado.
 Zenaide Andréa, da Rádio Record de
 São Paulo, foi a primeira "speaker" 

DURANTE A EXIBIÇÃO, ouviu-se o discurso do presidente da república, Epitácio Pessoa e a ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes, transmitida diretamente do Teatro Municipal, além de conferências e outros itens captados até em Niterói, Petrópolis, serra fluminense e em São Paulo, onde instalaram receptores.
 Som na caixa, o professor Roquette Pinto – também, médico, antropólogo, etnólogo e ensaísta – tentou, sem sucesso, convencer Epitácio Pessoa a comprar os equipamentos levados à feira. Mas a Academia Brasileira de Ciências topou e surgiu a nossa primeira emissora, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro – hoje, Rádio MEC, fundada em 1922, e dirigida pelo mesmo Roquette-Pinto, com um possante transmissor Marconi de dois mil wats de potência, o melhor da América do Sul.

Rio de Janeiro - 20 de abril de 1923 – Inaugurava-se a primeira emissora brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada por Roquete Pinto e Henry Morize, este um engenheiro industrial/civil e geógrafo francês, naturalizado brasileiro. De início, transmitia óperas, recitais de poesias, concertos e palestras culturais. Como os anúncios pagos eram proibidos, a estação era mantida por doações de ouvintes. A partir de 1927,  usou-se o toca-disco conectado a uma mesa de controle de áudio. Pela década-1930, veio rádio-show, com programas de auditório, humorísticos e as novelas.
 O rádio atraiu  ditadores por todo o planeta,  durante a Segunda Guerra Mundial, a partir de 1939, difundido as suas ideologias. No Brasil, o presidente Getúlio Vargas também foi nessa à exaustão, promovendo o seu  “Estado Novo”. Tomou a Rádio Nacional do empresário baiano Geraldo Rocha e passou a disfarçar a sua propaganda política transmitindo, para todo o país,  novelas, notícias e futebol.  
Marilene Dabus, reproduzida do seu Facebook


VOZ FEMININA – Entre 1922 e 1943, os homens dominavam o microfone das rádios brasileiras. Mas a mulher furou o cerco, como cantora, radioatriz e locutora. A primeira dessa última categoria foi Maria Beatriz Roquette Pinto, pela Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a PRA-2, fundada por seu pai,  Edgard Roquette Pinto, como já vimos.
Quando elas, então, chegaram às transmissões esportivas? Vamos para a década-1960, quando os militares tomaram o poder no país e os programas de auditório perderam terreno para os de variedades, policiais e esportivos.
 
Brasília –  13 de dezembro de 1968 – Era instituído o Ato Institucional Nº 5, determinando censura total à imprensa. Em 1970, o locutor Edmo Zarife,   da Globo AM/RJ, gravou a vinheta "Brasil", usada quando brasileiro vencia em qualquer modalidade esportiva. A princípio, foi usada durante a Copa do Mundo-1970, no México. Logo popularizou e virou símbolo dos tempos da ditadura, juntamente com a música “Pra Frente Brasil”, de Miguel Gustavo e que havia sido composta como jingle comercial.
 Com os militares censurando tudo, o campo abria-se para o rádio esportivo crescer. Programas noticiosos e transmissões já eram antigos, mas foi por ali que Marilene Dabus, em 1969, tornou-se a primeira mulher a cobrir futebol no Brasil. Entrevistar jogadores no gramado foi chocante, pioneirismo que levou o Flamengo, em 2009,  a homenageá-la como o seu nome em sua sala de imprensa. 
 
PELA MESMA ÉPOCA, praticamente, surgiu uma equipe de futebol só com “elas”, na Rádio Mulher, em São Paulo, no início da década-1970.  Marcou época as narrações de Zuleide Ranieri, que viveu até 14 de outubro de 2016. Antes, passara pelas rádios Cacique, de Santos e Piratininga, de São José dos Campos. Em 1971, Roberto Montoro levou-a para a equipe que transmitia as principais partidas de futebol da época.
Zuleide Ranieri, em foto reproduzida de
 www.bastidoresdoradio.com.br

Mineira, de Fortaleza de Minas, Zuleide foi, também, pioneira de narrações esportivas na voz feminina no país, integrando a primeira equipe formada só por elas na  Rádio Mulher de São Paulo, na década de 1970. A sua primeira narração foi ao ar, em 1971. Não demorou, ela criou um slogan: “Uma mulher a mais no estádio, um palavrão a menos”. Mas o futebol da  Rádio Mulher não foi muito longe e os homens entraram em cana na emissora. Zuldeide foi para a Rede Record, como repórter, em 1974. Depois disso, saiu dos gramados e foi para a assessoria de imprensa da campanha política que levou Paulo Maluf ao governo paulista. Uma de suas companheiras nos tempos de locução esportiva, Claudete Troiano, foi a primeira mulher a transmitir um jogo de futebol pela TV.
No entanto, em São Paulo, a primeira mulher a tornar-se “speaker” foi Zenaide Andréa, pela Rádio Record de São Paulo–PRB-9, no início dos anos 30. Em 1931, a mesma emissora lançou Natália Peres, com o pseudônimo de Elizabeth Darcy.

Em 1980,  Regiane Ritter, nascida em Ibitinga-SP (07.01.1947),  foi contratada pela Rádio Gazeta para apresentar um programa musical e de variedades. Três anos depois, a convite de Pedro Luis Paoliello, começou a saga na crônica esportiva no mesmo prefixo. Cobria folgas dos setoristas, mas queria fazer transmissões de jogos. Algo que só ocorreu tempos depois na TV Gazeta. No canal 11 ocupou também as funções de produtora e comentarista do programa `Mesa Redonda´.

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