domingo, 2 de abril de 2023

O DOMINGO É UMA MULHER BONITA - AS PRIMEIRAS ÁRBITRAS DA BOLA BRAZUCA

 O site www.seuhistory.com postou que o 4 de abril de 1998 foi o dia em que o futebol deixou de ser um esporte exclusivo dos homens. Porquê? Florencia Romano fora escalada para apitar Victoriano Arenas x Muñiz. Não diz em qual país, mas, seja lá em qual tenha sido, errou. Em 1967, na França, aos 18 anos de idade, Martine Giron, ao responder 575 questões lhe indagadas pela Liga Parisiense de Futebol, tornou-se a sensação nos jogos da terra.

Reproduzido de asminasnahistória.wordpress

Em sua estreia na arbitragem, usando camisa de mangas compridas, saiote e meiões pretos – a foto foi publicada no Brasil pela Revista do Esporte Nº 485, de 3 de fevereiro de 1968 –, Martine não foi só uma linda loira pelo gramado. Além de conhecimento das regras, mostrou autoridade, marcando as faltas e coibindo a violência.
Martina gostava de esportes desde pequena e não escondia o seu sonho: mostrar que o sexo não seria obstáculo para ela impor-se durante as partidas e ser tão respeitada quanto Maurice Guigue, o francês que apitara a final da Copa do Mundo-1958.
  Contemporânea dela no apito foi a professora Asaléa Campos Michelli, a primeira mulher a se tornar árbitra de futebol no Brasil. Disseram que fora pioneira, também, no planeta, o que significa ter antecedido a Martine. Desde 1967, após fazer o curso do Departamento Amador da Federação Mineira de Futebol, ela apitava jogos de times amadores, mas só foi reconhecida peça FIFA e as entidades brasileiras em 1971.
  Nenhuma seguidora de Martine Giron e de Léa Campos, porém, conseguiu repetir o Monsieur uigue, mas, em 17 de julho de 2011, a decisão da Copa do Mundo Feminina teve arbitragem delas, liderada pela alemã Bibiana Steinhause, auxiliada pelas compatriotas Marina Wozniak e Katrin Rafalski. Em 2005, quando Portugal promoveu o Mundialito Feminino de Futebol, a FIFA  apostou mais nelas. Promoveu um “workshop” para 62 árbitras de vários países, de olho, principalmente, nos  Mundiais, iniciados em 1991, na China – já tem oito edições, de quatro em quatro anos. Só o machismo que não acompanhou as boas intenções da entidade. Um dos maiores exemplos internacionais disso ocorreu na Inglaterra.
 Informado de que o jogo Liverpool x  Wolverhampton, pelo Campeonato Inglês-2011, teria uma mulher – Sian Massey – com uma das bandeirinhas, o narrador Richard Keys e o comentarista Andy Gray, da Sky Sports, duvidaram de que moça entendesse a regra do impedimento. Perderam o emprego, por ridicularizarem a professora, de 25 anos, promovida ao grupo principal dos árbitros ingleses. O caso ficou conhecido por “Lino-gate” e Sian adotou marcações difíceis e acertadas durante o prélio.


Paulo Melani fotografada por Paulo Melani
 MACHSMO À PARTE, cada vez mais, mulheres de respeitado nível cultural passaram a aderir às arbitragens no futebol. Na Argentina, por exemplo, a advogada Salomé Di Iorio mostrou competência igual à sua beleza e chegou ao quadro internacional da Fifa, estreando durante a Taça Libertadores Feminina-2009 e os Jogos Olímpicos-2012. Na Itália, a relações públicas de uma agência de eventos de Milão, a morena Elena Tambini, aos 26 anos de idade, ganhou popularidade inesperada e passou a ser considerada a árbitro mais sensual do país. Ocasionalmente, trabalhava como modelo.
  A notoriedade de Elena Tambini surgiu apitando jogos amadores da liga regional da Lombardia, norte da Itália. Ela comprou luta pela escalação, em seu país,  de mulheres em jogos masculinos, já que homens apitavam jogos delas. Na Espanha, onde Marisa Villa chegou à divisão de elite, em 2007, na Alemanha, Inglaterra e na França já rolava.

   As apitadoras do futebol italiano foram mais longe. Em 2015, cinco  da cidade de San Giovanni Valdarno, na Toscana, posaram seminuas para o fotógrafo italiano Paulo Melani produzir para um calendário e uma exposição fotográfica, com toda a grana da venda das fotos e do calendário voltada para financiar as atividades das árbitras locais. Nos Estados Unidos, em 2013, Sarah Thomas, integrante do programa de treinamento de árbitros da Liga Norte-Americana de Futebol-NFL, tornou-se a primeira mulher a atuar como árbitra em tempo integral na entidade. Sarah Thomas foi, também, a primeira mulher encarregada de apitar uma partida de futebol americano – entre Memphis e Jacksonville State, em 2009.

  Na República Tcheca, Dagmar Damkova apitou até os 36 anos de idade. Parou por ter sido convidada a integrar a Comissão de Árbitros da UEFA. O seu último apito foi em  Boleslac x  Slovacko, pelo campeonato nacional. Em 1999, entrou para o quadro de árbitros internacionais da FIFA. Damkova apitou 45 jogos da primeira divisão tcheca, a partir de outubro de 2003. O seu máximo foi a final dos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, além de participações dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, do Mundial da China-2007 e da Alemanha-2011. Também, atuou Eurocopa da Inglaterra-2005 e da Finlândia-2009. Juntamente com Adriana Secova e Lucie Ratajova, formou um trio exclusivamente feminino, pela primeira vez, em uma partida profissional na segunda divisão de seu país, entre Dukla Prague e Tescoma Zlin.
   Em Portugal, Marlene Vieira, licenciada em Engenharia de Ciências Agrárias, apitava desde o início da década-1990. Árbitra em Barcelos, ganhou o estatuto de primeira categoria com a  mentalidade dos portugueses ainda não  completamente receptiva a uma mulher no apito. ERA estudante do ensino secundário, quando leu notícia em jornal sobre curso de arbitragem. De início, achou que não conseguiria aguentar o nível de jogos, mas, pouco depois, optou por seguir a arbitragem como hobby, até satisfazer-se com as suas capacidades físicas e psicológicas, e o nível de suas arbitragens.
Silvia Regina em foto reproduzida
 de wordpress.com.br

BRASILEIRAS – As “brasucas” também levaram bom nível cultural par as arbitragens. Em Santa Catarina, a musa Nadine Câmara Bastos foi com diploma de dentista. Chegou à Comissão Catarinense de Arbitragem, em 2007, mostrando que não era só um rosto bonito no mundo do futebol. Quer ver a mulher apitando Copa do Mundo masculina e rejeita a possibilidade de posar nua para revista masculina, fato que acabou com a carreira de Ana Paula de Oliveira, em 2007, quando mostrou-se pela “Playboy” e não sobreviveu ao machismo dos dirigentes.
As árbitras daqui são determinadas. Como Lilian Fernandes Bruno, capaz de bronquear forte com jogadores reclamões. Em Mato Grosso do Sul, Vanessa de Abreu,  de Campo Grande, e Daiane Caroline, de Três Lagoas, são referência no futebol profissional estadual. Sempre são escaladas para jogos importantes. Entraram para a história do futebol local como a primeira dupla feminina em uma partida do Estadual Série A.
Pernambuco é um outro Estado que prestigia a arbitragem feminina. Um jogo entre Náutico e Central, em um Dia Internacional das Mulherteve equipe de arbitragem com quatro mulheres. A partida foi apitada por Ana Karina, do quadro da FIFA. Karla Santana e Fernanda Colombo foram as bandeirinhas, com Déborah Cecília completando o quarteto. Fernanda Colombo, por sinal, é uma outra “musa da arbitragem”, importadas de Santas Catarina, como atração pela sua beleza.
Ana Paula reproduzida da revista Playboy
Marcante para as mulheres, também, foi o outubro de 2005. Em Paysandu 2 x 1 Fortaleza, pelo Campeonato Brasileiro da Série A, o apito ficou com a paulista Sílvia Regina de Oliveira. Foi a última vez que uma mulher mediou jogos da elite nacional. Desde 2006, quando a Fifa alterou a avaliação física, as chances delas diminuíram.

SÃO PAULO é o estado em que as mulheres mais se interessaram pela arbitragem no futebol brasileiro. Na primeira década deste século, 70 matricularam-se na escola de formação de árbitros e assistentes Federação Paulista de Futebol, mas só 38 conseguiram concluí-la. Em 2005, havia só 12 árbitras. Em 2011, eram 21 mulheres.
Das paulistas, Silva Regina de Oliveira chegou à FIFA e foi a única na categoria A “ouro” de árbitros da Federação Paulista, tendo sido uma das  que mais atuou na Série “B” do Brasileiro  Masculino-2005, ao lado da carioca Martha Peçanha Vasconcelos, também da FIFA e a que mais atuou na série “A”-2005.
Uma assistente de árbitro que marcou presença no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil das temporadas 2005 e 2006 foi a também paulista Aline Lambert, atuando nas séries “A” e “B” do Brasileirão.  Na temporada-2006, a FIFA teve sete  brasileiras em sua lista de árbitros e assistentes, sendo três árbitras, Silva Regina de Oliveira, Martha Peçanha Vasconcelos e Sueli Tortura, e quatro assistentes, Ana Paula da Silva Oliveira, Ticiana Martins, Marlei Silva e Cleidy Mary Nunes Ribeiro.

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