domingo, 22 de outubro de 2023

O DOMINGO É UMA MULHER BONITA - AÍDA

Um exemplo de mulher. É o mínimo que se pode dizer de uma atleta carregadora de muitas glórias para São Januário: Aida Menezes dos Santos. Nascida em 1º de março de 1937, no bairro de Icaraí, em Niteroi-RJ, é o maior nome feminino do atletismo cruzmaltino. Assim como a nadadora Maria Lenk fora, em 1932, a única mulher da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos, ela repetiu o feito, em 1964, em Tóquio, no Japão. Competiu no salto em altura, sem nenhum apoio – em 1968, nos Jogos da Cidade do México, obteve a 20ª colocação no pentatlon. Por tudo o que fez, recebeu, em 2006, o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, do Prêmio Brasil Olímpico, e, em 2009, o Diploma Mundial Mulher e Esporte, uma premiação especial do Comitê Olímpico Internacional.

                              Reprodução de Observatório da Discriminação Racial

Aída estudava na Escola Estadual Aurelino Leal, em Niterói. Em 1958, tinha 19 anos, corpo esguio e jogava vôlei e basquetes. Certa vez, uma amiga, que voltaria para casa de bicicleta, propôs-lhe trocar uma carona, do estádio Caio Martins, até a sua casa, em troca da sua participação no treino da equipe de atletismo. Para na voltar a pé, topou. Resultado: logo saltava 1m45cm de altura, igualando o recorde brasileiro. O problema, depois, chamava-se seu pai, que não via sentido na pratica esportiva sem retorno financeiro. Por isso, Aída fez as primeiras provas ás escondidas e foi descoberta, por acaso.  Até apanhou, por insistir com aquilo. Mas não desistiu e entrou para a equipe do Vasco da Gama.

FANTÁSTICA -  A história da participação de Aída nos Jogos de Tóquio é inacreditável. Detentora do índice de 1m65cm, sem treinador e nem material adequado à competição, ela encarou adversárias assistidas por psicólogos, treinadores e fisioterapeutas. Para desestimular mais, o seu almoço havia sido apenas chuchu com camarão, e chegara à pista usando sapatilhas para provas de velocidade (sem pregos). Pior? Durante as eliminatórias, torceu um dos pés. Fera que era, no entanto, foi em frente e saltou 1m70cm, classificando-se para as finais. Superou a dor e cravar 1m74cm. Se subisse mais dois centímetros, traria a medalha de bronze. Quando nada, foi a primeira vez  que uma brasileira se aproximou do pódio olímpico, com a melhor classificação olímpica feminino do atletismo brasileira em todos os tempos.

                                      Reprdução de www.primeiros.negros.com

Disputante, também, de provas nos 100 metros rasos e no lançamento do dardo, Aída teve entre as suas principais medalhas, dois bronzes pan-americanos: no pentatlo dos Jogos canadenses de Winnipeg-1967 e dos colombianos de Calí-1971. Na sua especialidade, o salto em altura, foi campeã estadual, brasileira, sul-americana e pan-americana. Depois do Vasco, ainda defendeu o Botafogo. Chegou a decacampeã carioca, sendo que os dois primeiros títulos foram com a jaqueta cruzmaltina. 

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