domingo, 15 de outubro de 2023

O DOMINGO É UMA MULEHR BONITA - AS SOCIALITES ANOS DOURADOS CARIOCAS

 A década-1950 trouxe para o Brasil  do pós II Guerra Mundial (1942 a 1945) ideias como a mulher também chefiar a família. Mas não mexia no moral sexual. Por ali, o trabalho dela tornava-se cada vez mais comum, embora persistissem muitos velhos preconceitos.

Reprodução de Facebook - agradecimento 
Nos chamados anos dourados brasileiros da década-1950, mesmo com a emancipação feminina pedindo passagem, matrimônio, maternidade e dedicação ao lar seguiam sendo exigências indispensáveis às mulheres.
 Não era fácil derrubar aquele terrível triângulo ideológico, principalmente porque a lei brazuca era muito machista. Por exemplo, enquanto ele poderia ter aventuras extraconjugais, que eram consideradas “traços da natureza masculina”,  tal comportamento partindo delas, nem pensar.
Uma esposa de tempinho antes deveria manter-se com a elegância de solteira e evitar o trabalho fora de casa, "para não se masculinizar", ser vista por levianas e cair na boca do povo. 
As que se comportavam como moças de família, não usavam roupas sensuais e evitavam ficar a sós com namorados no escuro, tinham mais chance de fazer bom casamento. 
Mulheres na década dourada, ao tornarem-se vanguardistas, sinalizaram que já não era mais possível segurá-las tanto. Não seria possível negar  a força de personagem como Adalgisa Colombo,  Miss Brasil 1958, uma das que modernizaram o comportamento feminino brasileiro.
 Outras figuras saltavam de páginas literárias e das pautas musicais,  brigando pelo direito ao reconhecimento da identidade que se construía. Crescendo a participação feminina no mercado de trabalho, a nova mulher brazuca ocupava espaços no comércio, serviços públicos, em funções como enfermeirss, professoras, médicas, assistentes sociais, vendedoras e onde mais pudessem pintar.
 No entanto, não era só a mulher chegar e encontrar a vaga de trabalho à sua disposição. Exigia-se dela melhor qualificação, o que demandou maior escolaridade e, por conseguinte, mudanças no status social dela.
década dourada marcou, também, o brilho de muitas socialites, principalmente, no Rio de Janeiro, casos de Carmen Mayrink Veiga, Lourdes Catão e de Tereza Sousa Campos, citando só  três. 

1 - Paulista, de Pirajuí, nascida em 24 de abril de 1929, Carmen Therezinha Solbiati Mayrink Veiga saiu (03.12.2017) desta vida com a fama  de aristocrata de grande projeção na moda e no jet-set internacional. Vista como uma das mulheres mais elegantes e bem-vestidas do planeta.
Filha de Maria de Lourdes de Lacerda Guimarães e Enéas Solbiati, ela foi neta, pelo lado materno, do Barão de Arari e sobrinha-neta do Barão de Araras. Seu pai era rico produtor de café e financista, e foi, também, cônsul honorário do Brasil na Itália.
Desde adolescente, Carmem frequentava  desfiles da alta costura francesa. Despertou a atenção de revistas como a Paris Match, quando casou-se (25.06.1956), com o empresário Antônio (Tony) Alfredo Mayrink Veiga, herdeiro de fortuna multimilionária - tiveram os filhos Antenor e Tereza Antônia.
 O casal, Tony e Carmen foi considerado pelo escritor Truman Capote, para a revista Vogue dos Estados Unidos, a dupla mais chique do Cone Sul. Tão verdade que Carmen fez parte das listas das mulheres mais elegantes do Brasil e do mundo.  Entrou para o Rol da Fama da edição norte-americana da Vanity Fair. Por sinal, ela foi a única pessoa a ser três vezes capa de uma outra publicação norte-americana, a Town&Country.
Carmem foi, aida, a única brasileira citada na biografia oficial do costureiro francês Yves Saint Laurent, que elegeu um vestido shocking pink, feito para ela, como o seu preferido. A atriz norte-americana Rita Hayworth foi outra figura famosa a citá-la em sua biografia. Mais? Carmem foi a mulher que mais voou no avião mais rápido do mundo, o Concorde. Em março de 1997, a revista Vogue Brasil dedicou à ela toda uma edição. (N.º 232).
Carmem escreveu o livro ABC de Carmen (1997), para a Editora Globo, abordando etiqueta e  estilo pessoal. Foi convidada para atualizar e comentar, para a América do Sul, o O Livro Completo de Etiqueta de Amy Vanderbilt, no Brasil, da Editora Nova Fronteira. E assinou coluna semanal no jornal O Dia (RJ) e mensal na revista Quem, da Editora Globo. Pela década-1990, apresentou quadro sobre etiqueta no Programa de Domingo, da TV Manchete.

2 - Carioca, nascida em 12 de março de 1927, Lourdes Catão casou-se, aos 18 de idade, com o empresário e político catarinense Álvaro Luís Bocaiuva Catão. Teve três filhos, divorciou-se (1972) e, depois, viveu com o francês Gaubin-Daudé, em Nova York, e Paris.
 Nos EUA, durante 25 temporadas, ela foi decoradora de apartamento e de casas de campo. Pelo início da década-2000, voltou a viver no Rio do Janeiro onde, a partir de 2008, tornou-se curadora do livro Sociedade brasileira, espécie de guia aristocrático da alta sociedade carioca.
Em 2001, Lourdes protagonizou um grande escândalo. Seu primeiro rebento, Álvaro Luiz Bocayuva Catão, revelou ser filho do tio Francisco João Bocayuva Catão, o que ela confirmou. Mas a mulher de Francisco (Ângela Catão) negou o pedido de exame de DNA.

3 - Grande amiga de Lourdes Catão era Tereza de Souza Campos (mais tarde, de Orleans e Bragança). Primeiramente, ela foi casada com Didu Souza Campos, funcionário do Banco do Brasil e de quem separou-se, na década-1970. 
Didu viveu por 71 temporadas, partindo deste mudo, em 1986. Em 1990, Tereza casou-se com o príncipe Dom João de Orleans e Bragança, e enviuvou-se, novamente, em 2005.
Tereza foi parte da alta society desde jovem. Quando desposou o Didu, as colunas sociais  chamavam a dupla por Casal 20, em alusão a um par jovem e bonito de uma série televisiva norte-americana, de grande sucesso no Brasil.
 As noites cariocas da casa deles, em Copacabana, eram granfinérrimas, um sonho para os vips. Um dos participantes foi o príncipe Ali Khan. 
                       Didu e Tereza reproduzidos da revista O Cruzeiro 

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