segunda-feira, 13 de junho de 2022

AS GAROTAS DAS CHARGES ESPORTIVAS

 

Manchete Esportiva
 As mais antigas revistas esportivas brasileiras, a partir dos inícios do século 20, já usavam a mulheres estrelando as suas charges. Esta, também chamada por cartum, é um desenho humorístico, normalmente, divulgado por jornais e revistas.
 Pela segunda metade do século 20, as mulheres foram muito lembradas nas páginas esportivas cariocas “Manchete Esportiva e “Revista do Esporte”, e da paulistana “Gazeta Esportiva”. 
Elas aparecem, sempre, em “causos” alegres, engraçados, mas, as vezes, em situações em que são “sexyzadas”, como mostram aqui dois traços de Fritz. Ele insinua ter o atacante trocado a cobrança do escanteio pela admiração das pernas da torcedora na arquibancada. A bola ficava lá no “corner”, esquecida, coberta por teias de aranha. Situação parecida ocorre com a mocinha que assiste luta de boxe.
Em um outro desenho, Fritz insinua que mulher de biquini na praia é capaz de fazer nadadores baterem recordes,  para chegarem o mais rápido possível onde elas mostram as suas estampas.
Em 1955, quando o torcedor ainda chorava mais uma escorregada do escrete brasileiro em uma Copa do Mundo, ninguém apostava que o time de 1958 pudesse criar uma nova história para a bola canarinha. 
No entanto, as a turma de Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando, Zito, Nílton Santos, Garrincha, Didi, Vavá, Pelé, Zagallo, Joel Martins, Dino Sani, Dida e Mazzola criou.
Revista do Esporte
Por aquela época, o Brasil contava cerca de 65 milhões de almas, das quais só 3% delas - dois milhões - tinham o privilégio de assistir lances dos gols marcados na Suécia, via telejornais cinematográficos e TV, uma semana depois do acontecido. A rapaziada que se virasse com a imaginação propulsionada pela narração dos  “speakers” esportivos das emissoras de rádio.
 Como o torcedor só contava com uma revista de circulação nacional, a “Manchete Esportiva” - do empresário Adolpho Bloch - o humor que viajava longe para divertir o desportista saía do traço de Fritz, abordando as mais diversas modalidades.
 A Copa do Mundo-1958 rendeu bons momentos a Fritz. Por sinal, à época da viagem da rapaziada, ele produziu uma charge em que era obrigado a embarcar no avião que levaria os nossos atletas ao Mundial. Riscava o retrato do descrédito da moçada, devido aos tropeços de 1950 e de 1954.
Gazeta Esportiva
 Pela “RevEsp”, as meninas ganharam muito espaço pelas penas traços de José Cunha Filho e de Jorge Bandão, aqui à sua lateral-direita. 
Eles ilustravam muitas notinhas com elas fazendo a galera sorrir. E quando surgiam chances, as sexyzavam, como no caso aqui mostrado e alusivo a uma miss.
De sua parte, a “GazEsp” trazia belas charges delas, principalmente, pelo risco de Domingo Pace, à sua lateral-esquerda. Veja esta, da de belíssimo mostruário, a dona da bola, esfumaçando o ambiente por um charuto, como era hábito dos cartolas de antigamente. Deixa as vistas tomando conta da situação no gramado.
Manchete Esportiva
Domingo Pace foi ilustrador da “GazEsp” e muito popular, também, graças aos desenhos satíricos publicados pelo jornal paulistano “Notícias Populares”.
 Ele publicou trabalhos, também, pela “Editora Noblet” e chegou a lançar uma revista própria, desfilando várias de suas criações. Entre elas, “Super”, um cracaço de futebol que dava o nome à revista.
Mulheres estrelaram e estrelam charges esportivas, mas não as desenham.
 Na verdade, este é um segmento bastante machista na imprensa brasileira. Sobretudo, em charges políticas.
 Muitos afirmam que elas não se interessam pelo tema, mas colegas homens de redações sabem que traçam situações com a mesma qualidade deles. Falta-lhes, seguramente, prestígio e visibilidade.
Entre as que exibem a sua opinião por charges políticas temos, entre outras, Thaïs Gualberto, Aline Zouvi, Carolina Ito.

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