Durante a Copa do Mundo do Katar-2022, os telespectadores brasileiros tiveram a primeira mulher a narrar jogo, pela TV aberta – Renata Silveira – e a primeira a comentar uma final da competição - Ana Tahís Matos – ambas, pela TV Globo. No entanto, desde 15 de junho de 1971 que elas já se aventuraram “colocar a boca nas latinha”, usando a Rádio Mulher, de São Paulo, para transmitir bola rolando. A pioneiríssima foi Zuleide Ranieri, contando São Paulo 2 x 0 Poprtuguesa de Desportos, amistosamente, no já demolido estádio do Palmeiras, o Parque Antártica. Por ali, também, pioneiraram Germana Carilli (repórter de campo) Claudete Troiano (repórter/narradora), Jurema Yara e Leilah Silveira (comentaristas de jogo) e Léa Campos (comentarista de arbitragem.
Tempinho depois, elas fizeram a primeira transmissão internacional, pela Copa Roca, disputada por Brasil x Argentina - 1 x 1, em 28.08.1971, e 2 x 2, em 31.08.1971, com título dividido -, e estiveram presente no início do primeiro Campeonato Brasileiro de Futebol-1971. Foram cinco temporadas de atuação feminina no rádio esportivo, com a equipe da 930-AM formada mais por elas, da motorista à técnica de som.
Marli camisa 12 tetracampeã carioca-1963
No entanto, a
primeira vez delas na “latinha” já faz 57 temporadas. Foi na data de hoje – 6 de
janeiro de 1964 -, às 20h30, quando estreava no rádio a primeira mulher brazuca a falar muito da vida dos outros
(atletas). Chamava-se Isaura Marly Gama Álvares e era, também, jogadora de
basquetebol – chamada só pelo segundo nome.
Esta história começou por um ‘acasão’. Marli (como a imprensa escrevia) assistia jogo
de vôlei entre Hebraica x AABB, quando a
Emissora Continental-RJ convidou-lhe para comentar o embate. Encarou e agradou.
Pouco depois, lhe propuseram juntar-se a Valter Alves na apresentação do
programa “Cortadas e Bloqueio”, das
segundas às sexta-feiras, com notícias do voleibol carioca, e participação em
comentários televisivos de jogos de basquete. Assim, de uma so tacada, Marli
fazia “rádio-vôlei - também, secretariou
o apresentador Clóvis Filho no programa “Casa
do Esporte às Suas Ordens” - e TV-basquete”.
Se quisesse, a Emissoras Continental poderia tê-la comentando muito mais modalidades,
pois ela se dizia capaz, por ser uma superatleta que havia praticado (ou
praticava) atletismo, arco e flecha, basquete, natação, tênis de mesa, remo e saltos
ornamentais, o que lhe já lhe rendera 250 medalhs e 15 trofeus.
Na "mesa da verdade," falando dos colegas de quadra
Os comentários da atleta botafoguense Marli, por rádio e TV não criaram problemas para ela com as colegas de quadra. Estas entenderam o seu papel como profissional do microfone e que eram sensatas as suas críticas. Fora da TV/Emissora Continental, Marli trabalhava, há sete viradas de calendário, no Serviço de Publicidade do IPASE –Instituto de Pensão e Aposentadoria dos Servidores do Estado. Nascida pernambucana, em 9 de agosto de 1934, ela está com 88 nos costas, tendo começado a sua vida esportiva aos 17 de idade. Como voleira, foi cortadora (atacante) e vestia a camisa 12 do Botafogo e da Seleção Brasileira, pela qual conquistou a medalhas de ouro dos Campeantos Sul-Americanos de 19651 e 1961. No basquete, usou a camisa 8 do escrete nacional, ganhadora do ouro do Sul-Americano de 1954/58/65.
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