Conto para Pipo Boy.
O Prefeito andava muito preocupado com a má fama que a sua cidade vinha
ganhando, por conta do mau comportamento
dos meninos, que gritavam na calçada da Igreja quando o Padre estava celebrando
a missa, ou quando as velhas senhora rezavam o terço. E o pior: falavam
palavrões, bem alto, pelas ruas. Muitas senhora já abandavam o tradicional
hábito de sentarem-se à porta de casa pelos finais de tarde, para não ouvir a
boca suja deles.
Para acabar com aquele desvario, o Prefeito convocou a Vovó Maria, que
era durona, e propôs-lhe a missão de
corrigir a meninada mau educada. Ela topou e o Prefeito a nomeou Xerife da
cidade.
- Foi porque ele me chamou por
Mané Cubu – respondeu um deles.
- Lhe chamar por Mané Cubu não é desfeita nenhuma, pois ele é um
patrimônio da cultura de nossa cidade, o congadeiro mais antigo. Não é porque ele já está velho,
desengonçado, que você deve repudiá-lo – falou a xerifona que, de repente, se
viu cercada daqueles meninos que não perdiam uma confusão.
Diante do bom número de garotos -
entre 12 e 13 de idade, a Xerife falou
pra eles:
- Quero prepor uma porfia pra
vocês acabarem com tanta bagunça nesta cidade. Topam?
- Fale o que é? – respondeu um deles.
- Vocês vão cortar algumas varetas no mato e vamos fazer uma disputa de
saltos aqui. Quem saltar mais alto, entrego de presente uma camiseta muito
bonita, com a figura da padroeira Nossa Senhora Santana.
Ôôôôôbbbaaa! – gritaram, uníssonos, os meninos, que cortaram as veretas
no mato e montaram os quadrados para saltarem.
A disputa, em frente à Igreja, foi uma festa, e a camiseta agradou tanto
a meninada que todos queriam ganhar uma. A Xerife prometeu arrumar um
patrocinador para fabricar muitas delas, sob o compromisso de ninguém mais
fazer bagunça.
O Armazém Caçula patrocinou as camisetas, os meninos passaram a se comportar bem. As famílias voltaram a sentar
à porta de casa, pelos finais de tarde, e o Padre e as beatas nunca mais
reclamaram da gritaria na porta da Igreja, quando estavam rezando.
Problema resolvido, o Prefeito
chamou a Xerifona ao seu gabinete, condecorou-a com uma estrela ara colocar no
peito de suas blusas, mas ela preferiu pedir demissão do cargo.
- Já cumpri a minha obrigação com a cidade, Prefeito!
-Valeu, Xerifona! – agradeceu ele.


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