domingo, 29 de outubro de 2023
O DOMINGO E DIA DE MULHER BONITA - A BOLA E A FERA DAS TELAS EM PALCO VERDEJANTE
domingo, 22 de outubro de 2023
O DOMINGO É UMA MULHER BONITA - AÍDA
Um exemplo de mulher. É o mínimo que se pode dizer de uma atleta carregadora de muitas glórias para São Januário: Aida Menezes dos Santos. Nascida em 1º de março de 1937, no bairro de Icaraí, em Niteroi-RJ, é o maior nome feminino do atletismo cruzmaltino. Assim como a nadadora Maria Lenk fora, em 1932, a única mulher da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos, ela repetiu o feito, em 1964, em Tóquio, no Japão. Competiu no salto em altura, sem nenhum apoio – em 1968, nos Jogos da Cidade do México, obteve a 20ª colocação no pentatlon. Por tudo o que fez, recebeu, em 2006, o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, do Prêmio Brasil Olímpico, e, em 2009, o Diploma Mundial Mulher e Esporte, uma premiação especial do Comitê Olímpico Internacional.
Reprodução de Observatório da Discriminação RacialAída estudava na Escola Estadual Aurelino Leal, em Niterói. Em 1958, tinha 19 anos, corpo esguio e jogava vôlei e basquetes. Certa vez, uma amiga, que voltaria para casa de bicicleta, propôs-lhe trocar uma carona, do estádio Caio Martins, até a sua casa, em troca da sua participação no treino da equipe de atletismo. Para na voltar a pé, topou. Resultado: logo saltava 1m45cm de altura, igualando o recorde brasileiro. O problema, depois, chamava-se seu pai, que não via sentido na pratica esportiva sem retorno financeiro. Por isso, Aída fez as primeiras provas ás escondidas e foi descoberta, por acaso. Até apanhou, por insistir com aquilo. Mas não desistiu e entrou para a equipe do Vasco da Gama.
FANTÁSTICA - A história da participação de Aída nos Jogos de Tóquio é inacreditável. Detentora do índice de 1m65cm, sem treinador e nem material adequado à competição, ela encarou adversárias assistidas por psicólogos, treinadores e fisioterapeutas. Para desestimular mais, o seu almoço havia sido apenas chuchu com camarão, e chegara à pista usando sapatilhas para provas de velocidade (sem pregos). Pior? Durante as eliminatórias, torceu um dos pés. Fera que era, no entanto, foi em frente e saltou 1m70cm, classificando-se para as finais. Superou a dor e cravar 1m74cm. Se subisse mais dois centímetros, traria a medalha de bronze. Quando nada, foi a primeira vez que uma brasileira se aproximou do pódio olímpico, com a melhor classificação olímpica feminino do atletismo brasileira em todos os tempos.
Reprdução de www.primeiros.negros.comDisputante, também, de provas nos 100 metros rasos e no lançamento do dardo, Aída teve entre as suas principais medalhas, dois bronzes pan-americanos: no pentatlo dos Jogos canadenses de Winnipeg-1967 e dos colombianos de Calí-1971. Na sua especialidade, o salto em altura, foi campeã estadual, brasileira, sul-americana e pan-americana. Depois do Vasco, ainda defendeu o Botafogo. Chegou a decacampeã carioca, sendo que os dois primeiros títulos foram com a jaqueta cruzmaltina.
domingo, 15 de outubro de 2023
O DOMINGO É UMA MULEHR BONITA - AS SOCIALITES ANOS DOURADOS CARIOCAS
A década-1950 trouxe para o Brasil do pós II Guerra Mundial (1942 a 1945) ideias como a mulher também chefiar a família. Mas não mexia no moral sexual. Por ali, o trabalho dela tornava-se cada vez mais comum, embora persistissem muitos velhos preconceitos.
Reprodução de Facebook - agradecimento |
Não era fácil derrubar aquele terrível triângulo ideológico, principalmente porque a lei brazuca era muito machista. Por exemplo, enquanto ele poderia ter aventuras extraconjugais, que eram consideradas “traços da natureza masculina”, tal comportamento partindo delas, nem pensar.
As que se comportavam como moças de família, não usavam roupas sensuais e evitavam ficar a sós com namorados no escuro, tinham mais chance de fazer bom casamento.
Didu viveu por 71 temporadas, partindo deste mudo, em 1986. Em 1990, Tereza casou-se com o príncipe Dom João de Orleans e Bragança, e enviuvou-se, novamente, em 2005.
As noites cariocas da casa deles, em Copacabana, eram granfinérrimas, um sonho para os vips. Um dos participantes foi o príncipe Ali Khan.
Didu e Tereza reproduzidos da revista O Cruzeiro
terça-feira, 10 de outubro de 2023
LÚCIA HELENA, A DONA DA SELVA
Procuradora Federal foi primeira autoridade brasileira ameaçada de levar bala na testa
Quando era uma adolescente, com seus 15 na idade, Lúcia Helena vivia enchendo o saco do pai – fazendeiro e titular do cartório de registros de imóveis de Campina Verde, no chamado Pontal do Triângulo Mineiro -, para aprender o ofício. Terminou dobrando o homem e gostado tanto daquilo que, tempos depois, já estava estudando Direito na capital. Tornou-se a melhor aluna de sua turma e levou um professor francês - convidado da Universidade Federal de Minas Gerais - a arrumar-lhe uma bolsa de estudos para concluir na entidade a qual ele era ligado, em Paris. Ela foi e, além da escola da capital francesa, estudou também, em Lyon.
De volta às Mina Gerais, amiga íntima das leis do Direito Internacional, Lúcia estudou mais e especializou-se em Direito Trabalhista. E tornou-se inimiga dos patrões, pois não admitia vê-los querendo passar pobres trabalhadores pra trás. “Havia gente que ia para a audiência com os pés descalços, pois não tinha dinheiro pra comprar sapato”, lembra. E, de tanto ódio aos patrões e para não mais vê-los, inscreveu-se e foi aprovada em concurso para Procurador Federal. Beleza! Só que, em vez de enfrentar patrões que queriam roubar “dessapatados”, ela pegou pela frente barra muito mais pesada.
Lúcia já servia ao Estado trabalhando em Brasília, quando o seu chefe chamou-lhe para indagar se ele teria coragem de resolver problemas para o INCRA–Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, no violento Pará. Não só topou, como respondeu o que, hoje, a rapaziada falarua: “Fui!” – e foi. Antes de ir, a imprensa divulgou por lá a missão dela e, ao desembarcar no aeroporto de Belém, foi cercada por homens armados. “Nunca imaginei ser recebida por um comitê de recepção daqueles”, conta a destemida ex-procuradora, que mede 1m54cm de altura.
Malmente começou a trabalhar no Pará, Lúcia ganhou um título: primeira brasileira ameaçada de morte por combater ilegalidades com terras no pais. Resultado: quando precisou atravessar rios e igarapés para visitar áreas com propriedade contestadas pelo INCRA, entrou em uma canoa com um homem na frente e um outro atrás dela, armados com metralhadoras, para protegê-la - não lhe era mais novidade. Lá pelo meio de um travessia, ela indagou aos proliciais se seria mesmo preciso metralhadoras naquele périplo. E ouviu de um dos policiais: “A senhora acha que é a rainha da selva, que nada pode lhe acontecer? Se a senhora já foi ameaçada de morte, não duvide se for recebida com balas numa curva do rio” – felizmente, não foi.
Lúcia Helena voltou a Brasília – “vivinha da Silva” - trazendo em seu relatório provas inequívocas de tremendas corrupções cartoriais. “Estrangeiros, principalmente, compravam a alma deles (agentes cartoriais) à base de dólares”, afirmou ela, que rodou o país, durante a década-1960, exibindo a raça e a coragem de uma Procuradora Federal, hoje, aos 83 de idade e que, ainda, dirige o seu automóvel.
Mas nem só de leis viveu (e ainda vive) Lúcia Helena. Também, era (ainda é) apaixonada pela culinária, desde garotinha, quando queimou um dos braços, mexendo num fogão de lenha da fazenda do seu pai. Quando estudava em Paris e tinha folga nos estudos, viajava pela Europa e África para conhecer in loco como se preparava pratos que lhe deixaram curiosos. Hoje, tem quatro gavetas cheias de cadernos com receitas do mundo que conheceu. Quase que diariamente está copiando uma delas para as amigas. “Quado eu estava de partida para estudar (Direito) na capital (mineira) um fazendeiro amigo do meu pai disse-me que ‘eu estava inventando moda para escapar do tacho’, pois não concebia a mulher sem ser tomando conta da cozinha. Não sabia ele que eu, um dia, escaparia do Direito, nunca do tacho”, brinca ela que ofereceu ao repórter receita de doce considerado francês, mas que ela descobriu ser de Angola, e não levava leite, lembra ela, uma Procuradora imune a balas, bandidos e dólares ilegais - que legal!